De que modo as Ciências sociais demonstraram que as desigualdades não são algo natural

Autores

  • Roberto Paulo Machado Lopes Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • Amanda Brandão Lopes Faculdade de Minas - FAMINAS - BH

DOI:

https://doi.org/10.22481/rbba.v8i1.5174

Palavras-chave:

Desigualdade. Áreas do Conhecimento. Política de Ciência e Tecnologia. Produção Científica

Resumo

Resumo

Este artigo tem por objetivo identificar as desigualdades no acesso aos recursos de fomento à pesquisa entre as grandes áreas do conhecimento na Bahia e avaliar o papel das políticas de ciência e tecnologia (C&T) na produção dessas assimetrias. A análise se estende examinando as implicações desses desequilíbrios sobre a valorização e reconhecimento dos pesquisadores. Para delimitar a análise, o estudo agrupa as grandes áreas do conhecimento em dois campos de pesquisa: ciências naturais e ciências sociais. A divisão da ciência está fundada em bases epistemológicas e metodológicas e, para os propósitos deste trabalho, é delimitada pelo conceito de paradigma em Thomas Kuhn e pelas definições de ciências duras (Hard Science) e ciências moles (Soft Science). A pesquisa utiliza como variável para identificar desigualdades a proporção de projetos aprovados nos editais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) por grande área do conhecimento e por campos de pesquisa. Na sequência, estabelece uma associação entre os eixos estratégicos das políticas de C&T com os percentuais de aprovação de cada grande área em grupos de editais selecionados. Para avaliar o reconhecimento e valorização da produção científica, o estudo faz um levantamento da distribuição, entre pesquisadores baianos, de bolsas produtividade (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A hipótese básica é a de que as políticas de C&T, ao priorizar a incorporação do conhecimento científico e tecnológico aos processos produtivos, produzem e reforçam desigualdades entre as ciências naturais e ciências sociais.

Palavras-chave: Desigualdade. Áreas do Conhecimento. Política de Ciência e Tecnologia. Produção Científica.

Resumen

Este artículo tiene por objetivo identificar las desigualdades en el acceso a los recursos de fomento a la investigación científica entre las grandes áreas del conocimiento en Bahía y evaluar el papel de las políticas de ciencia y tecnología (C & T) en la producción de esas asimetrías. El análisis se extiende examinando las implicaciones de estos desequilibrios sobre la valorización y el reconocimiento de los investigadores. Para delimitar el análisis el estudio agrupa las grandes áreas del conocimiento en dos campos de investigación: ciencias naturales y ciencias sociales. La división de la ciencia está fundada en bases epistemológicas y metodológicas y, para los propósitos de este trabajo, está delimitada por el concepto de paradigma en Thomas Kuhn y las definiciones de ciencias duras y las ciencias blandas. La investigación utiliza como variable para identificar desigualdades a la proporción de proyectos aprobados en los editales de la Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) por gran área del conocimiento y por campos de investigación. A continuación se establece una asociación entre los ejes estratégicos de las políticas de C & T con los porcentajes de aprobación de cada gran área en grupos de edicto público seleccionados. Para evaluar el reconocimiento y valorización de la producción científica, el estudio hace un relevamiento de la distribución, entre investigadores biancos, de becas productividad (PQ) del Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). La hipótesis básica es que las políticas de C & T, al priorizar la incorporación del conocimiento científico y tecnológico a los procesos productivos, producen y refuerzan desigualdades entre las ciencias naturales y las ciencias sociales.

Palabras clave:  Desigualdad. Áreas del conocimiento. Política de Ciencia y Tecnología. Producción Científica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Roberto Paulo Machado Lopes, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Roberto Paulo Machado Lopes é doutor em “Geografia, Planificación Territorial y Gestión Ambiental” pela Universidade de Barcelona, mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia e Professor Adjunto B do Curso de Economia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Exerceu os cargos de Pró-Reitor de Planejamento da UESB (2002-2009) e de Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB (2009-2015). Participou de missões científicas na França (2011) e no Reino Unido (2013). Foi membro titular do Conselho Consultivo da Rede Nordeste de Biotecnologia (2011-2015), membro titular do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia da Bahia, do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e Presidente da Câmara Superior da FAPESB (2009-2015). Lidera o grupo de pesquisa (CNPq) ‘Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento na Bahia’.

Amanda Brandão Lopes, Faculdade de Minas - FAMINAS - BH

Amanda Brandão Lopes: Graduanda em Medicina (7º semestre) pela Faculdade de Minas, FAMINAS – BH. Participa do grupo de pesquisa (CNPq) ‘Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento na Bahia’. Integra a Liga de Gastroenterologia da Faminas. Foi monitora de Neuroanatomia.

Referências

ARAÚJO, C. A. A ciência como forma de conhecimento. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 3, n. 8, 2006. Disponível em: <http://www.cienciaecognição.org>. Acesso em: 22 abr. 2019.

ARIDA, P. A História do pensamento econômico como teoria e retórica. In Rego, José Marcio (org.) Retórica na Economia. São Paulo: Editora 34, 1996.

BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015. Balanço das Atividades Estruturantes – 2011. Brasília: MCTI, 2012.

_______. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016-2022. Brasília: MCTIC, 2016. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2019.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2000. 567 p.

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO –CNPq. Institutos Nacionais. Brasília: MCTI – CNPQ, 2018. Disponível em: <http://inct.cnpq.br/institutos/ >. Acesso em: 23 abr. 2019.

_______. Resolução Normativa RN -RN-028/2015 [Internet]. Brasília: CNPq; 2015. Disponível em: Disponível em: Disponível em: <http://www.cnpq.br/web/guest/view/-/journal_content/56_INSTANCE_0oED/10157/2958271#PQ>. Acesso em: 23 abr. 2019.

CROSS, Di; THOMSON, Simon; SIBCLAIR, Alexandra. Researchin Brazil: A report for CAPES by Clarivate Analytics. Clarivate Analytics, 2018. INCITES. Web of Science, Clarivate. Disponível em: www.capes.gov.br. Acesso em: 11 abr. 2019.

DUDZIAK, E. A. Quem financia a pesquisa brasileira? Um estudo In Cites sobre o Brasil e a USP. São Paulo: SIBiUSP, 2018. Disponível em: Acesso em:14 abr. 2019.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FAPESP). Publicações científicas em 2017. Pesquisa Fapesp. Edição 276, fev. 2019. São Paulo, 2019.HENNING, Paula. Resistência e criação de uma gaia ciência em tempos líquidos. Ciência & Educação. (Bauru)vol.18no. 2Bauru,2012.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.

LOPES, R. P. M.; VIEIRA, D. S. Distribuição espacial das atividades científicas e tecnológicas na Bahia: uma análise com medidas de especialização. In: XIII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, 2015, Curitiba. Anais...XIII ENABER, 2015.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT – OECD. Directorate for Science, Technology and Industry, Committee for Scientific and Technological Policy (2007). Revised field of science and technology (FOS) classification in the Frascati manual. Disponível em <http://unstats.un.org/unsd/EconStatKB/>, Acesso em: 12 mai. 2019.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. - São Paulo: Cortez, 2008.

SOTO, J. Huerta de. Duas diferenças fundamentais entre as ciências naturais e as ciências sociais. Mises Brasil, 2012. Disponível em <https://www.mises.org.br>. Acesso em: 24 abr. 2019.

VARGAS, Gloria M. Natureza e ciências sociais. Sociedade e Estado. vol. 18 no. 1-2. Brasília, jan./dec.2003.

WORLD ECONOMIC FORUM - WEF “The Global Competitiveness Report, 2017-2018”. The Globa Competitiveness Report 2017–2018 is published by the World Economic Forum within the framework of the System Initiative on Shaping the Future of Economic Progress.

WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION – WIPO. “The Global Innovation Index, 2018”. Cornell University, INSEAD, and WIPO (2018): The Global Innovation Index 2018: Energizing the World with Innovation. Ithaca, Fontainebleau, and Geneva.

Por que as desigualdades sociais não são algo natural?

Resposta final: As Ciências Sociais demonstram que as desigualdades não são algo natural porque são construídas através das relações de dominação entre os indivíduos.

Que modo as ciências sociais demonstraram que as desigualdades não são algo natural?

As Ciências Sociais e, especialmente a Sociologia, demonstraram que as justificativas baseadas em diferenças biológicas, étnicas, etárias e de gênero escondiam um caráter de organização e hierarquização da sociedade que favorecia a dominação de muitos por alguns.

Como se distingue diferença natural e desigualdade social?

A diferença pode ser tanto nata e natural como cultural. Já a desigualdade – as circunstâncias que privilegiam alguns – é construída socialmente. E, muitas vezes, implica a ideia de injustiça. A própria natureza pode ajudar a esclarecer os conceitos e mostrar como a desigualdade não é natural, mas social.

Qual a definição dada a desigualdade social por que nas ciências sociais falamos em desigualdades sociais no plural?

Desigualdade social representa a diferença no padrão de vida e nas condições de acesso a direitos, bens e serviços entre integrantes de uma sociedade. A desigualdade sociais pode se manifestar de diferentes formas, no âmbito econômico, escolar, profissional, de gênero, entre outros.