O corte do gás natural russo para países europeus aumentou o consumo de

Os preços do gás na Europa registaram na última semana de Julho, um aumento na ordem dos 30%, após a Rússia cumprir com a sua ameaça de reduzir ainda mais o fornecimento de gás ao continente europeu. 

As cotações internacionais do gás na Europa atingiram altas muito próximas ao recorde alcançado em Março, na sequência do conflito Rússia – Ucrânia. Em termos de comparação, os altos preços do gás equivalem a uma cotação do petróleo de $380 BBL, quase 4 vezes o preço actual do crude, que está por volta dos $100/BBL.

O contrato futuros Title Transfer Facility (TTF) para entrega em Agosto, negociado na Bolsa de Amsterdão, que é a referência europeia para o preço do gás, atingiu uma máxima de €222,5/MWh, que representa um crescimento de 10 vezes mais em relação à média registada no período de 2010-20 e justifica o aumento do preço de energia na Alemanha, que observou uma alta de todos os tempos de €370/MWh, um grande salto em comparação com os preços abaixo de €60/MWh que eram praticados antes de 2021.

Os cortes no fornecimento de gás começaram em junho, quando a gigante russa de energia Gazprom reduziu o fluxo do gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia a Alemanha para 40% da sua capacidade normal, sendo que actualmente diminuiu para 20%, a metade dos níveis já reduzidos. A União Europeia vê esta medida como uma estratégia de pressionar o bloco a suspender as sanções impostas contra o governo russo.

Por outro lado, as restrições na oferta global dos produtos energéticos têm estado a impulsionar a escalada da taxa de inflação em todo mundo, aumentando os temores de uma possível recessão económica ainda este ano. Muitos países aplicaram medidas drásticas para reduzir o impacto da inflação, racionalizando o consumo de energia por parte dos consumidores, considerando que o gás é o principal combustível utilizado para geração de eletricidade nas principais economias.

Os futuros do gás natural chegaram a subir cerca de 30% na Europa com a notícia de que a Rússia suspendeu o fornecimento de gás natural ao continente por tempo indeterminado para supostamente resolver uma falha técnica no gasoduto Nord Stream.

Os contratos TTF, que tinham terminado a sessão de sexta-feira nos 214,6 euros por megawatt hora (MWh), o valor mais baixo das últimas duas semanas, chegou a saltar quase 33%, para 284 euros.

Suspeita-se que a medida tenha sido uma retaliação à proposta dos EUA e Europa Ocidental para colocar um teto de preços no petróleo russo. Diante da grave situação, a Alemanha estuda pacote de 65 bilhões de euros para conter os preços de energia aos consumidores. Vale lembrar que na quinta-feira o Banco Central Europeu se reúne para decidir a taxa de juros no bloco.

Na sexta-feira, a estatal russa Gazprom anunciou que as atividades do gasoduto Nord Stream, principal meio de fornecimento de gás natural para os países da União Europeia, permanecerão paralisadas por causa de uma nova falha. Em comunicado oficial, a Gazprom relatou ter identificado alguns vazamentos de óleo durante os trabalhos de manutenção em andamento na estação compressora de Portovaya.

“As falhas e danos identificados não permitem a operação segura e sem problemas do motor da turbina. Por esta razão, o transporte de gás foi completamente interrompido”, explica a estatal em seu canal Telegram.

Inicialmente, a paralisação da unidade da Gazprom que envia combustível fóssil para os demais países europeus estava programada para até o dia 2 de setembro para a realização da manutenção de uma das centrais de compressão localizada no norte da Alemanha. Na sexta, no entanto, a Gazprom não deu nenhuma indicação sobre a duração do fechamento do Nord Stream, apenas disse que os fluxos de gás não poderão começar até que os problemas “sejam eliminados”. “Uma carta sobre as avarias identificadas e a necessidade de sua eliminação foi enviada ao presidente e CEO da Siemens Energy AG, Cristian Bruch”, acrescentou a Gazprom, segundo a qual “o relatório de detecção de vazamento de óleo também foi assinado por representantes da Siemens”, fabricante da turbina.

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Por sua vez, a empresa alemã Siemens, que constrói as turbinas que permitem o funcionamento do Nord Stream, afirmou que um vazamento de óleo não é motivo técnico suficiente para justificar o fechamento do gasoduto e a interrupção do fornecimento de gás à Alemanha e à Europa pela estatal russa Gazprom.

“Vazamentos desse tipo normalmente não afetam a operação de uma turbina e podem ser selados”, disse a Siemens em comunicado. “Encontrar um problema desse tipo não constitui motivo técnico para interromper a operação do gasoduto”, acrescenta.

Com a reabertura adiada, o euro voltou a cair abaixo do valor do dólar na sexta, movimento que se prolongou na segunda-feira. A moeda única, que estava acima até o anúncio da estatal russa, cai 0,61%, para US$ 0,9932 nesta segunda, descontando o aumento do risco de uma recessão europeia devido à escassez de gás russo durante o inverno. Na mínima do dia, chegou a US$ 0,9881.

Atenção à reunião da Opep+

O grupo de alguns dos produtores de petróleo mais poderosos do mundo concordou nesta segunda-feira com um pequeno corte na produção a partir do próximo mês, surpreendendo os mercados de energia em um momento de considerável turbulência.

Os parceiros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiram reduzir as metas de produção em cerca de 100 mil barris por dia a partir de outubro.

No mês passado, a Opep+ concordou em aumentar a produção de petróleo em apenas 100 mil barris por dia. O minúsculo aumento foi amplamente interpretado como uma rejeição ao presidente dos EUA, Joe Biden, após sua visita à Arábia Saudita para pedir ao chefe da Opep que bombeie mais petróleo para diminuir os preços e ajudar a economia global.

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A Opep+ disse em comunicado que a decisão de segunda-feira de voltar aos níveis de produção de agosto foi porque o ajuste para cima foi “destinado apenas para o mês de setembro”.

A próxima reunião está marcada para 5 de outubro.

Os preços do petróleo negociam em alta nesta segunda-feira. Os futuros do petróleo Brent de referência internacional subiram 3,9%, para US$ 96,63 por barril, por volta das 9h45 (horário de Brasília) enquanto os futuros do West Texas Intermediate dos EUA saltaram 3,6%, para US$ 90 por barril.

Os preços do petróleo caíram cerca de 25% desde o início de junho, depois de atingirem altas de vários anos em março. O declínio foi alimentado por preocupações crescentes de que os aumentos das taxas de juros e as restrições relacionadas à Covid em partes da China possam desacelerar o crescimento econômico global e reduzir a demanda por petróleo.

O anúncio da Opep+ ocorre em meio a uma disputa energética amarga e crescente entre a Rússia e o Ocidente, com muitos na Europa profundamente preocupados com a perspectiva de recessão e escassez de gás no inverno.

Enquanto isso, os participantes do mercado estão monitorando de perto a perspectiva de um aumento na oferta de petróleo iraniano se Teerã puder garantir uma versão renovada do acordo nuclear de 2015.

(com Reuters)

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Quanto subiu o gás natural na Europa?

Os preços de referência do gás natural europeu subiram 28% na manhã de segunda-feira (5), atingindo 274 euros (US$ 272) por megawatt-hora – o primeiro dia de negociação depois que a gigante russa de energia Gazprom interrompeu os fluxos através do oleoduto Nord Stream 1 indefinidamente, alegando ter encontrado um ...

Quanto de gás à Rússia vende para Europa?

No total, desde que as forças russas invadiram a Ucrânia, os europeus importaram da Rússia 54,5 bilhões de euros de petróleo, 46,4 bilhões de euros de gás e 3,0 bilhões de euros de carvão, segundo o Crea.

Que consequência a grande dependência do gás russo traz ao país europeu?

Cada país da Europa tem um nível de dependência do gás russo, então quanto maior for a participação do item no consumo do país, maior será a ameaça de impacto econômico, diz Eduardo Mello, especialista em relações internacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Quais países da Europa dependem do gás russo?

Gás russo: países europeus liberam socorros recordes a empresas e famílias.
Alemanha. País europeu mais dependente do gás russo, a Alemanha anunciou neste domingo que o governo vai destinar ao menos € 65 bilhões para ajudar empresas e consumidores a lidar com a escalada nos preços de gás. ... .
França. ... .
Suécia. ... .
Finlândia. ... .
Holanda..