Quais são os impactos causados pela adoção de normas internacionais de contabilidade?

Importância da Adoção da IFRS

Espera-se que com a adoção, adaptação e harmonização das IFRS, tenha-se um aumento na comparabilidade e qualidade das demonstrações financeiras e como consequência um impacto positivo para a capacidade de previsão dos analistas que seguem e avaliam as empresas do mercado de capitais e nas decisões que envolvem fatos econômicos. A consequência disso é tornar as empresas e o país mais atrativos para investidores internacionais e alavancar a economia do Brasil.

É importante salientar também que os outros países não tem a necessidade de se adequar a contabilidade brasileira, pois a moeda funcional de conversão mundial é o dólar. Ou seja, com a IFRS todas as conversões para evidenciar o poder aquisitivo da moeda, qualquer que seja a moeda corrente do país, são convertidas para o dólar e só posteriormente para a moeda local.

Assim sendo, a principal vantagem da adoção das IFRS é certamente a adaptação dos segmentos para serem demonstrados de acordo com as Normas Internacionais. Devido a IFRS hoje em dia é possível fazer uma comparação entre empresas do Brasil com empresas do exterior com maior facilidade e exatidão na análise, mesmo que ainda seja necessário verificar as particularidades de cada uma, pois o que pode ser adequado para uma empresa, pode ser inadequado para outra.

Também é importante que não somente empresas de capital aberto mantenham a sua contabilidade harmonizada com as IFRS, mas que isso se estenda para empresas que não possuem capital na bolsa de valores e até para pequenas e médias empresas, visto que aquelas que possuem a contabilidade conforme as normas internacionais tem maior chance de despertar o interesse de investidores do exterior.

Referências: CFC (conselho federal de contabilidade), CRC (conselho regional de contabilidade), CPC (Comitê de pronunciamentos contábeis), Receita Federal do Brasil, CMN (Conselho Monetário Nacional), BACEN (Banco Central do Brasil), Febraban (Federação Brasileiras dos Bancos) e Secretaria da Fazenda.

1. Introdução

A intensificação do processo de integração dos mercados financeiros, observada nas últimas décadas, fez com que houvesse uma expressiva mobilidade de capitais para mercados que possibilitaram, na visão dos investidores, retornos crescentes associados a riscos menores. Neste estudo, examinaremos o impacto do volume de capital estrangeiro na bolsa de valores após a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade –IFRS.

Segundo Martins (2006), as alternativas viáveis de investimento, causadas pelo aumento dos investimentos internacionais nos países, permitem que os investidores obtenham retornos maiores com redução de riscos e permite que as empresas obtenham capital para realização de seus projetos e, consequentemente, há uma contribuição importante para o crescimento econômico das nações.

No Brasil, um dos mercados que mais tem se beneficiado com o processo de internacionalização do capital é o mercado de capitais, uma vez que a participação de capitais estrangeiros tem sido crescente perante a participação nacional.

Nesse sentido, o processo de globalização financeira tem estimulado os investidores na busca de eficiência nas informações contábeis e retorno nos investimentos. Desse modo, a qualidade das informações e estratégias de investimentos, que buscam a otimização dos resultados, tornam-se cada vez mais indispensáveis na tomada de decisão por parte dos agentes financeiros.

De acordo com Silva e Fonseca (2015), o processo de convergência às International Accounting Standards (IAS) .International Financial Reporting Standards (IFRS) é um exemplo claro do processo de globalização dos negócios na melhoria da qualidade da informação contábil, exigindo, para isso, demonstrações com base nos padrões internacionais para as empresas que operam no mercado de capitais, possibilitando o alcance das empresas aos Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE).

Desse modo, o presente estudo traz como problema a ser respondido: Após a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS, houve aumento dos investimentos estrangeiros na bolsa de valores?

Como possíveis respostas ao problema estabelecido, tem-se como hipótese inicial que os investimentos estrangeiros na bolsa de valores brasileira aumentaram após a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS. Além disso, procura analisar se os volumes de investimentos estrangeiros eram maiores ou menores que os investimentos nacionais antes da adoção das Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS.

Diante disso, o trabalho tem como objetivo geral saber se a adoção das IFRS impactou nos investimentos estrangeiros. Especificamente, o presente estudo visa identificar se houve aumento de novos investidores estrangeiros após a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS, analisar fatores que levaram o Brasil a adotar o padrão IFRS, verificar se houve variação dos investimentos estrangeiros no período de crise e, por fim, caracterizar os investimentos estrangeiros e nacionais nos diversos mercados da bolsa de valores brasileira.

Para as autoras, esse trabalho se justifica por se tratar de um padrão novo de Normas Contábeis que impactam os investimentos estrangeiros e afetam a economia em geral, além disso torna-se relevante por ser um tema pouco explorado. Justifica-se também por contribuir com a literatura contábil, ao identificar as vantagens de um país ao adotar o padrão IFRS.

Além da introdução, esse estudo abordará, na segunda seção, o referencial teórico, onde serão apresentados aspectos relativos a teoria da adoção das IFRS e o impacto causado na bolsa de valores. Na terceira seção, será apresentada a metodologia empregada para obtenção dos dados, bem como o modelo a ser utilizado. Depois, apresentam-se os resultados e, finalizando, as conclusões.

2. O mercado de ações

No intento de definir um mercado de ações ou, ao menos o seu funcionamento interno básico, pode-se dizer que o capital social de uma empresa é fracionado e lançado ao mercado para ser negociado. As ações nada mais são que parcelas dessa fração (Healy & Palelu, 2001) ou seja, as ações representam partículas do dinheiro/valor pertencentes aos sócios participantes de uma empresa. Existem dois tipos básicos de ações, as ordinárias e as preferenciais. As ações ordinárias dão aos seus titulares direito a voto, porém, não dão preferências em receber lucros, ou seja, nas assembleias gerais de acionistas, o direito de votos é dos titulares das ações ordinárias. Ao contrário, as preferenciais, não darão direito aos votos, mas uma vantagem na prioridade do recebimento de dividendos (Healy, 2001).

As ações são emitidas de forma normativa e escritural. As ações normativas são representadas por certificados que deverão ser averbados nas sociedades emitentes, havendo indicações do novo sócio. Da outra parte, no caso das ações escriturais, considera-se que não há emissão de certificados nem movimentações de quaisquer papéis, outrossim, possuem um controle tipo conta corrente. Essas características básicas, consideram a multiplicidade do contexto de mercado contemporâneo, ainda que não dê conta do fenômeno por completo (Yazbek, 2009).

Os rendimentos das ações variam de acordo com os resultados apurados pela sociedade que emitiu as ações, da economia e das condições de mercado (Yazbek, 2009). Considera os dividendos, juros sobre o capital próprio, bonificação, valorização e direitos de subscrição tornando-se todos os principais benefícios dos acionistas participantes da movimentação financeira que concorre nesta dinâmica econômica (Fortuna, 2008).

Desta forma, definimos o mercado de ações, abordamos sobre a emissão das ações e citamos como os rendimentos variam. Com isso, os autores deram ênfase aos assuntos abordados, no qual concordamos com suas citações, sobre o capital social da empresa ser lançado ao mercado para negociação, as ações serem normativas e escriturais e os resultados da empresa interferirem diretamente no rendimento das ações.

3. Bolsa de Valores

A bolsa de valores é de responsabilidade e função de interesse público, onde sua principal razão de existência é proporcionar liquidez aos títulos, ou seja, garantir fluidez no processo de aquisição e movimentação do valor de uma ação, de uma maneira em que a negociação aconteça mais fácil e rápida, a um preço justo de mercado quando exista oferta e demanda.

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) é a principal do território, que tem disponibilizado três tipos de mercado: (1) mercado à vista, onde a entrega dos títulos é realizada no segundo dia útil após a negociação e o valor da ação é debitada na conta do vendedor em três dias úteis após a negociação (Galvão, 2000). (2) No mercado, a termo em que é exigido do vendedor e do comprador um depósito de valores como margem de garantia da operação, assim a negociação é feita por contrato e tem prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. Por último, (3) o mercado de opções, nesse mercado o valor e o prazo da venda das ações são preestabelecidos, podendo também ser negociadas no mercado a qualquer momento antes da data de vencimento. Portanto, o que diferem os três mercados é o prazo de liquidação das operações de compra e venda das ações.

Qualquer empresa pode comprar ações de outra empresa, como uma ação temporária, tendo na compra de ações uma intenção de venda da mesma; ou como investimentos, tendo propósito em receber dividendos (Malacrida & Yamamoto, 2006). Os dividendos representam a margem do lucro que é compreendida pela valorização das ações de uma empresa, aplicadas no mercado financeiro (Andrezo, 2006). Quando uma empresa compra ações de outra neste modelo, é preciso, como dito anteriormente que esta negociação seja temporária, em suma, que ocorrerá com um fim específico e provisório.

4. Investimento

Investir significa criar expectativas futuras através da aplicação em ativos financeiros. São eles: ações, títulos públicos e privados, moeda e câmbio, commodities e mercado de opções. Este investimento é marcado pela ideia de que haverá no futuro ou após certo tempo de espera um resultado específico que se deseja alcançar; seja favorável ao investidor, mas dada a instabilidade de como o mercado funciona é possível que este processo não ocorra, ou que não seja exatamente favorável, mas contrário ou neutro com relação a possibilidade de lucro.

Considera-se também investimento quando há inversões do capital, como por exemplo a compra de uma empresa ou de máquinas e equipamentos, este processo chamado de inversões do capital (Filgueiras, 2006). Por estar equipado a noção de uma retirada financeira para a posterior compra de um ativo, ou de um bem econômico, o ativo é representado por aquilo que o investidor deseja alcançar ou o meio que ele utiliza para tal. Este processo é marcado pela expertise do investidor, que pesará quando e como tomar uma decisão, que garanta o produto desejado. (Fortuna, 2008).

Saber investir analisando os tipos de aplicações existentes e seus consequentes retornos é muito importante, a fim de servir para a tomada de decisões. Os investidores têm a necessidade de entenderem sobre qual investimento fazer e qual o melhor momento para realizar tal investimento, essa expertise é fundamental e todo o processo e se não ocorre da maneira correta pode ocasionar prejuízos diversos (Andrezo, 2006).

4.1. Investimento estrangeiro

No mundo globalizado, as relações entre países são cada vez mais importantes e fundamentais, na medida em que o processo de efetividade da globalização impele os mercados a funcionarem de maneira mais e mais orgânica. O fluxo entre investidores e captadores de diferentes países percorre vários meios, desde uma simples operação às mais complexas transações econômicas. Os mais simples, na forma tradicional de compra e venda de ações (Andrezo, 2006), e os mais complexos que envolvem as especulações e procedimentos específicos de finanças mais elaboradas (Filgueiras, 2006).

Classicamente, definem-se como exemplos de modalidades de investimentos estrangeiros existentes os seguintes: Investimentos Estrangeiros Direto ou Investimentos Estrangeiros em Carteira. Investimentos Estrangeiros Direto: este modelo de investimento acontece quando o investidor detém 10% ou mais de ações ordinárias, aquelas que dão direito a voto, mas que não tem preferência no recebimento de dividendos. Investimentos Estrangeiros em Carteira: os Investimentos estrangeiros em Carteira estão ligados a títulos brasileiros, na forma de ações ou títulos de renda fixa, negociados no mesmo país ou no exterior, além de terem natureza de curto prazo.

Os investidores através de suas aplicações de capital buscam recuperar o valor aplicado e obter rentabilidade como retorno, ou seja, aplicam um valor específico, que vale para ambos os tipos de investimento internacional, e esperam no desenrolar do mercado, receber maior quantidade do que aquela que foi investida inicialmente, este procedimento é o marcador comum de toda a ideia de negociação e movimentação financeira (Galvão, 2000).

As IFRS representam uma porta para que os investidores estrangeiros possam investir no Brasil e investidores brasileiros possam investir em países que adotaram as IFRS, porque essas normas procuraram trazer um padrão de informações que podem ser comparados em qualquer lugar do mundo. Portanto concordamos os autores, uma vez que abordaram sobre a relação entre países, definiram os exemplos de modalidades de investimentos estrangeiros e citaram como os investidores recuperam o valor aplicado.

4.2. Abertura da bolsa nacional para investimento estrangeiro

A abertura da bolsa nacional fez com que investidores estrangeiros pudessem realizar suas negociações no Brasil, gerando assim um crescimento para economia mundial bem como para a economia nacional, interna. Sua presença contribui para aumentar as operações de capital e a capitalização de ações e propriedades colocadas ao mercado para a empresa que estiver disponibilizando ao mercado financeiro em forma de potenciais compras e vendas de suas ações.

Através da bolsa nacional, investidores tem acesso as variações dos investimentos feitos, podendo, por exemplo, analisar se sua aplicação está gerando o retorno esperado. Desta forma os estrangeiros investem no Brasil e ainda fazem com que o cenário financeiro se expanda de modo que a economia global tenha resultados positivos, pelo menos é o que aposta a teoria econômica vigente e é o que se evidencia pelas produções bibliográficas que percorrem o estudo acerca do mercado internacional e seus impactos no âmbito nacional (Andrezo, 2006).

Nos últimos anos, vem sendo recorrente o retorno dos mais diversos investimentos estrangeiros ao Brasil, isso ocorre na mesma medida em que os padrões das IFRS se colocam de maneira mais estruturada, ainda que não haja uma relação de causalidade entre um fenômeno e outro. Malacrida e Yamamoto (2006) apresenta a ideia de desenvolvimento nas relações entre o mercado estrangeiro e o nacional, com uma visão otimista dessa relação. Hallere e Wehrfritz (2013) afirmam;

Por outro lado, as empresas podem optar por abandonar suas tradições contábeis nacionais quando se reportam ao IFRS. Por exemplo, as empresas podem usar métodos que tenham aceitação mais ampla internacionalmente para aumentar a comparabilidade com os concorrentes. Eles também podem alterar a política contábil para atender às expectativas dos atores do mercado de capitais internacional que preferem métodos contábeis, principalmente por uma questão de comparabilidade. (p.40. 2013)

Por meio desta percepção, apresentada acima, podemos compreender que; eventualmente, será necessário que o mercado nacional se coloque numa posição de reconhecimento da necessidade de se adaptar ao prescrito pelas IFRS. Isso implica, no que se refere a postura das colocações econômicas nacionais, numa reavaliação das medidas e linguagem, utilizadas no contexto interno, adequando-se ao que estabelece ou tipificam IFRS.

Para que haja uma efetiva abertura da bolsa nacional para o investimento estrangeiro, é necessário, por intuição lógica, que exista uma linguagem compartilhada, quando haja uma posição acerca da legalidade também idêntica, ou partilhando dos mesmos princípios, o mercado, diálogo, negociação, oferta e demanda, posicionamentos, disposições e posturas ocorrerão com muito mais facilidade quando houver uma linguagem e postura únicas. Não quer dizer que o mercado nacional não terá nenhuma autonomia em relação a sua economia e finanças, mas que poderá conversar e negociar internacionalmente num mesmo referencial legal e sustentado pelas mesmas regras de ação (Andrezo, 2006).

Através da abertura da bolsa nacional os investidores estrangeiros realizaram suas transações financeiras de forma mais ágil e ainda puderam contribuir para o cenário global da economia. Com isso abordamos autores que justificaram nossa ideia através de suas citações, para enfatizar o assunto e trazer a ideia da importância da abertura da bolsa nacional.

5. Adoção das Normas IFRS

As Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), foram desenvolvidas pelo Conselho Internacional de Normas Contábeis (IASB), com o intuito de padronizar as demonstrações contábeis, trazendo mais clareza e melhor entendimento aos investidores estrangeiros, para facilitar o acesso aos recursos internacionais e a negociação na bolsa de valores, reduzindo diferenças nos relatórios contábeis e fiscais e melhorando a informação, evitando assim que os analistas percam tempo adaptando os demonstrativos para que fiquem comparáveis e mais dinâmicos entre as economias.

Conforme recorda Gebhardt e Novotny-Farkas (2008), as IRFS colocam-se como medida acerca da forma como os relatórios financeiros funcionam e se produzem. Pensa-se também que as IFRS vão evoluir para uma linguagem universal, ou seja, uma única linguagem para todos que a adotarem, noção essa que é indicada por Healy e Palepu (2001).

Normas contábeis regulam as escolhas de relatórios disponíveis para os gerentes na apresentação das demonstrações financeiras da empresa. Este tipo de regulação potencialmente reduz os custos de processamento para os usuários das demonstrações contábeis, fornecendo uma linguagem aceita [quase que universalmente] que os gerentes podem usar para se comunicar com os investidores. (2001, p. 412)

Grande parte dos países já adotam as IFRS, porém nem todos a adotaram 100%, devido ao grande impacto fiscal que há entre as normas locais e as internacionais. Algumas dificuldades foram encontradas pelos países, para que fossem adotadas as normas, com isso foi preciso fazer uma mudança na estrutura contábil das empresas para que fosse possível a adoção por completo. O Brasil já adotou 90% das IFRS, desde 2007 com a publicação da Lei 11.638/07. Buscando uma melhor adaptação das normas internacionais, o Conselho Federal de Contabilidade criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o CPC, que tem o objetivo de emitir Pronunciamentos Técnicos sobre os procedimentos e divulgações de informações contábeis convergindo a contabilidade brasileira aos padrões da contabilidade internacional (Neto, 2013).

Após a adoção das IFRS os analistas financeiros são capazes de obter uma noção relevante de avaliação da empresa que pretendem investir, pois a diferença nos padrões contábeis entre as fronteiras atinge as previsões dos analistas, fazendo com que tenham informações de alta qualidade, gerenciando a obtenção de lucros, analisando receitas, evitando perdas nos investimentos, permitindo saber a real situação financeira da empresa que se pretende investir, conforme podemos ler em Haller e Wehrfritz (2013):

Outra razão para reter as decisões contábeis sob os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGAs) nacionais no relatório IFRS poderia ser reduzir as diferenças entre as contas financeiras e fiscais consolidadas, desde que as questões de mensuração possam afetar o lucro antes dos impostos (Rammert, 2010). Por exemplo, as empresas podem achar difícil explicar às autoridades fiscais por que transações idênticas foram tratadas de maneira diferente em dois conjuntos diferentes de contas. Além disso, minimizar as diferenças entre as contas financeiras e fiscais pode reduzir diferenças que conduzem a impostos diferidos, reduzindo ainda mais os esforços e os custos associados ao relato financeiro imposto de renda (Gee et al., 2010). Além disso, especialmente para o Reino Unido, seria difícil justificar o abandono dos GAAP nacionais, se as IFRS permitissem um tratamento similar que daria uma visão verdadeira e justa (UK GAAP), ou uma apresentação justa (IFRS) dos assuntos da empresa. (2013, p. 39-56)

Os autores mostram como a estabilidade ou a colocação de uma lei maior ou um posicionamento generalista e que regre o conceito de atuação geral, evitando as contradições comuns a atividade que envolva a participação humana e social. A contabilidade, o pensamento econômico, o mercado e as relações de investimento dependem do aspecto social e cultural, mas por meio das IFRS, pode-se minimizar o ruído causado pelas divergências socioculturais e estabelecer um procedimento mais uniforme.

O objetivo da adoção das IFRS é trazer transparência, eficiência e qualidade nas informações financeiras, permitindo que o mercado tenha um crescimento e uma estabilidade financeira eficiente, possibilitando aos investidores, fornecedores e analistas identificarem oportunidades de alocação do capital, reduzindo custos e diminuindo os riscos dos investimentos, fazendo com que essas informações tenham uma única linguagem contábil confiável.

É de extrema importância a evolução das normas internacionais, para que se amplie as transações de investimentos e negociações entre um país e outro, com maior grau de satisfação e confiança, acerca do desempenho financeiro, e fluxos de caixa das entidades para que seja possível uma tomada de decisão concreta.

6. Metodologia

A metodologia de pesquisa do presente trabalho caracteriza-se como sendo empírico-analítico, com o objetivo de levantar informações sobre o histórico de investimentos estrangeiros e nacionais. Além disso, visa comparar o fluxo do capital antes e após a padronização das Normas Internacionais de Contabilidade.

De tal maneira, será necessária a compreensão teórica oferecida por autores como Gil (2002), cujas pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento de relação entre variáveis. Este tipo de pesquisa, em conjunto com as exploratórias são as que habitualmente se preocupam com a atuação prática.

Vale caracterizar a pesquisa enquanto exploratória na medida em que a mesma, segundo Minayo (1993, p. 23), é uma “atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade”, que podemos compreender num viés utilitário para qualquer tipo de pesquisa que pretenda explicar ou aplicar algum conhecimento no viés acadêmico, afinal “é uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente”.

A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, porque busca descrever o impacto de investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores, possibilitando assim uma análise dos efeitos destes investimentos no mercado. As pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Tais pesquisas buscam aprimorar ideias, por meio de levantamento bibliográfico e análise de dados e informações que estimulem a compreensão de um dado problema. (Gil, 2002).

Quanto a abordagem do problema de pesquisa será utilizada a quantitativa, apresentando dados numéricos que classificarão e analisarão informações relativas ao comportamento dos investimentos em relação ao nível de confiabilidade das informações contábeis a partir da implantação das IFRS. Quanto a natureza a pesquisa será aplicada, a fim de aplicar práticas a solucionar problemas específicos.

Em relação ao delineamento dos procedimentos técnicos a pesquisa será bibliográfica e documental.

Depois de definido os objetivos, naturezas e abordagem serão apurados os dados e informações através da coleta de dados no site da B3, analisando a relação entre o nível de capital estrangeiro e a adoção das normas. Para a análise de dados será utilizado Test t-Student, média e desvio padrão. Os objetivos dizem respeito aquilo que a pesquisa pretende desenvolver e sobre o valor intrínseco do objeto estudado, uma vez que explicam, conceituam e descrevem os objetos estudados. A natureza da pesquisa é relativa a forma como o processo de pesquisa será realizado, ou seja, ao modo de fazer, ao modelo estrutural de uma pesquisa. Finalmente a abordagem diz respeito a ótica sobre a qual a pesquisa será entendida, analisada e concluída.

7. Resultados e discussões

7.1 Teste de diferença de média

Para responder as hipóteses levantadas no presente trabalho e atingir o objetivo, é realizado um teste de diferença de médias dos volumes de investimentos estrangeiros e nacionais das empresas listadas na B3 do ano de 2004 a 2017. Os resultados são apresentados nos quadros seguintes:

Quadro 1 -

Teste de média de investimentos no Brasil

Quadro 1 - Teste de média de investimentos no Brasil
Investimento estrangeiro após e investimento estrangeiro antes das IFRS
Variáveis Obs. Média Erro Padrão
Estrangeiro após IFRS 96 .4415756 .0085448
Estrangeiro antes das IFRS 72 .3327698 .0038857
Diferença .01088057 .0104307
Há: Diferença das Médias = 0 Pr(|T| > |t|) = 0.0000
Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Como mostra o quadro, comparando investimento estrangeiro após as IFRS em relação ao investimento estrangeiro antes da adoção das normas pode-se rejeitar a hipótese que a diferença das médias é igual a 0, ou seja há diferença entre as médias dos dois grupos.

A média após a adoção das IFRS a um nível de significância de 5% era aproximadamente 44% e antes 33%, ou seja, houve um aumento após às IFRS de 11%. Desta forma, é comprovada a hipótese que os investimentos estrangeiros na bolsa de valores brasileira aumentaram após a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade. Com isso pode-se afirmar que as IFRS contribuíram para o aumento de investimento estrangeiro. Já o Quadro 2 apresenta os investimentos nacional e estrangeiro antes da aplicação das normas.

Quadro 2 -

Teste de média de investimentos no Brasil

Quadro 2 - Teste de média de investimentos no Brasil
Investimento nacional e estrangeiro antes das IFRS
Variáveis Obs. Média Erro Padrão
Nacional antes das IFRS 72 .667344 .0038737
Estrangeiro antes das IFRS 72 .3327698 .0038857
Diferença .3345742 .0054867
Há: Diferença das Médias = 0 Pr(|T| > |t|) = 0.0000
Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Na tabela é feita a análise do investimento nacional antes das IFRS em relação ao investimento estrangeiro também antes das IFRS. As médias a um nível de significância de 5% são diferentes de 0, o investimento nacional era aproximadamente 66% e o estrangeiro era 33%. O investimento nacional era superior antes da adoção. O Quadro 3 apresenta dados de investimentos nacionais e estrangeiros após a aplicação da norma.

Quadro 3 -

Teste de média de investimentos no Brasil

Quadro 3 - Teste de média de investimentos no Brasil
Investimento nacional após e investimento estrangeiro após as IFRS
Variáveis Obs. Média Erro Padrão
Nacional após IFRS 96 .5584222 .0085442
Estrangeiro após IFRS 96 .4415756 .0085448
Diferença .1168466 .0120837
Há: Diferença das Médias = 0 Pr(|T| > |t|) = 0.0000
Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Fonte: Dados da pesquisa, 2018

No quadro é realizada a análise entre o investimento nacional após as IFRS em relação ao estrangeiro também após as IFRS. As médias são diferentes de 0 a um nível de significância de 5%, e após a adoção das normas o investimento nacional diminuiu aproximadamente 12%. Apesar do investimento nacional continuar maior após a adoção das IFRS, essa diferença diminuiu, atestando o impacto das IFRS no aumento do investimento estrangeiro. Por meio do Quadro 4, pode-se observar os investimentos nacionais antes e após a IFRS.

Quadro 4 -

Teste de média de investimentos no Brasil

Quadro 4 - Teste de média de investimentos no Brasil
Investimento nacional antes e investimento nacional após as IFRS
Variáveis Obs. Média Erro Padrão
Nacional Antes das IFRS 72 .667344 .0038737
Nacional Após IFRS 96 .5584222 .0085442
Diferença .1089218 .0104267
Há: Diferença das Médias = 0 Pr(|T| > |t|) = 0.0000
Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Fonte: Dados da pesquisa, 2018

O quadro compara investimento nacional antes e após a adoção das IFRS. As médias são diferentes de 0 a um nível de significância de 5%, sendo que o nacional após as IFRS foi menor em relação ao investimento estrangeiro. Portanto, houve uma diferença entre os investimentos de 11%.

Para efeito de comparação pode-se afirmar que o investimento nacional antes das IFRS era 66% e caiu para 55% após a adoção das IFRS, ou seja, houve a redução de aproximadamente 11% que havia aumentado no estrangeiro apresentado no teste 3. Portanto, o nacional diminuiu em virtude do estrangeiro ter aumentado.

8. Considerações finais

A presente pesquisa apresenta como problemática, se houve aumento dos investimentos estrangeiros após a adoção das normas IFRS.

Para cumprir o objetivo de levantar informações sobre o histórico de investimentos e comparar o fluxo de capital antes e após a padronização das Normas Internacionais de Contabilidade, é realizado um teste de média, teste t-Student, que utiliza conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula, que aplica-se sempre que se pretende comparar as médias de uma variável.

Para realizar o teste são coletados os níveis de investimentos nacionais e estrangeiros, de 2004 a 2009 (antes da adoção das IFRS) e de 2010 a 2017 (após a adoção das IFRS).

Os resultados evidenciam que os investimentos estrangeiros que eram 33% antes das normas IFRS, passaram a ser 44%, aumentando então 11%, o que faz com que a hipótese da pesquisa seja aceita, de que a adoção das normas IFRS impactou no aumento de investimentos estrangeiros. O mesmo estudo é realizado em relação aos investimentos nacionais, que eram 66% e caíram para 55%, diminuindo em virtude do estrangeiro ter aumentado.

O trabalho se justificou por se tratar de um padrão novo de Normas Contábeis que impactaram os investimentos estrangeiros e, além disso tornou-se relevante por ser um tema pouco explorado. Além disso contribuiu com a literatura contábil, ao identificar as vantagens de um país ao adotar o padrão IFRS.

Baseado nas evidências deste estudo, pode-se concluir que a adoção das normas IFRS provocou o aumento dos investimentos estrangeiros, contribuindo assim para a economia do país, uma vez que os investidores estrangeiros estão mais confiantes no Brasil.

Pesquisas futuras podem ser realizadas em países que ainda não adotaram as IFRS’s e em países europeus, principalmente em épocas menos afetadas por crises financeiras.

Quais estão sendo os principais impactos e desafios na adoção das normas internacionais de contabilidade?

A adoção desses CPCs trouxe várias alterações nas normas contábeis em termos de mensuração, reconhecimento e evidenciação, exigindo mudanças nos sistemas de informações contábeis das empresas, o que influenciou na estrutura e no comportamento das pessoas da controladoria.

Quais foram os impactos tributários que aconteceram em razão da adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil?

Os resultados apontam que a adoção das normas internacionais de contabilidade não impactou os indicadores econômico-financeiros das empresas analisadas. O impacto observado foi relacionado apenas ao indicador de imobilização do patrimônio líquido. Palavras-chave: Harmonização contábil internacional.

Quais as consequências e importância da harmonização das normas internacionais de contabilidade?

As conseqüências das mudanças ultrapassam os segmentos econômicos ligados à contabilidade. A nova Lei das SAs vai trazer mais transparência, comparabilidade e segurança à economia brasileira. O resultado desse upgrade contábil será o amadurecimento da economia de mercado no país.

Quais foram os impactos que a adoção das IFRS no Brasil?

Espera-se que com a adoção, adaptação e harmonização das IFRS, tenha-se um aumento na comparabilidade e qualidade das demonstrações financeiras e como consequência um impacto positivo para a capacidade de previsão dos analistas que seguem e avaliam as empresas do mercado de capitais e nas decisões que envolvem fatos ...