Pr�ticas Corporais Alternativas e Educa��o F�sica escolar Show Pr�cticas Corporales Alternativas y Educaci�n F�sica escolar *Especialista em Educa��o F�sica Escolar (CEEFE-UFSCar) Claretiano-Centro Universit�rio / GEPEM-IFTM / SPQMH **Doutor em Educa��o (PPGE-UFSCar) IFTM-Patroc�nio / GEPEM-IFTM / SPQMH / NEFEF-UFSCar (Brasil) Vin�cius Barbosa de Morais* F�bio Ricardo Mizuno Lemos** Resumo A inten��o deste trabalho foi apresentar alguns apontamentos sobre as Pr�ticas Corporais Alternativas e suas rela��es com a Educa��o F�sica Escolar, com �nfase no Ensino M�dio, assim como, com a Pedagogia Dial�gica. Exemplos de pr�tica pedag�gica utilizando a perspectiva alternativa tamb�m foram expostos. Unitermos: Educa��o. Educa��o F�sica Escolar. Ensino M�dio. Pr�ticas Corporais Alternativas. Pedagogia Dial�gica.EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - A�o 19 - N� 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/1 / 1 As Pr�ticas Corporais Alternativas e o discente do ensino m�dio Para falar das Pr�ticas Corporais Alternativas (PCA) � importante caracterizar o que � alternativo e o que � um ensino focado em uma perspectiva alternativa. Segundo Matthiesen (1999) o termo alternativo se refere �s maneiras de agir, sentir e pensar, longe dos padr�es da modernidade, expressando um conjunto de valores e pr�ticas visando solucionar os custos materiais e imateriais gerados pela mesma. Matthiesen (1999) tamb�m entende a perspectiva alternativa como uma op��o �s a��es desenvolvidas pela Educa��o F�sica, se contrapondo ao modelo j� existente. Portanto, alternativo significa uma sa�da do comum, um rompimento com padr�es, outro modo de agir, uma vis�o diferente da atual, ir al�m do que � corriqueiro. Nesse sentido, o alternativo est� presente no modo de encarar os conte�dos que vamos desenvolver na Educa��o F�sica Escolar. A utiliza��o do termo alternativo visa incorporar as caracter�sticas, princ�pios e valores das PCA para que a abordagem dos conte�dos tenha um car�ter de contraponto ao que est� �imposto� / �naturalizado�. Com isso, um ensino focado em uma perspectiva alternativa, al�m de buscar proporcionar uma vis�o diferente do que est� imposto, visa desenvolver o di�logo e o companheirismo, possibilita estar e jogar com o semelhante e n�o contra o outro, proporciona a realiza��o de movimentos com intencionalidade, prop�e reflex�es e an�lises sobre suas pr�prias posturas e a��es, enfim, procura construir posturas cr�ticas sobre a necessidade do semelhante, da compaix�o e solidariedade entre as pessoas. Especificamente sobre as PCA, Impolcetto e col. (2013) afirmam que se contrap�em, por princ�pios e defini��o, ao conte�do das pr�ticas �tradicionalizadas� que buscam e promovem valores como a competi��o e a compara��o de desempenhos em detrimento de outros valores relacionados com a busca pela subjetividade, autoconhecimento, sensibiliza��o, expressividade, criatividade, coopera��o, respeito m�tuo; e repudiam a simples manuten��o da forma f�sica e preocupa��o est�tica t�o presentes atualmente entre as pessoas. Impolcetto e col. (2013) refor�am ainda, que as PCA �[...] s�o pr�ticas que proporcionam ao indiv�duo vivenciar seu pr�prio corpo com autonomia, responsabilidade e liberdade� (p. 270) e se caracterizam como alternativas porque possuem objetivos que as pr�ticas �tradicionalizadas� n�o proporcionam, como sensibiliza��o e autoconhecimento, e por se diferenciarem de outros trabalhos de abordagem corporal, no sentido de valorizar o corpo como uma unidade harmoniosa, respeitando seus conflitos e diferen�as. No entendimento de que as PCA podem favorecer o desenvolvimento da consci�ncia corporal dos indiv�duos, Cesana e Souza Neto (2008) afirmam que a consci�ncia corporal evidencia uma �quebra de barreiras� no �mbito corporal, apontando a import�ncia de se desfazer os �preconceitos� com rela��o ao semelhante. E possibilitar a diminui��o dos preconceitos com o corpo, na rela��o entre as pessoas, principalmente na escola, pode auxiliar na conscientiza��o da necessidade e import�ncia do semelhante na vida em sociedade. Nesse sentido, Gaiarsa (2002), enfatiza a necessidade de �abrir os olhos� e come�ar a enxergar o semelhante e a necessidade de ser solid�rio com o mesmo. Alves (2008) enfatiza como caracter�sticas das PCA, o contato corporal que desenvolve confian�a como recurso para reconhecer a import�ncia do semelhante e a responsabilidade na rela��o com o mesmo. Tamb�m nessa �nfase ao contato corporal como princ�pio das PCA, Impolcetto e col. (2013) nos prop�e uma reflex�o sobre a possibilidade de realiza��o de massagens, atividades de relaxamento, atividades para sensibiliza��o dos sentidos, jogos ou brincadeiras interagindo com o pr�prio corpo, com o corpo dos(as) amigos(as) e com o meio ambiente. Impolcetto e col. (2013) refor�am ainda, que al�m dessas possibilidades de viv�ncias, as PCA proporcionam a reflex�o sobre valores como a cidadania, a paz, a coopera��o, a inclus�o, a confian�a, a responsabilidade, entre outros, incorporando atitudes que transitam na esfera do respeito, da a��o compartilhada, da constru��o coletiva das pr�ticas, do entendimento das diferen�as entre as pessoas, possibilitando a constru��o de um pensamento cr�tico perante as rela��es e condutas humanas na vida em sociedade. Ainda caracterizando as PCA, na �tica de Lorenzetto e Matthiesen (2008) as PCA constituem pr�ticas que apresentam princ�pios e valores que possuem o intuito de desenvolver com os(as) envolvidos(as) no processo educativo o equil�brio e percep��o corporal, sensibilidade do corpo, ado��o de atitudes de respeito e responsabilidade, trabalho com a ludicidade e curiosidade, coopera��o, movimentos espont�neos, intera��o social, mover-se a partir do movimento do(a) semelhante e com movimentos lentos e prazerosos oportunizando o contato interpessoal. Estando diretamente ligada �s a��es do corpo, o desenvolvimento das PCA na escola pode possibilitar que os(as) envolvidos(as) no processo educativo aprendam a respeitar e conviver com as diferen�as, valorizando a conviv�ncia entre as pessoas atrav�s de a��es educativas geradoras de reflex�es. Nesse sentido, Impolcetto e col. (2013) ressaltam que as pr�ticas alternativas:
� importante ressaltar que cabe aos professores e professoras, ao desenvolver atividades com caracter�sticas das PCA na Educa��o F�sica Escolar, que tentem relacion�-la ao cotidiano dos(as) educandos(as), levando em conta suas caracter�sticas, necessidades e possibilidades, pois a tentativa de �enquadrar� esta perspectiva, pode n�o contribuir para o desenvolvimento de uma Educa��o F�sica Escolar que prioriza o di�logo e a reflex�o. Com isso, uma proposta de interven��o na escola, deve buscar favorecer uma vis�o diferenciada do que � comumente desenvolvido e o contato com experi�ncias possivelmente ainda n�o vivenciadas, se pautando nas caracter�sticas das PCA. Assim sendo, � poss�vel, inclusive, que os conte�dos �tradicionalizados�, trabalhados na Educa��o F�sica Escolar, incorporem princ�pios e valores mais humanizados. Nesse sentido, entendendo que as Pr�ticas Corporais Alternativas est�o bastante atreladas ao constante contato pessoal, ao reconhecimento corporal, � realiza��o de movimentos com intencionalidade, acreditamos que a��es pautadas em suas caracter�sticas, podem proporcionar algumas discuss�es sobre temas, tais como, padr�es de beleza e atitudes estipulados pelos meios de comunica��o em massa. Assim, compreendendo que discuss�es que abordam estes e outros temas devem estar inseridas no contexto escolar, pois podem gerar reflex�es e posicionamentos cr�ticos, entendemos que essas constru��es s�o melhores desenvolvidas e podem gerar maior contribui��o para a popula��o que mais pode estar inserida neste contexto de informa��es manipuladoras e que est�o passando por um processo de afirma��o e constru��o como seres que pensam, refletem, agem e opinam, ou seja, a popula��o jovem, mais especificamente, os(as) concluintes do Ensino M�dio. Os(as) adolescentes desta idade, segundo Ferreira, Lorenzetto e Darido (2002), s�o marcados por profundas mudan�as biol�gicas, afetivas e cognitivas, mas que n�o devem servir como padr�o para qualificar ou estereotip�-los(as). Ferreira, Lorenzetto e Darido (2002) afirmam ainda, que os(as) adolescentes trazem consigo o desinteresse pelas aulas da Educa��o F�sica, por consequ�ncia dos insucessos vividos nas aulas das s�ries anteriores que, geralmente, foram pautadas em pr�ticas esportivas competitivas e excludentes. Ao sentirem esse desinteresse por uma Educa��o F�sica Escolar que n�o oferece motiva��o, tampouco proporciona mudan�as, os(as) estudantes do Ensino M�dio, muitas vezes, procuram fora da escola suas possibilidades de realizar pr�ticas corporais. Por�m, fora da escola a chance de que essas pr�ticas se assentem em um modelo mais tradicionalizado (com �nfase na competi��o e em resultado est�tico, por exemplo) � maior, al�m de, muitas vezes, estipular aos adolescentes os padr�es de beleza e atitudes a serem seguidos. Dentro do contexto escolar � importante fazer essa an�lise com os(as) alunos(as), refletindo se � mesmo necess�rio acatar essas �imposi��es�. Para auxiliar nesse processo de conscientiza��o, as PCA podem proporcionar o autoconhecimento corporal, possibilitando uma satisfa��o e aceita��o do pr�prio corpo, aprendendo a aproveitar suas qualidades e consequentemente levando-os(as) a a��es ben�ficas, melhorando at� mesmo a autoestima e confian�a pessoal. Esse aux�lio se faz necess�rio principalmente neste n�vel de ensino em que essas influ�ncias parecem estar mais presentes, manipulando as opini�es e atitudes dos(as) adolescentes. As Pr�ticas Corporais Alternativas e a Pedagogia Dial�gica Para o desenvolvimento das PCA na Educa��o F�sica Escolar, no Ensino M�dio, � importante que se distancie de um modelo de exposi��o de informa��es ma�antes ou pautado na mera reprodu��o de movimentos que n�o apresentam sentido e significado para os(as) estudantes. Al�m da apresenta��o de sentido e significado para os(as) educandos(as) � preciso que as a��es auxiliem, de alguma forma, na ado��o de posturas cr�ticas, conscientes e mais humanas, almejando uma democratiza��o das rela��es e invers�o do que se � imposto. Para que as a��es desenvolvidas tenham sentido e significado para os(as) estudantes � preciso que o(a) educador(a) parta das experi�ncias anteriores que os educandos(as) j� possuem e o momento hist�rico-social em que vivem. Essas experi�ncias est�o relacionadas com a leitura de mundo que os(as) educandos(as) j� possuem. Oliveira e col (2009) ressaltam que �[...] � preciso que n�o consideremos as crian�as, os jovens e outros que julgamos menos experientes do que professores(as) e outros educadores(as), como incapazes de fazer a leitura do mundo, isto �, de fatos e atos que observam e vivenciam� (p. 10). Em vista disso, Freire (1992) ressalta que �[...] se o educador ou a educadora n�o conhecerem, respeitarem e colocar em relev�ncia o �saber de experi�ncia feito� dos(as) educandos(as), os(as) mesmos(as) n�o transcender�o� (p. 59). Por�m, partir do saber que os(as) educandos(as) tenham n�o significa ficar girando em torno deste saber. � preciso partir do saber de experi�ncia feito para super�-lo, e n�o apenas ficar nele (FREIRE, 1992). A mera transmiss�o de conte�do, ou a proposi��o de realiza��o de movimentos pr�-estabelecidos e estereotipados n�o auxiliam na considera��o dos saberes de experi�ncia que os(as) estudantes apresentam, n�o contribuindo com a constru��o de conhecimento, tampouco, com o exerc�cio da cidadania. Freire (1992) nos auxilia neste pensamento quando ressalta que a �[...] tarefa do educador ou da educadora seria demasiado f�cil se reduzisse ao ensino dos conte�dos assepticamente �transmitidos� aos educandos. Sujeito desta pr�tica neutra n�o tinha outra coisa a fazer sen�o �transferir conhecimento� tamb�m neutro� (p. 78). Nesse sentido, almejando a transforma��o desta abordagem dos processos educativos, pensando especificamente nas aulas da Educa��o F�sica Escolar, seria interessante que se pautassem em princ�pios dial�gicos, onde h� exposi��o de opini�es, constru��o conjunta de conhecimentos e tarefas, an�lises e reflex�es sobre atitudes e estrat�gias utilizadas. As aulas devem conter desafios, resolu��es de problemas; devem-se oportunizar momentos de cr�tica, an�lise, de constru��o, de cria��o. A diretividade da educadora ou do educador n�o deve interferir de forma restritiva na capacidade criadora, formuladora, indagadora do(a) educando(a). Caso contr�rio, a diretividade necess�ria se converte em manipula��o, em autoritarismo (FREIRE, 1992). O di�logo tem significado, precisamente porque os sujeitos dial�gicos conservam e defendem sua identidade e, assim, crescem em conjunto. Por�m, o di�logo n�o pode converter-se num �bate-papo� desobrigado regido ao gosto do acaso entre professor(a) e educando(a). O ato de ensinar e aprender atrav�s do di�logo s� se torna verdadeiramente poss�vel quando o pensamento cr�tico, inquieto do(a) educador(a) n�o freia a capacidade de criticamente tamb�m pensar ou come�ar a pensar do(a) educando(a). Essa atitude necessita e implica um respeito fundamental dos sujeitos envolvidos, que o autoritarismo rompe ou n�o permite que se construa (FREIRE, 1992). Em rela��o � necess�ria postura cr�tica e consciente, desencadeada pelo di�logo, Fiori (1986) ressalta que a conscientiza��o � op��o e luta. Op��o pelo ser humano e luta por sua desaliena��o e para a transforma��o. A conscientiza��o, enquanto luta pela transforma��o, pode come�ar a ser constru�da na escola a partir de reflex�es e di�logos sobre as imposi��es e a ideologia da cultura dominante e, para isso, as PCA podem ser uma importante ferramenta de aux�lio. A proposi��o, ent�o, � a que o(a) professor(a) de Educa��o F�sica atue de forma transformadora e pensando nisso, � interessante compreendermos que:
Concordando com esse pensamento � poss�vel afirmar que n�s, como educadores(as), ao realizarmos a��es na Educa��o F�sica Escolar, n�o devemos nos preocupar em estipular modelos e padr�es de realiza��o de movimentos, ou nos atentarmos �s atividades em si, sem propor nenhum tipo de an�lise ou reflex�o sobre elas. � preciso buscar propor e alcan�ar objetivos relacionados com o desenvolvimento de valores e atitudes que auxiliem na melhoria e democratiza��o da vida em sociedade. � fundamental que debates, an�lises e discuss�es sejam realizados sobre como e porque tal atividade foi realizada. � necess�rio que os(as) estudantes compreendam e consigam enxergar o porqu� de realizarem tal atividade e como a mesma pode contribuir para que as rela��es envolvidas no processo educativo sejam mais humanas. Complementando este pensamento, Freire (1992) ressalta que �[...] a disciplina n�o pode resultar de um trabalho feito nos alunos pelo professor. Requerendo, embora, a presen�a marcante do professor ou da professora, sua orienta��o, seu est�mulo, sua autoridade, essa disciplina tem de ser constru�da ou assumida pelos alunos� (p. 83). Oliveira e col (2009) ressaltam que �[...] os conhecimentos que nos valorizam t�m de partir de nossa experi�ncia de ser tomados como pessoas inferiores, de resist�ncia, a tentativas reiteradas de destrui��o de nossa integridade� (p. 4). Com isso, acreditamos que a Educa��o F�sica Escolar seja um espa�o no qual esses conhecimentos possam ser valorizados e entendidos como fundamentais para a compreens�o da necessidade e import�ncia do semelhante nas rela��es cotidianas. E para o entendimento dessas compreens�es � interessante que se desenvolva com discentes da Educa��o B�sica a��es alternativas que auxiliem nessas percep��es. Atividades alternativas: exemplos Na sequ�ncia s�o apresentados tr�s exemplos de aulas, ministradas pelo primeiro autor deste trabalho, utilizando princ�pios das Pr�ticas Corporais Alternativas. As tr�s aulas foram realizadas com estudantes do 3� ano do Ensino M�dio de uma Escola Estadual do interior do estado de S�o Paulo, nos meses de abril e maio de 2013.
Inicialmente, ressaltei que a proposta da aula seria a de realizar atividades com uma perspectiva alternativa, mas que vivenciar�amos uma atividade que possivelmente n�o conheciam. Ent�o, propus que todos se posicionassem em colunas em um dos degraus da arquibancada. Em seguida, sinalizei que a posposta seria de atravessarem o espa�o (coluna) que os(as) estudantes formaram. Relacionei essa proposta com a realidade que alguns(umas) alunos(as) enfrentam para irem � escola, que consiste em passar em baixo de uma ponte. Com isso, disse que uma das alunas gostaria de ir at� sua casa e, para isso, deveria atravessar a ponte. Depois afirmei que uma de suas amigas gostaria de acompanh�-la; depois, que outras duas tamb�m iriam. Assim a atividade continuou at� que todos(as) passassem, mas de forma alternada, atravessando em duplas, em trios e quartetos. Foi preciso ressaltar que a inten��o seria de que os(as) discentes auxiliassem na travessia e n�o atrapalhassem, como alguns estavam fazendo. Foi discutida, brevemente, essa quest�o de que devemos auxiliar e n�o atrapalhar as pessoas. Em seguida, ainda com a perspectiva de atravessar a ponte, mas fora da arquibancada, imaginamos que a mesma estaria alagada e que era preciso que o m�ximo de alunos(as) atravessasse o espa�o (da ponte, demarcado na quadra) em tr�s colchonetes. Os alunos constru�ram suas pr�prias estrat�gias e, em duas etapas (primeiro um grupo, depois outro), alcan�aram o objetivo. Em seguida foi dada uma folha de papel para cada estudante e pedido que os(as) mesmos(as) se posicionassem em cima do papel. Imaginamos que muitas pessoas estariam atravessando a ponte e a mesma estaria ficando congestionada, ent�o, era preciso nos organizar, por ordem de data de nascimento, para que pud�ssemos atravessar. A proposta de organiza��o consistia em, estando em c�rculo, os(as) alunos(as) se movimentarem at� seu respectivo lugar de acordo com sua data de nascimento. Para isso, eles(as) deveriam, um por vez, chegar ao seu lugar, colocando o p� nos pap�is das outras pessoas. Como regra, n�o poderia haver mais de tr�s p�s em cada papel. �Jo�o Balan�a� e massagem coletiva No in�cio da aula ressaltei que continuar�amos com o projeto e com a proposta de vivenciar atividades diversificadas com caracter�sticas alternativas. Ent�o, ressaltei que as viv�ncias do dia necessitariam de confian�a entre os(as) estudantes. Curiosos(as) sobre o que precisariam fazer propus que os(as) discentes se dividissem em duplas e ressaltei que um(a) integrante da dupla deveria estar com olhos fechados. Ent�o, delimitei um espa�o e pedi que andassem aleatoriamente por ele e que os(as) alunos(as) que estavam com os olhos abertos guiassem o(a) amigo(a) de olhos fechados por esse espa�o, sem deixar que o(a) mesmo(a) esbarrasse nos(as) outros(as) discentes. Propus que invertessem os pap�is. Em seguida, pedi que os(as) alunos(as) se organizassem em quartetos e que um deles precisaria estar no centro de um c�rculo formado por cada quarteto. Ent�o, ressaltando que a atividade novamente necessitaria da confian�a e da amizade entre os(as) estudantes(as), propus que o(a) estudante do centro fechasse os olhos e, sem mexer as pernas, deixasse seu corpo cair em dire��o aos bra�os de um(a) dos(as) amigos(as). A fun��o dos(as) integrantes do quarteto era de n�o deixar a pessoa do centro cair no ch�o. Foi proposto que todos(as) os(as) estudantes experimentassem as duas fun��es, a de segurar e a deixar o corpo cair. Ao final dessa viv�ncia discutimos sobre como foi ter que confiar no(a) amigo(a) para realizar as atividades. Em seguida, com os(as) alunos(as) posicionados(as) em um �nico c�rculo e divididos(as) em duplas, foi entregue uma bola pequena para cada dupla e perguntado o que seria poss�vel realizar com a bola. Ent�o, uma aluna, sem falar nada, colocou a bola na cabe�a de sua amiga. Com isso, pedi para que todos(as) vissem a proposi��o da aluna e que todos(as) vivenciassem essa proposta. Ent�o, pedi que os(as) discentes manipulassem a bola pelo corpo do(a) amigo(a). Foi proposta a invers�o das fun��es, a mudan�a de duplas e a manuseio da bola em partes do corpo que ainda n�o haviam sido tocadas. Ap�s essa experi�ncia, sugeri que fic�ssemos em c�rculos e sentados de costas uns(umas) para os(as) outros(as) em uma esp�cie de �trenzinho�. Ent�o, foi proposta uma massagem coletiva, inicialmente s� com a ponta dos dedos (na cabe�a, nos bra�os e nas costas do(a) companheiro(a) a frente), depois com as palmas e laterais das m�os, e, em seguida, com os cotovelos e antebra�os. Pedi tamb�m que tentassem alcan�ar lugares que ainda n�o tinha sido massageado. Depois foi proposto que todos(as) invertessem o lado que estavam sentados e, consequentemente, a pessoa que faria e recebia a massagem. Ap�s essa viv�ncia, a aula foi encerrada com uma r�pida discuss�o sobre as impress�es que os(as) discentes tiveram sobre a atividade. Ponte humana Proposi��o de que os(as) alunos(as) se posicionassem a uma boa dist�ncia atr�s de duas cordas que foram colocadas horizontalmente no ch�o tendo uma pequena dist�ncia entre elas. Foi pedido que os(as) estudantes tentassem ultrapassar a dist�ncia das cordas da maneira que conseguirem. Foi feita uma contextualiza��o com a regi�o que os(as) discentes vivem, simulando a poss�vel transposi��o de um riacho que passa pelo local. Ap�s todos(as) terem ultrapassado o obst�culo, a dist�ncia entre as cordas aumentaram, solicitando, mais uma vez, que os(as) alunos(as) tentassem superar o obst�culo, que foi nomeado como �ribeir�o�. Depois disso, a dist�ncia aumentou ainda mais, ficando muito dif�cil de os(as) estudantes conseguirem atravessar o, agora, �rio�, j� que a proposta era de que n�o colocassem os p�s na ��gua� (espa�o entre uma corda e outra). Com a maioria dos(as) discentes n�o conseguiu ultrapassar a dist�ncia com um �nico salto, foi proposto que tentassem faz�-lo em duplas. Visto que ainda n�o era poss�vel, o espa�o foi diminu�do propondo que os(as) alunos(as) tentassem novamente atravessar em duplas, depois em quartetos, octetos at� formar um �nico grupo, em que a proposta era de que todos(as) alcan�assem o mesmo objetivo, ao mesmo tempo. Depois disso, foram colocados colchonetes em todo o espa�o entre as cordas, simulando a �gua do rio. Foi proposto que os(as) estudantes imaginassem que ali havia monstros que gostavam de p�s e, por isso, deveriam encontrar um modo de passar para a outra margem sem encostar os p�s na �gua. Isso fez com que os(as) discentes rolassem, engatinhassem, ajoelhassem, passassem apoiados pelos cotovelos, enfim, proporcionou que os(as) estudantes criassem suas pr�prias formas de realiza��es de movimentos para alcan�ar o objetivo proposto. A mesma tarefa foi proposta para os(as) alunos(as) em duplas e em quartetos. Ap�s isso, foi imaginado que os monstros n�o poderiam alcan�ar dois pares de p�s ao mesmo tempo, ent�o, os(as) adolescentes deveriam encontrar estrat�gias para chegarem � outra margem, estando em duplas, podendo ter apenas dois p�s na ��gua�. Isso fez com os(as) alunos(as) se pendurassem uns(umas) nos(as) outros(as), se carregassem, se abra�assem, enfim, criaram estrat�gias que exigiam bastante contato corporal. Sem que tenha sido proposto por mim, os(as) estudantes procuraram trocar as duplas para realizar as atividades desenvolvidas. Em seguida, perguntei aos(�s) alunos(as) se conseguiam enxergar outras formas para realizarmos essa passagem de um lado a outro da margem. V�rias sugest�es foram propostas. Vivenciamos a de que alguns(umas) alunos(as) deveriam deitar no espa�o entre as cordas, servindo como ponte para outros(as) passarem por cima. Estes(as) alunos(as) passavam pisando, ajoelhados e at� rolando sobre os(as) outros(as). Foi proposto que todos(as) devessem chegar at� o outro lado da margem. Depois disso, refletimos sobre como havia sido a atividade e quais foram as sensa��es de quem pisava e de quem estava sendo pisado. Ap�s essa discuss�o, foi proposta a realiza��o da ponte humana, em que os meninos se posicionaram deitados, com as costas no ch�o e com os bra�os estendidos para o alto. A proposta era de que carregar os(as) outros(as) discentes, que iriam deitar sobre as m�os dos integrantes que formavam a ponte. Foi sinalizado que todos(as) devessem realizar a passagem, inclusive os que eram a ponte. Nova reflex�o foi realizada buscando perceber quais foram as sensa��es de quem carregou e de quem foi carregado(a). Emergiram discuss�es sobre machismo, sobre preconceito, confian�a e respeito. Refer�ncias
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