Quais os problemas encontrados na defesa e na segurança das fronteiras brasileiras?

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), mantido pelas Forças Armadas, pode se tornar obsoleto antes mesmo de ser totalmente implantado, por conta da falta de recursos. O alerta foi feito nesta terça-feira (9) pelo chefe do escritório de projetos do Exército, general de divisão Ivan Ferreira Neiva Filho, em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) que discutiu o projeto.

O objetivo do Sisfron é fortalecer a presença do Estado nas fronteiras, contribuindo para o combate ao tráfico de drogas, pessoas e armas, por exemplo. Com o uso da tecnologia, o sistema ajuda o Exército no acompanhamento de rotas do crime e também de situações de calamidade.

Iniciado em 2012, com orçamento inicial de R$ 12 bilhões, o Sisfron só recebeu R$2 bilhões até agora. Até dezembro deste ano estão previstos R$ 220 milhões para o projeto. A limitação orçamentária, além de impedir o avanço do programa, pode quebrar o sistema, de acordo com o general Ivan.

— Das nove fases do programa, temos apenas a primeira [completa] e parte da estrutura seguinte implantadas. A falta de recursos nos obrigou a fazer um remanejamento e adiar a entrega dessa solução importante para o país para 2035, o que poderá, inclusive, torná-la antiquada — lamentou.

Para o general, a relação custo-benefício do Sisfron é clara. Ivan garantiu que, além de se pagar com a contribuição para a diminuição da criminalidade no Brasil, o sistema se paga novamente por meio do fomento à cadeia econômica e da geração de empregos no país. Ele explicou que diversas empresas nacionais são incentivadas pelo programa, por meio do desenvolvimento de tecnologias que ajudam a gerar renda para a população.

— E o retorno sobre esses investimentos é ainda maior quando conseguimos reduzir ainda mais a violência no país — comentou.

O Brasil tem quase 17 mil quilômetros de fronteiras, onde a presença do Estado, segundo o general, precisa ser reforçada. Ele disse que, em algumas áreas, o governo só está presente por meio da ação das Forças Armadas, mas a presença humana ainda é feita de forma simplificada, em pequenas embarcações. “O mesmo modelo português do século 16”, comparou.

— O Sisfron está mudando esse paradigma ao introduzir o controle das fronteiras para a área digital. É um instrumento que agrega à presença humana sensores e meios de comunicação de alta tecnologia que amplificam a atuação do homem nessa proteção contra o narcotráfico e outros crimes que ultrapassam as fronteiras.

Expansão

Diretor do Departamento de Tecnologia da Informação (Depti), o general de Brigada Sérgio Luiz Goulart Duarte explicou que a expansão da primeira parte do Sisfron contempla a fronteira do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e parte do Pantanal com a Bolívia. A segunda fase está evoluindo, ao mesmo tempo, na região Sul, nos limites do Paraná e de Santa Catarina com o Paraguai, e, no Norte, na divisa do Amazonas com a Colômbia e o Peru.

Duarte ressaltou que o Sisfron ajuda a integrar órgãos como Polícia Federal e Receita Federal, por meio de ações de inteligência para combate ao crime organizado. Ele pediu apoio aos senadores para a extensão do sistema, afirmando que o controle das fronteiras só é bem-sucedido por meio de ações coordenadas. Segundo o general, os R$ 10 bilhões que ainda faltam do orçamento previsto para o Sisfron possibilitariam a finalização do sistema em até seis anos.

— Estamos tratando de um problema nacional, e a mitigação dos riscos na faixa de fronteira está relacionada à segurança nacional. O apoio dessa Casa é fundamental.

Senadores

Um dos autores do requerimento para a audiência pública e presidente da CRE, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) disse que emenda aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) ao Orçamento de 2019 será destinada ao fortalecimento das instituições de segurança pública nas fronteiras. A intenção da medida, segundo ele, é fortalecer as estruturas de combate ao crime organizado.

— Queremos aprimorar o combate à criminalidade e o fortalecimento das ações integradas de combate aos ilícitos característicos da nossa região de fronteira. É importante fazer esse registro porque o Senado acata emendas inerentes aos problemas de cada região — explicou o senador, que é presidente da CRE.

A senadora Soraya Thronicke (PLS-MS) se colocou à disposição para buscar mais recursos para o Sisfron junto ao Poder Executivo. O senador Angelo Coronel (PSD-BA) disse que sempre defendeu as fronteiras brasileiras e o Sisfron. Ele pediu uma “lupa mais apurada” do governo sobre esse sistema, afirmando que “ a segurança é a salvação do país”.

Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) disse que investir no sistema é mais vantajoso do que em outras ações de combate à criminalidade.

— Não tenho dúvida de que o investimento de melhor custo-benefício para a garantia da segurança pública brasileira é no Sisfron, que é um programa não de governo, mas do Estado brasileiro — pontuou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Quais são os possíveis problemas encontrados na defesa das fronteiras brasileiras?

Nesse sentido, vários problemas ocorrem nas fronteiras do Brasil: entrada ilegal de migrantes, tráfico de drogas, prostituição, comercialização de produtos falsificados, contrabando de armas, tráfico de combustíveis, biopirataria, entre outros.

Qual o principal desafio da política de segurança da fronteira brasileira?

“O tamanho do Brasil e a diversidade da nossa geografia são os grandes desafios para a segurança na fronteira brasileira. São quase 17 mil quilômetros de extensão.

Quais são as consequências de uma possível falha na fiscalização das fronteiras brasileiras?

Um relatório do Tribunal de Contas da União mostra que a falta de fiscalização nas fronteiras facilita o contrabando e o tráfico de armas e drogas.

Como as Forças Armadas brasileiras fazem a proteção e monitoramento das fronteiras em áreas com dificuldade de acesso?

Um dos principais programas em curso das Forças Armadas, o Sisfron vai utilizar de forma integrada um conjunto de radares, sensores e sistemas de comunicações para detectar e informar em tempo real a ocorrência de movimentação física na fronteira terrestre brasileira.