De venda livre ou receitados pelo médico, todos os medicamentos devem ser “estudados” por quem os vai tomar.
Sabe ler a bula dos medicamentos?
“Nos medicamentos com receita médica a indicação clínica já obedece a critérios de rigor médico, pelo que a leitura da bula deve ser normalmente feita para questões relacionadas com precauções e advertências sobre sinais ou sintomas de alerta que devem levar à sua interrupção”, explica Sérgio Coimbra, coordenador da Unidade de Medicina Interna do Hospital Lusíadas Porto.
Já nos medicamentos de venda livre é necessário saber exatamente para que se destinam, porque se está a optar por essa escolha e o que consta na bula. “Se surgirem efeitos indesejáveis, o medicamento deve ser de imediato interrompido e comunicado ao seu médico ou farmacêutico”, esclarece o médico. Estes são os tópicos a que deve prestar maior atenção.
Como ler uma bula passo a passo
1. Composição
Apresenta o nome científico do princípio ativo e sua concentração. Normalmente também refere em que forma farmacêutica se apresenta – suspensão, comprimidos, cápsulas, xarope - , assim como se contém algum corante ou outra substância.
2. Indicações
Informa sobre as doenças e em que situações o medicamente é usado. Por vezes, o mesmo pode servir para várias enfermidades diferentes.
3. Contraindicações
Explica em que condições o medicamento deve ser evitado. Por exemplo, se for contraindicado em pacientes asmáticos, significa que pessoas que já apresentam um quadro de asma não o podem usar, mas não significa que o medicamento cause asma.
4. Efeitos secundários
São as reações indesejáveis que o uso do medicamento pode causar. É importante que esteja atento e, caso sinta algum dos sintomas referidos, consulte de imediato o seu médico.
5. Interações medicamentosas
São problemas que podem surgir quando se administram dois medicamentos ao mesmo tempo. Informe sempre o seu médico sobre os medicamentos que está a tomar e, no caso de medicamentos de venda livre, pergunte ao farmacêutico sobre os riscos de interação.
6. Precauções
São cuidados que se devem ter durante o uso do medicamento, como por exemplo evitar bebidas alcoólicas durante o tratamento.
7. Posologia
Indica qual a dose do medicamento a administrar e a dose máxima diária, que nunca deve ser ultrapassada.
8. Sobredosagem
Indica o que fazer no caso de uma intoxicação.
A bula traz ainda indicações adicionais como:
- Nome e morada do responsável pela autorização de introdução no mercado;
- Efeitos em grávidas, latentes, crianças, idosos e doentes com patologias especiais;
- Efeitos sobre a capacidade de condução e utilização de máquinas;
- Indicação do momento mais favorável à administração do medicamento;
- Duração do tratamento médio;
- Indicação de como suspender o tratamento se a sua suspensão
causar efeitos de privação;
- Precauções especiais para a destruição dos produtos não utilizados ou dos resíduos derivados dos medicamentos, quando for caso disso, e data da elaboração ou da última revisão do folheto.
Especialidades em foco neste artigo
Cuidados na Administração de Medicamentos
A administração de medicamentos é uma grande responsabilidade dos profissionais de saúde. Isso porque o erro na dosagem, a leitura equivocada das prescrições médicas e a falta de atenção podem trazer sérias consequências para o paciente.
É necessária a atenção em todas as etapas da terapia medicamentosa: prescrição, dispensação, preparo, administração e monitoramento.
Diante da rotina acelerada das instituições de saúde, há uma busca incessante por práticas que minimizem os riscos de eventos adversos dos medicamentos. Nesse contexto, uma das melhores alternativas para evitar falhas na administração de medicamentos é adotar uma regrinha que tem um alto nível de eficácia, “A regra dos 9 certos”.
É fundamental garantir a segurança ao paciente na administração de medicamentos:
1. Medicação certa
2. Paciente certo
3. Dose certa
4. Via certa
5.
Horário certo
6. Registro certo
7. Ação certa
8. Forma farmacêutica certa
9. Monitoramento certo
Compreender a relevância desse procedimento e suas implicações na saúde e segurança do paciente é essencial em diferentes contextos. Sob esse ângulo, a conscientização dos riscos e a necessidade de adequação aos padrões de qualidade nos serviços de saúde é um dos protocolos do programa nacional de segurança do paciente.
Leia também: Os 9 certos na administração segura de medicamentos pela enfermagem
As Organizações de saúde precisam reforçar a importância da administração correta de medicamentos no sistema de saúde. Ainda que as estatísticas sejam globais, no Brasil, a realidade também se equipara aos altos índices de erros medicamentosos.
Apesar de tantos conhecimentos disponíveis e de uma gama de insumos tecnológicos específicos para a segurança da prática clínica, os erros de administração de medicamentos ainda são comuns.
As causas mais comuns de erros de medicação incluem:
- falhas de comunicação;
- ambiente de trabalho inadequado;
- ambiguidades nos nomes dos medicamentos, escrita e instruções de uso;
- uso de abreviaturas;
- falhas na execução de procedimentos ou técnicas;
- falta de conhecimento sobre os medicamentos;
- problemas no armazenamento e dispensação;
- problemas de rotulagem ou embalagens semelhantes;
- violação de regras;
- falhas na conferência das doses;
- falta de informação sobre os pacientes;
- erros de transcrição;
- falhas na interação com outros serviços;
- problemas relacionados a bombas e dispositivos de infusão de medicamentos;
- monitoramento inadequado do paciente;
- erros de preparo;
- uso inadequado do medicamento pelo paciente e
- falta de padronização dos medicamentos.
No processo de cuidado em saúde, o estabelecimento de corresponsabilidade com pacientes e seus familiares contribui para aprimorar a segurança do paciente.
Fortalecimento do trabalho em equipe, capacitação continuada de profissionais são estratégias necessárias para qualificar o uso dos medicamentos e fortalecer a implementação da Política Nacional de Segurança do Paciente, e esse é um dos objetivos do Grupo IBES.
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