O preparo e a administração de medicamentos acontecem de maneira comum e corriqueira na vida dos enfermeiros de clínicas, hospitais, postos de saúde e vários lugares da área da saúde. É uma atividade que exige muito conhecimento e cuidado porque o erro pode ser fatal.
De modo inicial, saiba que as dicas dessa matéria se relacionam com os 9 Certos da Enfermagem. E você também vai ver uma dúvida que é comum nessa área: o papel de cada um dos profissionais da equipe de enfermagem.
As dicas sobre o preparo e a administração de medicamentos
A partir de informações da Joint Commission on Accreditaion of Healthcare Organizations (JCAHO) existem cinco processos para que aconteça a administração de medicamentos em pacientes.
São eles: a seleção, a prescrição, o preparo, a administração do remédio e o monitoramento do paciente com relação aos efeitos do remédio. Logo, a seleção e a prescrição são feitas por médicos, enquanto que todas as próximas etapas ficam na função da equipe de enfermagem.
A partir do próximo tópico, saiba mais sobre as etapas centrais do processo: preparo e administração dos medicamentos.
1 – As vias
A administração de um medicamento pode acontecer por diversas vias, o que vai depender da identificação correta e indicação para cada paciente. Além dos dados dele, também importam o tipo de medicamento, a dose, a posologia, a característica e muito mais.
A via oral é a mais conhecida das vias de administração de medicamentos. Acontece quando o remédio é ingerido pela boca. Nessas situações, as formas farmacêuticas podem ser através de medicamentos sólidos (comprimidos, cápsulas ou pílulas), além de líquidos (soluções e suspensões).
Existe a via sublingual, sendo mais comum para tratamentos de emergência, como em crises hipertensivas. Os comprimidos são introduzidos abaixo da língua e em pacientes conscientes. A ação farmacológica é rápida, porém, não é um tratamento convencional.
Também existe a via nasal como opção de administração de medicamentos. Assim, o remédio é introduzido via narinas com auxílio de conta-gotas. Situação parecida com a via ocular e via auricular.
As administrações de medicamentos que exigem muito cuidado com a privacidade do paciente é por via retal e via vaginal. Essas situações podem permitir que os próprios pacientes façam a introdução do medicamento sem auxílio da enfermagem.
Outra possibilidade é a via parenteral, que acontece fora do trato gastrointestinal, sendo que exige ainda mais conhecimento do profissional da enfermagem. Pode acontecer através da via endovenosa, intramuscular, subcutânea e intradérmica. Em todos esses casos, tem a ver com o uso de agulhas específicas. Veja os detalhes!
As vias de administração de medicamentos parenterais
A via endovenosa acontece quando o medicamento tem aplicação na veia do paciente ou em acessos de equipamentos. É para casos emergenciais e aplicações de grande volume de substâncias. Os mais comuns são antibióticos e aminas vasoativas.
A via intramuscular é que tem a agulha sendo introduzida na região muscular, sendo comum nas nádegas e no músculo deltoide. É para quando se tem pouco volume de substância, mas com ação rápida para chegar até a circulação sistêmica. Exemplos são contraceptivos.
A via intradérmica é destinada a aplicação na região da derme. Nesse caso, abaixo do tecido epidérmico. É comum nos testes de sensibilidade a substâncias ou para tratamentos de infecções. Ele também pode ser subcutâneo, como na aplicação de insulina.
2 – As regras gerais
Para trazer as regras gerais para a administração de medicamentos aos enfermeiros, muitos autores e instituições (como a NCC MERP – The National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention) mencionam a prevenção de erros de medicação.
Assim, a ideia é que a equipe de enfermagem esteja preparada para realizar os processos de maneira compatível e correta, evitando erros de administração de medicamentos.
A partir disso, conselhos regionais e até mesmo hospitais colocaram em prática os 9 Certos da administração de medicamentos, que vem recomendação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).
O Paciente Certo é para identificar o paciente. A Medicação Certa serve para conferir a prescrição médica do remédio. A Dosagem Certa tem relação com a conferência da dosagem indicada. O Via Certa é levando em conta as vias de administração de medicamentos, como vimos acima.
Tem ainda a do Horário Certo, para que se tenha atenção com o período do fármaco. O Registro Certo é para envolver procedimentos, permitindo a segurança ao dar continuidade no tratamento. Tem a Abordagem Certa, permitindo que o paciente tenha explicações sobre as medicações.
Os dois últimos Certos são: a Forma Farmacêutica Certa, que pode alterar o tipo de medicação ou aplicação dependendo das condições do paciente e o Monitoramento Certo, que tem a função de avaliar as respostas do paciente.
A conclusão é que cada um dos Certos deve funcionar de modo efetivo para evitar os eventos indesejados na relação enfermeiro-paciente. Consequentemente, são as regras gerais para a administração de medicamentos mais conhecidas da atualidade.
3 – A função do técnico de enfermagem
O último tópico desse conteúdo sobre o preparo e administração de medicamentos entra como uma curiosidade porque existem muitas dúvidas entre as funções dos profissionais da enfermagem.
O enfermeiro é o profissional que cursa enfermagem. Ele é bacharel em enfermagem. Assim, tem uma graduação de 5 anos. O enfermeiro pode atuar em todos os níveis de atendimento, especialmente em casos de gravidade clínica.
O técnico em enfermagem também faz parte da equipe de enfermagem. Ele tem uma formação que dura 2 anos. O foco está no cuidado com os pacientes, sendo que sempre é supervisionado por um enfermeiro.
O auxiliar de enfermagem tem um curso de duração que também vai até 2 anos. Ele trabalha em procedimentos mais simples, como os ambulatoriais. E também recebe a supervisão de um enfermeiro.
Com base na Lei 7.498/86, a administração de medicamentos pode ser feita por todo e qualquer profissional habilitado e inscrito no Conselho Regional de Enfermagem (como auxiliares e técnicos de enfermagem), desde que supervisionados por enfermeiros.
Desse modo, a função do técnico de enfermagem na administração de medicamentos, assim como do auxiliar de enfermagem, é a de seguir os Certos que mencionamos acima para que se evite erros e dê continuidade a um processo clínico focado nos pacientes.
O armazenamento correto do medicamento
Nesses Certos que vimos acima, também é importante ressaltar que, conforme o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, os profissionais da equipe de enfermagem devem ter conhecimento prévio sobre os medicamentos a serem preparados. Veja esse trecho:
“Reconhecer os nomes, respostas esperadas, possíveis efeitos colaterais ou secundários, reações adversas, vias de administração, necessidade de diluição e ou reconstituição, associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis, necessidade de armazenamento em refrigeração”.
Para saber mais sobre o armazenamento de medicamentos, leia essas matérias:
- Saiba como armazenar os medicamentos termolábeis
- Como você tem feito o armazenamento de medicamentos sensíveis?
- 7 erros que você pode estar cometendo no armazenamento de medicamentos
Boa leitura!