Quais foram os últimos governadores de São Paulo?

"Anuncio minha desfiliação do PSDB após 22 anos no partido. Inspirado na social-democracia e em nomes como Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC [o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso], cumpri minha missão política partidária pautado na excelência da gestão pública e em uma sociedade mais justa e menos desigual", disse em sua conta no Twitter.

Publicação em que Doria anuncia saída do PSDB — Foto: Reprodução

No mesmo dia em seu deixou a disputa pelo Palácio do Planalto e se distanciou da política, Doria disse que não deixaria o PSDB. "Eu não mudei de partido, não mudo de partido e não vou mudar de partido", disse na ocasião.

O ex-governador João Dória, durante votação em zona eleitoral na cidade de São Paulo (SP), neste domingo (2) — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

No final de março, o ex-governador de São Paulo chegou a ameaçar desistência de sua pré-candidatura, mas voltou atrás e fez o lançamento no mesmo dia. O movimento foi lido como uma espécie de contra-ataque aos apoiadores de Leite.

Vida política

Hoje vice-presidente na chapa presidencial de Lula (PT), Geraldo Alckmin apadrinhou politicamente João Doria no PSDB e articulou sua possibilidade de concorrer à Prefeitura, ao vencer tucanos com maior bagagem na sigla, como Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli.

Geraldo Alckmin (à esq.), então governador de SP, e João Doria, prefeito da capital, durante evento em 2017 — Foto: Alexandre Carvalho/Governo de SP

O governador João Doria teve entre suas ações a parceria com o laboratório Sinovac, da China, para a produção de uma vacina contra a pandemia de Covid-19. A Coronavac foi a primeira vacina utilizada na imunização da população brasileira a partir de 17 de janeiro de 2021, quando a enfermeira negra Mônica Calazans, de 54 anos, moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, recebeu o primeiro imunizante.

Até o início da vacinação, Doria entrou em disputa política com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que o acusava de implementar a política do "fique em casa" junto de outros governadores durante a pandemia. Bolsonaro repete em sua propaganda à reeleição o discurso de que ações de governadores interferiram na economia nacional e que ele não pôde atuar na pandemia.

Quem é João Doria

Paulistano, Doria nasceu em 16 de dezembro de 1957, filho do publicitário e ex-deputado federal João Doria e de Maria Sylvia Vieira de Morais Dias Doria.

Logo após o golpe militar em 1964, seu pai, publicitário e marqueteiro político, que se elegera deputado federal teve o mandato cassado, o que fez com que a família se exilasse em Paris por 2 anos.

João Doria ao lado da enfermeira Mônica Calazans, primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 no Brasil — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

De volta ao Brasil, a mãe de Doria instalou uma fábrica de fraldas em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo e Doria foi estudar na Escola Estadual Professora Marina Cintra, na rua da Consolação.

Em 1970, aos 13 anos, Doria começou a ajudar sua mãe na fábrica. Mais tarde, por meio das relações do pai, conseguiu um estágio em um departamento de Rádio, TV e Cinema de uma agência de propaganda.

Doria fez faculdade de Comunicação Social na FAAP e logo assumiu uma diretoria na antiga TV Tupi. Depois, tornou-se diretor na Rede Bandeirantes e ficou à frente da MPM, maior agência de propaganda do país na década de 80.

Doria é casado com a artista plástica Bia Doria e tem três filhos. Ele tem dois livros lançados: “Sucesso com Estilo” e “Lições para Vencer”.

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Sua marca está no Grupo Doria, grupo de Comunicação e Marketing composto por seis empresas: DoriaAdministração de Bens, Doria Editora, Doria Eventos, Doria Internacional, Doria Marketing & Imagem e LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).

Também atuou como Publisher da Doria Editora que publica 18 revistas segmentadas voltadas para empresários e o público de classe A, entre elas: LIDE, Caviar LifeStyle, Gabriel, Meeting & Negócios, Mulheres líderes e Oscar.

O PSDB comanda o estado de São Paulo desde 1995, quando Mário Covas tomou posse como governador em 1º de janeiro daquele ano. De lá para cá, se passaram quase 28 anos, e o PSDB teve seis diferentes governadores no estado, em oito mandatos consecutivos.

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A exceção foi nos anos de 2006 e 2018, quando Geraldo Alckmin deixou o Palácio dos Bandeirantes para concorrer à Presidência da República por duas vezes e assumiram no lugar dele os respectivos vices de chapa: Cláudio Lembo (no então PFL) e Márcio França (PSB). Juntos, os dois tiveram apenas 16 meses de mandato, conforme abaixo:

Os seis governadores do PSDB em SP: Mário Covas, Geraldo Alckmin, José Serra, Alberto Goldman, João Doria e Rodrigo Garcia. — Foto: Montagem/g1

Governadores de SP nos últimos 28 anos

Nome do governador Período de mandato
Mário Covas (PSDB) – primeiro mandato de 1º/01/1995 a 1º/01/1999
Mário Covas (PSDB) – segundo mandato de 1º/01/1999 a 6/03/2001 (morreu em 6 de março de 2001)
Geraldo Alckmin (PSDB) - primeiro mandato de 6/03/2001 a 1º/01/2003
Geraldo Alckmin (PSDB) - segundo mandato de 1º/01/2003 a 31/03/2006
Claudio Lembo (PFL) de 31/03/2006 a 1º/01/2007 (8 meses de mandato)
José Serra (PSDB) de 1º/01/2007 a 2/04/2010 (renunciou para disputar a Presidência da República)
Alberto Goldman (PSDB) de 2/04/2010 a 1º/01/2011 (8 meses de mandato)
Geraldo Alckmin (PSDB) - terceiro mandato de 1º/01/2011 a 1º/01/2015
Geraldo Alckmin (PSDB) - quarto mandato de 1º/01/2015 a 6/04/2018 (renunciou para disputar a Presidência da República)
Márcio França (PSB) de 6/04/2018 a 1º/01/2019 (8 meses de mandato)
João Doria (PSDB) de 1º/01/2019 a 31/03/2022 (renunciou para disputar a Presidência da República)
Rodrigo Garcia (PSDB) de 1º/04/2022 até 1º/01/2023

Rodrigo Garcia ‘neotucano’

Como Doria deixou o Palácio dos Bandeirantes com alta rejeição, Rodrigo dedicou a campanha a dizer que era um candidato independente e estava disputando "sem padrinhos", para evitar que a polarização nacional entre lulistas e bolsonaristas migrasse para o estado de São Paulo.

O governador de São Paulo, João Doria, ao lado do vice, Rodrigo Garcia, e do ex-secretário Alexandre Baldi. — Foto: Secom/GESP

A estratégia, como se vê, não teve sucesso. Rodrigo conquistou menos de 20% dos votos válidos neste domingo (2), deixando o PSDB de fora do segundo turno no estado pela primeira vez depois de quase 30 anos.

Nas últimas três décadas, São Paulo era tido como a “fortaleza do PSDB” no Brasil, sendo berço da fundação e das grandes lideranças históricas da legenda, como Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas.

O cientista político Cláudio Gonçalves Couto, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que a perda do “tucanistão” - como era chamado o estado de São Paulo no meio político pelos adversários - se deu por uma “série de equívocos” do partido desde a eleição presidencial de 2014.

“A perda do ‘tucanistão’, como os adversários apelidaram, se deu por uma série de equívocos e traições que desgastaram o partido no cenário nacional. A começar pela contestação das eleições de 2014 por Aécio Neves, passando pela traição de João Doria a Geraldo Alckmin em 2018 e a forma como o próprio Doria negociou com os outros diretórios do partido no Brasil para ganhar as prévias internas”, afirmou.

“Esses equívocos levaram não apenas à saída de lideranças importantes do partido, mas também à diminuição da bancada da legenda no Congresso Nacional. E isso reduziu a influência do PSDB na política nacional”, completou.

“A própria escolha de Rodrigo Garcia para concorrer ao governo de São Paulo, no lugar de um tucano histórico e identificado com o partido, pode ser considerada um equívoco. Até ontem, o Rodrigo era do DEM e migrou para o PSDB numa negociação do Doria para concorrer à Presidência. Rodrigo é um neófito no ninho tucano, com pouca identificação com nomes históricos da sigla”, afirmou.

Rodrigo Garcia (PSDB) durante evento de campanha em igreja de São Paulo em setembro de 2022. — Foto: Divulgação

Mudança de influência para o Sul

Caso Leite vença o pleito no 2º turno, os especialistas ouvidos pelo g1 apontam que o eixo político do partido se deslocará para o Sul do país, com o governador gaúcho despontando como eventual candidato ao Planalto em 2026.

“Apesar de ser um partido de alma pura paulista, onde as decisões dos últimos anos partiram justamente de São Paulo, com Fernando Henrique, Covas, Alckmin, Serra, acho que a perda do estado mais importante vai deslocar essa órbita de influência da legenda para o Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite. Mas é preciso saber qual o tamanho do PSDB que vai sair das urnas. Se a bancada se reduzir ainda mais, a influência nacional vai na mesma direção, e o partido vai ter dificuldade de conseguir dar as cartas em 2026 para uma candidatura nacional própria”, afirmou Claudio Couto.

O ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), junto com ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, no Palácio dos Bandeirantes. — Foto: Secom/GESP

“O PSDB talvez veja a maior vítima do movimento antipolítica que foi criado a partir da Lava Jato, que acirrou os ânimos no Brasil e deu fôlego a uma extrema direita raivosa, escanteando legendas mais moderadas. Veja que os partidos do Centrão foram fortalecidos com essa polarização, assim como o PT, que se fortalece com a eleição de Lula e de outros governadores no Nordeste”, disse Couto.

Quem foram os governadores de São Paulo?

Rodrigo Garcia, 48 anos, advogado e empreendedor, nasceu em Tanabi (SP).

Quem era o governador de São Paulo em 2006?

Em 6 de março de 2001 assumiu o Governo do Estado. Geraldo Alckmin foi reeleito governador do Estado de São Paulo, para o mandato de 2003-2006, com mais de 12 milhões de votos.

Quais os nomes dos governadores do Brasil?

Lista de governadores das unidades federativas do Brasil (2019–2023).

Quem são os atuais governadores?

Atuais governadores.