Quais são os jogos que trabalham a expressão corporal e a criatividade?

Introdu��o

    A motricidade acompanha a crian�a desde a sua concep��o, at� a vida adulta. � primordial no desenvolvimento da mesma, que a utiliza a todo instante, no andar, engatinhar, correr, pular, saltar, rolar, trepar, etc. A corporeidade � natural do ser humano, que aprende pelo resultado da intera��o entre corpo e meio, sendo necess�ria na Educa��o Infantil, para o desenvolvimento de diversas habilidades, dentre elas: f�sicas, sociais, cognitivas e afetivas.

    As atividades l�dicas como: brincadeiras, jogos e brinquedos, proporcionam as crian�as uma sensa��o de encantamento, por serem pr�prias de seu universo, propiciando assim, uma aprendizagem significativa e prazerosa.

    O estudo objetiva-se em ressaltar a relev�ncia da Educa��o corporal e atividades l�dicas na vida da crian�a na Educa��o Infantil. Sendo assim, prop�em-se compreender o conceito de motricidade e seu papel na rela��o com a aprendizagem na inf�ncia; destacar as atribui��es da corporeidade e do movimento para o universo infantil e a contribui��o do educador e da escola, al�m de salientar como o trabalho contextualizado com atividades l�dicas como: brincadeiras, brinquedo e jogos cooperam expressivamente para o desenvolvimento de habilidades f�sicas, sociais, cognitivas e afetivas da mesma.

    Observamos em diversas escolas e at� mesmo em educadores da Educa��o Infantil, uma desvaloriza��o da Educa��o corporal e das atividades l�dicas como suporte no desenvolvimento de diversas habilidades da crian�a, que tamb�m, por muitas vezes n�o � considerada um ser integral (corpo-mente). Deste modo, o estudo se justifica pela tentativa de estimular e auxiliar os educadores, quanto � utiliza��o do l�dico, no intuito de demonstrar o quanto estas atividades contribuem significativamente e quantos benef�cios trazem para a crian�a at� sua vida adulta.

    Para tais afirma��es, o estudo foi realizado atrav�s de uma revis�o da literatura, abordando a tem�tica sobre Educa��o corporal e atividades l�dicas: contribui��o para o desenvolvimento de habilidades f�sicas, sociais, cognitivas e afetivas na Educa��o Infantil, na vis�o de autores como Nista-Piccolo e Moreira (2012); Oliveira (2010) dentre outros. A partir destas leituras, tem-se referencial te�rico suficiente para esclarecimentos sob uma perspectiva geral do tema.

    Como proposto, o estudo aborda a conceitua��o da motricidade, enfatizando sua contribui��o no desenvolvimento da aprendizagem, e como sua utiliza��o correta, considerando a crian�a um ser integral.

    Em seu curso se atenta para os aspectos relevantes sobre corporeidade e movimento. H� tamb�m uma breve an�lise sobre a concep��o de corpo da antiguidade at� a atualidade. Al�m disto, se pontua papel do educador, quanto � utiliza��o dos trabalhos corporais na Educa��o Infantil.

    Concluindo como as pr�ticas l�dicas no universo infantil contribuem expressivamente na aprendizagem. Ainda se destaca como brinquedos, brincadeiras e jogos, por fazerem parte do cotidiano das crian�as, est�o relacionados ao desenvolvimento de habilidades: f�sicas, sociais, cognitivas e afetivas.

Motricidade na Educa��o Infantil: atribui��es e contribui��es no desenvolvimento da aprendizagem da crian�a

    Toda crian�a possui sua percep��o de mundo, seja na maneira de ser, agir ou pensar. Ela estrutura sua personalidade a partir de suas experi�ncias com os outros e de sua rela��o com o meio e os objetos. Assim a motricidade � percept�vel por toda nossa vida e � vital para o desenvolvimento da crian�a at� a fase adulta, prevenindo certas dificuldades futuras. Para defini-la, Mello (1989, p.5) nos apresenta uma defini��o comum institu�da em 1982, pelo 1� Congresso Brasileiro de Terapia Psicomotora, onde especialistas colocam que �, �na condi��o de unidade (corpo-mente) uma ci�ncia que tem por objetivo o estudo do homem, atrav�s do seu corpo em movimento, nas rela��es com seu mundo interno e externo.�

    Para analisar a motricidade no universo infantil, Nista-Piccolo e Moreira (2012, p.62) se valem das id�ias de Kolyniak Filho (2007), que ressalta que ela � exclusiva do ser humano, se diferenciando do movimento que � �um conceito f�sico aplicado sobre um corpo�, a motricidade � tida como �um conjunto de possibilidades que o ser humano tem para movimentar-se, considerando-o como indiv�duo ou esp�cie�. As capacidades e habilidades motoras dos indiv�duos s�o resultados da aprendizagem dos mesmos, em determinado tempo, lugar e grupos sociais. Ou seja, resulta das heran�as biol�gicas e hist�rico-socioculturais.

    Todo movimento tem uma intencionalidade, �s vezes mais claras ou mais encobertas, sendo que em ambos os casos est� relacionada ao significado que tem para o indiv�duo e para os grupos sociais que s�o inseridos. Seja na express�o de sentimentos ou emo��es est� sempre presente.

    � natural que a crian�a corra, pule, salte, logo, disp�e de sua motricidade a todo instante. De acordo com Ferreira (2007), a crian�a se estabelece a partir do desenvolvimento de elementos b�sicos da motricidade dentre eles, est�o:

1.    Esquema corporal

    H� a necessidade de que a crian�a tenha conhecimento adequado do pr�prio corpo, para isto a autora nos ressalta que o esquema corporal � a tomada de consci�ncia do pr�prio corpo. Ela ainda afirma que:

    O esquema corporal � um elemento b�sico indispens�vel para a forma��o da personalidade, pois a mesma se desenvolver� em fun��o de uma progressiva tomada de consci�ncia de seu corpo, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo � sua volta. � a representa��o relativamente global e diferenciada que a crian�a tem do seu pr�prio corpo. Na medida em que o indiv�duo controla seu corpo e seus sentimentos, gradativamente ele ir� conduzir-se com mais seguran�a no meio em que vive. (Ferreira, 2007, p.20)

2.     Lateralidade

    Para Ferreira (2007), � medida que a crian�a cresce, ela vai definindo sua lateralidade, �� baseada em fatores neurol�gicos, mas tamb�m � influenciada por h�bitos sociais�. Ela afirma que no beb� n�o h� prefer�ncia para nenhum dos lados, ele passa a ter simetria a partir do terceiro m�s de vida. Mas � aproximadamente com um ano e meio, que ele come�a a escolher um lado do corpo, usando ainda as duas m�os. Aos tr�s anos, j� usa a m�o escolhida, por isso, atenta-nos a n�o obrigar a crian�a a usar a m�o oposta.

3.     Orienta��o espa�o-temporal

    Ferreira (2007, p.26) nos diz que �estrutura��o espacial � a orienta��o e a constru��o do mundo exterior, referindo-se primeiro ao pr�prio referencial, depois aos outros, em posi��o est�tica ou em movimento�. Para a autora � necess�rio, para que a crian�a estruture o espa�o, a partir da refer�ncia de seu pr�prio corpo.

    � necess�rio que a escola tenha conhecimento sobre a import�ncia da motricidade, para que o trabalho na Educa��o Infantil seja produtivo. Nista-Piccolo e Moreira (2012, p.64) dizem que se a motricidade n�o for levada em considera��o, �podemos ter uma educa��o que impe�a a liberdade das a��es corporais, propiciando uma educa��o voltada para crian�as ideais que devem ser transformados em adultos produtivos�.

    Gomowski e Silva (2014) ao citarem Le Bouch (1988) dizem que a motricidade � primordial na aprendizagem, para eles, muitas crian�as sentem dificuldades na escola, pois n�o tiveram uma educa��o motora de qualidade. Logo, para os autores, a motricidade proporciona suporte para outras aprendizagens, devendo ser considerada educa��o de base.

    A Educa��o motora deve ser enfatizada e iniciada na escola prim�ria. Ela condiciona todas as aprendizagens pr�-escolares e escolares; leva a crian�a a tomar consci�ncia de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espa�o, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordena��o de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo em que se desenvolve a intelig�ncia. Deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseveran�a, permite prevenir inadapta��es, dif�ceis de corrigir quando j� estruturadas. (Le Boulch, 1984, p.24, apud Gromowski e Silva, 2014, p.5)

    Sendo assim, o movimento � de grande relev�ncia, j� que proporciona a crian�a o descobrimento de sensa��es de prazer que o corpo oferece, levando-a a se conhecer e a desenvolver suas compet�ncias.

Corporeidade e movimento: contribuindo para o desenvolvimento infantil

    A corporeidade � pr�pria da exist�ncia humana, nosso corpo se relaciona com o meio e interage de acordo com suas necessidades, mantendo-se dessa intera��o e se enquadrando em v�rias situa��es. Segundo os Par�metros Curriculares Nacionais (2001, p.46), para a Educa��o F�sica, �o corpo � vivo, interage com o meio f�sico e cultural, que sente dor, prazer, medo, etc.�.

    Ainda nos deparamos com discursos dualistas, no que diz respeito sobre corpo-mente, vis�o esta, que � erroneamente colocada, sabendo que toda a��o pretendida, parte da express�o corporal. Esse dualismo, segundo Mattos e Neira (2006, p.9) nos leva a colocarmos �em cheque toda a a��o pedag�gica centrada unicamente na cogni��o que, em conseq��ncia, deixe de fora a dimens�o corporal dos atos humanos. Sabe-se que, na escola, na sala de aula � o espa�o exclusivo do racioc�nio e da intelig�ncia, como se ambos n�o passassem pela corporeidade�. Logo, destacamos que:

    ... o ser humano precisa ser compreendido na perspectiva de �fato social total�, ou seja, a partir da considera��o de que o corpo se materializa por meio de dimens�es que comp�em uma totalidade. Assim, n�o se pode pensar em uma dimens�o separada da outra, visto que o biol�gico, social e o psicol�gico s� existem como elementos culturalmente constitu�dos, em uma totalidade. (Oliveira, 2010, p.42)

    Gon�alves (1994, p.152-153) nos coloca alguns pontos sobre o corpo, onde diz que:

  • O corpo sente: o relacionamento unificado do homem com o mundo pauta-se na sensibilidade. �O corpo sente, ao mesmo tempo em que estrutura a percep��o e se move�.

  • O corpo expressa: a express�o � constante em nosso corpo, mesmo quando involunt�ria. �O corpo expressa n�o somente nossa hist�ria individual, mas tamb�m a hist�ria acumulada de uma sociedade, que nele imprimiu seus c�digos�.

  • O corpo comunica: antes mesmo da compreens�o verbal, j� se tem a comunica��o corporal. �Como na linguagem, no movimento corporal o intelig�vel e o sens�vel se unem na produ��o de sentidos�.

  • O corpo cria e significa: h� uma cria��o em cada movimento corporal, que n�o � repetido, pois h� uma diversidade de situa��es. �Ser capaz de captar o novo em cada situa��o, isto �, de atribuir novos significados e de agir criando o novo em si pr�prio, parece ser ess�ncia da criatividade�.

    Lima; Santos e Ara�jo (2015) salientam que a corporeidade pode ser compreendida por suas diversas rela��es internas e externas, que interligadas ao corpo, mant�m um conhecimento de si pr�prio, do outro e do ambiente de conv�vio. Logo,

    ...para tal desenvolvimento, as no��es e descobertas que o ser humano possa vir a formular sobre o mundo e sobre si mesmo, s� tem exist�ncia a partir de seu contato com diferentes atividades, meios e grupos e as diversas influ�ncias que estes podem ter sobre ele; assim como as influ�ncias que ele pr�prio exerce em seu grupo. Neste sentido a corporeidade e a representa��o corporal n�o est�o ligadas a uma atividade unicamente subjetiva, interna e particularizada, mas �s rela��es sociais concretas estabelecidas entre os indiv�duos de determinados grupos. (Lima; Santos e Ara�jo, 2015, p.3)

    E � atrav�s de sua intera��o com o meio, que a crian�a tende a construir-se como sujeito e o movimento � uma dessas formas de intera��o. Para Lima; Santos e Ara�jo (2015) ela come�a a explorar o meio e vai construindo seu conhecimento sobre as rela��es que pode estabelecer nele aprende limites, interage com a cultura utilizando objetos ou participando das atividades l�dicas que fazem parte desse universo.

    Cabe a escola ent�o, ser um lugar prop�cio para que o desenvolvimento motor possa ser trabalhado no intuito de ser algo ben�fico e n�o sup�rfluo. Lima; Santos e Ara�jo (2015, p.4) salientam que em um ambiente onde os la�os afetivos s�o bem estabelecidos, �movimento ocorre com mais liberdade e maior rendimento, quando a personalidade � respeitada e afetividade atribui significados, o comportamento faz mais sentido�.

    Logo, ressalta-se assim a necessidade de o professor utilizar o l�dico, para que o desenvolvimento integral da crian�a seja bem estruturado, refor�ando a import�ncia da intera��o com o meio e seus benef�cios propiciados pelo movimento e corporeidade, automaticamente contribuindo para o desenvolvimento integral da crian�a na Educa��o Infantil.

A import�ncia das pr�ticas l�dicas na Educa��o Infantil

    As atividades l�dicas ganham cada vez mais espa�o e significado positivo na Educa��o Infantil, mas tem-se ainda, uma necessidade de coloc�-las em pr�tica corretamente. Silveira (2011) afirma que inserir estas atividades em sala de aula, utilizando-as como meio de �extravaso� da crian�a, n�o � v�lido, faz-se necess�rio uma jun��o entre teoria e pr�tica, vivenciando o l�dico de maneira contextualizada, para que o trabalho d� bons resultados.

    Para Nista-Piccolo e Moreira (2012) a escola deve ser um ambiente que propicie o l�dico, sendo alegre, atrativo, onde a crian�a sinta prazer em suas descobertas, pois � atrav�s do brincar que a mesma, utilizando diversas linguagens, aciona a capacidade de se expressar. Marinho et al (2007) citam Freire (1989), que acredita que a crian�a passa a estabelecer sua compreens�o e rela��o com o mundo atrav�s do l�dico. H� a atividade simb�lica e o mundo concreto que a crian�a vive, logo, a atividade corporal � um elo que liga esses dois fatores, onde a mesma usa de s�mbolos para representar aquilo que experimenta corporalmente. Desta forma, o movimento pode ser utilizado como facilitador da aprendizagem dos conte�dos ligados ao cognitivo.

    Segundo o Referencial Curricular Nacional (1998, p.22) para a Educa��o infantil:

    ...o brincar � uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia. O fato de a crian�a, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imagina��o. Nas brincadeiras as crian�as podem desenvolver capacidades importantes tais como a aten��o, a imita��o, a mem�ria, a imagina��o. Amadurecem tamb�m algumas capacidades de socializa��o, por meio da intera��o e da utiliza��o e experimenta��o de regras e papeis sociais. (Brasil, 1998)

    O brincar e o l�dico em sua totalidade, n�o podem ser compreendidos como �coisa de crian�a�, e sim como atividade humana, fundamentados nessa id�ia, Nista-Piccolo e Moreira (2012) citam Winnicot (1975) que apresenta o brincar como parte da ess�ncia humana, sendo chamada de �impulso l�dico�, que est� incorporado no brincar e garante que o brincar se manifeste por toda nossa vida. Ou seja, o que � trabalhado na Educa��o Infantil, utilizando a ludicidade, influencia significativamente o desenvolvimento da crian�a, at� a vida adulta.

    Desde a antiguidade, j� havia uma preocupa��o com o brinquedo. Ischkanian (2012) ao citar Kishimoto (1995) diz que Plat�o j� abordava essa necessidade de aprender atrav�s da brincadeira, para evitar a opress�o e a viol�ncia que eram impostas na �poca. J� Arist�teles destacava a utiliza��o de jogos, para preparar as crian�as para a vida. A autora diz que, a mem�ria do adulto, sempre traz uma alus�o a algum brinquedo que marcou sua inf�ncia, que tem uma dimens�o material, cultural e t�cnica, � um aux�lio da brincadeira, que faz com que a imagina��o da crian�a seja despertada e que surjam novas brincadeiras a partir da�.

    Kishimoto (2010) salienta que o brincar � livre, a crian�a come�a uma brincadeira em qualquer momento, por ser instigante, n�o exige muito, mas consegue desenvolver habilidades, ensinar regras e valores, trabalhar a linguagem dentre diversos outros aspectos. Ela passa a se expressar, a se conhecer, exprime sua identidade atrav�s do movimento.

    Ao brincar, a crian�a experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreend�-lo e express�-lo por meio de variadas linguagens. Mas � no plano da imagina��o que o brincar se destaca pela mobiliza��o dos significados. Enfim, sua import�ncia se relaciona com a cultura da inf�ncia, que coloca a brincadeira como ferramenta para a crian�a se expressar, aprender e desenvolver. (Kishimoto, 2010, p.1)

    Cebalos et al (2011) salientam que muitas escolas n�o v�em essas atividades l�dicas como um importante caminho para o desenvolvimento da crian�a. Os autores ainda citam Freire (2007, p.20) que diz que �de nada vale esse enorme esfor�o para a alfabetiza��o se a aprendizagem n�o foi significativa. E o significado nessa primeira fase de vida depende mais do que qualquer outra, da a��o corporal�. Ou seja, atrav�s da ludicidade, de atividades como pular corda, dan�ar com comandos, ela desenvolve aspectos intelectuais, sociais, afetivos, progredindo significativamente no dia-a-dia.

    Ao falarmos de jogos, Huizinga (2005) nos diz que s�o mais antigos que a cultura, ele salienta que at� mesmo os animais brincam, respeitam regras impostas pelos donos e se convidam para brincar atrav�s de comandos.

    Desde j� encontramos aqui um aspecto muito importante: mesmo em suas formas mais simples, ao n�vel animal, o jogo � mais do que um fen�meno fisiol�gico ou um reflexo psicol�gico. Ultrapassa os limites da atividade puramente f�sica ou biol�gica. � uma fun��o significante, isto �, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa �em jogo� que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido a a��o. Todo jogo significa alguma coisa. N�o se explica nada chamando �instinto� ao princ�pio ativo que constitui a ess�ncia do jogo; chamar-lhe �esp�rito� ou �vontade� seria demasiado. Seja qual for a maneira como o consideram, o simples fato de o jogo encerrar um sentido implica a presen�a de um elemento n�o material em sua pr�pria ess�ncia. (Huizinga, 2005, p. 3-4)

    O jogo deve ser um aux�lio prazeroso na aprendizagem das crian�as, segundo Ischkanian (2012, p. 4) atrav�s dele, em sala de aula, elas se consideram parte integrante do processo de ensino, onde ocorre a assimila��o de valores, conceitos, atitudes. Mas �para que esta aprendizagem ocorra de forma natural � necess�rio respeitar e resgatar o movimento humano, respeitando a bagagem espont�nea de conhecimento da crian�a. Seu mundo cultural, movimentos, atitudes l�dicas, criaturas e fantasias�. Sendo um recurso metodol�gico, alguns aspectos importantes devem ser considerados, tais como: seu grau de complexidade (o jogo deve ser compreens�vel e ter regras simples para as crian�as), o car�ter desafiador, o interesse do aluno, o n�mero de participantes, o espa�o dispon�vel e o material did�tico.

    Nesta perspectiva, jogos, brinquedos e brincadeiras, por fazerem parte do universo infantil, podem ser considerados ricos recursos, que podem e devem ser utilizados pelos educadores. Transformando o processo de ensino-aprendizagem, em algo divertido, onde a crian�a passa a ter um desenvolvimento integral significativo.

Considera��es finais

    Atrav�s deste estudo podemos observar que, ainda encontramos discursos dualistas na concep��o de crian�a. Acreditar que corpo e mente, podem ser vistos distintamente, � uma vis�o equivocada, pois o ser humano deve ser considerado um ser integral. Sendo assim, a motricidade est� extremamente ligada � crian�a, que utiliza a todo o momento, no engatinhar, andar, correr, pular, saltar, rolar, trepar, girar, etc. Logo, o movimento est�tico, n�o pode ser considerado padr�o de comportamento.

    A crian�a se estabelece a partir de elementos b�sicos da motricidade, dentre eles, o esquema corporal, que � a tomada da consci�ncia do pr�prio corpo, importante para a forma��o da personalidade da crian�a. Outro � a lateralidade, que � definida de acordo com o crescimento da crian�a, e ainda a orienta��o espa�o-temporal, onde a crian�a movimenta-se a partir de suas no��es de espa�o (frente, traz, um lado e outro). Ent�o, para que o trabalho na Educa��o Infantil seja bem estruturado, cabe ao educador saber a defini��o correta de motricidade, buscando a��es que n�o impe�am a liberdade corporal das crian�as.

    Quando nos atentamos a aspectos relacionados � corporeidade, podemos enfatizar que ela � pr�pria do ser humano, que se adapta a diversas situa��es, de acordo com o meio e com os outros, e o movimento � uma dessas formas de intera��o. Se ressaltarmos alguns pontos sobre o corpo, observamos que o mesmo sente, pois na intera��o com o meio nos expressamos (mesmo que involuntariamente o que estamos sentimos); comunicamos-nos (antes mesmo da express�o verbal, a corporeidade � nossa primeira forma de comunica��o); al�m de criar e significar, pois n�o h� repeti��o de movimentos nas variadas situa��es.

    Corpo e movimento ainda s�o vistos isoladamente. Sendo assim, o trabalho com corporeidade � deixado em segundo plano. O educador se esquece de que n�o h� atividades cognitivas e atividades corporais, mas sim atividades que partem sempre da express�o corporal. Os benef�cios trazidos pela valoriza��o da a��o corporal s�o in�meros, logo, h� necessidade de abord�-los de maneira correta, contextualizada. Por isso, inserir as atividades l�dicas somente com o prop�sito de distra��o, n�o � v�lido na Educa��o Infantil. Isto porque as mesmas podem e devem ser utilizadas no intuito de proporcionar a aprendizagem de maneira prazerosa.

    O brinquedo � considerado algo relevante, desde a Antiguidade, e � tido como representa��o de determinadas realidades. Mas ocorre certa confus�o, quanto � defini��o do mesmo com outras atividades l�dicas, como brincadeiras e jogos. Dissipando esta vis�o, podemos dizer que, o brinquedo � o objeto utilizado para o desenvolvimento da atividade l�dica, brincadeiras s�o atividades mais livres, j� os jogos possuem regras pr�-estabelecidas, mas que s�o flex�veis.

    Os benef�cios que o brincar traz para a crian�a s�o m�ltiplos. Atrav�s dos jogos e brincadeiras, � poss�vel contribuir para o desenvolvimento de habilidades f�sicas (reconhecendo e desenvolvendo atividades motoras); sociais (na intera��o e coopera��o propiciadas pelo l�dico); cognitivas (com seu aux�lio, poder trabalhar v�rios conceitos, prazerosamente); e afetivas (pelo ambiente agrad�vel vivenciado).

    No entanto, brinquedos, brincadeiras e jogos, o l�dico em geral deve estar presente na Educa��o Infantil, propiciando a contempla��o da crian�a em sua totalidade. Logo, cabe ao educador e a escola, valorizarem os trabalhos corporais na inf�ncia.

    Em virtude do que foi apresentado, o presente estudo, contribui para a forma��o e atua��o de profissionais da �rea educacional, por meio da valoriza��o da Educa��o corporal e atividades l�dicas. Al�m disso, h� a finalidade de servir de est�mulo e apoio, para que poss�veis estudos possam surgir.

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 21 � N� 216 | Buenos Aires,Mayo de 2016  
Lecturas: Educaci�n F�sica y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados

Quais são os jogos que trabalham a expressão corporal e a criatividade?

JOGOS E BRINCADEIRAS PARA DESENVOLVER A LATERALIDADE.
 Estátua. Objetivo: Desenvolver o esquema corporal, capacidade de expressão corporal, criatividade e socialização. ... .
 Mímica teatral. Objetivo: Desenvolver o esquema corporal, capacidade de expressão corporal, criatividade e socialização. ... .
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Participação em brincadeiras e jogos que envolvam correr, subir, descer, escorregar, pendurar-se, movimentar-se, dançar. O objetivo é ampliar gradualmente o conhecimento e controle sobre o corpo e o movimento.

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Jogos de Expressão Corporal – Experiência e arte no contexto escolar. Jogos de Expressão Corporal: Experiência e Arte no Contexto Escolar é uma obra que estabelece conexões da experiência, da arte, da comicidade e dos jogos de expressão corporal com a pedagogia atual e com a Psicomotricidade.

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5 brincadeiras para a família toda se mexer.
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