Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)
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No século XV, quando os portugueses se lançaram ao mar nas grandes navegações, o continente africano já era entendido como território a ser explorado. Ao fazer o périplo africano durante o século XVI os portugueses passaram explorar não só matérias primas, mas também mão-de-obra escravizada, dando início ao comércio triangular com as colônias europeias na América.
Estas formas de exploração do continente africano duraram até 1885, quando os países europeus passam a exercer controle político das regiões africanas partilhando-os em colônias. Em 1830 missionários e exploradores adentram no continente com a finalidade de “salvar as almas selvagens”, mascarando pela religiosidade que a verdadeira intenção era a da conquista da África pela Europa. Os missionários tinham como intensão construir cidades aos moldes europeus, desrespeitando as culturas locais. Além disso prepararam os nativos para o cultivo dos produtos de exportação, incentivando o trabalho livre e denunciando a escravidão. Estes missionários estavam seguindo a propaganda inglesa da época. Os exploradores foram responsáveis por transmitir aos europeus os eixos de acesso ao centro do continente, colocando nos mapas europeus, por exemplo, a nascente do Rio Nilo; as descobertas do Rio Níger (com cerca de 4.200 quilômetros na região da África Ocidental) e do Rio Zambeze (com aproximadamente 2.700 quilômetros, unindo a costa Atlântica à costa Índica). A descoberta deste rio fez com que os portugueses sonhassem em ter um território que ligasse a parte atlântica africana, Angola, e a parte índica, Moçambique, que resultaria no mapa “cor-de-rosa”. Este projeto teve início com as incursões do Major Serpa Pinto entre 1877-1879. Estes empreendimentos ajudaram a acelerar os processos da partilha do continente africano pelas potências europeias.
A partilha da África foi um dos períodos mais violentos da História Contemporânea e existiram quatro motivos principais que levaram os países europeus a realizarem, de fato, os planos de partilhar o continente, concretizados na Conferência de Berlim (1884-1885).
O segundo motivo, foi a tentativa dos portugueses de colocarem em prática o projeto do “mapa cor-de-rosa”, que foi anunciado em 1883, estabelecendo o que seria uma província “Angolomoçambicana”. O terceiro motivo foi a política expansionista crescente dos franceses, que tentavam assumir o controle de partes do Norte da África. O quarto motivo, foi a intenção da Grã-Bretanha de dominar do Cairo (Egito) ao Cabo (África do Sul), além de se interessar por uma política de livre comércio e navegação nas bacias do Rio Níger e do Congo.
Foi então que França, Grã-Bretanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Áustria-Hungria, Países Baixos, Dinamarca, Suécia e Noruega, Turquia e EUA assinaram a ata da Conferência de Berlim em 1885, com o objetivo de assegurar as vantagens de livre navegação e o livre comércio sobre os principais rios africanos que desaguam no Atlântico e delimitaram os novos territórios africanos para cada país. É necessário entender que os povos africanos não aceitaram de forma passiva, e é importante pensar esses povos como múltiplos, e múltiplas foram as suas reações, sejam elas favoráveis ou contrárias, as resistências à partilha da África foram diversas.
Leia também:
- Colonização britânica na África
- Colonização italiana na África
- Colonização portuguesa na África
- Colonização espanhola na África
- Colonização francesa na África
Referência:
HERNANDEZ, Leila M. G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. 3. ed. São Paulo: Selo Negro, 2008
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/
O continente africano é palco de uma série de conflitos, consequência da intervenção colonialista, principalmente no fim do século XIX e início do século XX. Esse processo de intervenção interferiu diretamente nas condições políticas, econômicas e sociais da população africana.
A divisão territorial do continente teve como critério apenas os interesses dos colonizadores europeus, desprezando as diferenças étnicas e culturais da população local. Diversas comunidades, muitas vezes rivais, que historicamente viviam em conflito, foram colocadas em um mesmo território, enquanto grupos de uma mesma etnia foram separados.
Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um intenso processo de independência das nações africanas. Porém, novos países se formaram sobre a mesma base territorial construída pelos colonizadores europeus, desrespeitando a cultura e a história das comunidades, consequentemente inúmeros conflitos étnicos pela disputa de poder foram desencadeados no interior desses países.
Outro fator agravante para o surgimento desses conflitos na África se refere ao baixo nível socioeconômico de muitos países e à instalação de governos ditatoriais. Durante a Guerra Fria, que envolveu os Estados Unidos e a União Soviética, ocorreu o financiamento de armamentos para os países africanos, fornecendo aparato técnico e financeiro para os distintos grupos de guerrilheiros, que muitas vezes possuíam – e ainda possuem – crianças que são forçadas, através de uma manipulação ideológica, a odiarem os diferentes grupos étnicos.
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A participação de crianças nos conflitos armados
São vários os conflitos no continente africano; o que é pior, muitos deles estão longe de um processo de pacificação. A maioria é motivada por diferenças étnicas, é o que acontece em Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália, por exemplo. Outros por disputas territoriais como Serra Leoa, Somália e Etiópia; questões religiosas também geram conflitos, é o que acontece na Argélia e no Sudão. Além de tantas políticas ditatoriais instaladas, a que teve maior repercussão foi o apartheid na África do Sul – política de segregação racial que foi oficializada em 1948, com a chegada ao poder do Novo Partido Nacional (NNP). O apartheid não permitia o acesso dos negros às urnas, além de não poderem adquirir terras na maior parte do país, obrigando os negros a viverem em zonas residenciais segregadas, uma espécie de confinamento geográfico.
Deve-se haver a intervenção de organismos internacionais para que esse e outros problemas do continente africano (aids, fome, economia, saúde, etc.) sejam amenizados, pois esse processo é consequência das políticas colonialistas dos países desenvolvidos, que após sugarem a riqueza desse povo, abandonaram o continente, deixando uma verdadeira mazela.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia