Porque há tantos terremotos na Ásia?

O Chile vem sendo o palco para a ocorrência de inúmeros desastres naturais, com destaque para os terremotos. E essa história não é recente. Em 1960, ocorreu na cidade chilena de Valdívia o maior terremoto já registrado, com 9,5º na Escala Richter, que vai de 1º a 10º. No mês de abril de 2014, um novo terremoto voltou a atingir o país, dessa vez na cidade de Iquique, na região norte do país.

Mas eis que surge a grande questão: por que há tantos terremotos no Chile?

A explicação encontra-se na localização do país, que deu o azar de se situar em uma zona de encontro entre duas placas tectônicas, a de Nazca e a Sul-Americana. Essas estão em movimentos opostos, ou seja, estão chocando-se e, por isso, causando, além dos terremotos, ondas de vulcanismos e a formação de cadeias montanhosas em toda costa oeste da América do Sul.

Porque há tantos terremotos na Ásia?

Zonas de tensão geológica da América do Sul

Os terremotos surgem a partir da liberação da energia acumulada entre alguns pontos de encontro entre duas placas tectônicas. Com essa liberação, as placas reacomodam-se na litosfera e propiciam a ocorrência dos abalos sísmicos.

Funciona assim: quando elas se chocam, a mais leve (no caso a Placa Sul-Americana) passa a “deslizar” sobre a mais pesada (Nazca). No entanto, em razão da resistência das rochas gerada pela força de atrito em alguns pontos, o movimento das placas trava, mas a força que propicia o movimento continua a ser exercida. Quando isso acontece, vai acumulando energia nessa zona de “travamento” e, com o passar dos tempos, essa energia armazenada é tamanha que a resistência das rochas não é mais suficiente para contê-la, provocando a reacomodação brusca e, consequentemente, os terremotos.

Porque há tantos terremotos na Ásia?

Esquema explicativo do terremoto do Chile

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Quanto maior a força de movimentação das placas e quanto maior o tempo da tensão, maior a quantidade de energia acumulada e, dessa forma, mais intensos são os terremotos. No caso dos dois terremotos de abril de 2014, a intensidade atingiu, respectivamente, 8,2º e 7,8º na Escala Richter.

Confira a seguir a história dos terremotos do Chile, com a lista dos principais casos e suas intensidades. Além desses, centenas de outros de menor intensidade ou com menores consequências também ocorreram.

1730 – cidade de Valparaíso – magnitude 8,7 – número de mortos não registrado;

1868 – província de Arica – magnitude 9,0 – 25 mil mortos;

1906 – cidade de Valparaíso – magnitude 8,2 – 3.800 mortos;

1928 – cidade de Talca – magnitude 7,6 – 225 mortos;

1939 – comuna de Chillán – magnitude 7,8 – 28 mil mortos;

1943 – cidades de Illapel e Salamanca – magnitude 8,2 – 30 mortos;

1960 – cidade de Valdívia – magnitude 9,5 – 2.000 mortos;

1965 – cidade de La Ligua – magnitude 7,4 – 400 mortos;

1985 – cidade de Valparaíso – magnitude 7,8 – 177 mortos;

2005 – cidade de Tarapacá – magnitude 7,8 – 11 mortos;

2010 – proximidade da cidade de Concepción – magnitude 8,8 – 400 mortos;

2014 – cidade de Iquique – magnitudes 7,8 e 8,2.


Por Rodolfo Alves Pena
​Graduado em Geografia

29 julho 2018

Porque há tantos terremotos na Ásia?

Crédito, Reuters

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O terremoto que atingiu a ilha de Lombok, na Indonésia, deixou 14 mortos e mais de 150 feridos

O terremoto de magnitude 6,4 que atingiu a turística ilha de Lombok, na Indonésia, na manhã deste domingo, 29, já deixou ao menos 14 mortos e mais de 160 feridos. Milhares de pessoas estão desabrigadas, segundo as autoridades locais.

O terremoto foi seguido de outros 60 pequenos tremores nos minutos seguintes.

Lombok é uma ilha famosa por suas trilhas e praias paradisíacas e está localizada a 40 Km ao leste de Bali.

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Muitas pessoas ficaram feridas porque estavam dormindo na hora do tremor e foram atingidas por escombros das residências atingidas, segundo Sutopo Purwo Nugroho, um porta-voz da agência de desastres do governo local. "O foco principal agora é evacuação e resgate. Alguns dos feridos ainda estão sendo tratados em clínicas", disse ele.

"O terremoto foi tão forte ... os turistas entraram em pânico, assustaram-se e escaparam dos hotéis", disse à BBC Lalu Muhammad Iqbal, diretor de proteção ao cidadão do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia.

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A ilha de Lombok é um dos principais destinos turísticos da Indonésia

O jornalista da BBC Vinayak Gaikwad estava na ilha de Gili Trawangan, a cerca de 7 km de Lombok, e sentiu o impacto da terra tremendo. Segundo ele, ondas na piscina do hotel indicavam que algo estava acontecendo. "Trinta minutos depois, houve o primeiro tremor forte. Os moradores locais estavam preocupados porque muitas de suas casas são feitas de madeira e bambu; mas os turistas eram os mais assustados."

Este não é o primeiro terremoto que atingiu o país. Pelo contrário, a Indonésia está numa das regiões mais propensas a tremores do mundo: o Círculo de Fogo do Pacífico.

Anel de fogo

O Círculo de Fogo do Pacífico (ou Anel de Fogo) é uma área formada no fundo do oceano por uma grande série de arcos vulcânicos e fossas oceânicas, coincidindo com as extremidades de uma das maiores placas tectônicas do planeta. Cerca de 90% dos terremotos mundiais aconteceram ali.

A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.

Mais de 450 vulcões, incluindo três dos quatro mais ativos do mundo - o Monte Santa Helena, nos EUA, o Monte Fuji, no Japão, e o Monte Pinatubo, nas Filipinas - estão localizados no Círculo de Fogo.. É também chamado às vezes de cinturão circum-pacífico.

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Esta é a área de maior atividade sísmica do mundo. Somente o Japão responde por cerca de 20% dos tremores de magnitude igual ou superior a 6 registrados na Terra. Em média, os sismógrafos captam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos.

Alguns dos piores desastres naturais já registrados ocorreram em países localizados no Círculo de Fogo. Um deles foi o tsunami de dezembro de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, após um tremor de magnitude 9,1.

Outros dois desastres famosos na área ocorreram no Chile: o primeiro, em 1960, foi um terremoto de magnitude 9,5 - o pior já registrado na história - que matou 2 mil pessoas; outro tremor, em 2010, deixou 800 mortos e cerca de 20 mil desabrigados.

Placas tectônicas

Nos anos 1960, cientistas desenvolveram a noção de placas tectônicas, o que explica as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.

De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do âmago quente e líquido do planeta.

As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano - velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas.

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O tsunami de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, aconteceu na região do Círculo de Fogo

O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida do centro da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades.

Três coisas podem ocorrer com as placas: elas podem se afastar umas das outras, deixando espaço para criar mais "chão" no fundo do mar; podem se aproximar, fazendo uma encobrir a outra; ou podem "roçar" umas nas outras, sem causar muito distúrbio.

Essas placas que se "roçam" causam tremores de menor intensidade, como ocorre geralmente na Falha de San Andreas, localizada na região de San Francisco (Estados Unidos). Essas falhas também podem criar escarpas ou falésias no fundo do mar.

No entanto, quando uma placa se move e é forçada para dentro da Terra, ela encontra altas temperaturas e pressões que são capazes de parcialmente derreter a rocha sólida, formando o magma que é expelido pelos vulcões.

As atividades nestas zonas de divisa entre placas tectônicas são as mesmas que dão origem aos terremotos de grande magnitude.

Por que acontecem tantos terremotos na Ásia?

Sua formação está relacionada com o encontro de várias placas tectônicas, tornando essa região uma zona com forte presença de terremotos e tsunamis. Na verdade, o Círculo de Fogo é responsável por cerca de 90% dos abalos sísmicos e de 50% dos vulcões existentes em todo o planeta.

Por que acontecem terremotos no Japão?

O Japão está localizado no Círculo de Fogo do Pacífico, região marcada pela alta ocorrência de terremotos e vulcões, uma vez que há, ao longo de toda a costa do Oceano Pacífico, uma área de contato entre as placas tectônicas.

Porque alguns lugares possuem tantos terremotos?

Se antes os habitantes do planeta chegaram a viver em um gigantesco continente (Pangeia), agora temos vários blocos continentais separados por milhares de quilômetros de oceano. E são nesses processos de deriva continental onde encontramos a origem dos temidos terremotos.

Qual é o país com maior frequência de terremotos?

1º) Valdívia, Chile (1960) O Chile, por ser um país quase que totalmente situado sobre uma região localizada na zona de encontro entre as placas tectônicas de Nazca e Sul-Americana, registra uma grande frequência de fortes tremores de Terra, incluindo o mais forte já diagnosticado.