Quais são os critérios de diagnóstico dos transtornos específicos da aprendizagem?

 Transtorno Específico de Aprendizagem

por Dra Vanessa M. Franchi e Dra Monica Simons Guerra

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1) Como ocorre o aprendizado?

    O aprendizado ocorre, desde do nascimento, através de um processo dinâmico das interações do indivíduo com o meio ambiente, das relações sociais, das oportunidades pedagógicas adequadas e das condições biológicas, que é determinada por uma programação genética. A criança sente o som ou visualiza a imagem, faz uma reflexão destas informações e em seguida armazena e processa os estímulos, tornando-os conscientes junto com outras experiências que estão na sua memória.

    Dificuldade no aprendizado não é necessariamente um transtorno do aprendizado, pode ser apenas falta de oportunidade, problemas na proposta pedagógica e na capacitação do professor, alteração na dinâmica familiar ou inadequado contexto escolar.

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2) O que é transtorno de aprendizagem?

    É uma perturbação do neurodesenvolvimento que influencia a capacidade do cérebro para perceber e processar as informações da leitura, escrita e/ou matemática e está associado com manifestações do comportamento. Ocorre em diferentes culturas, idiomas e condições socioeconômicas.

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3) O que é dislexia?

    Dislexia é o termo usado para caracterizar problemas na precisão e velocidade da leitura, problemas de decodificação e dificuldade ortográfica.

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4) O que é discalculia?

    Discalculia é o termo usado para caracterizar os problemas no processamento de informações e fatos numéricos, cálculos aritméticos e raciocínios matemáticos

5) Quais são os critérios de exclusão do transtorno de aprendizagem?

    O transtorno de aprendizagem não pode ser atribuído à desvantagem sócioeconômica ou ambiental, nem por instrução acadêmica inadequada ou insuficiente. Também não pode ser atribuída à deficiência intelectual, deficiência auditiva e/ou visual não corrigidas ou outras condições médicas e doenças neurológicas.

6) Muitas crianças apresentam o transtorno de aprendizagem?

    A prevalência do transtorno de aprendizagem é de 5 a 15% entre as crianças de idade escolar em diferentes idiomas e culturas. Acomete mais os meninos do que as meninas, a proporção varia cerca de 2:1 ou 3:1. 

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7) O transtorno de aprendizagem afeta quais matérias escolares?

As habilidades acadêmicas precisam ser ensinadas e aprendidas de forma clara e precisa. As dificuldades para dominar a leitura, escrita e/ou matemática são essenciais não só em português e matemática, como também para todas as outras matérias acadêmicas, seja ciências, história, geografia, desenho geométrico, inglês, espanhol e outras.

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8) Se a criança fizer terapia terá ainda transtorno de aprendizagem?

No transtorno de aprendizagem, mesmo realizando-se terapia adequada por pelo menos 6 meses logo no início da fase escolar, nota-se desempenho abaixo do esperado para a idade. Essa dificuldade persiste durante toda a vida, mas sua manifestação varia de acordo com as demandas acadêmicas e profissionais do indivíduo. O apoio e as terapias adequadas auxiliam a direcionar o desenvolvimento da criança.

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9) A criança com transtorno de aprendizagem é inteligente?

A maioria das crianças com transtorno de aprendizagem apresentam QI normal (coeficiente de inteligência superior a 70) e, inclusive, pode ocorrer em indivíduos intelectualmente talentosos.

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10) As crianças com transtorno de aprendizagem podem manifestar algum outro comprometimento mais precoce?

No período pré-escolar, as crianças com transtorno de aprendizagem podem apresentar atraso na linguagem ou trocas fonéticas, comprometimento nas habilidades motoras ou dificuldade de atenção e hiperatividade.

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11) Como é feito o diagnóstico de transtorno de aprendizagem?

O diagnóstico é realizado com base em uma história clinica individualizada e detalhada, por relatos escolares e de outros contextos, além de abrangentes avaliações pelo foniatra, fonoaudiólogo e psicopedagogo.

Também deve preencher os 4 critérios diagnósticos do DSM 5.

        A. Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, que persistem por pelo menos 6 meses de intervenções terapêuticas dirigidas, como:

1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço. (p. ex: A criança lê palavras de forma lenta, isoladas e incorretas. A criança muitas vezes advinha a palavra. A criança tem dificuldade de soletras as palavras).

2. Dificuldade de compreender o sentido que é lido. (p. ex: A criança lê o texto, mas não entende o significado do texto).

3. Dificuldades para escrever ortograficamente. (p. ex: A criança escreve de forma incorreta, adicionando, omitindo ou substituindo alguma vogal ou consoante).

4. Dificuldades com a expressão escrita (p.ex: A criança acomete muitos erros gramaticais, pontuações de frases e uso do parágrafo. A criança pode escrever frases sem sentido).

5. Dificuldade de dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo. (p. ex: A criança tem dificuldade em cálculos e operações matemáticas, não entende os números e suas relações).

6. Dificuldade de raciocínio. (p. ex: A criança tem dificuldade de solucionar problemas matemáticos).

        B. As habilidades acadêmicas afetadas estão substancialmente e quantitativamente abaixo do esperado para idade, resultado em interferência significativa no desempenho acadêmico e profissional, confirmado por meio de desempenho padronizado administrado individualmente e por avaliação clinica abrangente.

        C. As dificuldades iniciam no período escolar.

        D. As dificuldades de aprendizado não podem ser explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial ou instrução educacional inapropriada.

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12) Existem graus de transtorno de aprendizagem?

    A gravidade do transtorno de aprendizagem pode ser avaliada pelo profissional médico nos diferentes contextos, e podem variar em:

        LEVE – alguma dificuldade em aprender habilidades acadêmicas, mas é capaz de compensar ou adaptar-se durante os anos escolares.

        MODERADO- dificuldades acentuadas em aprender as habilidades acadêmicas e necessita de ensino intensivo ou especializado em algum dos anos escolares. É capaz de compensar com adaptações e apoios especÍficas.

        GRAVE- dificuldade bem acentuada em aprender as habilidades acadêmicas e necessita de aprendizado contínuo a maior parte dos anos escolares. Mesmo com adaptações ou serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não ser capaz de completar todas as atividades de forma eficiente.

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13) Existe tratamento para o transtorno de aprendizagem?

    A intervenção dirigida deve ser deve ser introduzida o mais breve possível. Deve-se planejar os programas de intervenção de acordo com as características linguísticas e necessidades educacionais, fundamentado na avaliação foniátrica.

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14) A criança com transtorno de linguagem tem benefícios?

    O diagnóstico é importante para que a criança possa receber os benefícios de direito de algumas leis, para que o seu potencial acadêmico seja desenvolvido de forma adequada. As estratégias de tratamento são adaptadas para cada criança com transtorno de aprendizado, é necessária uma avaliação cuidadosa dos profissionais envolvidos no diagnóstico e no tratamento com os coordenadores e professores da escola.

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Referências bibliográficas:

DSM-5 – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais – 5/ edição. 2013

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Quantos critérios diagnósticos são necessários para considerar o transtorno específico de aprendizagem?

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