Quais são as regiões brasileiras mais afetadas pela falta de saneamento básico?

Mulheres e o Saneamento Básico – As mulheres também são maioria no que se refere à falta de acesso a água de qualidade e ao esgotamento adequado.

Uma em cada 3 mulheres brasileiras afirma não ter acesso adequado ao saneamento básico e cerca de 2,8 milhões de mulheres habitam moradias que não possuem banheiro.

No Dia Internacional das Mulheres, a ALADYR aponta que a igualdade de direitos também passa pela garantia de serviços essenciais como o saneamento básico

Quais são as regiões brasileiras mais afetadas pela falta de saneamento básico?

Imagem Divulgação ALADYR

Ascom ALADYR, 04 de março de 2022 – Comemorado oficialmente desde 1975, o Dia Internacional da Mulher (08/03) ainda é uma data marcada mais pelas lutas do que por celebrações, principalmente quando olhamos para os direitos mais essenciais à dignidade humana como é o caso do saneamento básico. Observando o cenário brasileiro, percebemos que pelo menos 1 em cada 3 mulheres afirma não ter acesso a rede de esgotamento sanitário (seja de forma direta ou através de fossa séptica ligada à rede geral) e que cerca de 2,8 milhões de brasileiras habitam moradias que não possuem banheiro.

Os dados coletados em 2019, antes do cenário pandêmico, e consolidados no relatório anual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), oferecem um retrato das condições básicas de vida da população e, sobretudo, como mulheres e meninas estão mais expostas a falta de infraestrutura básica.

Segundo a pesquisa, disponível no site do IBGE, a população brasileira está estimada em mais de 209,5 milhões de habitantes, as mulheres chegam a 108,4 milhões e formam a maioria da população com 51,8% do total de brasileiros. Quando observamos a segmentação por faixa etária, chama atenção o grande número de meninas de 0 a 13 anos, estimado em mais de 18,8 milhões e que representam 17,3% do total de mulheres; a segunda maior concentração está na faixa dos 30 a 39 anos, que chegam a 15,8% do total da população feminina.

As mulheres também são maioria no que se refere à falta de acesso a água de qualidade e ao esgotamento adequado. Cerca de 8,6 milhões de residências não possuem ligação com a rede geral de abastecimento de água, o que significa que quase 13 milhões de mulheres brasileiras não tem acesso a água tratada e cerca de 2,9 milhões residem em casas que não possuem água encanada.

“No Brasil, segundo a PNAD, 88,2% dos domicílios tem acesso à rede geral de abastecimento de água, apesar do número superar a média dos países da América Latina que está em 67.85%, ainda é inferior à de países como Uruguai, Costa Rica, Chile e Argentina”, destaca Juan Miguel Pinto, engenheiro e presidente da Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR).

Quando observados apenas os domicílios que utilizam como fonte principal de abastecimento a rede geral de água, foi diagnosticado que quase 10% deles não são abastecidos de forma regular, ou seja, diariamente. Com isso mais de 9 milhões de mulheres convivem com a falta d’água de 1 a 6 vezes por semana.

“Um fator que contribui para a interrupção do fornecimento é a crise hídrica vivida no Brasil, o que reforça a necessidade de se buscar alternativas sustentáveis para aumentar a oferta de água, seja através de projetos de reúso de água ou dessalinização da água do mar ou salobra”, destaca o representante da ALADYR.

Apesar da insegurança hídrica chamar muita atenção, os dados relativos ao esgotamento sanitário revelam que o problema é ainda maior, uma vez que quase 15 milhões de mulheres moram em residências que não possuem estrutura adequada de esgotamento sanitário, utilizando fossa rudimentar, vala, rio, lago ou como formas de escoadouro para o esgoto. Uma em cada sete brasileiras vive neste tipo de habitação.

O Brasil ocupa a 11ª posição no Ranking de Saneamento Básico, considerando 17 países da América Latina analisados pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), estando atrás da Bolívia, Peru, Uruguai, Equador, Venezuela, Chile, México, Argentina, Colômbia e Costa Rica.


LEIA TAMBÉM: FALTA DE SANEAMENTO PODE SER TÃO LETAL QUANTO O CORONAVÍRUS


Para Juan, representante da ALADYR, à medida que o uso de tecnologias de tratamento de água e efluentes, bem como da dessalinização, se difundir, será possível reverter esses dados e assim garantir a igualdade de acesso das mulheres ao saneamento básico, assim como para os homens. Também é necessário avaliar em cada país as condições de vulnerabilidade em torno do acesso à água considerando as mulheres e grupos menos favorecidos como objetivo de orientar os esforços de governos e associações para resolver essa situação.

“As tecnologias existem e os seus benefícios são múltiplos. No caso particular da dessalinização, a sua utilização permite garantir água potável em regiões que antes era impensável ter água, deste modo é vital reorganizarmos os objetivos e estratégias de gestão da água, as soluções já existem e estão cada vez mais acessíveis” reafirmou engenheiro.

Necessidade de mais investimentos

Segundo a ONU, as políticas de segurança hídrica devem “assegurar o acesso sustentável à água de qualidade, em quantidade adequada à manutenção dos meios de vida, do bem-estar humano e do desenvolvimento socioeconômico; garantir proteção contra a poluição hídrica e desastres relacionados à água; preservar os ecossistemas em um clima de paz e estabilidade política”.

A última versão do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), revisado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional/Secretaria Nacional de Saneamento em 2019, levantou a estimativa dos investimentos necessário ao cumprimento das metas previstas para melhoria do abastecimento de água e esgotamento sanitário no período de 2023 e 2033. Segundo o documento, a região Sudeste demandaria a maior parcela dos investimentos, correspondendo a 140,0 bilhões (39,2% do total a ser investido), o Nordeste precisa de investimentos na ordem de R$ 84,3 bilhões (23,6%), o Sul de cerca de R$ 59,1 bilhões (16,6%), enquanto nas regiões Norte e Centro-Oeste os investimentos estimados são de R$ 37,0 bilhões e R$ 36,6 bilhões, respectivamente (10,4% e 10,3% dos investimentos).

Sobre a PNAD

A PNAD Contínua é uma pesquisa domiciliar, com periodicidade de coleta trimestral, que tem como objetivo oferecer informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país, bem como um panorama de indicadores de trabalho e renda. A pesquisa é realizada desde 2011, em seu primeiro ano de forma experimental e, a partir de 2012, em caráter definitivo.

Referências:
https://www.olasdata.org/es/visualizations/
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/cultura-recreacao-e-esporte/17270-pnad-continua.html?edicao=27258&t=resultados
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101707_informativo.pdf

Fonte: Ascom ALADYR


ÚLTIMAS NOTÍCIAS: COM GUERRA, BRASIL VÊ CHANCES DE EXPLORAÇÃO DE POTÁSSIO

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: POR QUE A PETROBRAS NÃO PRODUZ MAIS FERTILIZANTES NO BRASIL, PASSANDO A SER DEPENDENTE DA IMPORTAÇÃO DA RÚSSIA?

Qual a região brasileira que mais sofre com a falta de saneamento básico?

Municípios dos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais ocupam as primeiras posições do ranking, liderados por Santos (SP). Entre os 20 piores estão municípios da região Norte, alguns do Nordeste e Rio de Janeiro.

Quais regiões do Brasil não tem saneamento básico?

Conforme a Tabela 1, colocada abaixo, 47,8% dos municípios brasileiros não têm coleta de esgoto. O Norte é a região com a maior proporção de municípios sem coleta (92,9%), seguido do Centro-Oeste (82,1%), do Sul (61,1%), do Nordeste (57,1%) e do Sudeste (7,1%).

Quais regiões brasileiras possuem saneamento básico precário?

Os destaques destas cidades são os seguintes: A cobertura de água tratada aumentou de 93,5% para 94,4% entre 2019 e 2020..
Santos (SP).
Uberlândia (MG).
São José dos Pinhais (PR).
São Paulo (SP).
Franca (SP).
Limeira (SP).
Piracicaba (SP).
Cascavel (PR).

Qual o município com a pior condição de saneamento básico no Brasil?

A informação foi divulgada no "Ranking do Saneamento 2022". A pesquisa é feita pelo Instituto Trata Brasil, que divulga anualmente os estudos sobre acesso ao saneamento básico dos 100 maiores municípios brasileiros. Cariacica é, em todo o Estado, a cidade com a pior colocação na pesquisa.