Quais foram as causas da Conjuração Mineira e da Conjuração Baiana?

A Conjuração Baiana, que ocorreu no final do século XVIII, entre 1798 e 1799, na Capitania da Bahia, também ficou conhecida como Revolta dos Alfaiates porque havia membros importantes desse movimento que exerciam essa profissão. Esse foi mais um movimento de caráter emancipacionista, ou seja, um movimento que lutava pela libertação do Brasil de Portugal.

O contexto desse movimento é importante para entendê-lo. Em 1788 até 1801, quem governou a capitania da Bahia foi Fernando José de Portugal e Castro, mas a população em geral não estava nem um pouco satisfeita com o governo vigente, fervilhando com queixas, pois os preços das mercadorias básicas eram elevados todos os dias. A população passou a realizar saques nos açougues, mercados e vendas no geral, a fim de obter essas mercadorias essenciais.

Cerca de dez anos antes ocorreu a chamada Inconfidência Mineira na região das Minas Gerais e os ideais desse movimento acabaram chegando à capitania da Bahia, sendo amplamente divulgados. Chegaram também ao conhecimento dos moradores da Bahia as ideias iluministas e republicanas das Treze Colônias Inglesas. Eles ficaram sabendo que a revolta das Treze Colônias  deu resultado e agora estavam livres da tirania de sua metrópole, a Inglaterra. Importante ressaltar que essas ideias revolucionárias eram, em sua maior parte, difundidas pela elite cultural da Bahia, reunidas em associações como nas Lojas Maçônicas.

Haviam seis principais motivos de revolta que a Conjuração Baiana adotou e reivindicou que eram: a abolição da escravidão, a proclamação da República, a diminuição dos impostos, a abertura dos portos, o fim do preconceito e o aumento salarial. Foram por esses pontos que os revoltosos lutaram na Bahia. É muito interessante perceber que essa revolta tinha a libertação dos escravos, diferente de outras revoltas como a própria Inconfidência Mineira, proporcionando um governo igualitário, onde todos têm direitos e deveres individuais. Essa e outras ideias foram divulgadas em forma escrita por Luiz Gonzaga das Virgens, que era soldado, e Cipriano Barata. Este último, que foi o principal líder da revolta e era médico e filósofo, tinha grande influência da maçonaria e da própria população já que ele era um conhecido médico dos pobres e estava sempre envolvido em todas as revoltas.

Foi no dia 12 de agosto de 1798 que o movimento estourou. Os membros da revolta estavam distribuindo panfletos sobre o movimentos em frente a igrejas e as ruas da capitania, quando algumas autoridades prenderam essas pessoas. Um dos panfletos que foram distribuídos dizia:

"Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais." (RUY, 1942, p. 68.)

À exemplo do que ocorreu com o movimento da Inconfidência Mineira, os envolvidos na Conjuração Baiana também foram reprimidos e os membros que foram presos acabaram deletando o restante dos envolvidos. Assim, centenas de pessoas foram denunciadas, entre eles militares, funcionários públicos, pessoas da igreja como padres, sendo que quarenta e nove dessas foram presas. No ano seguinte que algumas pessoas importantes do movimento foram enforcadas como o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira, o soldado Luís Gonzaga das Virgens e o mestre alfaiate João de Deus Nascimento. Os seus restos mortais deles foram colocados em praças públicas para servir como exemplo àqueles que lutavam contra a Coroa.

Referências Bibliográficas:

BERTOL, R. Conjuração Baiana de 1798 (Revolta dos Alfaiates) e Biografia de Cipriano Barata. http://www.juraemprosaeverso.com.br/HistoriaDoBrasil/ConjuracaoBaianade1798ETC.htm. Acesso em 21/09/2017.

RUY, Afonso. A primeira revolução social do Brasil. São Paulo: Editora Laemert, 1970, p. 68.

SILVA, Roberto Aguilar M. S. A Maçonaria e a Revolta dos Alfaiates. Link em: http://www.revistaartereal.com.br/wp-content/uploads/2010/07/A-Ma%C3%A7onaria-e-a-Revolta-dos-Alfaiates.pdf Acesso em: 21/09/2017.

A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates foi um movimento político popular ocorrido em Salvador, Bahia, em 1798.

Tinha como objetivos separar a Bahia de Portugal, abolir a escravatura e atender às reivindicações das camadas pobres da população.

É também conhecida como "Conspiração dos Búzios" ou "Revolta dos Alfaiates", por ter como principais líderes os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira.

A Conjuração Baiana foi composta, em sua maioria, por escravizados, negros livres, brancos pobres e mestiços, que exerciam as mais diferentes profissões, como sapateiros, pedreiros, soldados, etc.

Influenciada pela Revolução Francesa e pela Revolução Haitiana, a Conjuração Baiana foi fortemente reprimida. Seus membros foram presos e, em 1799, os líderes do movimento foram condenados à morte ou ao degredo.

Líderes da Conjuração Baiana

Além da liderança exercida pelos alfaiates, o movimento também era encabeçado pelos soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas.

Quais foram as causas da Conjuração Mineira e da Conjuração Baiana?
Os quatro líderes da Conjuração Baiana condenados à morte em 1799. (imagem: Revista Caros Amigos)

A maçonaria exerceu uma forte influência sobre a conjuração, pois os ideais políticos da Revolução Francesa chegavam ao Brasil também por intermédio deste grupo.

A primeira loja maçônica criada na Bahia, Cavaleiros da Luz, contava com a participação de diversos intelectuais que se envolveram na conjuração.

São eles: José da Silva Lisboa, futuro visconde de Cairu; o cirurgião Cipriano Barata, o "médico dos pobres"; o farmacêutico João Ladislau de Figueiredo; o padre Francisco Gomes; o professor de latim Francisco Barreto e o tenente Hermógenes Pantoja, que se reuniam para ler Voltaire, traduzir Rousseau e organizar a conspiração.

Contexto histórico da Conjuração Baiana

Da mesma forma, repercutia na Bahia o movimento chefiado pelo negro alforriado Toussaint Louverture, no Haiti, contra os colonizadores franceses - o primeiro grande levante de escravizados bem sucedidos na história.

Outra causa que levou à revolta foi o fato da população da cidade de Salvador estar em situação de penúria, depois que a capital do Brasil colônia foi transferida para o Rio de Janeiro, em 1763. Afirmou-se a necessidade de fundar na Bahia uma república Democrática, onde não houvesse diferenças sociais e onde todos fossem iguais.

No dia 12 de agosto de 1798, a cidade de Salvador amanheceu coberta de papéis manuscritos pregados aos muros das igrejas. Os panfletos chamavam a população à luta e proclamavam ideias de liberdade, igualdade, fraternidade e República.

Um dos principais dizeres era:

Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos, o tempo em que todos seremos iguais.

Fim da Conjuração Baiana

A distribuição dos panfletos com palavras de ordem levou as autoridades a agir prontamente e reprimir a manifestação. Alguns membros foram presos e forçados a delatar o restante dos participantes.

O governador da Bahia, Fernando José de Portugal e Castro, soube através de uma denúncia feita por Carlos Baltasar da Silveira, que os conspiradores iriam se reunir no Campo de Dique, no dia 25 de agosto.

A ação do governo foi rápida e o coronel Teotônio de Souza foi encarregado de surpreendê-los em flagrante. Diante da aproximação das tropas do governo, alguns conseguiram fugir.

Reprimida a rebelião, as prisões sucederam-se e o movimento foi desarticulado. Foram presas 49 pessoas, das quais três eram mulheres, nove escravizados e outros homens livres que exerciam profissões como alfaiates, barbeiros, soldados, bordadores e pequenos comerciantes.

Os principais envolvidos foram julgados e condenados à morte. No dia 8 de novembro de 1799, um ano e dois meses depois dos acontecimentos, os acusados foram declarados culpados por traição.

Desta maneira, receberam a pena de morte por enforcamento e depois esquartejados: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira. Os corpos foram expostos em diversos locais da cidade de Salvador para servir de exemplo a possíveis subversivos.

Os intelectuais e membros da maçonaria que participaram da conjuração receberam penas mais brandas ou foram absolvidos.

Apesar de seu terrível desfecho, a Conjuração Baiana influenciou outros movimentos como a independência (1822), a Revolta do Malês (1835) e a abolição da escravatura (1888).

Veja também:

  • Inconfidência Mineira
  • Independência do Haiti
  • Abolicionismo
  • Revolta dos Malês
  • Exercícios Brasil colonial

Quais foram as causas da Conjuração Mineira e da Conjuração Baiana?

Juliana Bezerra

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Qual a causa da Conjuração Baiana e mineira?

De fato, as imposições lusitanas e a falta de interesse pelo desenvolvimento da economia interna motivaram mineiros e baianos a conspirar contra o domínio de Portugal. Além disso, essas duas revoltas foram ideologicamente sustentadas pelas noções dos escritos iluministas.

Quais são as causas da Conjuração Mineira?

O motivo principal que resultou na Inconfidência Mineira foi a insatisfação da elite econômica de Minas Gerais com os impostos cobrados pela Coroa portuguesa. A conspiração começou na década de 1780, mas os historiadores não sabem o ano específico em que foi iniciada.

Quais foram as causas e os objetivos da Conjuração Baiana?

A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates foi um movimento político popular ocorrido em Salvador, Bahia, em 1798. Tinha como objetivos separar a Bahia de Portugal, abolir a escravatura e atender às reivindicações das camadas pobres da população.

Quais foram as causas e consequências da Conjuração Mineira?

As principais consequências da Inconfidência Mineira foram: - Todos os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei. - Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a África; e outros uma pena de prisão.