Quais as consequências que o aquecimento global poderá trazer para os oceanos?

Os relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) são alarmantes e traçam um cenário para os próximos 100 anos cheio de dificuldades relacionadas às mudanças climáticas causadas pelo efeito estufa e pelo aquecimento global.

A evidência mais óbvia do aquecimento global é que a temperatura média da atmosfera aumentou em 0,74ºC de 1906 a 2005 e poderá elevar-se em 6,4ºC até o final do século 21. Esse aumento provoca o derretimento do gelo nos pólos e nas altas montanhas. O relatório do IPCC indica que algumas áreas do globo já perderam áreas congeladas e que entre o ano de 2070 e 2100 todo o gelo do Pólo Norte estará derretido durante o verão. Se isso ocorrer, vários animais, como o urso polar, serão extintos.

Elevação dos oceanos

O derretimento do gelo provocará mudanças significativas nos oceanos, como redução da salinidade, aumento da acidez e sua elevação (de 1906 a 2005 o mar já subiu 30 cm, pelo menos, e até 2100 o nível médio dos oceanos vai subir mais 59 cm).

Acredita-se que o número de refugiados climáticos vai ser elevado, algumas ilhas do Pacífico serão inundadas e sua população terá de ser deslocada. Bangladesh (na Ásia) provavelmente apresentará uma das piores catástrofes da história da humanidade (por sua grande população, baixas altitudes e poucos recursos econômicos) e a Holanda (na Europa), que possui cerca de 35% do território abaixo do nível do mar, está se preparando e só em 2006 gastou entre dois e três bilhões de euros.

Foi observado aumento na temperatura das águas oceânicas a até 3 mil metros de profundidade, modificando as condições de vários ecossistemas marinhos, aumentando a umidade do ar e alterando a dinâmica da circulação atmosférica. Em alguns lugares as chuvas podem diminuir, como na Amazônia e no sertão nordestino, e em outros podem aumentar muito, como talvez ocorra nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil.

Ocorrências extremas

Acredita-se que ocorrências extremas, como furacões e tornados fortes (do tipo F-5, o nível mais forte), tempestades, inundações, deslizamentos de solos em encostas, secas prolongadas, superaquecimento em algumas localidades e períodos (ondas de calor) etc., vão se tornar mais freqüentes.

Alterações de deslocamentos de ar na atmosfera, provocadas pelas mudanças de temperatura nos continentes e oceanos, podem mudar a distribuição das zonas de alta e baixa pressão atmosférica e causar a redução das chuvas. Alguns cientistas acreditam que isso ocorrerá na Amazônia brasileira e a floresta vai diminuir, cedendo lugar para o avanço do cerrado (processo chamado de savanização).

Os cientistas citam o furacão Katrina (nos EUA, em 2005), que matou cerca de 3.000 pessoas, e o furacão Catarina no Brasil (em 2004, o primeiro furacão conhecido no Atlântico Sul, fora da zona climática intertropical, onde normalmente os furacões se formam) como exemplos dessas alterações climáticas globais.

Mais doenças

Em 2003, o aquecimento anormal verificado na Europa provocou a morte de mais de 30 mil pessoas (quase todas idosas). Os europeus estão preparados para o frio intenso do inverno e não para o calor de 36ºC no verão, que foi gerado pelos ventos quentes vindos do deserto do Saara. As casas não eram adequadas para o calor intenso e aqueciam muito, atingindo temperaturas internas de até 70ºC e provocando desidratação acelerada, infarto, derrame, hipertensão etc. Durante a noite a temperatura não caía significativamente e o processo de desidratação continuava até o corpo não agüentar mais.

Algumas doenças podem proliferar nas próximas décadas, pois o aumento das chuvas e das temperaturas favorece os agentes e vetores de doenças infecciosas endêmicas, como febre amarela, dengue, malária, leishmanioses, diarréias infecciosas, cólera, leptospirose, hepatite A e outras. Os fatores climáticos podem acelerar os ciclos infecciosos e facilitar a dispersão espacial dos agentes microbianos e de seus transmissores.

As implicações do aquecimento global são inúmeras e a maioria dos governos e das populações não está preparada para enfrentá-las. Como cidadãos, podemos ajudar divulgando estas informações e nos organizando, além de exigir que os órgãos governamentais atuem para que os problemas que estão por vir sejam enfrentados da melhor maneira possível.

Veja também

  • Mudanças climáticas - o impacto no Brasil
  • Protocolo de Kyoto

AUMENTO DO NÍVEL DO MAR

A subida do nível do mar, um perigo real para o nosso futuro?

#natureza

O aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global poderia chegar aos 2 metros de altura no final do século XXI. Esta subida dos oceanos deixaria milhares de quilômetros de costas sujeitas à mercê das inundações, comprometendo a segurança de 745 milhões de pessoas em todo o mundo.

Quais as consequências que o aquecimento global poderá trazer para os oceanos?

O aumento do nível do mar ameaça submergir centenas de cidades litorâneas em todo o mundo.

Em 1968 quando os astronautas da missão Apolo 8 tiraram as primeiras fotografias a cor da Terra, toda a humanidade pôde comprovar que o nosso planeta além de ser redondo também tinha uma intensa cor azul. Meio século depois, sabemos que os mares e oceanos cobrem 71% da superfície terrestre, o que dá ao nosso mundo essa tonalidade tão característica que o converte num lugar único da nossa galáxia e, talvez, de todo o universo.

POR QUE O NÍVEL DO MAR ESTÁ AUMENTANDO? CAUSAS

O que ninguém imaginava há cinco décadas é que as emissões atuais de CO2 aqueceriam o planeta até provocar o degelo dos polos e o retrocesso das geleiras. A velocidade com a qual avança as mudanças climáticas, intensificada pela ação do homem, elevou o nível do mar cerca de 7 cm desde 1993 e aproximadamente 18-20 cm desde 1900, conforme o governo dos EUA no seu relatório Climate Science Special Report (CSSR).

Entre as causas do aumento do nível do mar destacam-se especialmente as seguintes:

  O aquecimento dos oceanos

A revista científica PNAS publicou em 2018 um estudo de satélite que considera que 50% do crescimento dos mares do último quarto de século se deve à dilatação térmica da água.

  O degelo dos polos

Os especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC) estimam que entre 2006 e 2015 a fusão das calotas polares injetou mais de 430 gigatoneladas anuais de água doce nos oceanos, contribuindo assim para o aumento do nível do mar em mais de 1,2 mm/ano.

  O derretimento das geleiras

A Universidade de Zurique (Suíça) calculou em um estudo recente que o degelo significou a perda global de mais de 9 bilhões de toneladas de gelo glacial desde 1961, aumentando o nível do mar em 2,7 cm.

Quais as consequências que o aquecimento global poderá trazer para os oceanos?

Como a subida do nível do mar afetará estas cidades?

  VER INFOGRÁFICO: Como a subida do nível do mar afetará estas cidades? [PDF]

POR QUE ACONTECE O DEGELO?

A comunidade científica internacional não tem qualquer dúvida: o aquecimento global e o buraco na camada de ozônio são as principais causas do degelo dos polos e das geleiras. O aumento das emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa (GEE) à atmosfera — especialmente na última década — está elevando a temperatura média da Terra com uma velocidade insólita, acelerando o derretimento das geleiras e das calotas polares.

Da mesma forma, a destruição da camada de ozônio por algumas partículas químicas está provocando uma elevação das radiações ultravioletas que aquecem o planeta. O aumento do termômetro também afeta os oceanos, que absorvem 90% do calor terrestre, contribuindo para o degelo dos polos e das geleiras marinhas.

CONSEQUÊNCIAS DO AUMENTO DO NÍVEL DO MAR

O aumento dos oceanos varia conforme as regiões do mundo e ameaça especialmente os habitantes das ilhas e áreas litorâneas. Cerca de 745 milhões de pessoas viverão nas próximas décadas expostas a inundações, marés ciclônicas e outros fenômenos extremos cada vez mais frequentes e devastadores para a vida humana e o meio ambiente, tal como o IPCC advertia no final de 2019 em um relatório especial sobre oceanos e criosfera.

A subida do nível do mar pode agravar também a erosão dos litorais, piorar a qualidade da água potável e de rega, causar danos ao patrimônio histórico e artístico, afetar o transporte e a atividade econômica das cidades e inundar campos de cultivo, paisagens naturais, moradias e até localidades inteiras, convertendo seus moradores em refugiados climáticos.

PREVISÕES DO AUMENTO DO NÍVEL DO MAR

Nem sequer os mais otimistas negam os danos irreversíveis do aumento do nível do mar, como é o caso do desaparecimento de numerosas geleiras e de uma boa parte da superfície do Ártico. O IPCC e outros prognósticos realizados até a data presente vaticinam, no melhor dos casos, um crescimento dos oceanos entre 20 e 30 cm até 2050 e de 43 a 50 cm até 2100, desde que diminuam as emissões de CO2 e o termômetro terrestre fique abaixo de 2 ºC com relação à temperatura do final do século XIX, tal como pretendem os Acordos de Paris.

Porém, se as tentativas de conter o aquecimento global fracassarem e vier a acontecer o temido degelo em massa da Antártida, as previsões para 2100 situam a subida do nível do mar entre 84 cm e mais de 2 metros no pior das hipóteses, como adverte um estudo da ONG Climate Central publicado no final de 2019 pela revista Nature. O aumento dos oceanos poderia se agravar inclusive durante o próximo século e atingir entre 2,8 e 5 metros em 2300.

Quais as consequências do aquecimento global para os oceanos?

Ondas de calor marinhas, como a bolha de água quente no Oceano Pacífico entre 2014 e 2016 e um evento menor de 2019, podem causar proliferação de algas, branqueamento de corais e morte em massa de peixes e pássaros que se alimentam deles.

Quais são as consequências que o aquecimento global pode trazer?

Entre as consequências do aquecimento global estão o degelo, o aumento do nível dos oceanos, a desertificação, a alteração do regime das chuvas, inundações e a redução da biodiversidade.

O que provoca o aquecimento dos oceanos?

Uma coisa é certa: o principal responsável pelo aquecimento dos oceanos é, claro, o aquecimento global, que, por sua vez, é causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa. Por uma reação física simples, o aquecimento atmosférico transmite energia térmica para as águas, elevando sua temperatura.