Atualmente a obesidade é considerada como um dos maiores problemas de saúde pública a nível mundial, é a mais importante desordem nutricional devido ao aumento da sua incidência. Show TENDÊNCIA DA OBESIDADE EM PORTUGAL A prevalência de obesidade estimada para a população portuguesa é das mais elevadas a nível Europeu. Mais de metade dos portugueses está acima do peso considerado normal e cerca de um milhão de pessoas são obesas (Antunes et al, 2015). Portugal ocupa o quarto lugar dos países da OCDE com a população mais obesa (o último relatório Health at a Glance da OCDE indica que 67,6% da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa). A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a Obesidade como Doença Crónica, que pode atingir homens e mulheres de todas as idades e requer estratégias de longa duração para a sua prevenção. Segundo a OMS a maior parte da população mundial vive em países onde o sobrepeso e a obesidade chegam a matar mais pessoas do que o baixo peso. O DIAGNOSTICO Um indicador prático para diagnosticar a obesidade ou a magreza excessiva é o índice de massa corporal (IMC), obtido a partir da relação entre peso (kg) e altura (m)2 dos indivíduos. Através deste parâmetro, são considerados obesos os indivíduos cujo IMC se encontra num valor igual ou superior a 30 kg/m2. No entanto é de realçar que não há peso ideal, o IMC ajuda-nos a posicionar na escala e a tomarmos consciência da nossa situação. Existem indivíduos com o mesmo IMC mas com grau de gordura ou massa muscular diferente. . . A obesidade acarreta enormes custos não só para a para a saúde do indivíduos mas também para a economia das sociedades. OBESIDADE, UM CUSTO ELEVADO PARA A SAÚDE O excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde. A obesidade potencia uma morte lenta e silenciosa (Bento, 2020), reduz a esperança de vida e o tempo de vida saudável promovendo ainda a morte por outras causas e o desenvolvimento e/ou agravamento de outras patologias como:
DOENÇA OSTEOARTICULAR O impacto do excesso de peso/obesidade afeta principalmente as articulações que sofrem mais carga, joelhos, tornozelos e coluna lombar. A osteoartrite é uma doença degenerativa e de alta prevalência e que surge de forma cada vez mais precoce, é caracterizada por degeneração da cartilagem articular, dor e rigidez à movimentação e leva a incapacidade. Um dos principais fatores de risco para esta doença é a obesidade, a Osteoartrite do joelho causa dor e pode causar dificuldades na locomoção. As alterações na cartilagem do joelho e o alargamento do osso tibial são as principais mudanças estruturais associadas ao aumento do IMC principalmente nas mulheres (Freitas, Lamounier e Santos, n.d.) “Uma percentagem grande dos doentes que operamos aos joelhos tem excesso de peso” (Brenha, 2020) MUITAS CAUSAS, UM JULGAMENTO Obesidade é sinónimo de excesso de tecido adiposo (gordura) em relação à massa magra (músculo, ossos e órgãos) (Miguel, 2005). Este excesso advém de consecutivos balanços energéticos positivos, neste caso a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade despendida. Energia armazenada em gordura = Energia ingerida – Energia despendida Quando há uma perda intencional de peso e esta é mantida a longo prazo, observam-se benefícios na saúde em geral, na melhoria das doenças crónicas, na qualidade de vida e na diminuição da mortalidade. O factor que está presente em todas as pessoas que perdem massa corporal e massa gorda é o deficit calorico. A obesidade é influenciada por fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. O tratamento da obesidade obriga a esforços continuados e multidisciplinares, onde se devem incluir médicos, profissionais do exercício físico, nutricionistas e psicólogos. Treino de força – Treine de forma inteligente A prática regular de atividade física, particularmente o treino de força (TF), quando realizado de forma adequada, aliado a uma alimentação saudável proporciona uma diminuição da percentagem de gordura corporal de forma segura e garante um aumento ou conservação da massa magra. Reconhece-se o TF como um importante aliado na promoção de benefícios para a saúde. Altos níveis de força muscular parecem estar relacionados com a diminuição da prevalência da sindrome metabólica (Guttieres e Martins, 2008). A literatura científica indica que o TF é importante na manutenção da massa muscular no processo de perda da massa gorda. De acordo com últimos estudos o treino de resistência combinado com dieta diminui a gordura corporal enquanto preserva a massa magra, os resultados são maximizados quando se junta treino de resistência + dieta, comparativamente a só treino de resistência ou só dieta (Aragon, 2017). Com o TF podemos obter modificações agudas e crônicas no gasto energético total (GET). O GET é composto pelo metabolismo de repouso (MR), termogénese induzida pela alimentação e atividade física. O MR é afetado pelo sexo, idade, estado nutricional e endócrino, e pela composição corporal. A atividade física é a componente mais variável do GET, podendo ser aumentada em dez vezes em relação à taxa metabólica de repouso (Guttieres e Marins, 2008). Alguns estudos indicam que o TF contribui para a melhoria da homeostase da glicose sanguínea, exercendo um papel fundamental no controlo da diabetes mellitus, assim como age positivamente sobre o perfil lipídico e na redução da pressão arterial promovendo a secreção de substancias vasodilatoras e, além disso, parece ser um componente valioso para a formação de microcirculação na musculatura exercitada. (Guttieres e Martins, 2008). Exercício Físico Seguro e Controlado É de salientar a importância de um treino altamente individualizado para cada cliente, só o exercício adequado para cada individuo pode ser seguro, eficaz e eficiente. Como ponto de partida é importante saber-se das co-morbilidades associadas, pesar e medir o perímetro abdominal, mas depois é determinante uma avaliação que permita aferir a disponibilidade articular e o controlo neuromuscular. Treino com este tipo de populações e com estes objetivos não são possíveis de concretizar através do fitness massivo e de receitas e protocolos aplicados de forma aleatória. Pegando nas palavras de Tom Purvis (RTS) “Todo e exercício é inapropriado… a não ser que seja baseado no conhecimento do corpo!” Exercícios efetuados de forma incorreta podem produzir uma resposta endócrina contraproducente, com consequências fisiológicas negativas. Por si só o impacto do excesso de peso sobre as articulações já é prejudicial, é então primordial que o exercício físico seja realizado de forma segura e controlada afastando-se de algumas prescrições de treinos de alta intensidade e impacto, não sustentáveis pela literatura científica, e que podem não conseguir preservar a estrutura e função articular dos praticantes levando depois a períodos de inatividade ainda maiores devido a lesão. O treinador deve ter a capacidade de provocar adaptações fisiológicas positivas com vista a melhorias metabólicas e também neuro-musculo-articulares. É importante ter conhecimento do funcionamento do corpo e da física, para construir cada exercício de acordo com as idiossincrasias dos clientes. O treinador deverá centra-se na melhoria da saúde dos clientes através de obtenção uma ótima contração muscular e esperar que como consequência, o objectivo de perda de massa gorda seja atingido, não esquecendo que a causa multifactorial da obesidade, confere-lhe uma abordagem pluridisciplinar. Reflexão Final É com profissionais cada vez mais qualificados que é possível associar o treino de força à saúde. O treino de força é sem dúvida essencial na luta contra o excesso de peso e obesidade, traduzindo-se numa grande melhoria na qualidade de vida das pessoas, conseguindo atenuar os sintomas negativos provocados pela obesidade. Está ao nosso alcance prevenir a obesidade através da adoção de um estilo de vida saudável, da prática de bons hábitos alimentares e da prática de exercício físico. E juntos venceremos o excesso de peso. Bibliografia
Qual o benefícios da atividade física na obesidade?A importância da atividade física na perda de peso vai muito além da queima de calorias, pois repercute na saúde de forma global. Promove melhora na condição física e no funcionamento biológico, reduz o estresse, melhora o humor e diminui o risco de doenças cardiovasculares.
Qual a importância da atividade física para a obesidade e os transtornos alimentares?Quanto aos pacientes com transtorno alimentar, a atividade física atua principalmente no aspecto psicológico, melhorando a autoestima e autoimagem. O programa de exercícios deve englobar flexibilidade, força, postura, atividades em grupo e exercícios, preferencialmente, aeróbicos, de intensidade moderada.
Quais são os benefícios da prática de atividade física?Entre eles, está controlar o peso, diminuir riscos de desenvolver doenças crônicas (como diabetes, hipertensão, depressão, doenças cardiovasculares) ou atenuar seus sintomas, gerar o fortalecimento muscular e aumentar a sensação de bem-estar. Assim você estará equilibrando sua saúde física e mental.
Qual o resultado da atividade física para pessoas sedentárias e com obesidade?Além disto, a atividade física está associada com a melhora do perfil lipídico e diminuição de risco de doenças associadas à obesidade como diabetes, hipertensão, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares e como conseqüência, menor risco de morte (MATSUDO & MATSUDO, 2006).
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