Como e por quem é definida a taxa selic

Quem acompanha o mercado financeiro ou pretende começar a investir, é importante conhecer os principais indicadores econômicos que podem impactar as aplicações financeiras, entre eles está a Taxa Selic.

Nesse sentido, a taxa selic é constantemente comentada nos veículos de mídia, principalmente por conta da sua relevância, porém, é pouco compreendida pelas pessoas em geral. Assim, vale a pena conferir esse artigo e aprender mais sobre esse indicador.

A taxa Selic é taxa que o governo paga quando pega dinheiro emprestado. Por isso, ela também é conhecida como taxa básica de juros da economia, justamente porque serve como a base para os juros de toda a economia do país.

Assim, ela tem uma influência direta sobre a vida das pessoas, já que sua variação pode afetar o controle da inflação, que se relaciona diretamente com a atividade econômica.

Para começar, ela é dividida em duas outras taxas que servem para coisas diferentes: A taxa Selic Meta, sendo a meta deliberada em reuniões do Comitê de Política Monetária e serve para balizar os juros no país. E a taxa Selic Over, utilizada como juros nos empréstimos interbancários de curta duração.

    Taxa Selic Over

    A Selic over é utilizada pelo mercado interbancário para o financiamento de operações com duração diária, que são lastreadas em títulos públicos federais.

    Vamos à prática. Todos os bancos do país são obrigados por lei a depositar uma parte do dinheiro que têm sob sua custódia em uma espécie de “conta” no Banco Central (Bacen).

    No entanto, como todo dia essas instituições realizam várias operações financeiras, é muito comum que, ao final do expediente, elas tenham em seu poder mais ou menos dinheiro do que quando o dia começou.

    Por isso, a porcentagem que deve ficar com o Banco Central varia diariamente. Para se adaptarem à regra, os bancos que têm uma porcentagem menor do que a necessária tomam empréstimos de curtíssimo prazo dos bancos que têm mais do que aquilo que precisam.

    Assim, como os empréstimos são de curtíssima duração e o risco praticamente inexiste, a remuneração por esse crédito é baseada no quanto o governo paga de juros sobre esses títulos.

    Essa operação é chamada de overnight. A garantia para esses empréstimos são os títulos do Tesouro Nacional, de forma a reduzir ao máximo o risco – e também os juros.

    A taxa Selic over varia diariamente com base na média de juros paga nessas operações interbancárias. Geralmente, essa variação é muito pequena, na casa dos décimos.

    Dessa forma, a taxa de juros praticada pelos bancos e credores é, em geral,  igual ou ligeiramente superior às pagas para os detentores dos títulos públicos federais lastreados na Selic, já que esse também é um categoria de empréstimo considerado seguro.

    O valor da Selic Over é divulgado diariamente pelo Departamento de Operações de Mercado Aberto (Demab), subordinado ao Banco Central.

    Taxa Selic Meta

    A taxa Selic Meta é a que normalmente é citada em noticiários e tem maior importância no dia a dia dos brasileiros.

    Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária e corresponde ao valor que o governo paga quando pega dinheiro emprestado.

    Assim como qualquer pessoa, o governo também empresta recursos para manter sua “máquina” em funcionamento.

    Esse recurso é o que vai ser usado para educação, saúde, infraestrutura, além de ser direcionado para a manutenção da estrutura dos três Poderes. Embora os impostos sejam a principal forma de financiamento do governo, muitas vezes ele precisa de outras fontes de recurso.

    Isso acontece por diversos motivos, como o crescimento econômico menor do que o esperado, que ocasiona uma menor arrecadação e consequentemente gastos acima do previsto.

    Além disso, o governo pode querer antecipar recursos de anos seguintes para investir em determinado momento. Para obter esses fundos, ele lança seus títulos públicos no mercado.

    Como os juros em geral estão diretamente ligados ao risco de o mutuário não pagar o montante emprestado, convencionou-se que o risco do Estado em não pagar sua dívida, é o menor possível dentro de uma economia de mercado.

    Essa dívida é baseada na taxa Selic, que o próprio governo define. Logo, pode-se concluir que a taxa Selic é a balizadora dos juros praticados em todo o território nacional.

    E, nessa lógica, as demais taxas praticadas são maiores que os juros pagos pelo governo, já que eles possuem um risco de crédito maior.

    A taxa Selic hoje é 13,75%.

    Em maio de 2022, o Copom, responsável por definir a taxa básica de juros da economia, decidiu subir a taxa Selic de 12,75% para 13,75%.

    Antes de mais nada, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia não deve ser confundido com a taxa Selic.

    Então, o sistema Selic nada mais é do que um sistema computadorizado, comandado pelo Banco Central, por onde ele controla a emissão, compra e venda dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. A taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados nesse sistema corresponde à taxa Selic.​

    O sistema Selic, criado em 14 de novembro de 1979, é destinado a operar somente com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional.

    Além disso, não é qualquer pessoa que tem acesso ao sistema. Somente instituições financeiras credenciadas pelo Banco Central do Brasil têm acesso ao sistema Selic.

    Dessa forma, podem participar do sistema Selic as seguintes instituições:

    • Bancos comerciais

    • Corretoras ou distribuidoras de valores mobiliários

    • Bancos de investimento

    • Bancos múltiplos

    • Caixas econômicas

    • Demais instituições financeiras autorizadas

    A dinâmica de registro do título público é muito simples: Após acertarem os negócios, os operadores das instituições envolvidas na transação com o títulos transferem estas operações, via sistema, ao Selic.

    Como opera em tempo real, o sistema imediatamente transfere o registro do título para o comprador e faz o crédito devido na conta do vendedor do título. Nessas condições o negócio tem a liquidação imediata.

    Dessa forma, as duas partes envolvidas têm a certeza de que a operação foi validada.

    Atualmente todos os títulos públicos são escriturais, ou seja, não existem mais registros físicos, apenas eletrônicos.

    Além disso, o Selic possui em torno de 500 participantes e 15.000 clientes individualizados. É ainda, depositário de cerca de 370 espécies de títulos, que somam 99% da carteira de títulos públicos federais.

    Por fim, o sistema Selic é administrado pelo Demab (Departamento de Operações de Mercado Aberto do Banco Central) em parceria com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

    Abaixo disponibilizamos o histórico da taxa Selic mensal dos últimos anos:

    Histórico da Taxa Selic
    Data Período de vigência Meta Selic % a.a
    04/05/2022 05/05/2022 – ? 12,75%
    16/03/2022 17/03/2022 – 04/05/2022 11,75%
    2/2/22 03/02/2022 – 16/03/2022 10,75%
    8/12/21 09/12/2021 – 02/02/2022 9,25%
    27/10/21 28/10/2021 – 08/12/2021 7,75%
    22/9/21 23/09/2021 – 27/10/2021 6,25%
    4/8/21 05/08/2021 – 22/09/2021 5,25%
    16/6/21 17/06/2021 – 04/08/2021 4,25%
    5/5/21 06/05/2021 – 16/06/2021 3,50%
    17/3/21 18/03/2021 – 05/05/2021 2,75%
    20/1/21 21/01/2021 – 17/03/2021 2,00%
    09/12/20 10/12/2020 – 20/01/2021 2,00%
    28/10/20 29/10/2020 – 09/12/2020 2,00%
    16/09/20 17/09/2020 – 28/10/2020 2,00%
    05/08/20 06/08/2020 – 16/09/2020 2,00%
    17/06/20 18/06/2019 – 05/08/2020 2,25%
    06/05/20 07/05/2019 – 17/06/2020 3,00%
    18/03/20 19/03/2019 – 06/05/2020 3,75%
    05/02/20 06/02/2019 – 18/03/2020 4,25%
    11/12/19 12/12/2019 – 05/02/2020 4,50%
    30/10/19 31/10/2019 – 11/12/2019 5,00%
    18/09/19 19/09/2019 – 30/10/2019 5,50%
    31/07/19 01/08/2019 – 18/09/2019 6,00%
    20/06/19 21/06/2019 – 31/07/2019 6,50%
    09/05/19 10/05/2019 – 20/06/2019 6,50%
    20/03/19 21/03/2019 – 09/05/2019 6,50%
    06/02/19 07/02/2019 – 20/03/2019 6,50%
    12/12/18 13/12/2018 – 06/02/2019 6,50%
    31/10/18 01/11/2018 – 12/12/2018 6,50%
    19/09/18 20/09/2018 – 31/10/2018 6,50%
    01/08/18 02/08/2018 – 19/09/2018 6,50%
    20/06/18 21/06/2018 – 01/08/2018 6,50%
    16/05/18 17/05/2018 – 20/06/2018 6,50%
    21/03/18 22/03/2018 – 16/05/2018 6,50%
    07/02/18 08/02/2018 – 21/03/2018 6,75%
    06/12/17 07/12/2017 – 07/02/2018 7,00%
    25/10/17 26/10/2017 – 06/12/2017 7,50%
    06/09/17 07/09/2017 – 25/10/2017 8,25%
    26/07/17 27/07/2017 – 06/09/2017 9,25%
    31/05/17 01/06/2017 – 26/07/2017 10,25%
    12/04/17 13/04/2017 – 31/05/2017 11,25%
    22/02/17 23/02/2017 – 12/04/2017 12,25%
    11/01/17 12/01/2017 – 22/02/2017 13,00%
    30/11/16 01/12/2016 – 11/01/2017 13,75%
    19/10/16 20/10/2016 – 30/11/2016 14,00%
    31/08/16 01/09/2016 – 19/10/2016 14,25%
    20/07/16 21/07/2016 – 31/08/2016 14,25%
    08/06/16 09/06/2016 – 20/07/2016 14,25%
    27/04/16 28/04/2016 – 08/06/2016 14,25%
    02/03/16 03/03/2016 – 27/04/2016 14,25%
    20/01/16 21/01/2016 – 02/03/2016 14,25%
    25/11/15 26/11/2015 – 20/01/2016 14,25%
    21/10/15 22/10/2015 – 25/11/2015 14,25%
    02/09/15 03/09/2015 – 21/10/2015 14,25%
    29/07/15 30/07/2015 – 02/09/2015 14,25%
    03/06/15 04/06/2015 – 29/07/2015 13,75%
    29/04/15 30/04/2015 – 03/06/2015 13,25%
    04/03/15 05/03/2015 – 29/04/2015 12,75%
    21/01/15 22/01/2015 – 04/03/2015 12,25%
    03/12/14 04/12/2014 – 21/01/2015 11,75%
    29/10/14 30/10/2014 – 03/12/2014 11,25%
    03/09/14 04/09/2014 – 29/10/2014 11,00%
    16/07/14 17/07/2014 – 03/09/2014 11,00%
    28/05/14 29/05/2014 – 16/07/2014 11,00%
    02/04/14 03/04/2014 – 28/05/2014 11,00%
    26/02/14 27/02/2014 – 02/04/2014 10,75%
    15/01/14 16/01/2014 – 26/02/2014 10,50%
    27/11/13 28/11/2013 – 15/01/2014 10,00%
    09/10/13 10/10/2013 – 27/11/2013 9,50%
    28/08/13 29/08/2013 – 09/10/2013 9,00%
    10/07/13 11/07/2013 – 28/08/2013 8,50%
    29/05/13 30/05/2013 – 10/07/2013 8,00%
    17/04/13 18/04/2013 – 29/05/2013 7,50%
    06/03/13 07/03/2013 – 17/04/2013 7,25%
    16/01/13 17/01/2013 – 06/03/2013 7,25%
    28/11/12 29/11/2012 – 16/01/2013 7,25%
    10/10/12 11/10/2012 – 28/11/2012 7,25%
    29/08/12 30/08/2012 – 10/10/2012 7,50%
    11/07/12 12/07/2012 – 29/08/2012 8,00%
    30/05/12 31/05/2012 – 11/07/2012 8,50%
    18/04/12 19/04/2012 – 30/05/2012 9,00%
    07/03/12 08/03/2012 – 18/04/2012 9,75%
    18/01/12 19/01/2012 – 07/03/2012 10,50%
    30/11/11 01/12/2011 – 18/01/2012 11,00%
    19/10/11 20/10/2011 – 30/11/2011 11,50%
    31/08/11 01/09/2011 – 19/10/2011 12,00%
    20/07/11 21/07/2011 – 31/08/2011 12,50%
    08/06/11 09/06/2011 – 20/07/2011 12,25%
    20/04/11 21/04/2011 – 08/06/2011 12,00%
    02/03/11 03/03/2011 – 20/04/2011 11,75%
    19/01/11 20/01/2011 – 02/03/2011 11,25%
    Fonte: Bacen

    Mas, conforme entrega o gráfico acima, o comportamento da taxa nem sempre foi assim. Isso porque a taxa Selic reflete diretamente o cenário econômicos do país.

    Prova disso pode vista no gráfico. Se você observar, no período entre 2015 e 2016 a Selic ficou acima de 14%. Ao mesmo tempo, esse período coincidiu com inflação acima de 10% e recessão econômica. Então, o recurso usado pelo governo na época era aumentar a Selic para tentar conter a inflação.

    Além disso, o ano de 2020 foi marcado pela Selic no menor patamar histórico, 2% a.a.

    Por outro lado, no início de 2022, com a alta da Selic, a taxa anual voltou a ter 2 dígitos, ficando em 10,75% a.a.

    A Taxa Selic é definida através de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, formado pelo seu Presidente e diretores .

    O Copom é o responsável por definir a taxa de juros básica, bem como a quantidade de dinheiro existente na economia brasileira.

    As reuniões do Copom para a definição da taxa Selic são realizadas 8 vezes ao ano ou a cada 45 dias, sempre em uma terça e uma quarta-feira.

    No primeiro dia de reuniões (terça), os membros do comitê analisam a conjuntura da economia com base em indicadores recentes. Para isso o Copom leva em consideração o desempenho de indicadores como:

    • Inflação;
    • Contas públicas;
    • Atividade econômica;
    • Cenário externo;
    • Operações de mercado aberto.

    Já no segundo dia,  baseado nas informações apresentadas no dia anterior, o diretor de política monetária apresenta as propostas de diretrizes para a economia, além de mencionar alternativas para a taxa de juro.

    Após as deliberações necessárias, acontece a votação das propostas para definir qual o melhor caminho para a taxa.

    Por fim, ao encerramento da reunião a decisão sobre a taxa Selic é divulgada oficialmente nos meios de comunicação ao mesmo tempo em que é divulgada no Sisbacen.

    A Selic influencia os investimentos de duas formas: diretamente, quando a rentabilidade do título está atrelada a Selic como é o caso do Tesouro Selic.

    Ou ainda indiretamente, quando o título está atrelado ao CDI (que tem relação direta com a Selic) como é o caso de CDB, Debêntures, fundos, entre outros.

    Além disso, a Selic em alta acaba atraindo investidores para aplicarem em títulos da dívida pública, uma vez que o retorno é vantajoso para o investidor.

    Não precisa ir muito longe para comprovar esse comportamento do investidor. Em 2016 o Tesouro Direto chegou a render 14% ao ano, na época a procura por esse tipo de título era enorme.

    Por outro lado, em 2019 como uma Selic de 5,5% o que se vê é um número cada vez maior de investidores migrando para a renda variável.

    Então fique atento, pois mudanças na taxa Selic podem servir para que você revise seus investimentos, principalmente se eles estiverem atrelados a ela.

      Títulos públicos

      Nem todo o título público é influenciado pela Selic. Isso acontece porque existe hoje no mercado três tipos de títulos que diferem quanto a forma como rendem. São eles:

      • Tesouro Selic;
      • Tesouro IPCA;
      • Tesouro Prefixado.

      O título do Tesouro Selic está em linha com a taxa Selic, então ele vai se comportar de forma idêntica ao desempenho da Selic. Ou seja, se a Selic cai, a rentabilidade do título também cai e vice-versa.

      Já o Tesouro IPCA e Prefixado não sofrem influência direta da Selic, pois remuneram por outros caminhos, como o índice IPCA e taxa fixa de rentabilidade.

      Caderneta de poupança

      A taxa Selic também influencia diretamente as variações no rendimento da poupança de duas formas diferentes.

      No primeiro caso, se a taxa Selic estiver em um patamar maior que 8,5% ao ano, a poupança terá rendimento de 0,5% ao mês + a TR (taxa referencial).

      No segundo caso, se ela for menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança terá um rendimento equivalente a 70% da taxa Selic vigente no período.

      Renda Fixa

      Servindo como base para os juros no país, a taxa Selic é uma das principais métricas utilizadas para a remuneração de investimentos em renda fixa como:

      • Títulos privados pós-fixados;
      • Certificado de Depósito Bancário;
      • Letra de Crédito Imobiliário;
      • Letra de Crédito do Agronegócio;
      • Tesouro Selic;
      • Debêntures.

      No caso dos títulos públicos pós-fixados, a mudança na Selic ao longo do tempo pode influenciar o rendimento do investimento. Isso porque, se ela cai, a remuneração sobre o valor investido é menor. O mesmo acontece se ela sobe.

      Com a LCI, a LCA e o CDB o movimento é parecido. Isso porque, nesses casos, a remuneração é atrelada a uma porcentagem do CDI que, conforme vimos, é diretamente ligado à Selic.

      Qual a relação entre a Selic e o CDI? Qual a relação entre a Selic e o CDI?

      Antes de entender a relação entre Selic e CDI precisamos saber o que é o CDI.
      O Certificado de Depósito Interbancário-CDI é um recurso que os bancos utilizam para emprestar dinheiro uns para os outros.
      Esse empréstimo é necessário porque o Bacen exige que diariamente os bancos fechem o caixa com uma determinada reserva. Como nem sempre os bancos conseguem cumprir o estabelecido pelo Bacen, eles acabam recorrendo ao CDI para conseguir fechar o caixa do dia.
      A taxa do CDI é calculada diariamente pela Cetip, mas em regra é muito parecida com a taxa Selic, geralmente fica 0,2% abaixo da taxa Selic.
      O CDI é uma das principais taxas usadas como referência para investimentos, principalmente os de renda fixa como CDB, LCI e LCA. Agora que você já entendeu melhor o que é o CDI vamos explicar a relação entre ele e a Selic.

      Selic e a taxa DI Selic e a taxa DI

      A taxa Selic serve de referência para a taxa DI. Essas duas taxas sempre andam alinhadas e isso tem um propósito: se a Selic for muito superior ao CDI os bancos não vão querer emprestar dinheiro para outros bancos e sim para o governo, pois dessa forma terão uma rentabilidade maior.
      Agora, se o CDI for muito acima da Selic, os juros dos títulos que usam essa taxa sobe, o que também não é bom para os bancos que pega emprestado.
      Então, como é possível concluir, para manter o sistema financeiro em equilíbrio é importante que essas duas taxas se mantenham próximas.
      Entretanto, cabe ressaltar ainda que elas possuem duas características muito diferentes uma das outras:
      Além disso, o CDI serve como parâmetro para os empréstimos entre bancos privados. Por sua vez, a Selic é um indexador para empréstimo entre bancos que se valem dos títulos públicos como garantia.

      Mas a taxa Selic não influencia somente os investimentos. Ela vai além e qualquer alteração na Selic pode afetar a economia como um todo, de forma encadeada. Isso porque ela representa também um instrumento de política monetária.

      Então é sempre importante compreender algumas das múltiplas finalidades que a taxa Selic tem sobre a economia brasileira, bem como sua direta influência sobre a criação de empregos, consumo e poupança da população em geral.

      Por exemplo, ao reduzir a Selic o juro dos empréstimos acabam reduzindo também, isso estimula o consumo mas pode provocar um aumento da inflação.

      Por isso, é tão importante a análise da situação econômica que o Copom faz antes de decidir realizar alterações na taxa básica de juros.

      Além disso, uma Selic alta pode desestimular o crescimento econômico. Para ficar mais fácil entender imagine a seguinte situação:

      Pedro é um investidor e tem R$1.000.000 separado para pensar em seu futuro. Imagine que ele pode escolher entre investir em uma empresa ou em comprar títulos do Tesouro.

      Se esses títulos estiverem pagando juros de cerca de 15% ao ano, Pedro se sentiria desestimulado a investir em qualquer companhia por dois motivos principais:

      Primeiro porque pouquíssimas empresas conseguiriam dar um rendimento de anual 15%.

      Segundo, porque existe o risco atrelado a todo investimento, que é menor em títulos públicos. Pedro poderia ganhar mais do que os 15%, mas também poderia ganhar menos – o que já seria um cenário ruim – ou ainda pior, perder parte e até tudo o que investiu.

      Então Pedro escolheria investir no governo em vez direcionar seus recursos para a empresa, o efeito disso, em uma escala maior, seria a desaceleração do crescimento econômico.

        Taxa Selic e a inflação

        A Selic é o principal instrumento usado pelo Bacen para controlar a inflação. Foi isso que vimos, por exemplo, durante a crise que iniciou em 2013. A inflação, que estava em 6,5% em meados de 2013 atingiu 10% em 2015.

        Ao mesmo tempo, a Selic, que estava em 7,25%, logo começou a subir, até atingir 14,25 em setembro de 2015.

        Em outras palavras, quando a Selic reduz, o consumo da população acaba aumentando, já que o juros ficou mais barato. Como consequência, as pessoas se sentem estimuladas a comprarem mais.

        Então, comprando mais, a demanda por produtos pode superar  o que o mercado tem para ofertar. Para equilibrar esse descompasso entre oferta e demanda é necessário aumentar o preço dos produtos e isso acaba levando ao aumento da inflação.

        Mas onde a Selic entra nessa história? Para conter a inflação, é necessário desestimular o consumo, então o Copom aumenta a Selic. Com essa medida as pessoas se sentem mais estimuladas a investir do que a gastar. Então ao diminuir a demanda por produtos a inflação acaba reduzindo também.

        Na verdade, essa dinâmica entre Selic e inflação foi apresentada de forma simplificada. Na prática, esse sistema é muito mais complexo e envolve outras variáveis.

        Mas a grosso modo, o que você precisa entender é que Selic alta controla a inflação e Selic baixa, se não for bem administrada provoca inflação.

        Taxa Selic e os juros

        Quem faz um empréstimo em dinheiro, realiza uma compra a crédito ou paga uma conta parcelada ou atrasada, geralmente tem que pagar juros.

        Esses juros são calculados usando como referência a taxa Selic. Na verdade a taxa Selic influencia todas as taxas de juros do país, desde de juros dos empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

        Então, podemos concluir que os juros seguem alinhados com a taxa Selic.

        Sendo assim, se a Selic sobe, o custo de captação dos bancos aumenta e o acesso ao crédito fica mais difícil já que a taxa de juros do emprétimo está mais cara.

        Como consequência, o consumo diminui e a roda da economia desacelera.

        Taxa Selic e o emprego

        Por fim, o nível de emprego segue caminho contrário à Selic. Nesse sentido, quando a Selic diminui a tendência é aumentar o nível de emprego.

        Isso acontece porque, como vimos, uma redução na Selic estimula o consumo.

        Como efeito, as empresas produzem mais e isso só é possível se elas contratarem mais. Ou seja, a redução da Selic provoca uma reação em cadeia na economia de um país.

        Por outro lado se a Selic subir o consumo é desestimulado então as empresas contratarão menos e precisarão de menos mão de obra para produzir.

        Entre todos os resultados que isso pode apresentar fica nítido que o desemprego tende a aumentar neste caso.

        Acompanhar com frequência o patamar da Selic é algo fundamental e básico para quem é investidor. Justamente porque ela pode indicar qual é o melhor investimento naquele momento.

        O investidor tem basicamente dois caminhos a seguir quando o objetivo é ganhar da Selic: Ele pode escolher a opção mais segura que é optar por aplicações que paguem acima de 100% do CDI. Entretanto você precisa ter em mente que ainda assim os rendimentos serão baixos.

        O outro caminho é migrar aos poucos para a renda variável.Por exemplo, em um cenário de Selic em baixa, a tendência é que os investimentos em renda variável valham mais a pena do que em renda fixa.

        Isso porque o acesso a crédito tende a ser facilitado, além de ficar mais barato. Dessa forma, as empresas podem alavancar seu crescimento.

        Além disso, a Selic baixa também representa um cenário de mais estabilidade econômica no país, o que é bom para as empresas, que podem planejar bem seu futuro.

        Por consequência, esse cenário também é bom para o mercado de capitais, já que as empresas tendem a produzir mais e ganhar valor de mercado.

        Isso cria um ciclo virtuoso, já que um mercado competitivo e eficiente é o motor para que o país se mantenha estável economicamente.

        Ficou alguma dúvida sobre como funciona a taxa Selic? Deixe nos comentários abaixo.

        Perguntas Frequentes sobre a Selic

        Qual é a taxa Selic hoje?

        A taxa Selic hoje, em março de 2022, está fixada em 12,75%.

        O que é taxa Selic e para que serve?

        A Selic é a taxa básica de referência usada pela economia na totalidade. Então ela pode ser usada com diversos objetivos diversos. Por exemplo, para indicar a rentabilidade de um investimento, como servir de instrumento de política monetária no controle da inflação e ainda como referência para definir taxa de juros de financiamentos.

        Qual o mínimo para investir no Tesouro Selic?

        Você não precisa comprar um título inteiro, ou seja, é possível adquirir frações a partir de 1% do título. Em outubro de 2022 o investimento mínimo para adquirir o Tesouro Selic com vencimento em 01/03/2025 é de R$ 113,71.

        Bibliografia

        https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sistemaselic

        https://www.tesourodireto.com.br/