O que pode contribuir para o ensino aprendizagem na educação infantil?

RESUMO

Este trabalho acadêmico objetiva refletir sobre as contribuições das brincadeiras no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Analisar as razões que se fazem necessários brinquedos, brincadeiras e jogos no cotidiano das crianças na educação infantil, a fim de tornar as aulas mais prazerosas e estimular nas crianças seus raciocínios, facilitando a aprendizagem de cada um.  Utilizar a brincadeira como um recurso escolar é aproveitar uma motivação própria das crianças para tornar a aprendizagem mais atraente. Entretanto, o meio escolar encontra dificuldades que impedem a utilização do recurso da brincadeira como um facilitador para a aprendizagem. Para tanto, serão utilizados, neste artigo, os construtores teóricos como Vygotsky (1994) (1991), Brougere (2001), kishimito (1999), Oliveira (2002), Maluf (2003) entre outros.

Palavras-chave: Escola. Desenvolvimento. Brincadeira. Alfabetização.

SUMMARY

This academic work aims to reflect on the contributions of play in the process of development and learning of children. To analyze the reasons that makes necessary toys, games and games in the daily life of children in early childhood education, in order to make classes more pleasurable and stimulate in children their reasoning, facilitating the learning of each one.  To use play as a school resource is to take advantage of a child's own motivation to make learning more attractive. However, the school environment encounters difficulties that prevent the use of play as a facilitator for learning. To that end, the theoretical constructors Vygotsky (1994), Brougere (2001), kishimito (1999), Oliveira (2002), Maluf (2003) and others will be used in this article
Keywords: School. Development. Just kidding. Literacy.

1 INTRODUÇÃO

Quem trabalha com a educação infantil se depara com muitos problemas, um deles é a falta de conhecimento na construção da alfabetização da criança. Na educação infantil vem ocorrendo mudanças desde que descobriram que a criança merece um estudo de qualidade, a creche era vista como um ambiente assistencialista que só dava assistência na alimentação, vestuário e higiene e hoje passou a ser vista como um ambiente de educação, onde a criança desenvolve seu potencial motor, cognitivo, simbólico, afetivo e expressivo.                   

A creche e a pré-escola que antes era um lugar de deposito de crianças, apenas para serem tratadas fisicamente enquanto suas mães trabalhavam hoje mudou de método, crianças aprendem, interagem com as outras, e para que seu desenvolvimento global seja feito da melhor forma possível é preciso que os educadores estejam bem preparados com metodologias atualizadas onde essas crianças tenham interesse em aprender, pois estes estão trabalhando com crianças e não com adultos, portanto o principal meio de aprendizagem na primeira infância é por meio de brincadeiras, músicas e jogos. De acordo com Vygotsky (1991), a brincadeira é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas são elementos essenciais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere.

O brincar é uma forma de comunicação é por meio das brincadeiras que as crianças desenvolvem atos do seu dia a dia, seja ela com dramatizações que imitam o mundo dos adultos, jogos, o faz de conta, com palavras, ou seja, não importa o tipo da brincadeira, a criança sempre vai está adquirindo habilidades criativas, sociais, intelectuais e físicas. Piaget (1998), diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Valorizar o lúdico durante os processos de ensino significa considerá-lo na perspectiva das crianças, sendo vivido na sala de aula como algo espontâneo, permitindo-lhes sonhar, fantasiar, realizar desejos e viver como crianças de verdade.

A criança que brinca pode ser mais feliz, realizada, espontânea, alegre, comunicativa, entre outras características positivas que auxiliam no desenvolvimento infantil, podendo torná-la assim um ser mais humano, cooperativo e sociável. Nesse sentindo, consideramos necessário buscar saber qual a importância do brincar na construção do conhecimento na Educação Infantil. Tendo como objetivo geral pesquisar sobre a importância do lúdico dentro da sala de aula com crianças, já que a grande preocupação da maioria dos professores, especialmente no final da Educação Infantil, tem em antecipar a alfabetização da criança, reduzindo seus espaços de brincar.

2 Educação Infantil: Algumas Concepções Históricas

A criança, claro, sempre fez parte da sociedade, mas a sua posição mudaram no curso da história, como aponta Áries, (1986, p. 14), “A aparição da criança como categoria social se dá lentamente entre os séculos XIII e XVII”. Esse “descaso” era natural devido o alto grau de mortalidade infantil. Ariès (1986) mostra que é somente século XVI e início do XVII que surge uma radical mudança na pedagogia familiar e social possibilitada por novas condições de vida. Tais mudanças impulsionaram a criação de instituições educativas e provocaram discussões em torno das formas de educar as crianças para além do ambiente familiar. A partir deste século a aprendizagem passa a se realizar no âmbito escolar. Com a propagação da escola enquanto instituição social, a concepção de infância foi obtendo outras conotações.

A necessidade por pré-escola aparece, historicamente, como reflexo direto das grandes transformações sociais, econômicas e políticas que ocorreram na Europa, a partir do século XVIII (CORAZZA, 2002).

A partir do ingresso das crianças nas creches, aumentam a necessidade de se obter novas propostas de ensino voltadas para as transformações da sociedade capitalista. Nesse contexto, surgem novos modelos educacionais com o objetivo de respeitar a infância e estimular atividades significativas.

No Brasil a “preocupação” com a educação da criança surge a partir da segunda metade do século XIX. Durante todo esse tempo não existia a preocupação em criar instituições educacionais para atender as crianças menores de 06 anos, tanto do ponto de vista da proteção, quanto do ponto de vista educacional.

Kuhlmann Jr. (1998), destaca que até meados deste século, a educação destinada à criança e era de inteira responsabilidade da família, por conseguinte, do grupo social no qual estava inserida. A esse grupo social cabia-lhe suprir as carências: afetivas, emocionais, psicologias e educacionais. Sem instituições de ensino, estudavam em suas residências com preceptores particulares.

Com a abolição da escravatura, houve o aumento da população urbana nas grandes cidades, fazendo surgir algumas iniciativas destinadas à assistência à infância. Nessa época, surgem as creches, os internatos e os asilos para atender as crianças pobres, inclusive os filhos dos escravos que foram abandonados.

Em 1875, instala-se no Rio de Janeiro o primeiro jardim de infância do Brasil. Dois anos depois surge em São Paulo.  Sendo elas entidades privadas, tendo o objetivo de suprir as necessidades educativas das crianças da elite.

Oliveira (2002, p. 34) registra que os jardins-de-infância, nessa época foram confundidos com as salas de asilos franceses, ou entendidos como início perigoso da escolaridade precoce.

Tais modelos foram influenciados pelas ideias de Rousseau que revolucionou a educação ao exaltar que a criança deveria aprender através de atividades práticas.

No século XIX, intensificam-se nos países europeus, discussões sobre a escolaridade obrigatória devido à importância da educação para o crescimento social. Nesse contexto, Corazza (2002, p. 89) diz que:

“[...] A criança é considerada um componente essencial da família e da sociedade e seus direitos passam a ser protegidos pelo Estado”.

Contudo, o sistema educacional direcionado às crianças pobres propostos pelas elites políticas da Europa, tinha o intuito de promover apenas uma aprendizagem ocupacional baseada na piedade e na disciplina. Entretanto Oliveira (2002) esclarece que, os jardins de infância foram direcionados para atender as crianças da elite, enquanto as crianças das camadas populares permaneciam nas instituições com base assistencialista.

A concepção vigente era a de que as instituições educacionais criadas para os pobres (creches e pré-escolas) precisavam oferecer um ensino de baixa qualidade, pois as crianças não podiam ser instigadas

“[...] a pensarem mais sobre sua realidade e a não se sentirem resignadas em sua condição social”. (KUHLMANN Jr., 1998, p. 183).

No início do Século XX, ocorreram na Europa e nos Estados Unidos, mudanças significativas no campo educacional, dois médicos: Ovídio Decroly e Maria Montessori. Decroly desenvolveu uma metodologia de ensino que propunha atividades didáticas baseadas na ideia de totalidade do funcionamento psicológico e no interesse da criança, já Maria Montessori realizou um trabalho centrado na confecção de materiais educacionais apropriados à exploração sensorial das crianças.

Com o processo de industrialização e a instauração do trabalho assalariado, são fundadas as primeiras instituições pré-escolares. Essas instituições são implantadas nas indústrias, por força da necessidade de regulamentar as relações trabalhistas das mulheres emergentes no sistema capitalista (KRAMER, 1995).

Em 1923, surge a primeira regulamentação do trabalho feminino. Ainda nesse período, ocorreram algumas ações em prol da educação, entretanto, é na década de 30 que vão ocorrer, inúmeras modificações políticas, econômicas e sociais que irão se refletir na configuração de instituições voltadas para as questões de educação e saúde.

Nessa época, Oliveira (2002, p. 110) comenta que as creches eram:

“Entendidas como ‘mal necessário’, as creches eram planejadas como instituições de saúde, com rotinas de triagem, lactário, pessoal auxiliar de enfermagem, preocupação com a higiene do ambiente físico”.

Em 1937, Getúlio Vargas implanta o Estado Novo, e, com ele emerge a preocupação de se oferecer uma educação capaz de garantir às novas gerações uma formação com os valores e normas impostos socialmente.

Nos anos 60 a educação oferecida à criança era vista como um mecanismo que poderia garantir o sucesso escolar futuro. No início dessa década ocorreu uma importante mudança trata-se da Lei de diretrizes e Bases (Lei 4.024/61) que trouxe relevantes mudanças no campo da educação destinada as crianças pré-escolares.

Essa mudança pode ser vislumbrada no artigo 23, quando Oliveira (2002, p. 102) ressalta que: “a educação pré-primária, destina-se aos menores de até 7 anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância”.

Na década de 70 o atendimento educativo nas creches e pré-escolas públicas começa a ser reconhecido pelas políticas governamentais. Entretanto, essa educação ainda não estava assegurada por Lei, tendo em vista que a Lei 5692/71 implantada nesse período não definiu nenhum termo para designar a educação da criança na faixa etária anterior, aos sete anos, dificultando assim a sua expansão.

Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho o Projeto Casulo, em 1977, cujo objetivo era atender um número gigantesco de crianças no aspecto educacional e alimentício, enquanto as mães trabalhavam.

Na década de 80 discutiu-se a renovação das propostas pedagógicas nas creches e pré-escolas. A partir dessas discussões, as creches e pré-escolas passaram a ser reconhecidas na Constituição Federal (BRASIL, 1988), como direito da criança e dever do Estado.

Nos anos 90, ocorreram várias conquistas no campo da educação brasileira, como: a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); a Política Nacional de Educação Infantil (1994); o reconhecimento do ensino infantil na Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) a elaboração dos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (1998).

No momento atual brasileiro, o desafio da Educação Infantil, é oferecer um ensino voltado para a cidadania com propostas pedagógicas que promovam o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. As atenções se voltam, não mais para a garantia de vagas, e sim para a qualidade do serviço prestado, pois apesar dos avanços e conquistas, a Educação Infantil ainda carece de profissionalismo e de reflexão sobre suas práticas.

3 O lúdico na alfabetização das crianças na educação infantil

A utilização da brincadeira é uma atividade natural da criança que traz benefício, pois é através do brincar que a criança desperta suas emoções, aprende a lidar com fatos que interligam seu dia a dia, aprende a lidar com o mundo, recriam, repensam, imitam, experimentam os acontecimentos que lhes deram origem. Favorecendo a autoestima, auxiliando no processo de interação com si mesmo e com o outro, desenvolvem a imaginação, a criatividade, a capacidade motora e o raciocínio.

É brincando que a criança se desenvolve, porque, brincando, a criança tem toda riqueza do aprender fazendo, naturalmente, sem pressão ou medo de errar, e com prazer pelo poder do conhecimento.

Como afirma Queiros, Martins,(2002), Nos jogos e brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, é isto inegavelmente contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento.

Mas isto vem trazendo muita polêmica nos últimos anos, pois a brincadeira que era apenas uma forma de lazer na escola vem ganhando seu espaço na educação das crianças, e muitos ainda não compreendem o quanto o brincar traz benefícios para uma criança.

A visão da educação infantil vem ocorreu transformações com os movimentos sociais, que visam mudanças no trabalho de desenvolvimento da criança, a creche era vista como um ambiente assistencialista que só dava assistência na alimentação, vestuário e higiene e hoje passou a ser vista como um ambiente de educação, onde a criança desenvolve seu potencial motor, cognitivo, simbólico, afetivo e expressivo.

O primeiro passo da mudança foi o reconhecimento da educação infantil nas creches e pré-escolas, inserindo crianças de 0 a 6 anos, a criança nessa idade passa a merecer um estudo de qualidade que vise seu desenvolvimento integral.  Mas a falta de qualidade cresce junto com este avanço também.      Como posso educar uma criança só com contextos? Claro que isso seria muito sem interesse para uma criança, de acordo com minhas pesquisas o brincar vem sendo privilegiado no desenvolvimento da criança e ganhando cada vez mais espaço na educação infantil, o lúdico é uma linguagem natural da criança, por isso torna-se importante sua presença na escola desde a educação infantil, mas quem trabalha com a educação infantil se depara com muitos problemas, um deles é a falta de conhecimento na construção da alfabetização da criança. E a brincadeira que é tão importante na alfabetização da criança é substituída por outras atividades que para os educadores são mais importantes, pois muitos ainda acreditam que o brincar é apenas um simples passatempo, um lazer. Segundo Pires (1997), o brincar para a criança não é uma questão apenas de pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento de suas potencialidades e habilidades futuras.

Kishimoto (2000) defende que a brincadeira e o jogo interferem diretamente no desenvolvimento da imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da autoimagem dos indivíduos. Kishimoto (1999, p. 110) complementa afirmando que: Nesta linha de pensamento é brincando que a criança aprende a socializar-se com as outras, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade.

É pelo contato direto com brinquedos e materiais concretos ou pedagógicos que se estimulam às primeiras conversas, as trocas de ideias, os contatos com parceiros, o imaginário infantil, a exploração e a descoberta de relações. É brincando que a criança ordena o mundo a sua volta.

Toda criança deve brincar, pois é através da brincadeira que a criança atribui sentido ao seu mundo, se apropria de conhecimentos que a ajudarão a agir sobre o meio em que ela se encontra. Em alguns momentos ela vai reproduzir, em suas brincadeiras, situações que presenciou em seu meio.

Contudo, Brougère (2001, p. 99) lembra que:

“brincadeira é uma mutação do sentido, da realidade: as coisas tornam-se outras. É um espaço à margem da vida comum, que obedece a regras criadas pela circunstância”.

Para Winnicott (1982) é no Brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fluem sua liberdade de criação. Mesmo as mais simples brincadeiras, aquelas que todo mundo faz com bebês, são estímulos importantes para o desenvolvimento infantil. Nas palavras de Bettelheim (1988, p. 105):

Através de uma brincadeira de criança, pode-se compreender como ela vê e constrói o mundo – o que ela gostaria que fossem quais as suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira a criança expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras.

A criança vai agir em função da significação que vai dar aos objetos dessa interação, adaptando-se à reação dos outros elementos da interação, para reagir também e produzir assim novas significações que vão ser interpretadas pelos outros, como numa espiral.

A experiência lúdica se alimenta continuamente de elementos que vêm da cultura geral. Essa influência se dá de várias formas e começa com o ambiente e as condições materiais. O que dizem e o que fazem os adultos a respeito dessa atividade, bem como o espaço, o tempo e os materiais colocados à disposição das crianças (na cidade, nas moradias e nas escolas), são aspectos que vão ter papel fundamental para o desenvolvimento da experiência lúdica.

A forma de comunicação própria da brincadeira pressupõe um aprendizado com consequências sobre outros aprendizados, pois permite abrir possibilidades de distinção entre diferentes tipos de comunicação: reais, realistas, fantasiosas.

A criança, quando brinca, entra num mundo de comunicações complexas que vão ser utilizadas no contexto escolar, nas simulações educativas, nos exercícios. Nesse sentido, é extremamente importante distinguir os diferentes tipos de atividade que podem e devem ter seu lugar garantido no contexto escolar.

Entende-se que a atividade lúdica, sobretudo, na educação infantil não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento integral das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo. A criança tem dentro de si potencial e este emerge nas situações de sua vida, principalmente, nas brincadeiras interativas, são nestes momentos, que o indivíduo apresenta ao mundo seu ritmo e sua harmonia. A brincadeira nada mais é do que a linguagem da criança.

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3.1 Direito de brincar

O brincar é tão importante para a criança que passou de um simples para um direito garantido na Declaração Universal dos Diretos da Criança, onde no quarto requisito deixa claro que criança terá direito a alimentação, recreação e assistência médica adequada. Estabelecendo de forma igualitária que a recreação é tão importante quanto à alimentação e a saúde para a criança. Salientando que, o brincar é muito importante no processo de desenvolvimento da criança.

No sétimo princípio é estabelecido que a criança deva ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a atividades recreativas, que devem ser orientados para os mesmos objetivos da educação. Sendo a sociedade e as autoridades públicas responsáveis para promoção destes direitos.

No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no seu artigo segundo é considerado criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade. Sendo assim, no artigo dezesseis a criança tem direito à liberdade, onde compreende alguns aspectos, entre eles o inciso quarto, que é o de brincar, praticar esportes e divertir-se. E no artigo cinquenta e nove cabe aos municípios, juntamente com apoio dos estados e da União, estimular e facilitar a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação nos informa que:

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde ter determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação... A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre pessoas.

Visto que o direito de brincar é reconhecido por lei. Mas algumas crianças são privadas do seu direito de brincar, muitas vezes por viver em situações vulneráveis que as impedem de desfrutar de seu direito de brincar, e não podemos priva-las na escola. Conclui-se que juridicamente o direito da criança de brincar deve ser promovido também pelos educadores.

O reconhecimento da educação infantil em creches e pré-escolas como um dever do estado e direito da criança foi estabelecido no artigo 208, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, reafirmada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, pela lei nº 9394 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 1996. Portanto a Educação Infantil passou a ter novos objetivos englobando crianças de 0 a 6 anos.

Analisando que esta etapa da educação é um momento em que a criança está se relacionando e aprimorando seus aspectos funcionais é necessário que o educador conheça as diferentes etapas no processo de desenvolvimento da criança. Muitas vezes a Educação Infantil é assumida por leigos, que não possuem nem o nível mínimo de escolaridade exigido no Brasil de acordo com a Lei de Diretrizes e Base da Educação 9.394/1996, pois muitos ainda priorizam a visão de cuidados físicos mais do que o desenvolvimento global, foi pensando nisso que a Lei de Diretrizes e Base da Educação levou aos professores curso de formação para que estes possam renovar seu método de ensino com as crianças. Tal processo implica revisar práticas, rever crenças, hábitos, ou seja, lidar com resistência as inovações (Scarpa, 1998).

3.2 O papel do brinquedo no desenvolvimento da criança

Especialistas em educação infantil como pediatras, professores e pedagogos revelam a importância do brincar para o desenvolvimento saudável das crianças. E é através das brincadeiras e brinquedos que a criança descobre o mundo, relaciona-se com outras crianças, prepara-se para a vida e mantém-se saudável. Mas para se ter uma ideia da importância do ato de brincar na construção do conhecimento é preciso que se observe uma criança brincando.

O brinquedo é entendido como objeto de suporte da brincadeira, uma vez que, através da inter-relação da criança como o mesmo é criado um vínculo de afinidade simbólica, “o faz de conta”, sem que haja uma cobrança de regras definidas no seu desenvolvimento quanto ao uso.

Quando a criança brinca muitas coisas sérias acontecem. Quando ela mergulha em sua atividade lúdica, organiza-se todo o seu ser em função da sua ação. É indispensável que a criança sinta-se atraída pelo brinquedo e cabe-nos mostrar a ela as possibilidades de exploração que ele oferece, permitindo tempo para observar e motivar-se. A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a exploração não seja a que esperávamos. Não nos cabe interromper o pensamento da criança ou atrapalhar a simbolização que está fazendo. Devemos nos limitar a sugerir, a estimular, a explicar, sem impor nossa forma de agir, para que a criança aprenda descobrindo e compreendendo, e não por simples imitação. A participação do adulto é para ouvir, motivá-la a falar, pensar e inventar.

É nessa perspectiva que Maluf (2003, p. 45) esclarece: Piaget (1978) mostra claramente em suas obras que os jogos não são apenas uma forma de alívio ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Segundo este autor os jogos e as atividades lúdicas tornaram-se significativas a medida que a criança se desenvolve com a livre manipulação de materiais variados ela passa a reconstituir, reinventar as coisas, o que já exige uma adaptação mais completa.

Essa adaptação só é possível, a partir do momento em que ela cresce interiormente, transformando essa atividade lúdica, que é o concreto da vida dela, em linguagem escrita que é o abstrato.

Ao brincar a criança elabora seus próprios conceitos, alimentando o mundo imaginário, explorando e inventando o faz-de-conta, que tem um significado profundo em nossas vidas, principalmente, na vida da criança, pois seus reflexos elabora o desenvolvimento pessoal e social, que fará parte da nossa história.

Na mesma linha de pensamento Vygotsky (1994, p. 115) acrescenta que: Para o autor que a criança vê e escuta (impressões percebidas) constituem os primeiros pontos de apoio para a sua futura criação, ela acumula material com o qual depois estrutura a sua fantasia que progride num complexo processo de transformação em que jogam a dissociação e a associação como principais componentes do processo.

Na opinião de Brougère (2001) a originalidade e especificidade do brinquedo, dar-se devido fornecer representações e manipulações de imagens com volume, deve ser adaptada a criança no que se refere ao respeito ao seu conteúdo em relação a sua forma para ser reconhecida como brinquedo.

No brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Mas, devemos lembrar que no princípio o brinquedo é muito mais a lembrança de algo que aconteceu, do que imaginação e nessa situação há regras.

A ação numa situação imaginária dirige a criança a um comportamento direcionado para o significado da ação.

Por meio do brinquedo a criança projeta-se nas atividades dos adultos, procurando ser coerente com os papéis assumidos. Assim no primeiro momento, suas ações se direcionam ao significado da situação.

Brincando a criança cria mecanismos para o seu desenvolvimento, pois são ações que se traduzem em experimentação, descoberta, invenção, exercita o raciocínio vivendo assim, uma verdadeira possibilidade de se enriquecer em vários aspectos e se tornar um indivíduo criativo e crítico.

O sentido da palavra “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo, pois tem uma dimensão material, cultural e técnica. Vale salientar que como objeto é sempre suporte de brincadeira.

Compreender a construção de um brinquedo é transformá-lo em objeto uma representação, um mundo imaginário ou real. Winnicott (1982) revela que é no brincar que o indivíduo, criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, ou seja, qualquer que seja atividade lúdica conduz ao encontro com a criatividade.

Como bem ressalta Kishimoto; Santos (1997, p. 24),

“Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção..”

A criança procura colocar algo em substituição a outro, uma vez que, o brinquedo representa certas realidades e por ocasião da ausência do objeto real o brinquedo contempla essa falta, oportunizando a criança manipulá-los.

Com relação a essa assertiva Barros (1987, p. 186), faz a seguinte declaração “a maioria dos adultos percebe que, à medida que a criança avança em idade e consequentemente, em seu desenvolvimento motor, mental e social, vai apresentando mudanças em sua atividade lúdica, no uso de brinquedo e nos afetos com que brinca”.

Portanto, no seu primeiro ano de vida não necessita de muitos brinquedos, agarra e sacode objetos, balbucia onde demonstra grande prazer por esses brinquedos motores. Que são considerados por Piaget (1978) de “jogos de exercícios”. Assim sendo, os brinquedos de ficção, ilusão ou simbólico são atuados pelas crianças na segunda metade do ano de vida e repercute até os anos pré-escolares. Nas peculiaridades diversas dos brinquedos de ficção é comum, as crianças atuarem no faz-de-conta imitando carros, motos ou atribuir vida a objetos inanimados.

O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço. Ela procura desenvolver algo que gosta de fazer, pois o brinquedo lhe proporciona sensação de prazer.

O interessante do brinquedo é que sua estrutura não tem uma forma pronta, assim, seria impossível acontecer situações imaginárias, restariam apenas regras. Sempre que há imaginação no brinquedo são estabelecidas regras.

Piaget (1978) destaca que nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional. Este tipo de jogo revela uma lógica própria da subjetividade tão necessária para a estruturação da personalidade humana quanto à lógica formal, advinda das estruturas cognitivas.

Já no “faz-de-conta” as crianças procuram se espelharem na imagem de uma pessoa, de uma personagem de um objeto e de situações que no momento não esteja presente e clara para elas.

Dessa forma, no surgimento do jogo de regras elementos fundamentais do brinquedo captados e novas transformações surgem, promovendo o desenvolvimento dos processos psicológicos da criança.

No entanto, Vygotsky (1979) conclui que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Na evolução do brinquedo tem-se a mudança da predominância de situações imaginárias para a predominância de regras. Este ainda cita as contribuições de Vygotsky (1994, p. 135) este diz que:

Nesta época de globalização e de avanços tecnológicos o valor dos velhos brinquedos e brincadeiras está passando por um processo de transição, pois as crianças estão deixando de se envolverem com tais situações devido a influência do computador, vídeo game, televisão e outros brinquedos eletrônicos que deixam o espaço e o tempo da criança restrito apenas a imaginação e não a manipulação que corresponde a situação real.

É o caso da evolução das bonecas que andam sozinhas, corresponde menos a uma função a um uso do objeto, do que ao aprofundamento de sua imagem, no caso por animação; a criança não faz a sua boneca andar, ela anda sozinha. A esse respeito Brougère, (2001, p. 16) ressalta: “É por isso que o brinquedo me parece ser um objeto extremo, devido a superposição do valor simbólico a função. ”

Diante desse contexto, o brincar é hoje um ato de extremo desafio que as crianças têm de enfrentar diante da avassaladora rede de aparelhos virtuais que invadem sua vida, anestesiando seus movimentos corporais e seu pensamento.

Com isso, cria-se um bloqueio, pois é no brinquedo a forma pelo qual a criança procura resolver seus problemas estabelecidos pelas limitações do mundo a qual vive inserida e que é eminentemente, um mundo dos adultos. Diante disso, Maluf (2003, p. 44) afirma que: “Devido à emancipação do processo de industrialização, os brinquedos tornaram-se sofisticados e foram perdendo o vínculo com a simplicidade e com o primitivo”.

De acordo com Oliveira (1996, p. 36) “no brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende através dos objetos e significado”. O brinquedo é, portanto, um refúgio à pressão contínua das exigências reais, pois a criança, no mundo de suas brincadeiras, pode fazer ou ser o que na vida real não lhe é permitido.

No brinquedo, a criança vive a interação com seus pares no recíproco, no conflito, na elaboração de novas ideias na construção de novos significados, interagindo e conquistando relações sociais, constituindo como tais, num cenário concreto, social, histórico e cultural.

Santos (1997) afirma que foi Froebel que introduziu o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua teoria transcendente pressupõe que o brincar estabelece relações entre os objetos do mundo cultural e a natureza, tornando-se um só pelo mundo espiritual. Seu paradigma metafísico foi responsável pela introdução dos brinquedos e brincadeiras no jardim de infância. Ele concebeu o brincar como atividade livre e espontânea, responsável pelo desenvolvimento físico, moral, cognitivo e os dons ou brinquedos como objetos que auxiliam as atividades infantis.

O brinquedo possibilita a criação de um mundo onde os desejos possam se concretizar através da imaginação. Que na verdade é uma atividade psicológica específica da consciência humana, que apenas ocorre com crianças mais velhas. O brinquedo tem um papel de fundamental importância para o desenvolvimento da criança enquanto um ser em formação física e psicológica. Nessa perspectiva o brinquedo possibilita a criança conhecer e analisar o mundo e construir sua personalidade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS  

De acordo com meus estudiosos fica concluído que, a brincadeira, o brinquedo e os jogos são de grande importância para o desenvolvimento da criança nas fazes iniciais, é através destes que a criança adquire experiências, desenvolve seu potencial motor, cognitivo, aprende a li dar com o meio, a se defender entre tantas outras formas de desenvolvimento essencial para esta faixa etária. Vygotsky (1991, p. 134) faz uso das palavras de Montessori, quando relata que “o jardim de infância é o lugar apropriado para o ensino da leitura e da escrita”, mas que estas descubram as respectivas habilidades durante as situações de brinquedo. Mas mesmo com este grande papel no desenvolvimento das crianças, ainda é grande a falta de capacitação nos educadores desta fase, o que faz com que os jogos e brincadeiras fiquem em segundo plano na Educação Infantil, mas como foi através de lutas que conseguiu mudar a história das creches também há de mudar a realidade destes profissionais, o que já está se fazendo com os cursos de formação para que mude esta realidade. Sendo assim, trabalhar com o lúdico é importante na construção do conhecimento na Educação Infantil, uma vez que auxilia no desenvolvimento da imaginação, do raciocínio, da criatividade. Da mesma forma, na construção do sistema de representação, envolvendo a aquisição da leitura e escrita, visando à formação dos aspectos motor, cognitivo, físico e psicológicos das crianças.

Este artigo abordou a importância do lúdico na Educação Infantil, procurando incentivar a reflexão dos educadores junto à Educação Infantil, esperando contribuir, de forma positiva, com as práticas docentes.  Dentro desse contexto fica o reconhecimento e a valorização do lúdico como ponto de partida fundamental para o desenvolvimento da criança.

5 REFERENCIAS

ÁRIES, Philippe. História social da infância e da família. Rio de Janeiro: Guanabara. 1986.

BARROS, C.S.G. Pontos de psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Ática 1987.

BETTELHEIM, B. Uma vida para seu filho. Rio de janeiro, Campus,1988.

BROUGERE, Gilles. Brinquedo e cultura. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

CORAZZA, Sandra Mara. Infância & educação: era uma vez – quer que eu conte outra vez? Petrópolis: Vozes, 2002.

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Como contribuir na educação infantil?

Para tanto, confira algumas dicas de pontos que merecem atenção especial!.
Estreitar vínculos entre família e escola. ... .
Estimular a interação social. ... .
Possibilitar contato com o meio ambiente. ... .
Identificar possíveis transtornos infantis. ... .
Investir em melhorias na estrutura da escola..

Quais fatores podem contribuir para o processo de ensino e aprendizagem?

Entre eles, destacam-se aspectos ambientais, econômicos, sociais, afetivos, psicológicos, emocionais e familiares. Fatores como condições habitacionais, sanitárias, de higiene e de nutrição também são considerados determinantes para a aprendizagem do aluno na escola e fora dela.

Como contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem?

A leitura, a escrita e a matemática são meios ou estratégias para o desenvolvimento da capacidade de aprender. Entre as três, certamente, a leitura, especialmente a compreensão leitora, tem o seu lugar de destaque. Ler para aprender é fundamental para qualquer componente pedagógico do currículo escolar.

Que sugestões você daria para melhorar o processo de ensino

Invista em novas abordagens Alguns exemplos: músicas, vídeos, filmes e discussões. Essas estratégias tornam o processo de ensino aprendizagem mais dinâmico. Também contribuem para que o aluno se conecte com o assunto de modo orgânico, facilitando o entendimento.