Graduação em Biologia (CUFSA, 2010)
Especialização/MBA em Análises Clínicas (Uninove, 2012)
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Virulência refere-se à gravidade de uma doença ocasionada por um agente infeccioso. Os microrganismos patogênicos possuem e expressam genes que codificam fatores de virulência conferindo habilidade de provocar doença. Algumas cepas de microrganismos possuem estruturas, produtos ou estratégias que contribuem para aumentar sua capacidade em causar uma infecção, que são chamados de fatores de virulência. Virulência então é definida como a capacidade de um agente infeccioso produzir efeitos graves ou fatais e está relacionada às propriedades bioquímicas do agente, à produção de toxinas e a sua capacidade de multiplicação no organismo parasitado. Os fatores de virulência podem estar envolvidos com a colonização ou com aumento das lesões ao hospedeiro e depende da cepa/estirpe, da quantidade de agentes infecciosos e o local de entrada do patógeno.
Os fatores de predisposição do hospedeiro também estão envolvidos na virulência e incluem fatores nutricionais, estado imunológico, estresse, gravidez e idade.
A virulência pode ser classificada em baixa virulência, como por exemplo os vírus que causam os resfriados e a gripe comum, que apesar de apresentarem altas taxas de contaminação, em indivíduos saudáveis não costumam causar casos graves, e em alta virulência que indica uma grande proporção de casos graves ou fatais, como nos casos dos vírus Ebola, da raiva e do HIV, que causam graves doenças, com altos índices de mortalidade. Os fatores de virulência incluem mecanismos que contribuem para a instalação do patógeno no tecido hospedeiro, passando pelo sistema de defesa. Os genes que codificarão esses fatores podem estar em cromossomos, fagos ou plasmídeos.
Em relação aos fatores de virulência bacterianos, estão incluídos a via de entrada no hospedeiro e a quantidade de bactérias infectantes, além de estruturas como a parede celular bacteriana que protege a célula de diferenças de pressão osmótica, garante a sua forma, e exerce um papel importante no processo de divisão celular. Podemos dizer que entre os fatores de virulência bacterianos estão as adesinas, as invasinas e os fatores que inibem as defesas do hospedeiro.
Os fatores de virulência são necessários aos microrganismos patogênicos para invadir, colonizar, sobreviver, multiplicar no interior das células do hospedeiro e causar doença. A supressão de qualquer um deles pode resultar em redução na virulência ou na sua perda. Como citado anteriormente, estes fatores são codificados por genes de virulência que podem estar presentes em elementos genéticos móveis, como plasmídeos, assim como fazer parte de regiões especificas do cromossomo da bactéria, chamadas de ilhas de patogenicidade. Os genes de virulência nem sempre são originários de determinado patógeno, podendo ser adquiridos por meio de transferência horizontal, definida como troca de material genético entre células bacterianas. Os principais mecanismos que facilitam esta transferência são: transformação, conjugação e transdução.
Já no caso dos vírus, que são parasitas celulares obrigatórios, os fatores de replicação seguem os seguintes passos: adsorção, penetração, desnudamento, replicação, maturação e a liberação. A virulência depende do tipo e cepa do vírus, algumas variantes são mais virulentas que outras, da dose ou carga viral recebida pelo hospedeiro, da via de inoculação, da suscetibilidade do hospedeiro. Alguns vírus codificam proteínas especiais que suprimem a resposta imunológica.
Bibliografia:
TORTORA, G.J, FUNKE, B. R, CASE, C. L. Microbiologia. -8. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005.
HÁRSI, C.M. Patogênese Viral. Instituto de Ciências Biomédicas Departamento de Microbiologia. BMM-280 – 2009.
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Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/doencas/virulencia/
A invasão microbiana pode ser facilitada pelo seguinte:
Fatores de virulência
Aderência microbiana
Resistência aos antimicrobianos
Defeitos nos mecanismos de defesa do hospedeiro
Os fatores de virulência auxiliam patógenos na invasão e na resistência das defesas do hospedeiro; estes fatores incluem
Cápsula
Enzimas
Toxinas
Alguns microrganismos (p. ex., certas cepas de pneumococo, meningococo, Haemophilus influenzae tipo b Infecções por Haemophilus Bactérias Gram-negativas Haemophilus spp causam inúmeras infecções leves e graves, como bacteremia, meningite, pneumonia, sinusite, otite média, celulite e epiglotite. O diagnóstico é... leia mais ) têm uma cápsula que bloqueia a fagocitose, tornando esses organismos mais virulentos do que as cepas não encapsuladas. Mas os anticorpos opsônicos específicos contra a cápsula podem ligar-se à cápsula bacteriana e facilitar a fagocitose.
Proteínas bacterianas com atividade enzimática (p. ex., protease, hialuronidase, neuraminidase, elastase, colagenase) facilitam a disseminação no tecido local. Microrganismos invasivos (p. ex.,
Shigella flexneri Shigelose
Shigelose é uma infecção aguda do intestino causada ppelas bactérias Gram-negativas Shigella spp. Os sintomas incluem febre, náuseas, vômitos, tenesmo e diarreia, com fezes geralmente... leia mais ,
Yersinia enterocolitica
Peste e outras infecções por Yersinia Peste é causada por bactérias Gram-negativas Yersinia pestis. Os sintomas são pneumonia grave ou linfadenopatia dolorosa com febre alta, progredindo frequentemente para sepse. O diagnóstico... leia mais
Algumas bactérias (p. ex.,
Neisseria gonorrhoeae
Infecções pneumocócicas Streptococcus pneumoniae (pneumococos) são diplococos Gram-positivos, alfa-hemolíticos, aeróbios e encapsulados. Nos EUA, a infecção pneumocócica é a principal causa de otite média, pneumonia... leia mais , H. influenzae,
Proteus mirabilis
Infecções por Proteeae Os Proteeae fazem parte da flora fecal normal e frequentemente causam infecção em pacientes cuja flora normal foi alterada por terapia antibiótica. Os Proteeae constituem pelo menos 3 gêneros... leia mais ,
espécies clostridiais
Visão geral dos clostrídios Os mais conhecidos patógenos anaeróbios são os esporos formados por clostrídios, bacilos Gram-positivos encontrados amplamente na poeira, no solo e nas vegetações e como flora normal no trato... leia mais ,
Streptococcus pneumoniae
Infecções estreptocócicas Estreptococos são microrganismos aeróbios Gram-positivos que causam muitos distúrbios, incluindo faringite, pneumonia, infecções em feridas e na pele, sepsia e endocardite. Os sintomas variam... leia mais
Microrganismos podem liberar toxinas (denominadas exotoxinas), que são
proteínas moleculares capazes de causar doença (p. ex., difteria
Difteria Difteria é uma infecção aguda faríngea ou cutânea causada principalmente por cepas toxigênicas do bacilo Gram-positivo Corynebacterium diphtheriae e, raramente, por outros Corynebacterium... leia mais
A endotoxina é um lipopolissacarídio produzido por bactérias Gram-negativas e faz parte da parede celular. A endotoxina desencadeia mecanismos humorais enzimáticos envolvendo as vias do complemento, da coagulação, fibrinolítica e das cininas, sendo responsável, em grande parte, pela morbidade da sepse por bactérias Gram-negativas.
Alguns microrganismos são mais virulentos porque eles fazem o seguinte:
Prejudicam a produção de anticorpos
Resistem aos efeitos líticos do complemento sérico
Resistem às etapas oxidativas na fagocitose
Produzem superantígenos
Muitos microrganismos têm mecanismos que prejudicam a produção de anticorpos induzindo células supressoras, bloqueando o processamento de antígenos e inibindo a mitogênese dos linfócitos.
A resistência aos efeitos líticos do complemento sérico confere virulência. Entre as espécies de N. gonorrhoeae, a resistência predispõe à infecção disseminada e não à localizada.
Alguns microrganismos resistem às etapas oxidativas na fagocitose. Por exemplo,
Legionella
Infecções por Legionella Legionella pneumophila é um bacilo Gram-negativo que frequentemente causa pneumonia com aspectos extrapulmonares. O diagnóstico exige um meio específico de crescimento, testes sorológicos... leia mais
Alguns vírus e bactérias produzem superantígenos que contornam o sistema imunitário, causam ativação inespecífica de um número excessivo de células T naives e, assim, provocam inflamação exagerada e potencialmente destrutiva mediada pela liberação maciça de citocinas pró-inflamatórias.
Outros determinantes de aderência incluem estruturas finas nas paredes de certas bactérias (p. ex.,
estreptococos
Infecções estreptocócicas Estreptococos são microrganismos aeróbios Gram-positivos que causam muitos distúrbios, incluindo faringite, pneumonia, infecções em feridas e na pele, sepsia e endocardite. Os sintomas variam... leia mais
Fatores que afetam a probabilidade de o biofilme se desenvolver nesses dispositivos médicos incluem textura de material, composição química e hidrofobicidade.
A variabilidade genética entre os micróbios é inevitável. O uso de antimicrobianos eventualmente seleciona para a sobrivivência das cepas que são capazes de resistir a eles.
Emergência da resistência antimicrobiana pode ser devido a uma mutação espontânea dos genes cromossômicos. Em muitos casos, as cepas bacterianas resistentes adquiriram elementos genéticos móveis de outros microrganismos. Esses elementos são codificados em plasmídios ou transpósons e permitem que os microrganismos sintetizem as enzimas que
Modificam ou inativam o agente antimicrobiano
Modificam a habilidade da célula bacteriana de acumular o agente antimicrobiano
Resistem à inibição pelo agente antimicrobiano
Minimizar o uso inapropriado de antibióticos em humanos e na criação dos animais é importante para a saúde pública.
Dois tipos de estado de imunodeficiência afetam a capacidade do hospedeiro de lutar contra infecções:
Imunodeficiências primárias são de origem genética; > 100 estados de imunodeficiência primária já foram descritos. A maioria das imunodeficiências primárias é reconhecida durante a infância; no entanto, mais de 40% são reconhecidas pela primeira vez durante a adolescência ou a idade adulta.
Imunodeficiências adquiridas são causadas por outras doenças (p. ex., câncer, infecção pelo HIV doença cirrótica) ou pela exposição a uma substância química ou fármaco que seja tóxico ao sistema imunitário.
Desordens nas respostas imunes podem envolver
Imunidade celular
Imunidade humoral
Sistema fagocítico
As
deficiências humorais
Imunodeficiências humorais Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais são
geralmente causadas por falha das células B em produzir imunoglobulinas funcionantes. Pacientes com esse tipo de distúrbio geralmente apresentam infecção por microrganismos encapsulados (p. ex.,
H. influenzae
Infecções por Haemophilus Bactérias Gram-negativas Haemophilus spp causam inúmeras infecções leves e graves, como bacteremia, meningite, pneumonia, sinusite, otite média, celulite e epiglotite. O diagnóstico é... leia mais ,
S. pneumoniae
Infecções estreptocócicas Estreptococos são microrganismos aeróbios Gram-positivos que causam muitos distúrbios, incluindo faringite, pneumonia, infecções em feridas e na pele, sepsia e endocardite. Os sintomas variam... leia mais
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