Quais as principais características das práticas corporais alternativas?

Quais as principais características das práticas corporais alternativas?

Pr�ticas Corporais Alternativas e Educa��o F�sica escolar

Pr�cticas Corporales Alternativas y Educaci�n F�sica escolar

*Especialista em Educa��o F�sica Escolar (CEEFE-UFSCar)

Claretiano-Centro Universit�rio / GEPEM-IFTM / SPQMH

**Doutor em Educa��o (PPGE-UFSCar)

IFTM-Patroc�nio / GEPEM-IFTM / SPQMH / NEFEF-UFSCar

(Brasil)

Vin�cius Barbosa de Morais*

[email protected]

F�bio Ricardo Mizuno Lemos**

[email protected]

Resumo

          A inten��o deste trabalho foi apresentar alguns apontamentos sobre as Pr�ticas Corporais Alternativas e suas rela��es com a Educa��o F�sica Escolar, com �nfase no Ensino M�dio, assim como, com a Pedagogia Dial�gica. Exemplos de pr�tica pedag�gica utilizando a perspectiva alternativa tamb�m foram expostos.

          Unitermos:

Educa��o. Educa��o F�sica Escolar. Ensino M�dio. Pr�ticas Corporais Alternativas. Pedagogia Dial�gica.EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - A�o 19 - N� 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

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As Pr�ticas Corporais Alternativas e o discente do ensino m�dio

    Para falar das Pr�ticas Corporais Alternativas (PCA) � importante caracterizar o que � alternativo e o que � um ensino focado em uma perspectiva alternativa. Segundo Matthiesen (1999) o termo alternativo se refere �s maneiras de agir, sentir e pensar, longe dos padr�es da modernidade, expressando um conjunto de valores e pr�ticas visando solucionar os custos materiais e imateriais gerados pela mesma.

    Matthiesen (1999) tamb�m entende a perspectiva alternativa como uma op��o �s a��es desenvolvidas pela Educa��o F�sica, se contrapondo ao modelo j� existente. Portanto, alternativo significa uma sa�da do comum, um rompimento com padr�es, outro modo de agir, uma vis�o diferente da atual, ir al�m do que � corriqueiro.

    Nesse sentido, o alternativo est� presente no modo de encarar os conte�dos que vamos desenvolver na Educa��o F�sica Escolar. A utiliza��o do termo alternativo visa incorporar as caracter�sticas, princ�pios e valores das PCA para que a abordagem dos conte�dos tenha um car�ter de contraponto ao que est� �imposto� / �naturalizado�.

    Com isso, um ensino focado em uma perspectiva alternativa, al�m de buscar proporcionar uma vis�o diferente do que est� imposto, visa desenvolver o di�logo e o companheirismo, possibilita estar e jogar com o semelhante e n�o contra o outro, proporciona a realiza��o de movimentos com intencionalidade, prop�e reflex�es e an�lises sobre suas pr�prias posturas e a��es, enfim, procura construir posturas cr�ticas sobre a necessidade do semelhante, da compaix�o e solidariedade entre as pessoas.

    Especificamente sobre as PCA, Impolcetto e col. (2013) afirmam que se contrap�em, por princ�pios e defini��o, ao conte�do das pr�ticas �tradicionalizadas� que buscam e promovem valores como a competi��o e a compara��o de desempenhos em detrimento de outros valores relacionados com a busca pela subjetividade, autoconhecimento, sensibiliza��o, expressividade, criatividade, coopera��o, respeito m�tuo; e repudiam a simples manuten��o da forma f�sica e preocupa��o est�tica t�o presentes atualmente entre as pessoas.

    Impolcetto e col. (2013) refor�am ainda, que as PCA �[...] s�o pr�ticas que proporcionam ao indiv�duo vivenciar seu pr�prio corpo com autonomia, responsabilidade e liberdade� (p. 270) e se caracterizam como alternativas porque possuem objetivos que as pr�ticas �tradicionalizadas� n�o proporcionam, como sensibiliza��o e autoconhecimento, e por se diferenciarem de outros trabalhos de abordagem corporal, no sentido de valorizar o corpo como uma unidade harmoniosa, respeitando seus conflitos e diferen�as.

    No entendimento de que as PCA podem favorecer o desenvolvimento da consci�ncia corporal dos indiv�duos, Cesana e Souza Neto (2008) afirmam que a consci�ncia corporal evidencia uma �quebra de barreiras� no �mbito corporal, apontando a import�ncia de se desfazer os �preconceitos� com rela��o ao semelhante. E possibilitar a diminui��o dos preconceitos com o corpo, na rela��o entre as pessoas, principalmente na escola, pode auxiliar na conscientiza��o da necessidade e import�ncia do semelhante na vida em sociedade.

    Nesse sentido, Gaiarsa (2002), enfatiza a necessidade de �abrir os olhos� e come�ar a enxergar o semelhante e a necessidade de ser solid�rio com o mesmo.

    Alves (2008) enfatiza como caracter�sticas das PCA, o contato corporal que desenvolve confian�a como recurso para reconhecer a import�ncia do semelhante e a responsabilidade na rela��o com o mesmo. Tamb�m nessa �nfase ao contato corporal como princ�pio das PCA, Impolcetto e col. (2013) nos prop�e uma reflex�o sobre a possibilidade de realiza��o de massagens, atividades de relaxamento, atividades para sensibiliza��o dos sentidos, jogos ou brincadeiras interagindo com o pr�prio corpo, com o corpo dos(as) amigos(as) e com o meio ambiente.

    Impolcetto e col. (2013) refor�am ainda, que al�m dessas possibilidades de viv�ncias, as PCA proporcionam a reflex�o sobre valores como a cidadania, a paz, a coopera��o, a inclus�o, a confian�a, a responsabilidade, entre outros, incorporando atitudes que transitam na esfera do respeito, da a��o compartilhada, da constru��o coletiva das pr�ticas, do entendimento das diferen�as entre as pessoas, possibilitando a constru��o de um pensamento cr�tico perante as rela��es e condutas humanas na vida em sociedade.

    Ainda caracterizando as PCA, na �tica de Lorenzetto e Matthiesen (2008) as PCA constituem pr�ticas que apresentam princ�pios e valores que possuem o intuito de desenvolver com os(as) envolvidos(as) no processo educativo o equil�brio e percep��o corporal, sensibilidade do corpo, ado��o de atitudes de respeito e responsabilidade, trabalho com a ludicidade e curiosidade, coopera��o, movimentos espont�neos, intera��o social, mover-se a partir do movimento do(a) semelhante e com movimentos lentos e prazerosos oportunizando o contato interpessoal.

    Estando diretamente ligada �s a��es do corpo, o desenvolvimento das PCA na escola pode possibilitar que os(as) envolvidos(as) no processo educativo aprendam a respeitar e conviver com as diferen�as, valorizando a conviv�ncia entre as pessoas atrav�s de a��es educativas geradoras de reflex�es.

    Nesse sentido, Impolcetto e col. (2013) ressaltam que as pr�ticas alternativas:

    [...] na escola podem ser vivenciadas por meio de brincadeiras para conhecimento do pr�prio corpo (ritmo, identifica��es de partes do corpo, movimentos espont�neos, contra��es e descontra��es, equil�brio), e rela��es com o corpo (corpo do indiv�duo/corpo social, corpo do indiv�duo/modelo de corpo vigente na sociedade) (p. 274).

    � importante ressaltar que cabe aos professores e professoras, ao desenvolver atividades com caracter�sticas das PCA na Educa��o F�sica Escolar, que tentem relacion�-la ao cotidiano dos(as) educandos(as), levando em conta suas caracter�sticas, necessidades e possibilidades, pois a tentativa de �enquadrar� esta perspectiva, pode n�o contribuir para o desenvolvimento de uma Educa��o F�sica Escolar que prioriza o di�logo e a reflex�o.

    Com isso, uma proposta de interven��o na escola, deve buscar favorecer uma vis�o diferenciada do que � comumente desenvolvido e o contato com experi�ncias possivelmente ainda n�o vivenciadas, se pautando nas caracter�sticas das PCA. Assim sendo, � poss�vel, inclusive, que os conte�dos �tradicionalizados�, trabalhados na Educa��o F�sica Escolar, incorporem princ�pios e valores mais humanizados.

    Nesse sentido, entendendo que as Pr�ticas Corporais Alternativas est�o bastante atreladas ao constante contato pessoal, ao reconhecimento corporal, � realiza��o de movimentos com intencionalidade, acreditamos que a��es pautadas em suas caracter�sticas, podem proporcionar algumas discuss�es sobre temas, tais como, padr�es de beleza e atitudes estipulados pelos meios de comunica��o em massa.

    Assim, compreendendo que discuss�es que abordam estes e outros temas devem estar inseridas no contexto escolar, pois podem gerar reflex�es e posicionamentos cr�ticos, entendemos que essas constru��es s�o melhores desenvolvidas e podem gerar maior contribui��o para a popula��o que mais pode estar inserida neste contexto de informa��es manipuladoras e que est�o passando por um processo de afirma��o e constru��o como seres que pensam, refletem, agem e opinam, ou seja, a popula��o jovem, mais especificamente, os(as) concluintes do Ensino M�dio.

    Os(as) adolescentes desta idade, segundo Ferreira, Lorenzetto e Darido (2002), s�o marcados por profundas mudan�as biol�gicas, afetivas e cognitivas, mas que n�o devem servir como padr�o para qualificar ou estereotip�-los(as).

    Ferreira, Lorenzetto e Darido (2002) afirmam ainda, que os(as) adolescentes trazem consigo o desinteresse pelas aulas da Educa��o F�sica, por consequ�ncia dos insucessos vividos nas aulas das s�ries anteriores que, geralmente, foram pautadas em pr�ticas esportivas competitivas e excludentes.

    Ao sentirem esse desinteresse por uma Educa��o F�sica Escolar que n�o oferece motiva��o, tampouco proporciona mudan�as, os(as) estudantes do Ensino M�dio, muitas vezes, procuram fora da escola suas possibilidades de realizar pr�ticas corporais. Por�m, fora da escola a chance de que essas pr�ticas se assentem em um modelo mais tradicionalizado (com �nfase na competi��o e em resultado est�tico, por exemplo) � maior, al�m de, muitas vezes, estipular aos adolescentes os padr�es de beleza e atitudes a serem seguidos.

    Dentro do contexto escolar � importante fazer essa an�lise com os(as) alunos(as), refletindo se � mesmo necess�rio acatar essas �imposi��es�. Para auxiliar nesse processo de conscientiza��o, as PCA podem proporcionar o autoconhecimento corporal, possibilitando uma satisfa��o e aceita��o do pr�prio corpo, aprendendo a aproveitar suas qualidades e consequentemente levando-os(as) a a��es ben�ficas, melhorando at� mesmo a autoestima e confian�a pessoal. Esse aux�lio se faz necess�rio principalmente neste n�vel de ensino em que essas influ�ncias parecem estar mais presentes, manipulando as opini�es e atitudes dos(as) adolescentes.

As Pr�ticas Corporais Alternativas e a Pedagogia Dial�gica

    Para o desenvolvimento das PCA na Educa��o F�sica Escolar, no Ensino M�dio, � importante que se distancie de um modelo de exposi��o de informa��es ma�antes ou pautado na mera reprodu��o de movimentos que n�o apresentam sentido e significado para os(as) estudantes. Al�m da apresenta��o de sentido e significado para os(as) educandos(as) � preciso que as a��es auxiliem, de alguma forma, na ado��o de posturas cr�ticas, conscientes e mais humanas, almejando uma democratiza��o das rela��es e invers�o do que se � imposto.

    Para que as a��es desenvolvidas tenham sentido e significado para os(as) estudantes � preciso que o(a) educador(a) parta das experi�ncias anteriores que os educandos(as) j� possuem e o momento hist�rico-social em que vivem. Essas experi�ncias est�o relacionadas com a leitura de mundo que os(as) educandos(as) j� possuem.

    Oliveira e col (2009) ressaltam que �[...] � preciso que n�o consideremos as crian�as, os jovens e outros que julgamos menos experientes do que professores(as) e outros educadores(as), como incapazes de fazer a leitura do mundo, isto �, de fatos e atos que observam e vivenciam� (p. 10).

    Em vista disso, Freire (1992) ressalta que �[...] se o educador ou a educadora n�o conhecerem, respeitarem e colocar em relev�ncia o �saber de experi�ncia feito� dos(as) educandos(as), os(as) mesmos(as) n�o transcender�o� (p. 59). Por�m, partir do saber que os(as) educandos(as) tenham n�o significa ficar girando em torno deste saber. � preciso partir do saber de experi�ncia feito para super�-lo, e n�o apenas ficar nele (FREIRE, 1992).

    A mera transmiss�o de conte�do, ou a proposi��o de realiza��o de movimentos pr�-estabelecidos e estereotipados n�o auxiliam na considera��o dos saberes de experi�ncia que os(as) estudantes apresentam, n�o contribuindo com a constru��o de conhecimento, tampouco, com o exerc�cio da cidadania. Freire (1992) nos auxilia neste pensamento quando ressalta que a �[...] tarefa do educador ou da educadora seria demasiado f�cil se reduzisse ao ensino dos conte�dos assepticamente �transmitidos� aos educandos. Sujeito desta pr�tica neutra n�o tinha outra coisa a fazer sen�o �transferir conhecimento� tamb�m neutro� (p. 78).

    Nesse sentido, almejando a transforma��o desta abordagem dos processos educativos, pensando especificamente nas aulas da Educa��o F�sica Escolar, seria interessante que se pautassem em princ�pios dial�gicos, onde h� exposi��o de opini�es, constru��o conjunta de conhecimentos e tarefas, an�lises e reflex�es sobre atitudes e estrat�gias utilizadas. As aulas devem conter desafios, resolu��es de problemas; devem-se oportunizar momentos de cr�tica, an�lise, de constru��o, de cria��o.

    A diretividade da educadora ou do educador n�o deve interferir de forma restritiva na capacidade criadora, formuladora, indagadora do(a) educando(a). Caso contr�rio, a diretividade necess�ria se converte em manipula��o, em autoritarismo (FREIRE, 1992).

    O di�logo tem significado, precisamente porque os sujeitos dial�gicos conservam e defendem sua identidade e, assim, crescem em conjunto. Por�m, o di�logo n�o pode converter-se num �bate-papo� desobrigado regido ao gosto do acaso entre professor(a) e educando(a). O ato de ensinar e aprender atrav�s do di�logo s� se torna verdadeiramente poss�vel quando o pensamento cr�tico, inquieto do(a) educador(a) n�o freia a capacidade de criticamente tamb�m pensar ou come�ar a pensar do(a) educando(a). Essa atitude necessita e implica um respeito fundamental dos sujeitos envolvidos, que o autoritarismo rompe ou n�o permite que se construa (FREIRE, 1992).

    Em rela��o � necess�ria postura cr�tica e consciente, desencadeada pelo di�logo, Fiori (1986) ressalta que a conscientiza��o � op��o e luta. Op��o pelo ser humano e luta por sua desaliena��o e para a transforma��o.

    A conscientiza��o, enquanto luta pela transforma��o, pode come�ar a ser constru�da na escola a partir de reflex�es e di�logos sobre as imposi��es e a ideologia da cultura dominante e, para isso, as PCA podem ser uma importante ferramenta de aux�lio.

    A proposi��o, ent�o, � a que o(a) professor(a) de Educa��o F�sica atue de forma transformadora e pensando nisso, � interessante compreendermos que:

    [...] ensinar n�o � apenas a transmiss�o do conhecimento em torno do tema do objeto ou do conte�do. Transmiss�o que se faz muita mais atrav�s da pura descri��o do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos estudantes. [...] Ensinar a aprender s� � v�lido (no ponto de vista progressista) quando os educandos aprendem a aprender ao aprender a raz�o de ser do objeto ou do conte�do (FREIRE, 1992, p. 81).

    Concordando com esse pensamento � poss�vel afirmar que n�s, como educadores(as), ao realizarmos a��es na Educa��o F�sica Escolar, n�o devemos nos preocupar em estipular modelos e padr�es de realiza��o de movimentos, ou nos atentarmos �s atividades em si, sem propor nenhum tipo de an�lise ou reflex�o sobre elas.

    � preciso buscar propor e alcan�ar objetivos relacionados com o desenvolvimento de valores e atitudes que auxiliem na melhoria e democratiza��o da vida em sociedade. � fundamental que debates, an�lises e discuss�es sejam realizados sobre como e porque tal atividade foi realizada. � necess�rio que os(as) estudantes compreendam e consigam enxergar o porqu� de realizarem tal atividade e como a mesma pode contribuir para que as rela��es envolvidas no processo educativo sejam mais humanas.

    Complementando este pensamento, Freire (1992) ressalta que �[...] a disciplina n�o pode resultar de um trabalho feito nos alunos pelo professor. Requerendo, embora, a presen�a marcante do professor ou da professora, sua orienta��o, seu est�mulo, sua autoridade, essa disciplina tem de ser constru�da ou assumida pelos alunos� (p. 83).

    Oliveira e col (2009) ressaltam que �[...] os conhecimentos que nos valorizam t�m de partir de nossa experi�ncia de ser tomados como pessoas inferiores, de resist�ncia, a tentativas reiteradas de destrui��o de nossa integridade� (p. 4).

    Com isso, acreditamos que a Educa��o F�sica Escolar seja um espa�o no qual esses conhecimentos possam ser valorizados e entendidos como fundamentais para a compreens�o da necessidade e import�ncia do semelhante nas rela��es cotidianas. E para o entendimento dessas compreens�es � interessante que se desenvolva com discentes da Educa��o B�sica a��es alternativas que auxiliem nessas percep��es.

Atividades alternativas: exemplos

    Na sequ�ncia s�o apresentados tr�s exemplos de aulas, ministradas pelo primeiro autor deste trabalho, utilizando princ�pios das Pr�ticas Corporais Alternativas. As tr�s aulas foram realizadas com estudantes do 3� ano do Ensino M�dio de uma Escola Estadual do interior do estado de S�o Paulo, nos meses de abril e maio de 2013.

Travessia de lugares

    Inicialmente, ressaltei que a proposta da aula seria a de realizar atividades com uma perspectiva alternativa, mas que vivenciar�amos uma atividade que possivelmente n�o conheciam. Ent�o, propus que todos se posicionassem em colunas em um dos degraus da arquibancada. Em seguida, sinalizei que a posposta seria de atravessarem o espa�o (coluna) que os(as) estudantes formaram. Relacionei essa proposta com a realidade que alguns(umas) alunos(as) enfrentam para irem � escola, que consiste em passar em baixo de uma ponte.

    Com isso, disse que uma das alunas gostaria de ir at� sua casa e, para isso, deveria atravessar a ponte. Depois afirmei que uma de suas amigas gostaria de acompanh�-la; depois, que outras duas tamb�m iriam. Assim a atividade continuou at� que todos(as) passassem, mas de forma alternada, atravessando em duplas, em trios e quartetos.

    Foi preciso ressaltar que a inten��o seria de que os(as) discentes auxiliassem na travessia e n�o atrapalhassem, como alguns estavam fazendo. Foi discutida, brevemente, essa quest�o de que devemos auxiliar e n�o atrapalhar as pessoas.

    Em seguida, ainda com a perspectiva de atravessar a ponte, mas fora da arquibancada, imaginamos que a mesma estaria alagada e que era preciso que o m�ximo de alunos(as) atravessasse o espa�o (da ponte, demarcado na quadra) em tr�s colchonetes. Os alunos constru�ram suas pr�prias estrat�gias e, em duas etapas (primeiro um grupo, depois outro), alcan�aram o objetivo.

    Em seguida foi dada uma folha de papel para cada estudante e pedido que os(as) mesmos(as) se posicionassem em cima do papel. Imaginamos que muitas pessoas estariam atravessando a ponte e a mesma estaria ficando congestionada, ent�o, era preciso nos organizar, por ordem de data de nascimento, para que pud�ssemos atravessar. A proposta de organiza��o consistia em, estando em c�rculo, os(as) alunos(as) se movimentarem at� seu respectivo lugar de acordo com sua data de nascimento. Para isso, eles(as) deveriam, um por vez, chegar ao seu lugar, colocando o p� nos pap�is das outras pessoas. Como regra, n�o poderia haver mais de tr�s p�s em cada papel.

�Jo�o Balan�a� e massagem coletiva

    No in�cio da aula ressaltei que continuar�amos com o projeto e com a proposta de vivenciar atividades diversificadas com caracter�sticas alternativas. Ent�o, ressaltei que as viv�ncias do dia necessitariam de confian�a entre os(as) estudantes.

    Curiosos(as) sobre o que precisariam fazer propus que os(as) discentes se dividissem em duplas e ressaltei que um(a) integrante da dupla deveria estar com olhos fechados. Ent�o, delimitei um espa�o e pedi que andassem aleatoriamente por ele e que os(as) alunos(as) que estavam com os olhos abertos guiassem o(a) amigo(a) de olhos fechados por esse espa�o, sem deixar que o(a) mesmo(a) esbarrasse nos(as) outros(as) discentes. Propus que invertessem os pap�is.

    Em seguida, pedi que os(as) alunos(as) se organizassem em quartetos e que um deles precisaria estar no centro de um c�rculo formado por cada quarteto. Ent�o, ressaltando que a atividade novamente necessitaria da confian�a e da amizade entre os(as) estudantes(as), propus que o(a) estudante do centro fechasse os olhos e, sem mexer as pernas, deixasse seu corpo cair em dire��o aos bra�os de um(a) dos(as) amigos(as). A fun��o dos(as) integrantes do quarteto era de n�o deixar a pessoa do centro cair no ch�o. Foi proposto que todos(as) os(as) estudantes experimentassem as duas fun��es, a de segurar e a deixar o corpo cair. Ao final dessa viv�ncia discutimos sobre como foi ter que confiar no(a) amigo(a) para realizar as atividades.

    Em seguida, com os(as) alunos(as) posicionados(as) em um �nico c�rculo e divididos(as) em duplas, foi entregue uma bola pequena para cada dupla e perguntado o que seria poss�vel realizar com a bola. Ent�o, uma aluna, sem falar nada, colocou a bola na cabe�a de sua amiga. Com isso, pedi para que todos(as) vissem a proposi��o da aluna e que todos(as) vivenciassem essa proposta. Ent�o, pedi que os(as) discentes manipulassem a bola pelo corpo do(a) amigo(a). Foi proposta a invers�o das fun��es, a mudan�a de duplas e a manuseio da bola em partes do corpo que ainda n�o haviam sido tocadas.

    Ap�s essa experi�ncia, sugeri que fic�ssemos em c�rculos e sentados de costas uns(umas) para os(as) outros(as) em uma esp�cie de �trenzinho�. Ent�o, foi proposta uma massagem coletiva, inicialmente s� com a ponta dos dedos (na cabe�a, nos bra�os e nas costas do(a) companheiro(a) a frente), depois com as palmas e laterais das m�os, e, em seguida, com os cotovelos e antebra�os. Pedi tamb�m que tentassem alcan�ar lugares que ainda n�o tinha sido massageado. Depois foi proposto que todos(as) invertessem o lado que estavam sentados e, consequentemente, a pessoa que faria e recebia a massagem.

    Ap�s essa viv�ncia, a aula foi encerrada com uma r�pida discuss�o sobre as impress�es que os(as) discentes tiveram sobre a atividade.

Ponte humana

    Proposi��o de que os(as) alunos(as) se posicionassem a uma boa dist�ncia atr�s de duas cordas que foram colocadas horizontalmente no ch�o tendo uma pequena dist�ncia entre elas. Foi pedido que os(as) estudantes tentassem ultrapassar a dist�ncia das cordas da maneira que conseguirem. Foi feita uma contextualiza��o com a regi�o que os(as) discentes vivem, simulando a poss�vel transposi��o de um riacho que passa pelo local.

    Ap�s todos(as) terem ultrapassado o obst�culo, a dist�ncia entre as cordas aumentaram, solicitando, mais uma vez, que os(as) alunos(as) tentassem superar o obst�culo, que foi nomeado como �ribeir�o�. Depois disso, a dist�ncia aumentou ainda mais, ficando muito dif�cil de os(as) estudantes conseguirem atravessar o, agora, �rio�, j� que a proposta era de que n�o colocassem os p�s na ��gua� (espa�o entre uma corda e outra).

    Com a maioria dos(as) discentes n�o conseguiu ultrapassar a dist�ncia com um �nico salto, foi proposto que tentassem faz�-lo em duplas. Visto que ainda n�o era poss�vel, o espa�o foi diminu�do propondo que os(as) alunos(as) tentassem novamente atravessar em duplas, depois em quartetos, octetos at� formar um �nico grupo, em que a proposta era de que todos(as) alcan�assem o mesmo objetivo, ao mesmo tempo.

    Depois disso, foram colocados colchonetes em todo o espa�o entre as cordas, simulando a �gua do rio. Foi proposto que os(as) estudantes imaginassem que ali havia monstros que gostavam de p�s e, por isso, deveriam encontrar um modo de passar para a outra margem sem encostar os p�s na �gua. Isso fez com que os(as) discentes rolassem, engatinhassem, ajoelhassem, passassem apoiados pelos cotovelos, enfim, proporcionou que os(as) estudantes criassem suas pr�prias formas de realiza��es de movimentos para alcan�ar o objetivo proposto. A mesma tarefa foi proposta para os(as) alunos(as) em duplas e em quartetos.

    Ap�s isso, foi imaginado que os monstros n�o poderiam alcan�ar dois pares de p�s ao mesmo tempo, ent�o, os(as) adolescentes deveriam encontrar estrat�gias para chegarem � outra margem, estando em duplas, podendo ter apenas dois p�s na ��gua�. Isso fez com os(as) alunos(as) se pendurassem uns(umas) nos(as) outros(as), se carregassem, se abra�assem, enfim, criaram estrat�gias que exigiam bastante contato corporal. Sem que tenha sido proposto por mim, os(as) estudantes procuraram trocar as duplas para realizar as atividades desenvolvidas.

    Em seguida, perguntei aos(�s) alunos(as) se conseguiam enxergar outras formas para realizarmos essa passagem de um lado a outro da margem. V�rias sugest�es foram propostas. Vivenciamos a de que alguns(umas) alunos(as) deveriam deitar no espa�o entre as cordas, servindo como ponte para outros(as) passarem por cima. Estes(as) alunos(as) passavam pisando, ajoelhados e at� rolando sobre os(as) outros(as). Foi proposto que todos(as) devessem chegar at� o outro lado da margem.

    Depois disso, refletimos sobre como havia sido a atividade e quais foram as sensa��es de quem pisava e de quem estava sendo pisado. Ap�s essa discuss�o, foi proposta a realiza��o da ponte humana, em que os meninos se posicionaram deitados, com as costas no ch�o e com os bra�os estendidos para o alto. A proposta era de que carregar os(as) outros(as) discentes, que iriam deitar sobre as m�os dos integrantes que formavam a ponte. Foi sinalizado que todos(as) devessem realizar a passagem, inclusive os que eram a ponte.

    Nova reflex�o foi realizada buscando perceber quais foram as sensa��es de quem carregou e de quem foi carregado(a). Emergiram discuss�es sobre machismo, sobre preconceito, confian�a e respeito.

Refer�ncias

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  • CESANA, Juliana; SOUZA NETO, Samuel. Educa��o f�sica e pr�ticas corporais alternativas: o trabalho com o corpo em quest�o. Motriz, Rio Claro, v. 14, n. 4, p. 462-470, out./dez. 2008.

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  • FIORI, Ernani M. Conscientiza��o e educa��o. Educa��o & Realidade, v. 11, n. 01, p. 03-10, 1986.

  • FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperan�a: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 14 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

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  • LORENZETTO, Luiz A; MATTHIESEN, Sara Q. Pr�ticas corporais alternativas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

  • MATTHIESEN, Sara Q. A educa��o f�sica e as pr�ticas corporais alternativas: a produ��o cient�fica do curso de gradua��o em educa��o f�sica da UNESP - Rio Claro de 1987 a 1997. Motriz, Rio Claro, v. 5, n. 2, p. 131-137, dez. 1999.

  • OLIVEIRA, Maria W. de; GON�ALVES E SILVA, Petronilha B.; GON�ALVES JUNIOR, Luiz; GARCIA-MONTRONE, Aida V.; JOLY, Ilza Z. Processos Educativos em pr�ticas sociais: reflex�es te�ricas e metodol�gicas sobre pesquisa educacional em espa�os sociais. In: REUNI�O ANUAL DA ANPED, 32, 2009, Caxambu. Anais... Caxambu, 2009.

    Quais são as principais características das práticas corporais alternativas?

    As Práticas Corporais Alternativas correspondem àquelas atividades corporais que não são tradicionais na nossa cultura, elas incluem as concepções orientais e ocidentais de práticas corporais e de saúde, representadas por atividades como relaxamento, autoconhecimento, massagem, técnicas respiratórias, etc.

    Qual a principal função das práticas corporais alternativas?

    Tem a função de proporcionar a sensação de bem estar do indivíduo, além de possibilitar que o indivíduo possa ter algo (através de imagens) que não poderia ter no momento.

    Quais são os tipos de práticas corporais?

    Quais práticas corporais posso incluir na minha rotina?.
    1 – Yoga e pilates. A yoga e pilates, são praticas milenares que trazem uma proposta muito ampla. ... .
    2 – Dança. Dançar é uma das práticas corporais mais positivas. ... .
    3 – Artes marciais. ... .
    4 – Praticar corridas/caminhadas. ... .
    5 – Ginástica..

    Quais são as 6 práticas corporais?

    Práticas Corporais na Educação Física.
    Brincadeiras e jogos;.
    Esportes;.
    Ginásticas;.
    Danças;.
    Lutas;.
    Práticas Corporais de Aventura..