A formação continuada dos professores e um processo que reflete a intencionalidade docente

A importância da formação continuada de professores alfabetizadores para melhorias na prática pedagógica: Um estudo de caso.

1.-Introdução.

A formação continuada tem a função de atualizar e ampliar o campo de trabalho, a área de competência, de modo a suprir as necessidades do sistema de ensino, aprimorando o desempenho e trabalho dos professores alfabetizadores, consequentemente, contribui para o aprendizado dos alunos e para todo o âmbito escolar.

O presente trabalho abrirá novas condições de discussão acadêmica acerca dos programas de formação continuada que auxiliam o alfabetizador para produção de estratégias, situações didáticas de ensino e aprendizagem e oferece o aperfeiçoamento profissional aos docentes que atuam nas séries iniciais.

Outro fator relevante da investigação é buscar informações sobre o que é considerado inovador, pois promove apoio nas diferentes necessidades do educador no processo de alfabetizar. O curso de formação trabalha a partir dos obstáculos à aprendizagem, planeja sequências didáticas e complementa a prática pedagógica, propiciando uma reflexão na qualidade do ensino e o crescimento do mesmo, pois favorece para o desenvolvimento e letramento dos alunos.

Estudar e investigar sobre esta temática é importante, pois, consiste na reflexão teórico-prática de um ensino pedagógico com base na interdisciplinaridade. Através dos encontros na formação, todos podem trocar experiências, conhecimentos, falar sobre suas dúvidas e observar os resultados do seu trabalho em sala de aula, com atividades inovadoras e estratégias que estimulam a reflexão. Dessa forma, é possível identificar e ampliar os conceitos e aplicar na prática os princípios do planejamento no ciclo da alfabetização.

Assim, a investigação justifica-se devido explorar sobre a importância da formação de professores em beneficiar para a melhoria do ensino e aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental. Com este estudo contribui-se para o conhecimento e a efetivação de práticas transformadoras no contexto escolar.

Os professores da educação básica devem estar atualizados, portanto participar de encontros e capacitações para poder oferecer um ensino de qualidade. Vale ressaltar que, foi a partir de experiências e reflexões como professora da rede pública estadual que emergiu a necessidade em pesquisar sobre o tema proposto, levando em consideração a relevância da formação continuada para os educadores.

Busca-se compreender o processo de formação de professores como elemento para a transformação da prática pedagógica de alfabetizadores. Foi através de algumas inquietações e reflexões sobre esta temática que motivaram a estruturar esta pesquisa e levou a seguinte problemática: A formação continuada contribui para a elaboração de novas estratégias de ensino na prática do professor alfabetizador?

Esta pesquisa tem como objetivo geral: Analisar a importância da formação continuada de professores alfabetizadores para melhorias da prática pedagógica. Os objetivos específicos são:- analisar as práticas realizadas pelos professores em sala de aula, verificar a eficiência da formação continuada do PNAIC para atividades inovadoras, identificar o ambiente alfabetizador da escola.

A coleta de dados da pesquisa utilizou-se como instrumentos o guia de entrevistas com questões semiestruturadas, uma ficha de observação direta para efetuar os registros e explorar profundamente a realidade, e também foi utilizada a análise de documentos referentes a legislação que regem a educação no Brasil, as Leis de Diretrizes e Bases da Educação, materiais do MEC sobre o PNAIC e também os documentos de sala como diários de classe das alfabetizadoras para dar um suporte no levantamento de dados.

2.- Formação continuada de professores alfabetizadores.

2.1.- Professor alfabetizador.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação através do artigo 62, enfatiza a Formação Docente para atuar na educação básica, que parte de um curso em universidades e institutos superiores de educação. O parágrafo único garante o direito do profissional da educação à participação de formação continuada, conforme exposto:

Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação LDB (Brasil, 1996).

De acordo com Viecheneski, Costa e Martiniak (2013) promove muitas reflexões sobre as práticas pedagógicas na escola, e a partir da formação há uma produção no planejamento e sistematização de propostas através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), estes auxiliam na referência básica para elaboração das matrizes, em que os princípios da reforma curricular orienta os professores para novas abordagens e metodologias.

De acordo com Freire, (2002, p.44) “o de que se precisa é que, em sua formação, o professor se perceba e se assume, professor como pesquisador”. Para o mesmo autor (2002, p. 43) “na formação, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”.

Segundo Kenski (2003, p. 48): “Não é possível pensar na prática docente sem pensar na pessoa do professor e em sua formação, que não se dá apenas durante seu percurso nos cursos de formação de professores, mas durante seu caminho profissional.”

Sabemos que é dever da escola promover a aprendizagem de conhecimentos e habilidades, os objetivos dos cursos são formar professores, contribuir para que possam “Aprofundar a compreensão sobre o currículo nos anos iniciais do ensino fundamental e sobre os direitos de aprendizagem e desenvolvimento nas diferentes áreas de conhecimento” (Brasil, 2012, p. 31).

Aranda (2013a, p. 164) explica que na primeira década dos anos 2000, questões voltadas para a expansão do acesso no ensino fundamental, para a busca de melhor qualidade de ensino, se constituíram como imprescindíveis eixos da política educacional brasileira, visíveis nas proposições da União com diversas iniciativas que, direta ou indiretamente, estão direcionadas, em especial, para os três primeiros anos, período destinado pela educação escolar para a alfabetização de crianças de seis a oito anos de idade.

A formação do professor deve ser de forma contínua, pois diariamente o alfabetizador se depara com diversas situações em sala de aula que requer conhecimentos elementares, e os encontros irá propiciar que este possa tirar dúvidas e refletir sobre os conflitos que surgem a cada dia, que devem ser trabalhados. Uma importante forma de superação das dificuldades é a oportunidade de os educadores discutirem com outros profissionais e expor suas inquietudes acerca da metodologia, o que pode favorecer a troca de experiências e propiciar reflexões mais aprofundadas sobre a própria prática. Este processo oferece a participação de cursos presenciais com estudos e atividades diversas com os orientadores.

Para Ferreiro (2010), a capacitação de professores permite o acompanhamento do profissional que atua em serviço para melhorias da educação, que seja capaz de discutir, refletir, compartilhar dúvidas e certezas. Nesse momento, oferecer reflexão, transformações e mudanças que possam recriar a sua prática docente. O processo de capacitação não trata simplesmente de somar informações novas, mas de mudar a realidade, o que ela chama de “experiências críticas”. Essas são o ponto de partida para novas descobertas e mudanças no trabalho do professor. As crianças nesse processo são de fundamental importância, pois essas “experiências” surgem através delas (Ferreiro, 2010, p. 50).

Neste sentido, entende-se que é necessário que as políticas de formação possam aproximar mais a teoria da prática em sala de aula. De modo a considerar o cotidiano escolar como objeto central de mudanças, fortalecer um ambiente favorável, onde as dúvidas e conflitos sejam mediados, pois, é através da formação de docentes, do compromisso institucional e individual que o ensino de alfabetização terá melhorias.

Há de se compreender que “ninguém nasce educador, a gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática". Freire, (1991, p.58) O autor reflete sobre a questão da formação de professores como um processo contínuo que sempre está em construção, ou seja, um olhar atencioso sobre a prática, a busca do processo de ensinar e aprender.

O processo de capacitação é um meio de atribuir condições e acesso para à melhoria da qualidade do ensino nas escolas municipais e estaduais de todo o país. As políticas públicas buscam desempenham transformações na educação dos alunos nas escolas, e o programa de formação oferece um suporte aos professores, que traz como proposta uma nova abordagem para o ensino de alfabetização por meio de reflexões e concepções de educação.

A formação do professor não se encerra na conclusão do seu curso de graduação, mas se realiza continuamente na sua sala de aula, onde dúvidas e conflitos aparecem a cada dia. Uma das possibilidades de superação de dificuldades é a oportunidade de discutir com outros profissionais da educação, o que pode favorecer a troca de experiências e propiciar reflexões mais aprofundadas sobre a própria prática (Brasil, 2012, p.27).

A formação de professores implantada na atualidade é do PNAIC, do governo federal que acontece de modo presencial e tem durabilidade de dois anos, o curso tem uma carga horária mínima de 120 horas por ano. É realizada por todas as unidades da federação. Em 2013, a formação foi dedicada à alfabetização através de leitura e escrita. Em 2014, foi a disciplina de matemática. Em 2015/ 2016 a questão abordou a interdisciplinaridade, integrando os conhecimentos das ciências humanas e da natureza ao processo de alfabetização e de ensino da matemática elementar, uma discussão em torno das especificidades das diferentes áreas.

O PNAIC teve como base o programa pró-letramento, o qual a metodologia propõe estudos e atividades práticas. Os encontros são administrados por orientadores de estudos, estes são professores da própria rede, que podem atuar como orientador, pois fazem um curso específico com uma carga horária de 200 horas, ministrado em universidades públicas de cada estado. Os encontros ocorrem nos municípios de cada estado, nas diversas universidades de cada local, assim como também na zona rural. Para Ferreiro (2010).

O professor alfabetizador está muito só no processo de alfabetização, pois esse profissional não é considerado como o mais importante de toda escola primária. Durante algum tempo, qualquer pessoa com um grau de estudo elevado, poderia se tornar um professor alfabetizador. Ou até mesmo aqueles com menos experiências, ou ainda àqueles que supostamente “castigados” eram enviados para esta série mesmo contra sua vontade (p.53).

Ferreiro (2010) explica que muitos são os desafios do professor alfabetizador, dentre eles: falta de apoio intelectual, salas superlotadas, baixa remuneração, exaustivas horas de trabalho, a conciliação de outras escolas devido aumento de carga horária, isso tudo afeta diretamente para seu rendimento no trabalho e dedicação para o mesmo.

Nesse sentido, para o docente integrar-se a um programa de formação continuada é importante que ele saiba que essa decisão associa-se à ideia de que é importante tanto para o seu crescimento pessoal, como profissional e não que essa seja apenas uma exigência ou formalidade institucional a ser cumprida (Brasil, 2012a, p. 28).

A formação é um processo contínuo sobre a prática pedagógica que segundo a autora é a condição fundamental para que o docente possa melhorar seu desempenho e adquirir mais conhecimentos e buscar refletir sobre as questões do trabalho o qual está realizando.

2.2.- O ambiente alfabetizador.

O educador deve criar um ambiente alfabetizador de modo que favoreça a aprendizagem das crianças, apresentar e assegurar possibilidades de desenvolvimento de práticas de alfabetização baseadas na inclusão e no respeito, garantindo a aprendizagem. Estabelecer os objetivos a serem desenvolvidos em cada fase, para que os alunos avancem com sucesso Piccoli e Camini (2012).

A sala de aula deve servir para despertar os sentidos do aluno, transformando-se em um local propício à aprendizagem. Os alunos devem manusear revistas, jornais, livros, a fim de ter contato com as diversas formas de escrita. Com a orientação do professor podem confeccionar e construir materiais de modo a refletir sobre as suas hipóteses (Russo, 2012).

Segundo Russo (2012) o ambiente deve favorecer a aprendizagem, transformar e motivar a leitura, a escrita e manuseio de material didático. O professor não precisa esperar um momento específico para expor o material, pode ser apresentado em qualquer fase do processo de aprendizagem. Os conteúdos curriculares devem ser elaborados para uma rotina diária de trabalho. Assim como na rotina, a interdisciplinaridade e a generalização de temas e conceitos para áreas correlacionadas.

Para Russo (2012, p.21) algumas modalidades organizativas são importantes:

Atividades permanentes, que se repetem de forma intencional e previsível, periódica e sistematicamente, por serem indispensáveis para a reflexão sobre o sistema de escrita e o desenvolvimento do raciocínio lógico e matemático;

Atividades sequenciadas ou projetos, que constituem estratégias organizadas de forma a atender a uma sequência de intervenções, desde a análise da situação proposta até sua avaliação;

Atividades ocasionais, que têm como objetivo resgatar informações de interesse dos alunos e fatos vinculados na mídia, mesmo que não façam parte do projeto específico que está sendo desenvolvido.

Essa rotina deverá ser registrada e afixada de maneira que todos os alunos possam consulta-la. É importante que o professor perceba a diferença entre a rotina de trabalho e horário de aula. Pois a rotina deve atender à necessidade da turma e as atividades podem ser modificadas ou transferidas para outros dias. O autor enfatiza que a rotina facilita o trabalho do alfabetizador, estimular a leitura e a organização da sala (Russo, 2012). Para Piccoli e Camini (2012) a sala de alfabetização deve conter: Cantinho de leitura, o cantinho dos números que permite o raciocínio lógico, a fábrica de sucatas (diferentes formas, tamanhos e cores), caixas com materiais para colorir, e um espaço para jogos pedagógicos. Para as autoras a utilização adequada do material é uma atitude que se desenvolve aos poucos, onde o aluno utilizará os materiais em coletivo i terá a consciência de que deve saber conservá-los, bem como aprender a respeitar os colegas que também utilizam os mesmos.

Precisa-se criar um ambiente alfabetizador, que favoreça a aprendizagem das crianças, é o que propõem o PNAIC, que apresenta a proposta de assegurar possibilidades reais de desenvolvimento de práticas de alfabetização baseadas na inclusão e no respeito à heterogeneidade, garantindo a todas as crianças a aprendizagem da leitura e da escrita.

O professor alfabetizador precisa estabelecer os objetivos a serem desenvolvidos em cada fase, que direitos de aprendizagem temos que contemplar em cada ano, para que nossos alunos avancem com sucesso em novas etapas e desafios. Como afirma o PNAIC: [...] a importância de se planejar o ensino com o objetivo de organizar as ações a serem empreendidas durante o ano letivo em turmas do 1º ano do Ensino Fundamental, tendo em vista os diferentes eixos de ensino da Língua Portuguesa (Brasil, 2012b, p.16).

A alfabetização matemática foi pensada na perspectiva do letramento. Compreendese que é o meio facilitador para a leitura do mundo, superando a decodificação dos números e a resolução das quatro operações básicas da matemática. No ano de 2015, o PNAIC aborda a retomada do estudo da matemática e de língua portuguesa e amplia sua temática para o ensino da história, geografia, ciências e arte. O que estimula o ensino são brincadeiras, jogos e de outras situações cotidianas, pode-se pensar em inúmeras possibilidades de inserir a criança no uso social da disciplina e tornar o processo de alfabetização matemática com qualidade (Brasil, 2012).

“Entender a alfabetização matemática na perspectiva do letramento impõe o constante diálogo com outras áreas do conhecimento e, principalmente, com as práticas sociais, sejam elas do mundo da criança, como os jogos e brincadeiras, sejam elas do mundo adulto e de perspectivas diferenciadas, como aquelas das diversas comunidades que formam o campo brasileiro” (Brasil, 2012, p.15). 2.3.- Abordagens teóricas do processo de alfabetização.

O alfabetizador precisa construir um projeto pedagógico a partir das vivências significativas de cada criança. A leitura e a escrita têm que ter significado, vai além de nomear as coisas. A alfabetização se constitui em um ambiente social e as informações devem criar hipóteses para a compreensão e relação entre a linguagem oral e a escrita. É através da leitura que a criança alcança conhecimentos e constrói novos sentidos, vivencia o que é novo, através do ato de ler, exercita a sua capacidade de adquirir conhecimento. A leitura permitirá o aprimoramento da compreensão das informações. A criança começa a interagir com as pessoas e se expressar com desenvoltura (Piccoli; Camini, 2012).

Estar alfabetizado significa ser capaz de interagir por meio de textos escritos em diferentes situações. Significa ler e produzir textos para atender a diferentes propósitos. A criança alfabetizada compreende o sistema alfabético de escrita, sendo capaz de ler e escrever, com autonomia, textos de circulação social que tratem de temáticas familiares ao aprendiz. (Brasil, 2012, p.16).

A alfabetização das crianças deve ser prioritária, porém, Merece um olhar crítico para serem enfrentadas as melhorias da qualidade da educação, que ainda nos dias atuais enfrenta muitas dificuldades. Em especial, observa-se deficiências graves de alguns alunos em relação a leitura, escrita e operações matemáticas básicas que se não forem trabalhadas de maneira adequadas, podem, se agravar ao longo da vida escolar e se tornar cada vez maiores, ocasionando repetência e evasão escolar.

Atualmente a alfabetização tem sido uma temática muito discutida no país, pois muitas pessoas não são capazes de compreender o que leem. Por reconhecer está como uma função da escola, alfabetizar se constitui numa tarefa essencial para mudar esse cenário do país.

Segundo Moraes (2012), as concepções de alfabetização e de estar alfabetizado variam ao longo do tempo. Houve mudanças nas últimas décadas sobre as concepções do tema. O autor explica que o sistema escolar do Brasil, por ser excludente, ocorre um fracasso na alfabetização das crianças, isso é uma marca de ineficiência da escola. Este fracasso tem atingido exclusivamente as crianças pobres. Nas classes média e alta, o caso dos alunos com algum tipo de deficiência na leitura é muito raro, pois a escola oferece suporte e reforços aos psicopedagogos, fonoaudiólogos para atender às necessidades dos mesmos.

Nesse contexto, Ferreiro e Teberosky (1999), conforme teoria da psicogênese da escrita, os aprendizes passam por quatro períodos para compreender o percurso do sistema de escrita alfabética, pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.

Para Emília Ferreiro e Teberosky (1999) toda criança passa por níveis estruturais da linguagem escrita até que se aproprie da complexidade do sistema alfabético. Neste sentido pode-se dizer que os níveis estruturais que embasam a teoria da psicogênese são:

Nível 1: pré-silábico (a criança não estabelece vínculo entre fala e escrita e tem leitura global do que escreve: só ela sabe o que quis escrever);

Nível 2: Intermediário Silábico (a criança começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronuncia e a escrita);

Nível 3: Hipótese Silábica (a criança tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras);

Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II (a criança consegue combinar vogais e consoantes em uma mesma palavra);

Nível 5: Hipótese alfabética (a criança compreende o modo de construção do código da escrita).

Segundo as autoras a escrita alfabética não era um código, o qual se aprenderia a partir de atividades de repetição e memorização, as autoras propuseram uma concepção de língua escrita como um sistema de notação que, no nosso caso, é alfabético. Elas perceberam, por meio de pesquisas, que, no processo de apropriação do Sistema de Escrita Alfabética, os alunos precisariam entender como esse sistema funciona. Para isso, é fundamental que compreendam o que a escrita nota (ou “representa”, “grafia”) e como a escrita cria essas notações (ou “representações”). Eles precisariam, portanto entender que o que a escrita alfabética nota no papel são os sons das partes das palavras e que o faz considerando segmentos sonoros menores que a sílaba -os fonemas (Ferreiro; Teberosky, 1999).

Aprender a ler e escrever é um direito de todos, portanto desde 2013, vem sendo proposto pelo Governo Federal, “um conjunto integrado de ações, materiais e referências disponibilizados pelo MEC, tendo como eixo principal a formação continuada de professores alfabetizadores” (Brasil, 2012, p.5).

De acordo com Freire (1991) é através da formação continuada de professores como um processo de reflexão sobre a prática pedagógica, que há de se compreender que “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. “A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática" (p. 58).

A reflexão sobre a prática permite ao professor olhar para sua atuação docente de forma crítica e aberta, podendo rever suas metodologias e promover um processo de ensino e aprendizagem significativos. Nesse sentido, o autor enfatiza a relevância de uma educação motivada pela busca do conhecimento.

Ferreiro e Teberosky, contribuíram para as discussões sobre a alfabetização no Brasil. Seus estudos são garantidos durante os cursos de formação de professores, são trinta anos de circulação sobre os postulados da psicogênese e sempre ganha forças nos debates acadêmicos.

Refletir sobre a formação de professores possibilita fazer uma crítica sobre a prática docente e através dela pode-se construir um trabalho de identidade pessoal que irá favorecer para o crescimento na profissão.

3.- Metodologia.

O estudo teve como abordagem metodológica o enfoque qualitativo do estudo de caso realizado em uma escola da rede estadual de ensino na cidade de Belém, estado do Pará.

Este enfoque, utilizou a coleta de dados sem medições numéricas para o processo das preguntas de investigação e processo de interpretação. Na abordagem qualitativa os estudos iniciam de forma exploratória descritiva, mas se delineia com tipos correlacionais, mas sem exploração de dados estatísticos, na necessidade de realização do trabalho de campo, assim, é possível compreender um problema humano ou social, por meio da elaboração de um desenho construído e desenvolvido num contexto natural (Hernández Sampieri; Collado; Lucio, 2013). Os autores afirmam que: “O foco da pesquisa qualitativa é compreender e aprofundar os fenômenos que são explorados a partir da perspectiva dos participantes em um ambiente natural em relação ao contexto” (p. 336).

Esta investigação apresentou um estudo de caso, o qual, desenvolve processos de recomendações a serem seguidos. Requer descrições detalhadas do próprio caso. O estudo é muito mais específico e explora de maneira direcionada. É usado para avaliação de programas e implementação de projetos, análises políticas. Se mostram valiosos para o entendimento e aumenta a convicção sobre um tema (Gray, 2012).

Este estudo de caso, utilizou uma amostragem pequena, proporcionando uma descrição detalhada e sistemática da situação, uma delimitação de fenômenos que reúnem provas, como a pesquisa para um determinado programa. Retrata a realidade de forma completa, usam uma variedade de fontes de informação e representa diferentes perspectivas em uma situação social. A pesquisa do tipo descritivo com o intuito de coletar informações sobre o tema a ser pesquisado, direcionada devido a importância do programa de formação de professores alfabetizadores nas escolas públicas do estado e os benefícios da mesma para o processo de alfabetização de crianças na idade certa, por isso, a descritiva pela necessidade de caracterização do fenômeno do contextos estudado servindo desta forma como base para explicações (Santos, 2000).

Os Procedimentos da pesquisa: foram realizadas visitas diárias até a escola para a obtenção dos dados para a pesquisa e para a realização das entrevistas semiestruturadas com professores alfabetizadores, coordenadores e diretores. As entrevistas foram gravadas e posteriormente feitas as descrições das falas dos participantes para a interpretação e análise dos resultados.

A coleta dos dados da pesquisa compreende os principais processos de uma investigação, com dados extraídos desse procedimento, essas informação analisadas para a divulgação dos resultados, para a concretização do estudo. Neste sentido foram efetuados os seguintes procedimentos: As aplicações das entrevistas procederam em conformidade no local e horário previamente combinado com a equipe de professores alfabetizadores dos turnos da manhã e da tarde da E. E Augusto Olímpio, o momento para a coleta dos dados, num ambiente adequado e ou em seus horários de intervalo. Todos os procedimentos de coleta foram efetuados durante os meses de março à junho de 2016.

4.-Discussão dos Resultados.

Através das entrevistas entendeu-se que a formação tem a intenção de trabalhar as dificuldades do cotidiano dos alfabetizadores de modo a renovar e atualizar a prática dos mesmos para que possam suprir as necessidades no ambiente escolar. Portanto, vale ressaltar que é de grande relevância essa formação continuada nas redes de ensino, aprimorar o desempenho e trabalho dos professores e consequentemente o aprendizado dos alunos e de uma forma geral no âmbito escolar. Porém, os alfabetizadores ainda enfrentam muitas dificuldades na escola a qual trabalham:

Professor 6: “...o problema é a realidade que enfrentamos em nossa escola pública, pois necessitamos de materiais para conduzir no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.”

Professor 9: “ ...a nossa realidades na escola é difícil devido a muitas dificuldades que temos, pois não temos espaço adequado, sala de leitura e materiais suficientes para desempenhar melhor o processo de alfabetizar, muitas vezes temos que improvisar.”

Assim, dando continuidade para obter a resposta ao primeiro objetivo, foi importante conhecer algumas possíveis dificuldades e espera-se possível melhoras para formações futuras.

Observa-se nos relatos das alfabetizadoras que o programa atual de formação continuada atende as necessidades do professor alfabetizador, pois, ele oferece o suporte de conhecimentos e atividades práticas, porém a escola muitas vezes não dispõe de materiais e recursos de trabalho para contribuir para efetivação do processo. Sob está ótica, entende-se que a formação continuada consistente com foco na reflexão teórico-prática, aliada à disponibilização de materiais didáticos, é fundamental para a concretização de um ensino de qualidade para todas as crianças. Mas se a escola, gestores, coordenação e professores não trabalharem em sintonia para o processo, não haverá resultados, pois este é um trabalho coletivo.

Professor 8: “... no que se refere ao material distribuído para a formação dos alfabetizadores como também o material fornecido no primeiro ano de formação, recebemos um bom suporte da organização do curso.”

Gráfico 1- Se desenvolvem as atividades propostas no curso de formação continuada.

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Conforme as respostas nota-se que o programa de formação continuada apresenta sugestões de atividades para serem realizadas com objetivos de ampliar e discutir conceitos e refletir sobre os relatos de experiências de professores, elaborar planos de metodologia, refletir sobre textos e sugerir livros didáticos, todas essas atividades são propostas efetivadas nos encontros de formação.

A Formação neste caso surge dentro de um contexto para as mudanças sócioeducacionais, para novas perspectivas quanto aos objetos de ensino, bem como, processos de ensino e aprendizagem, diante de um cenário histórico onde a alfabetização, não era sequer considerava a condição e o trabalho docente, nem se valorizava, os conteúdos e avaliação, dentre outros. Hoje, faz-se necessário refletir sobre as ações e consolidação da alfabetização das crianças dos 6 aos 8 anos de idade (MEC, 2014).

Gráfico 2- Quanto a utilização jogos e atividades lúdicas nas aulas.

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Conforme os dados cab deste modo ao educador criar um ambiente que tenha elementos para a motivação das crianças. Ainda, criar atividades que proporcionem prazer, desenvolver ações educativas de aprendizagem e cultura, criar atividades para a construção das relações entre as crianças, preparar para a leitura, dentre outros. Durante as entrevistas ficou claro que, o lúdico deve ser contemplado nas propostas pedagógicas, e o programa busca possibilitar experiências reflexivas que envolvem emoção e participação dos educadores.

A professora 7 fala da importância do alfabetizador em estar envolvido no processo de formação e buscar aplicar as formas de atividades que facilitem ao aprendizado das crianças: “Mas só será possível se houver o interesse e envolvimento do professor este deve buscar ferramentas para trabalhar com a turma, de modo a envolver com atividades lúdicas para facilitar a aprendizagem dos alunos.”

O professor 3, aborda sobre a importância do processo : “...a formação continuada ajuda no desempenho da atuação do professor e consequentemente favorece ao aprendizado do aluno. A cada dia avaliamos os alunos e a sua evolução. Essa formação acontece sempre de quinze em quinze dias.”

Segundo Tardif (2002) é comum que professores partilhem seus saberes uns com os outros, cotidianamente, através do material didático, macetes e como organizar a sala de aula.

A formação de professores, possibilita avanços na construção da identidade docente comprometidas com as ações pedagógicas. Na visão de Rapoport e Sarmento (2009, p.72) os atuais estudos sobre a docência: “sabemos que a escola é o espaço onde o professor pode inventar e reinventar sua prática, onde pode arriscar, experimentar e redirecionar suas hipóteses”. Contudo, qualificar o espaço de formação continuada ainda é um desafio constante.

Os relatos revelaram sobre a importância da formação de professores, visto que o professor tem a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos, refletir sua prática, interagir com outros profissionais, e o mais importante, que com os encontros de formação são motivados a acreditar que é possível uma educação de qualidade com atitudes simples, com o intuito de garantir a praticidade e a eficácia do seu fazer pedagógico. Em suma, a reflexão é importante para reorganizar a prática e reconstruí-la. É visível que as atividades e um material adequado mediará a construção do conhecimento. Através de um bom planejamento, muitas atividades podem ser desenvolvidas. O ensino e aprendizagem da leitura e da escrita envolve práticas de pensar e agir sobre o mundo e depende de diferentes processos.

Os entrevistados indicam que o ambiente formador do PNAIC promove o enriquecimento e contribui ao professor reavaliar sua prática em sala de aula. Percebe-se que através do curso de formação eles melhoraram nas práticas pedagógicas, que antes do curso não era efetivada como agora durante a formação. Através dos encontros passaram a observar a importância da dinâmica pedagógica, planejamento coletivo e da interdisciplinaridade que é bastante discutida pelas coordenadoras do programa, os relatos e a troca de experiência entre professores e construção de recursos didáticos e proposta de ação do Pacto.

Gráfico 5 – Se desenvolve atividades extraclasses.

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Quanto a contribuição do pacto com atitudes inovadores que atendessem a diversidade e a criatividade dos alfabetizadores em sala de aula. As respostas foram positivas, o curso de formação oferece essa construção de ideias aos alfabetizadores.

A questão da diversidade está relacionada as atividades que são propostas para as crianças de modo que estimule e desenvolva seu aprendizado, da mesma forma que se torne criativa, trabalhando com o lúdico. De acordo com os professores entrevistados, coordenadores e diretores o programa de formação atinge estes objetivos da prática e teoria que lhes são oferecidos.

Na visão de Repoport e Sarmento (2009) a profissão docente requer formação constante, não é apenas a prática em sala de aula ou “transmitir” conteúdos, mas sim atitudes que favorecem a reflexão. Ser professor requer no ato da prática conhecimentos pertinente à didática, aos conteúdos e a compreensão da importância para avaliar-se constantemente. É importante que o professor construa novos conhecimentos juntamente com seus alunos, e, dessa forma, contribuir para que o educando tenha seu direito à aprendizagem garantido, não de qualquer forma, mas com qualidade, com o intuito de torná-lo um ser crítico e reflexivo.

De acordo com Rapoport e Sarmento (2009) a formação de professores é um dos fatores que mais incidem sobre o desempenho dos alunos. Quando o profissional que está em sala de aula possui uma formação adequada, em nível superior, a média do desempenho das crianças vem melhorando de acordo com os índices da educação. Se há uma significativa diferença na escala de desempenho, dada em função da formação inicial do docente, podemos imaginar o quanto incidirá positivamente no aprendizado de crianças e jovens a implantação e execução qualificada de processos de formação continuada para professores de anos iniciais.

5.-Conclusão.

Observou-se que novas experiências didáticas foram propiciadas no curso de formação continuada, os professores estes passaram a contemplar mais a questão dos componentes curriculares, trabalharam mais a interdisciplinaridade diante dos conteúdos ministrados. Houve melhorias a partir da iniciativa de propostas que ajudaram no desenvolvimento das práticas de ensino dos alfabetizadores da rede estadual de ensino. O curso também ofereceu estímulo aos professores e os incentivou a trabalharem atividades diversas para desempenhar melhor seu trabalho.

Os diretores e coordenadores enfatizaram em suas entrevistas que os alfabetizadores estimulam mais os alunos com projetos didáticos e que perceberam mudanças nas práticas dos mesmos a partir do curso de formação. Desta forma, contribuem no processo de alfabetização dos alunos de uma maneira significativa e divertida na construção do conhecimento.

Assim sendo, a formação continuada contribuiu para a elaboração de novas estratégias de ensino na prática dos professores. Percebeu-se que a partir dos cursos de formação continuada oferecido aos professores alfabetizadores, estes foram de fundamental importância para a prática do professor alfabetizador na escola estadual, mostra que tiverem a oportunidade de novos conhecimentos para a vida pessoal, bem como, profissional, de como transformar a sua forma de ensinar em sala de aula.

Contudo, acredita-se que este estudo poderá contribuir e propiciar novos conhecimentos aos docentes no processo de como auxiliar o mesmo para melhorar a qualidade da escola pública, no sentido de valorização tanto dos professores bem como, dos alunos, numa perspectiva humana destes saberes. Diante das reflexões constituídas entende-se que as possibilidades de qualificação da escola pública é um processo em construção e de formação, significativa que oportunize a buscar respeitando as diferenças, promovendo assim uma educação mais humana que valorize o ser como um todo.

Qual o objetivo da formação continuada dos professores?

A formação continuada de professores é uma forma de assegurar a atuação de profissionais mais preparados e capacitados dentro das salas de aula. Dessa forma, ela garante uma educação de qualidade para os seus alunos e, consequentemente, a comunidade na qual a escola está inserida.

O que Paulo Freire fala sobre a formação continuada do professor?

FREIREANO PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Nesta concepção, a formação continuada de professores, deve incentivar a apropriação dos saberes pelos professores, rumo à autonomia, e levar a uma prática crítico-reflexiva, abrangendo a vida cotidiana da escola e os saberes derivados da experiência docente.

Qual a importância da formação inicial e continuada para a prática docente?

A formação continuada de professores é uma forma de garantir mais qualidade no ensino e melhores condições de trabalho para os docentes. É um meio de mostrar para a comunidade escolar que a instituição se preocupa com o futuro dos alunos e valoriza seus profissionais.

É correto afirmar que a formação continuada do professor pode ocorrer?

É correto afirmar que a formação continuada do professor pode ocorrer: a) Somente na escola. b) Somente com professores experientes. c) Somente em simpósios. d) Somente em cursos de especialização.