Existem as seguintes dimensões que norteiam os princípios de um planejamento educacional

O Planejamento é a principal ferramenta de trabalho do professor. É o fio condutor da ação educativa. As concepções do planejamento são funcionalistas e dialéticas. A concepção funcionalista é a tradicional no ensino, sendo um instrumento de poder. A concepção dialética tem no planejamento a práxis que surge da realidade. Nele são congregados aspectos históricos, políticos, sociais e econômicos. Ao mesmo tempo consolida tarefas e saberes críticos, criativos, reflexivos, transformadores. Conceituando planejamento de acordo com Sacristán: “Planejar é dar tempo para pensar a prática, antes de realizá-la, esquematizando os elementos mais importantes numa seqüência de atividades”.
A LDBEN nº. 9394/96 prevê dimensões de planos para a área educacional que se repartem conforme sua abrangência, em: Plano Político Pedagógico, Plano de Ensino, Plano de aula.

O Plano Político pedagógico diz respeito aos pressupostos filosóficos, sociológicos e políticos que norteiam a instituição. Deve ser construído coletivamente, envolvendo todos do universo educativo: diretores, especialistas, professores, alunos e pais. Deve estimular o processo de autoconhecimento da realidade escolar, possibilitando o envolvimento de toda a comunidade na definição do Projeto Político Pedagógico – PPP e no Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE. O Plano Político pedagógico se caracteriza como trabalho coletivo, isto é, trabalho com e não trabalho para os envolvidos no processo educativo. O enfrentamento de saberes e práticas de todos os componentes do grupo acaba dando margem à instauração de um sistema de trocas que resulta na essência desse projeto e no seu caráter crítico-pedagógico.

No Planejamento de Ensino temos alguns elementos essenciais: conhecimento da realidade; dados de identificação; ementa; finalidade; conteúdos (o quê?), factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais; metodologia (como?); atividades discentes; cronograma; recursos (quais?); avaliação (para verificar se os objetivos estão sendo alcançados); bibliografia.

Quanto ao planejamento de uma disciplina devemos elaborar antes do início do ano letivo, organizar as ações, e esse plano deve ser flexível, permitindo adaptações ao longo do processo, possibilitando a co-participação dos alunos, permitindo organização seqüencial de decisões. O planejamento de uma disciplina busca eficiência, deve ser claro e realizável, é elemento de comunicação entre professor e coordenador, assim como entre professores e alunos, evita duplicação de programas e possibilita integração das disciplinas.

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Na construção de um plano de aula devemos indicar o que fazer no dia-a-dia da sala de aula propondo o bom emprego do plano de ensino. Os elementos de um plano de aula são: tema/assunto; público-alvo; objetivo(s), cronograma; conteúdos; atividades/estratégias; recursos; avaliação; registro das atividades.

Na avaliação devemos considerar o processo, por isso a avaliação deverá ser: contínua, participativa, diagnóstica, investigativa, deve servir para retomar a prática pedagógica, reorientando-a se necessário, e propondo novas ações para o planejamento. A avaliação nada mais é do que uma reflexão para refazer a trajetória educativa , caso seja indispensável.

Quanto ao registro, devemos ao final de cada unidade de trabalho, anotar as ocorrências, episódios e situações, resultantes de observação coletiva com os alunos, com o intento de aperfeiçoar e aprimorar aspectos que tenham facilitado ou dificultado a desempenho do plano e o alcance dos objetivos.

Destacamos que, um profissional da educação não deve apenas ter conhecimentos sobre o seu trabalho, é fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos transformando-os em ação, pois toda sistematização teórica deverá ser articulada com o fazer e todo fazer deve ser articulado com a reflexão.

Para ser protagonista da ação de educar é necessário que os professores saibam como são produzidos os conhecimentos que ensina, que tenham conhecimentos básicos dos contextos e dos processos de investigação usados pelas diferentes ciências, para que não se tornem apenas multiplicadores de informações.É necessário ter conhecimento sobre a dimensão cultural, social, política e econômica da educação.

Ref:Revista do Projeto pedagógico UDEMO

Por Amélia Hamze 
Profª. da FEB/CETEC
ISEB/FISO
Colunista Brasil Escola

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Jornalismo

Especialista critica a burocracia e diz que o coordenador pedagógico deve se aliar a outros colegas para não se sentir sozinho

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01/01/2009

Existem as seguintes dimensões que norteiam os princípios de um planejamento educacional

Foto: Rodrigo Eribe 

Celso dos Santos Vasconcellos já foi professor, coordenador pedagógico e gestor escolar. Ao longo de sua extensa carreira de educador, participou de inúmeros processos de planejamento nas escolas e gosta de dizer que aprendeu muitas lições. "Às vezes, há uma tentação enorme de ficar gastando tempo com problemas menores, quase sempre da esfera administrativa ou burocrática. Justamente por isso é tão importante planejar o planejamento", afirma. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, mestre em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autor de diversos livros sobre esse assunto, o especialista fala na entrevista a seguir a respeito dos meandros do processo de elaboração das diretrizes do trabalho da escola.

Por onde se deve começar um bom planejamento?

Depende muito da dinâmica dos grupos. Existem três dimensões básicas que precisam ser consideradas no planejamento: a realidade, a finalidade e o plano de ação. O plano de ação pode ser fruto da tensão entre a realidade e a finalidade ou o desejo da equipe. Não importa muito se você explicitou primeiro a realidade ou o desejo. Então, por exemplo, não há problema algum em começar um planejamento sonhando, desde que depois você tenha o momento da realidade, colocando os pés no chão. Em alguns casos, se você começa o ano fazendo uma avaliação do ano anterior, o grupo pode ficar desanimado - afinal, a realidade, infelizmente, de maneira geral, é muito complicada, cheia de contradições. Às vezes, começar resgatando os sonhos, as utopias, dependendo do grupo, pode ser mais proveitoso. O importante é que não se percam essas três dimensões e, portanto, em algum momento, a avaliação, que é o instrumento que aponta de fato qual é a realidade do trabalho, vai aparecer, começando o planejamento por ela ou não.

É possível realizar um processo de ensino e aprendizagem sem planejar?

É impossível porque o planejamento é uma coisa inerente ao ser humano. Então, sempre temos algum plano, mesmo que não esteja sistematizado por escrito. Agora, quando falamos em processo de ensino e aprendizagem, estamos falando de algo muito sério, que precisa ser planejado, com qualidade e intencionalidade. Planejar é antecipar ações para atingir certos objetivos, que vêm de necessidades criadas por uma determinada realidade, e, sobretudo, agir de acordo com essas ideias antecipadas.

Em alguns contextos, o planejamento ainda é encarado como um instrumento de controle?

Sim, em algumas escolas e redes, ele ainda é um instrumento burocrático e autoritário. Em um sistema autoritário, o planejamento é uma arma que se volta contra o professor porque o que ele disser - ou alguém disser por ele - que vai ser feito tem que ser cumprido. Caso contrário, ele foi incompetente. E, nem sempre, conseguimos fazer o que planejamos. Por diversas razões, inclusive por falha nossa, mas não unicamente por isso. No entanto, o movimento da sociedade e o processo de redemocratização têm favorecido o conceito de planejamento como real instrumento de trabalho e não como uma ferramenta de controle dos professores.

Qual a relação entre o planejamento e o projeto político pedagógico?

Nesse processo de planejar as ações de ensino e aprendizagem, existem diversos produtos, como o projeto político pedagógico, o projeto curricular, o projeto de ensino e aprendizagem ou o projeto didático, que podem ou não estar materializados em forma de documentos. O ideal é que estejam. Quando falamos do planejamento anual das escolas, temos como referência o projeto político pedagógico.

É possível fazer um planejamento sem conhecer o projeto político pedagógico da escola?

Um projeto, a escola sempre tem, mesmo que ele não esteja materializado em um documento. Agora, o ideal é que esse projeto seja público e explicitado. Na hora do planejamento anual, ele deve ser usado como algo vivo, como um termômetro para toda a comunidade escolar saber se o trabalho que está sendo planejado está se aproximando daqueles ideais políticos e pedagógicos ou não.

Como evitar que o tempo dedicado ao planejamento anual não seja desperdiçado?

Nas escolas, o coordenador pedagógico é o responsável por esse processo. É preciso prever momentos específicos para cada tipo de assunto e ser firme na coordenação. Às vezes, há uma tentação muito grande em ficar gastando tempo do planejamento com problemas menores, administrativos ou burocráticos. Então, é muito importante planejar o planejamento, reservando momentos específicos para cada assunto, e ser rigoroso no cumprimento dessa organização. Ele precisa ser um coordenador pedagógico forte, mas onde buscar apoio para se fortalecer? Em alguns casos, há o apoio da direção, mas é muito importante que ele faça parte de um grupo com outros profissionais no mesmo cargo para trocar experiências e sentir que não está sozinho nesse trabalho.

Com que frequência as ações do planejamento anual devem ser revistas pela equipe?

Eu insisto muito na reunião pedagógica semanal. Na minha opinião, esse encontro não deve ser por área, e sim com todos os professores daquele ciclo, daquele período. Se todos os professores, por exemplo, do ciclo II do Ensino Fundamental do período da manhã estão presentes no mesmo momento, em um dia fixo da semana, no período da tarde, durante cerca de duas horas, o coordenador pedagógico pode montar reuniões por área, ou por nível ou gerais, conforme as necessidades. Esse momento de encontro é imprescindível para planejar um trabalho de qualidade com coerência entre os professores. Além de ser um momento de socialização. Existem professores que descobrem coisas excelentes que vão morrer com ele porque não foram sistematizadas nem ele compartilhou aquelas descobertas. E, na hora do planejamento, há a possibilidade de reservar um momento para isso.

Existe algum momento que deve ser planejado com mais cuidado?

Sim, as primeiras aulas. Principalmente das séries iniciais. Existem estudos que mostram que a boa relação professor/aluno pode ser decidida nessas aulas. Há pesquisas que vão além e apontam os primeiros instantes da primeira aula como determinantes do sucesso da atividade docente. Então, se o professor tem de preparar bem todas as aulas, as primeiras precisam de mais cuidado. E não é só determinar os conteúdos a ser abordados, os objetivos a atingir e a metodologia mais adequada. É, sobretudo, se preparar, tornar-se disponível para aqueles alunos, acreditando na possibilidade do ensino e da aprendizagem, estando inteiramente presente naquela sala de aula, naquele momento.

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Quais são as dimensões do planejamento educacional?

Existem três dimensões básicas que precisam ser consideradas no planejamento: a realidade, a finalidade e o plano de ação.

Quais os princípios que norteiam o planejamento educacional?

A sua concepção se baseia nos princípios de equidade, efetividade e complementaridade (FONSECA; OLIVEIRA; TOSCHI, 2004).

Quais as duas dimensões do planejamento?

São duas as dimensões do planejamento: Política e Operacional. A política está relacionada à organização da dinâmica de funcionamento do plano, já a Operacional está associada à definição de valores, objetivos e ideologias de uma sociedade.

Quais são as características do planejamento educacional?

O planejamento educacional é entendido como um processo científico que identifica as demandas e os obstáculos presentes na estrutura e em todos os processos que envolvem a educação e, com isso, determina quais são as prioridades, pensando em estratégias para otimizar as práticas de ensino.