Certa vez, um rapaz procurou Sócrates
e disse-lhe que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou: – O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? – Três peneiras? – indagou o rapaz. – Sim! A primeira peneira é a Verdade.
O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, mas não tem certeza da sua veracidade, a coisa deve morrer aqui mesmo. – Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a Bondade. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? –
Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a Necessidade. Convém contar? Resolve alguma coisa? Melhora a comunidade? Pode ajudar o planeta? Arremata Sócrates: – Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre
tudo!As 3 Peneiras da Sabedoria
Observação do autor: Sócrates é conhecido como um dos mais importantes filósofos da história e embora inúmeros ensinamentos advenham de suas provocações, ele nada escreveu. Os registros platônicos e xenofonteanos, são os mais fiéis, porém, devido à sua ‘discrição’ muita coisa sobre Sócrates é de cunho hermenêutico, ficando portanto, na interpretação.
Sendo assim, é válido questionarmos tudo, inclusive a própria história sobre as 3 Peneiras da Sabedoria. Sócrates, sem dúvidas, era conhecido pelo uso de analogias e metáforas, então provavelmente faz sentido que tenha usado as peneiras para fazer-nos entender essa reflexão sobre o ‘filtro’ daquilo que nos dizem.
Destacamos que nos registros platônicos essas analogias e metáforas são comumente encontradas, desde cavalos alados e a alma humana (Fedro), mosquitos que incomodam os cavalos (Apologia), enxames de abelhas e a virtude (Mênon), o uso de pássaros e a gaiola vazia, para relacionar com os conhecimentos presos ou soltos (Teeteto), assim como, a questão de relacionar a profissão de sua mãe (parteira), com a importância de parir o conhecimento dos indivíduos (Maiêutica).
Gostou das (3) Peneiras da Sabedoria? Comente! Já passou por uma situação em quê a informação que você possuía precisou ‘passar’ por elas? Bem, se a resposta for não, acredito que agora irá.
Se você gosta de Sócrates e das suas provocações, te sugerimos acompanhar os lançamentos da nossa Editora.Em breve, teremos uma obra com o título "A influência do pensamento socrático na educação de adultos." Enquanto isso, você pode adquirir um dos nossos livros já disponíveis.
Buscando outros artigos para reflexão? Sugerimos: Sociedade dos Poetas Mortos; Por que não gostamos da sala de aula?Política, Filosofia e Educação
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Para referenciar o artigo, utilizar:
– Beck, C. (2017). As Peneiras da sabedoria de Sócrates. Andragogia Brasil. Disponível em: //andragogiabrasil.com.br/peneiras-da-sabedoria/
Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
- Três peneiras? Que queres dizer?
- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
- Devo confessar que não.
- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
- Útil? Na verdade, não.
Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.