A educação inclusiva não deve ser confundida como educação especial

Introdu��o

A escola contempor�nea foi planejada para atender um determinado perfil de aluno, entretanto, hoje, a demanda � outra: temos estudantes bastante diversificados. Tal demanda exige da escola uma reformula��o e inova��o em todo o seu sistema, com estrat�gias de ensino que possibilitem atender a todos os indiv�duos.

A educa��o inclusiva traz consigo uma mudan�a dos valores da educa��o tradicional, o que implica desenvolver novas pol�ticas e reestrutura��o da educa��o. Para isso, � necess�ria uma transforma��o do sistema educacional, ainda exclusivo, direcionado para receber crian�as dentro de um padr�o de normalidade estabelecido historicamente.

De acordo com Nascimento (2014), � preocupante o fato de muitas escolas ainda n�o assegurarem uma educa��o de qualidade e ter uma pr�tica que � mais excludente do que inclusiva. Grande parte das escolas n�o apresentam condi��es estruturais e did�tico-pedag�gicas satisfat�rias para atender todas as crian�as, al�m de discriminar tamb�m os marginalizados. � preciso transform�-las, e esta transforma��o depende de cada um, da sociedade em geral e principalmente dos professores, pois � um passo importante para que os alunos sejam recebidos em sala de aula.

Sabemos que n�o � uma tarefa f�cil para a escola e muito menos para o professor, mas as experi�ncias de muitos professores t�m demonstrado que � poss�vel e gratificante trabalhar em sala de aula com diversidade e, tamb�m, implementar uma educa��o inclusiva, enfrentar e superar desafios com a participa��o daqueles envolvidos com a educa��o, pois a inclus�o � responsabilidade de todos.

Como garantir o acesso e a perman�ncia de todos na escola, incluindo os alunos com defici�ncias, e como transformar nossa escola excludente, discriminadora, numa escola inclusiva?

� preciso atentar para as possibilidades de inclus�o de pessoas com defici�ncia e n�o para as dificuldades, para assim construir uma sociedade mais digna para todos, com ou sem defici�ncia. Nascimento (2014, p. 13) afirma que “isso s� ser� poss�vel quando cada cidad�o, cada um de n�s, entendermos que o movimento pela inclus�o n�o � algo que est� distante; o movimento pela inclus�o � algo que deve fazer parte do nosso cotidiano”.

O objetivo deste trabalho � compreender o processo hist�rico da educa��o especial e da educa��o inclusiva para entender o movimento atual da inclus�o escolar. O desenvolvimento metodol�gico deste estudo ancora-se numa pesquisa bibliogr�fica, qualitativa e descritiva.

Educa��o Especial e Educa��o Inclusiva

A Educa��o Especial nasceu quando a educa��o ainda era privil�gio da minoria econ�mica. Para falar de Educa��o Especial e Educa��o Inclusiva, � necess�rio entender a hist�ria, o comportamento, o contexto e os moldes da sociedade em determinada �poca.

Falar em inclus�o � sempre desafiador, pois, para muitos, ainda � um campo desconhecido, mas para compreender melhor o discurso atual da inclus�o e seus aspectos, que causam por vezes ang�stias e tamb�m algumas pol�micas, � preciso voltar ao tempo para compreender o processo hist�rico da Pessoa com Defici�ncia, perpassar pela educa��o especial at� chegar ao movimento da Educa��o Inclusiva.

Assim, de acordo com Blanco (2003), nesse processo, podemos fragmentar o tratamento dado �s Pessoas com Defici�ncia em quatro fases diferentes:

A primeira delas corresponde ao per�odo anterior ao s�culo XIX, chamada de “fase da exclus�o”, na qual a maioria das pessoas com defici�ncia e outras condi��es excepcionais era tida como indigna da educa��o escolar. Nas sociedades antigas era normal o infantic�dio, quando se observavam anormalidades nas crian�as. Durante a Idade M�dia a Igreja condenou tais atos, mas por outro lado, acalentou a id�ia de atribuir a causas sobrenaturais as anormalidades de que padeciam as pessoas, explicando-as como puni��o, em decorr�ncia de pecados cometidos. Assim, as crian�as que nasciam com alguma defici�ncia eram escondidas ou sacrificadas (BLANCO 2003, p. 72).

A hist�ria humana evidencia, desde a Antiguidade, a descri��o de pessoas com altera��es anormais por motivo gen�tico. A essas pessoas era negado o conv�vio social; elas eram enclausuradas em suas pr�prias casas ou em outro lugar para tratamento, pelos familiares ou pelas autoridades.

De acordo com Souza (2006), a pr�-hist�ria � exemplo disto, pois as pessoas com problemas intelectuais eram rejeitadas pela sociedade e abandonadas pela fam�lia. Na Antiguidade acreditava-se que estas pessoas eram dominadas pelo dem�nio, sendo tratadas numa concep��o demonol�gica. E na Idade M�dia houve o per�odo de escurid�o para a ci�ncia, logo, o indiv�duo que n�o fosse “normal” poderia ser entendido como dem�nio ou considerado um profeta em transe.

Os padr�es sociais eram determinados sob forte influ�ncia da Igreja. Aqueles que n�o se enquadravam eram punidos ou condenados. Nessa �poca, ter um filho com alguma defici�ncia era visto como maldi��o, muitas vezes ligada a algo diab�lico. Os “diferentes”, assim como no per�odo da Inquisi��o, poderiam ser executados na forca ou queimados vivos.

Segundo Souza (2006), j� no Renascimento foi considerado o processo de transforma��o da mentalidade, no qual ficou compreendida outra concep��o de anormalidade. A partir de ent�o, com os avan�os da Medicina, surgiu a no��o patol�gica que se aproxima do conceito dos dias atuais, marcando o in�cio de um novo tratamento:

No s�culo XVII, os deficientes, principalmente os com defici�ncia mental, eram totalmente segregados, internados em orfanatos, manic�mios e outros tipos de institui��es estatais. Esses internatos acolhiam uma diversidade de sujeitos com patologias distintas, alguns deficientes, outros doentes (AMARAL, 2001, p. 32).

Essa fase ficou conhecida como fase da exclus�o, porque qualquer pessoa que n�o estivesse no padr�o de comportamento e de desenvolvimento institu�do pela sociedade era totalmente exclu�da.

Para Amaral (2001), no final do s�culo XVIII e in�cio do s�culo XIX, revelou-se a segunda fase, e nela surgiram institui��es especializadas no tratamento para Pessoas com Defici�ncias. Acredita-se ent�o ter surgido nesse per�odo a educa��o especial.

Ainda de acordo com Amaral (2001), houve uma divis�o do exerc�cio educacional nessa �poca. Nasceu, naquele momento, uma pedagogia especializada e institucionalizada, que separava indiv�duos de acordo com diagn�sticos em quociente intelectual. Este primeiro momento ficou conhecido como fase de segrega��o, tais escolas especiais cresciam e se multiplicavam por diferentes etiologias: pessoas com cegueira, surdez, com defici�ncia f�sica, intelectual, etc. Estes n�cleos especiais possu�am programas pr�prios, como t�cnicos e especialistas, que constitu�am um sistema de educa��o especial diferenciado em rela��o ao sistema educacional geral, ou seja, dentro do sistema educacional existiam dois subsistemas que n�o se interligavam: educa��o especial e educa��o regular:

Na segunda metade do s�culo XX, especialmente a partir da d�cada de 70, seria a terceira fase que constitui a fase da integra��o, quando o portador de defici�ncia come�ou a ter acesso � classe regular, desde que se adaptasse e n�o causasse nenhum transtorno ao contexto escolar. Embora a bandeira da integra��o j� tivesse sido defendida a partir do final dos anos 60, nesse novo momento houve uma mudan�a filos�fica em dire��o � id�ia de educa��o integrada, ou seja, escolas regulares aceitando crian�as ou adolescentes deficientes nas classes comuns ou, pelo menos, em ambientes o menos restrito poss�vel. Entretanto, s� se consideravam adaptar-se � classe regular como esta se apresentava, portanto, sem modifica��o no sistema escolar (BLANCO, 2003, p. 28).

A partir da d�cada de 1970 come�aram as reivindica��es. Para Nascimento (2014), as Pessoas com Defici�ncia, at� ent�o, sendo educadas em institui��es especializadas, deveriam ser reinseridas na comunidade. Esta �poca foi marcada por importantes mudan�as na educa��o especial, e por consequ�ncia de mobiliza��es dos pais de crian�as com Defici�ncia, que queriam espa�os nas escolas regulares para seus filhos, resultou no direito � educa��o p�blica gratuita para todas as crian�as com Defici�ncia.

� importante salientar que n�o s� os pais, mas tamb�m os profissionais passaram a reivindicar e pressionar a sociedade em geral, a fim de garantir direitos essenciais e evitar discrimina��es.

De acordo com Nascimento (2014), as conquistas decorrentes das manifesta��es levam ao decl�nio da educa��o especial paralela � educa��o regular. No lugar da express�o Defici�ncia passou a ser utilizado o termo “Necessidades Educativas Especiais”, ampliando possibilidades para integra��o da Pessoa com Defici�ncia na escola regular.

Por�m, apesar desta integra��o ter sido considerada um grande avan�o para igualdade de direitos, houve poucos benef�cios para promover de fato o seu desenvolvimento. A Defici�ncia era considerada um problema de quem a possu�a, assim, esta deveria tornar-se apta � integra��o ao meio social. N�o cabia � escola se adaptar �s necessidades dos alunos, mas �s Pessoas com Defici�ncia adaptar-se � escola (inclusive em termos econ�micos).

Destacamos aqui a ideia de integra��o f�sica que envolvia a constru��o de classes especiais em escolas, mas organizadas de modo que tamb�m n�o atendiam plenamente � inclus�o. Surge ent�o a “inclus�o total”, que era a forma mais radical de legitimar a inclus�o de todas as pessoas na classe regular e a proposta de eliminar os programas paralelos de educa��o especial.

Na d�cada de 1990 refor�ava-se cada vez mais a ideia de Educa��o Inclusiva para alunos com Defici�ncia. Com a proposta de aplica��o pr�tica ao campo da educa��o a partir de um movimento mundial, denominado “Inclus�o Social”, surge o termo “Educa��o Inclusiva”. Para Nascimento (2014, p. 18), “o movimento pela Educa��o Inclusiva significa uma cr�tica �s pr�ticas marginalizantes encontradas no passado, inclusive as da pr�pria Educa��o Especial”.

Segundo Lima (2006), o ensino inclusivo n�o deve ser confundido com educa��o especial, embora o contemple. A educa��o especial nasceu a partir de uma proposta de educa��o para todos, independente da origem social de cada um. E a escola inclusiva, juntamente com uma sociedade inclusiva, refletiu-se em encontros internacionais, por meio de grupos que reivindicavam seus direitos sociais:

O movimento mundial pela educa��o inclusiva � uma a��o pol�tica, cultural, social e pedag�gica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discrimina��o. A educa��o inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concep��o de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferen�a como valores indissoci�veis, [...] dentro e fora da escola (BRASIL 2007, p. 1).

No Brasil, a Pol�tica Nacional de Educa��o Especial, na perspectiva da Educa��o Inclusiva, assegura acesso ao ensino regular a alunos com defici�ncias diversificadas: intelectual, f�sica, surdos, cegos, com transtornos globais do desenvolvimento e a alunos com altas habilidades/superdota��o, desde a educa��o infantil at� a educa��o superior:

A sociedade inclusiva j� come�ou a ser constru�da a partir de algumas experi�ncias de inser��o social de pessoas com defici�ncia, ainda na d�cada de oitenta. Em v�rias partes do mundo, inclusive no Brasil, modifica��es pequenas e grandes v�m sendo feitas em setores como escolas, empresas, �reas de lazer, edif�cios e espa�os urbanos, para possibilitar a participa��o plena de pessoas deficientes, com igualdade de oportunidades junto � popula��o geral (SASSAKI, 1998, p. 8).

A inclus�o resulta da longa trajet�ria hist�rica que foi constru�da por todos ao longo dos anos, num processo marcado pela segrega��o, discrimina��o e at� morte. Segundo Blanco (2003, p. 72), quando se discute inclus�o, n�o estamos “apenas repetindo um termo ou um conceito, mas referindo tamb�m aqueles que passaram suas vidas aprisionados em hosp�cios ou que acabaram em uma fogueira para salvar a alma de um corpo deficiente, como ocorreu na Idade M�dia”.

Acrescente-se ainda que o Brasil acompanhou os demais pa�ses e o ensino especial foi, na sua origem, um sistema separado de educa��o das crian�as com defici�ncia, fora do ensino regular, baseado na cren�a de que as necessidades das crian�as com defici�ncia n�o podiam ser supridas nas escolas regulares, pois, conforme Lima (2006), ainda n�o t�nhamos recursos, n�o disponibiliz�vamos de professores capacitados, estruturas adequadas das escolas, din�mica da escola para recebermos alunos especiais, recursos pedag�gicos, entre outros.

Por meio dessa s�ntese hist�rica, pode-se notar como a situa��o da inclus�o se apresenta de forma delicada, ao longo do tempo, a fim de compreend�-la nos dias atuais.

Inclus�o escolar

A Educa��o Inclusiva � a transforma��o para uma sociedade inclusiva, um processo em que se amplia a participa��o de todos os alunos nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestrutura��o da cultura, da pr�tica e das pol�ticas vivenciadas nas escolas, de modo que estas respondam � diversidade dos alunos. � uma abordagem human�stica, democr�tica, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfa��o pessoal e a inser��o social de todos:

A educa��o inclusiva pode ser definida como a pr�tica da inclus�o de todos – independentemente de seu talento, defici�ncia, origem socioecon�mica ou cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde as necessidades desses alunos sejam satisfeitas (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 21).

Martins et al. (2008, p. 19) acrescenta esse “movimento que busca repensar a escola, para que deixe de ser a escola da homogeneidade e passe a ser a escola da heterogeneidade, para que a escola da discrimina��o d� lugar � escola aberta a todos”. Neste mesmo sentido, Mantoan (2003, p. 19) afirma que o mais relevante no conceito de inclus�o escolar � que “todos os alunos, sem exce��o, devem frequentar as salas de aula do ensino regular”.

A escola � um ambiente multicultural, diversificado, que atende um p�blico com objetivos, ideologias e necessidades diferenciadas. Enfim, essa � uma caracter�stica pr�pria, que acolhe indiv�duos com aspectos m�ltiplos, sejam religiosos, pol�ticos, sociais, entre muitos outros. A escola � respons�vel pela transforma��o do indiv�duo, o que corresponde a um conjunto de altera��es comportamentais que se tem por aprendizagem.

Quando se trata de alunos com defici�ncia, � preciso compreender que o processo de aprendizagem � poss�vel dentro de sala de aula regular e modificar o pensamento excludente de que esses alunos n�o s�o capazes de estudar, conviver e aprender com os demais. � na escola que este processo de transforma��o acontece de forma cont�nua (depois da fam�lia), � neste espa�o �nico que os indiv�duos s�o capazes de assimilar conte�dos, interagir e construir conhecimentos:

Ainda h� profissionais que acreditam que a presen�a dos alunos com defici�ncia quebrar� a rotina da escola. Por isso, temos que pensar em uma inclus�o que afaste o pensamento de fracasso, assumindo posturas de novos ensinos e novas aprendizagens. Isso consiste em uma renova��o da escola (CUNHA, 2015, p. 71).

Para Cunha (2015, p. 153), “em sala de aula, h� in�meras vozes que se cruzam, quando todos os alunos contribuem com seus pensamentos de forma a construir um di�logo, atrav�s do qual se pode colher assim os frutos do conte�do abordado”.

A escola possui fun��o essencial na vida dos alunos, ela tem um importante papel que proporciona desenvolvimento cultural, social, intelectual e f�sico dos escolares. � ela � atribu�da in�meras fun��es na vida do indiv�duo, como respons�vel pela educa��o formal, na promo��o de valores sociais e culturais indispens�veis � forma��o do cidad�o:

A escola n�o pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor. N�o pode continuar anulando e marginalizando as diferen�as – culturais, sociais, �tnicas – nos processos pelos quais forma e instrui os alunos. Afinal de contas, aprender implica ser capaz de expressar, dos mais variados modos, o que sabemos; implica representar o mundo a partir de nossas origens, de nossos valores e sentimentos (MANTOAN, 2003, p. 15).

� preciso que a escola ande em conformidade com a fam�lia, numa proposta de educa��o compartilhada, principalmente no caso dos alunos com defici�ncia, para que haja resultado satisfat�rio de aprendizagem dos alunos.

Um ponto importante que precisa ser destacado para incluir alunos com defici�ncia est� na qualifica��o da equipe de profissionais escolares e dos recursos pedag�gicos. N�o podemos falar somente em inclus�o escolar de forma passional, mas devemos fazer o debate segundo a vis�o de quem faz a escola, sejam professores, coordenadores, diretorias, porteiros, entre outros. N�o basta que o aluno seja matriculado por for�a da lei em uma turma de ensino regular, pois � de fundamental import�ncia uma equipe preparada para que a inclus�o se efetive. Conforme Cunha (2015, p. 69), “incluir � muito mais que inserir. Al�m de tudo, � preciso dar condi��es de perman�ncia e possibilidade de desenvolvimento da aprendizagem, maximizando, assim, suas potencialidades”, ou seja,

� necess�rio que essa discuss�o se estenda para que n�o s� os intelectuais e especialistas saibam que os indiv�duos com necessidades educacionais especiais t�m potencialidades, intelig�ncia, sentimentos, direito � dignidade, mas tamb�m que eles t�m direito � vida, em todos os seus aspectos, apesar das limita��es que possam ter. Todos n�s temos limita��es; � preciso apenas respeit�-las (SOUZA, 2013, p. 162).

De acordo com Cunha (2015), a inclus�o de Pessoas com Defici�ncia na escola precisa de fundamentos te�ricos, como tamb�m da lida di�ria da pr�tica para estabelecer dados concretos que incentivem, guiem e deem seguran�a aos educadores. Tamb�m � preciso que o sistema de Educa��o Inclusiva observe as necessidades gerais dos alunos, exigindo da escola sensibilidade em trabalhar com as individualidades.

A Educa��o Inclusiva tem por proposta a educa��o de todos os alunos juntos, deixando-os aptos para o conv�vio em sociedade a partir da escola, conforme afirma Mantoan (2003, p. 33), “incluir � n�o deixar ningu�m de fora da escola comum, ou seja, ensinar a todas as crian�as indistintamente”.

Quando os alunos com diversos n�veis de defici�ncias est�o numa sala inclusiva, eles podem aprender mais e melhor, assim como aos demais � dada a oportunidade de aprendizado, compreens�o, respeito e conviv�ncia com as diferen�as.

Conforme falamos anteriormente, a escola atual tem uma demanda bastante diversificada de estudantes, entretanto, a inser��o de alunos com defici�ncia no ensino regular, ainda � considerada um desafio. Infelizmente, ainda vemos muitas escolas com uma pr�tica excludente, cometendo os mesmos equ�vocos de segrega��o de s�culos passados:

Quando as pessoas com defici�ncia eram exclu�das da sociedade sob a alega��o de que eram incapazes ou incapacitadas, e por isso eram postas � margem do conv�vio social, inclusive da acessibilidade � escola. Esse processo passa por mudan�as atitudinais e, principalmente, pela exist�ncia de leis que assegurem direitos �s pessoas com defici�ncia (CUNHA, 2015, p. 70-71).

Por�m, hoje o discurso � que os professores n�o est�o preparados para receber o aluno com defici�ncia e a escola n�o disp�e de infraestrutura adequada e n�o possui recursos did�tico-pedag�gicos para atender esse p�blico, mesmo sendo um direito estabelecido por lei.

� preciso entender que a inclus�o de Pessoas com Defici�ncia no ensino regular � faz�-las integrantes da escola num sistema �nico de educa��o. Nas escolas de educa��o especial, os alunos conviviam somente com outros com defici�ncias (iguais ou diferentes da dele). Todavia, vivemos em um momento em que o mundo prega o respeito � diversidade, e que esta seja entendida como um processo natural, pois “defender a inclus�o escolar � necess�rio para que seja dada a oportunidade a todos os alunos de estarem na escola e, juntos, aprenderem o respeito �s diferen�as” (CUNHA, 2015, p. 71).

A escola inclusiva apresenta a caracter�stica de ajudar os alunos que sozinhos n�o conseguem solucionar problemas devido a sua defici�ncia, e superar seus limites. Faz-se necess�rio esfor�o cont�nuo, com a finalidade de colaborar com o outro, logo,

Se n�o houver outra utilidade, adaptar as escolas e as turmas para incluir todos significa dizer, implicitamente, “a escola pertence a todos”. Qualquer cultura que diga “voc� � importante” aumenta a probabilidade de seus membros serem capazes de dizer o mesmo uns para os outros e para si mesmos (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 404).

A inclus�o escolar perpassa pelas v�rias dimens�es humanas, sociais e pol�ticas, e vem gradualmente se expandindo na sociedade contempor�nea, de forma a auxiliar no desenvolvimento das pessoas em geral, de maneira a contribuir para a reestrutura��o de pr�ticas e a��es cada vez mais inclusivas e sem preconceitos.

O conceito de Inclus�o no �mbito espec�fico da Educa��o implica, antes de mais, rejeitar por princ�pio a exclus�o (presencial ou acad�mica) de qualquer aluno da comunidade escolar. Para isso, a escola que pretende seguir uma pol�tica de Educa��o Inclusiva (EI), desenvolver pol�ticas, culturas e pr�ticas que valorizam o contributo activo de cada aluno para a constru��o de um conhecimento constru�do e partilhado e, dessa forma, atingir a qualidade acad�mica e sociocultural sem discrimina��o. (RODRIGUES, 2006, p. 2).

Para Mantoan (2003, p. 28), “as crian�as precisam da escola para aprender e n�o para marcar passo ou ser segregada em classes especiais e atendimentos � parte”. A Educa��o Inclusiva se configura na diversidade inerente � esp�cie humana, buscando perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os sujeitos-alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Pr�tica pedag�gica coletiva, multifacetada, din�mica e flex�vel requer mudan�as significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na forma��o humana dos professores e nas rela��es fam�lia-escola:

Educa��o Inclusiva n�o consiste apenas em matricular o aluno com defici�ncia em escola ou turma regular como um espa�o de conviv�ncia para desenvolver sua ‘socializa��o’. A inclus�o escolar s� � significativa se proporcionar o ingresso e perman�ncia do aluno na escola com aproveitamento acad�mico, e isso s� ocorrer� a partir da aten��o �s suas peculiaridades de aprendizagem e desenvolvimento. (GLAT; PLETSCH; FONTES, 2007, p. 344).

Para Carvalho (2007), a Educa��o Inclusiva pode ser definida como a pr�tica da inclus�o de todos, independente de seu talento, defici�ncia, origem socioecon�mica ou cultural. A proposta de Educa��o Inclusiva traduz uma aspira��o antiga, se devidamente compreendida como educa��o de boa qualidade para todos e com todos, buscando meios e modos de remover barreiras para aprendizagem e para a participa��o dos aprendizes, indistintamente. De acordo com Cunha (2015, p. 63), a aprendizagem n�o deve ser confundida com os processos naturais de crescimento humano, pois ela envolve um indiv�duo nas mais diferentes etapas da vida, isto �, quando se aprende algo n�o se esquece:

Educa��o Inclusiva significa pensar uma escola em que � poss�vel o acesso e a perman�ncia de todos os alunos, e onde os mecanismos de sele��o e discrimina��o, at� ent�o utilizados, s�o substitu�dos por procedimentos de identifica��o e remo��o das barreiras para a aprendizagem (BLANCO, 2003, p. 16).

A inclus�o vem demonstrar que as pessoas s�o igualmente importantes em determinada comunidade, e, com isso, a diversidade e as diferen�as tornam o meio escolar culturalmente rico, possibilitando novas aprendizagens para Pessoas com Defici�ncia ou pessoas que por qualquer motivo n�o se adaptam ao sistema escolar e s�o exclu�das. De acordo com Lima (2006), tal inclus�o � o modo ideal de garantir igualdade de oportunidades e permitir que alunos com defici�ncia possam relacionar-se com outros e estabelecer trocas para construir uma sociedade mais igualit�ria e consciente da necessidade de inclus�o. Nessa rela��o, todos se desenvolvem, pois s�o necess�rios exemplos que superem fraquezas e despertem potencialidades; a igualdade nos relacionamentos permite trocas e n�o estagna o desenvolvimento. Dentro de um amplo projeto de educa��o, os princ�pios da inclus�o v�o al�m de inserir crian�as com defici�ncia na rede regular de ensino.

� preciso que entendamos que o ato de incluir �, antes de tudo, uma li��o de cidadania e de respeito para com o pr�ximo. Incluir � reconhecer que existem outros de n�s que precisam participar de todos os meios, seja profissional, educacional, social, independente das diferen�as.

A inclus�o escolar n�o � um trabalho f�cil. Estamos a rediscutir valores e preconceitos que est�o enraizados em nossa cultura, mas estamos no caminho para alcan�ar a inclus�o plena, pois � necess�ria uma reestrutura��o progressiva e uma transforma��o do pensar a escola.

Considera��es finais

Para uma sociedade efetivamente democr�tica, na qual todos tenham uma vida decente, � preciso fazer da inclus�o escolar uma realidade. A democracia n�o pressup�e atender a maioria da sociedade, mas garantir o direito de todos. Uma sociedade s� � democr�tica quando cada um de n�s tamb�m for democr�tico:

A sociedade inclusiva �, sim, poss�vel, e, sem d�vida, ser� uma sociedade melhor n�o apenas para as pessoas com defici�ncias, com defici�ncias significativas, precariamente ou marginalmente inclu�das, mas ser� uma sociedade muito melhor, muito mais digna, para todos n�s (NASCIMENTO, 2014, p. 45).

� grande a possibilidade da inclus�o. Sabemos que ainda h� um longo percurso pela frente para que a inclus�o escolar seja plena e n�o precisamos ir muito longe, basta olhar ao nosso redor, que logo veremos um grande caminho para construirmos uma sociedade inclusiva.

Ambientes inclusivos propiciam integra��o social, o que afeta diretamente, atrav�s dos colegas, o desenvolvimento de potencialidades. Torna-se evidente o contexto mais produtivo, pois h� promo��o de habilidade de intera��o social, quando se compara com ambientes educacionais segregados. � a capacidade de indigna��o frente �s injusti�as, de n�o aceitar que os nossos pares sejam tratados como indesej�veis, o que nos mant�m determinados e empenhados na solu��o da causa. A luta pela inclus�o acontece no dia a dia, enxergando o nosso pr�ximo com respeito, independentemente do tipo e n�vel de defici�ncia.

Quando de fato acontecer a inclus�o de todos os indiv�duos, podemos dizer que avan�amos muito na mudan�a de mentalidade da sociedade. N�o � uma tarefa simples, mas � poss�vel. Devemos defender a causa e seguiremos em frente para que tal cidadania realmente aconte�a.

Qual a diferença entre educação especial e educação inclusiva?

Como visto, a educação especial pensa um processo inteiro, em separado, para atender alunos com necessidades especiais. Já a educação inclusiva prevê uma adaptação do sistema educacional que já existe para garantir o acesso e permanência de alunos com necessidades especiais no ensino regular.

É possível dizer que a educação especial na perspectiva da educação inclusiva pode ser definida como uma modalidade de ensino que?

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

O que é incorreto afirmar sobre a educação especial?

(PREFEITURA DE BETIM – MG) Sobre a Educação Especial, é INCORRETO afirmar que a) desde a sua origem, a educação especial se caracteriza por uma perspectiva in- clusiva, em que se consideram as necessidades educacionais específicas da criança.

Como pode ser definida a educação inclusiva?

Uma educação inclusiva integra os alunos com necessidades especiais, em escolas regulares, por meio de uma abordagem humanística. Essa visão entende que cada aluno tem suas particularidades e que elas devem ser consideradas como diversidade e não como problema.