1 / 1 Show 1. Introdu��o O tema: Educa��o... O autor n�o necessita muitas apresenta��es, fala por si s� em suas diversas obras, al�m de ecoar muito al�m das mesmas, at� em sua posteridade: Dr. Paulo Freire. Na introdu��o do livro -"PRIMEIRAS PALAVRAS"(FREIRE, 2003, p.13-20)- Freire esclarece o p�blico alvo (docentes formados ou em forma��o), insistindo que formar um(a) aluno(a) � muito mais que treinar e depositar conhecimentos simplesmente (principalmente em nossa �rea- Educa��o F�sica � mais do que ensinar t�cnicas de desenvolvimento motor). E que, para forma��o, necessitamos de �tica e coer�ncia. Complementa que as mesmas precisam estar vivas e presentes em nossa pr�tica educativa (sendo esta nossa responsabilidade como agentes pedag�gicos). Esta pr�tica educativa deve vir sem interesses lucrativos, sem acusa��es injustas, sem promessas inalcan��veis, sem discrimina��o racial, social ou de g�nero, sem mediocridade e/ou falsidades. Da� a import�ncia do respeito �s diferentes posturas profissionais dos outros professores e a necessidade constante de busca de conhecimentos e atualiza��o(forma��o cient�fica). Ele fala da esperan�a e do otimismo necess�rios para mudan�as dentro deste contexto e nunca se acomodar, pois "somos seres condicionados, mas n�o determinados" (FREIRE, p.17, 2003).
No primeiro cap�tulo - "N�O H� DOC�NCIA SEM DISC�NCIA" (FREIRE, 2003, p. 21-46), temos exemplos de diferentes tipos de educadores: cr�ticos, progressistas e conservadores. Apesar destas diferen�as, todos necessitam de saberes comuns tais como:
Paulo Freire ressalta a necessidade de uma reflex�o cr�tica sobre a pr�tica educativa. Sem essa reflex�o, a teoria pode ir virando apenas discurso; e a pr�tica, ativismo e reprodu��o alienada. Nos adverte para que n�o sejamos demasiado convictos de nossas certezas e que todo novo conhecimento pode superar o j� existente, sendo necess�rio ao professor(a) sempre exercer o h�bito da pesquisa(capacita��o profissional e promo��o social para evitar tornar-se obsoleto), para poder saber o que ainda n�o sabe e comunicar as novidades aos alunos(as), fazendo que a curiosidade dos mesmos transite da ingenuidade do senso comum � "curiosidade epistemol�gica"(FREIRE, 2003, p.29), carregada de criticidade. O ato de ensinar deve exigir o desenvolvimento deste senso cr�tico no aluno.1 Toda a teoria deve ser coerente com a pr�tica cotidiana do professor, que passa a ser um modelo e influenciador de seus educandos: n�o seria convincente falar para os alunos que o alcoolismo faz mal � sa�de e tomar bebidas alco�licas, deve-se ter 'raiva' da bebida, pois a emo��o � o que move as atitudes dos cidad�os e estas partem do conhecimento, do respeito aos outros e a si mesmo, ressaltando que na verdadeira forma��o docente devem estar presentes o exerc�cio da criticidade ao lado do reconhecimento das emo��es- um aprendizado pr�ximo, sem a frieza e mecanicismo do simples fato de aprender e receber conhecimentos. Diversas vezes, o autor fala da " justa raiva "(FREIRE, 2003, p.40) que tem um papel altamente formador na educa��o. Uma raiva que protesta contra as injusti�as, contra a deslealdade, contra a explora��o e a viol�ncia. Podemos definir esta "justa raiva" com aquele desconforto ou inc�modo(provoca��o) que sentimos mediante os quadros descritos acima.2 O docente deve tamb�m ensinar a pensar certo. E � somente "quem pensa certo, mesmo que �s vezes pense errado, quem pode ensinar a pensar certo" (FREIRE, 2003, p. 27). O autor acredita que ensinar exige rigorosidade met�dica e o dever do educador democr�tico � refor�ar a capacidade cr�tica do educando, sua curiosidade, sua insubmiss�o. A pr�tica educativa em si deve ser um testemunho rigoroso de dec�ncia e de pureza, j� que nela h� uma caracter�stica fundamentalmente humana: o car�ter formador. Para isso, o professor deve se utilizar a corporeifica��o (FREIRE, 2003, p.29) das palavras como exemplo. Faz parte do pensar certo a "disponibilidade ao risco, a aceita��o do novo e a utiliza��o de um crit�rio para a recusa do velho"(FREIRE, 2003, p.35). Tamb�m est� presente no pensar certo a rejei��o a qualquer tipo de discrimina��o. E quando se ensina a pensar certo, devemos tratar o pensar certo como algo que se faz e que se vive enquanto dele se fala com a for�a do testemunho e a coer�ncia. Freire(2003) destaca a import�ncia de propiciar condi��es aos educandos, em suas rela��es uns com os outros ou com o(a) professor(a), de ensaiar a experi�ncia de assumir-se como uma pessoa social e hist�rica, que pensa, se comunica, tem sonhos, que tem raiva e que ama. Isto despe o agente pedag�gico e permite que se rompa a neutralidade do mesmo(a). Acredita que a educa��o � uma forma de interven��o no mundo, que n�o � neutra, nem indiferente, mas que pode implicar tanto no desmascaramento da ideologia dominante como mant�-la. O autor tamb�m ressalta o quanto pode representar um determinado gesto do professor na vida de um aluno e da necessidade de refletirmos seriamente sobre isso, j� que nas escolas fala-se exclusivamente do ensino dos conte�dos e n�o h� uma ampla compreens�o do que � educa��o e do que � aprender: "Ensinar exige respeito aos saberes do educando" (FREIRE, 2003, p.30) e aos seus interesses e realidade tamb�m. A constru��o de um saber junto ao educando depende da relev�ncia que o educador d� ao contexto social, � tradi��o da comunidade � qual ele trabalha para conseguir aproximar os conte�dos da realidade vivida, compondo um di�logo aberto com o(a) aluno(a), que mostra a "raz�o de ser" do conhecimento, colaborando portanto com o interesse ou curiosidade epistemol�gica mencionados anteriormente.
Neste cap�tulo, Freire(2003) retoma em sua fala a necessidade dos educadores criarem as possibilidades para a produ��o ou constru��o do conhecimento pelos alunos(as), num processo em que o professor e o aluno n�o se reduzem � condi��o de objeto um do outro. Insiste que "...ensinar n�o � transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua pr�pria produ��o ou a sua constru��o" (FREIRE, 2003, p. 47), e que o conhecimento precisa ser vivido e testemunhado pelo agente pedag�gico. Esse racioc�nio existe porque somos seres humanos e, como tal, temos consci�ncia que somos inacabados: seria a inconclus�o existencial de todo ser humano (FREIRE, 2003, p. 50). � esta consci�ncia que nos motiva a pesquisar, conhecer e mudar "o que est� condicionado, mas n�o determinado" (FREIRE, 2003, p.53). Passamos assim, a ser sujeito e n�o apenas objeto da nossa hist�ria, pois n�o devemos ver situa��es como fatalidades e sim est�mulo para muda-las. Todos devem ser respeitados pela sua autonomia, por isso uma auto-avalia��o dos alunos seria um bom recurso utilizado dentro da pr�tica pedag�gica, al�m do cuidado com o espa�o f�sico usado nesta. � enf�tico ao dizer que o respeito � autonomia e � dignidade de cada indiv�duo � um imperativo e n�o um favor que podemos ou n�o conceder uns aos outros. Deixa claro que a transgress�o da eticidade deve ser entendida como uma ruptura com a dec�ncia, uma transgress�o � natureza humana, uma imoralidade inconceb�vel (FREIRE, 2003, p. 59-60). Para chegar ao conhecimento, educadores e educandos precisam de est�mulos que despertem a curiosidade e consequentemente a busca. Mas a curiosidade de um n�o pode inibir a do outro, devem ser complementares. E, com isso, v�o se criando saberes provis�rios como uma "bola de neve". O educador, al�m de obter conte�dos program�ticos para desenvolver de suas aulas, deve buscar did�ticas que cansem e instiguem seus ouvintes, mas este cansa�o deve ser ocasionado pela tentativa de acompanhar o racioc�nio e n�o pelo desinteresse de conte�do. O bom senso do professor diz para sermos coerentes, diminuindo a dist�ncia entre o discurso e a pr�tica(FREIRE, 2003, p.61). Ele � quem pautar� se a sua autoridade na sala de aula n�o � autoritarismo e tamb�m deixa claro a ele que h� algo que precisa ser sabido frente a algum problema. Ensinar exige humildade, toler�ncia e luta em defesa aos direitos dos educandos e exige tamb�m, a apreens�o da realidade (FREIRE, 2003, p.66). Ensinar exige a convic��o de que a mudan�a � poss�vel, pois a hist�ria deve ser vista como uma possibilidade e n�o uma determina��o. Para mudarmos, devemos ser esperan�osos, ou seja, ter esperan�a de que podemos ensinar e produzir junto com os nossos alunos para resistir aos obst�culos a nossa alegria. Mas para cobrar e lutar ideologicamente por mudan�as e respeito profissional, o educador n�o pode ver a pr�tica educativa como algo sem import�ncia. Precisa mostrar e demonstrar esta esperan�a e esp�rito de revolu��o. Em nossa �rea de atua��o, notamos muitas vezes este descaso, por parte dos outros docentes, do aluno e at� mesmo por nossos colegas de profiss�o, que ainda n�o percebem a import�ncia da Educa��o F�sica no ambiente escolar e para a forma��o dos alunos(as). � importante lutar e insistir em mudan�as e revolu��es dentro de nossa �rea. O educador n�o deve inibir ou dificultar a curiosidade dos alunos, muito pelo contr�rio, deve estimula-la, pois dessa forma desenvolver� a sua pr�pria curiosidade. E ela � fundamental para evocarmos nossa imagina��o, intui��o, capacidade de comparar, transformar e transcender.
No �ltimo cap�tulo(FREIRE, 2003, p. 91-146), Freire mostra a necessidade de seguran�a, do conhecimento e da generosidade do educador para que tenha compet�ncia, autoridade e liberdade na condu��o de suas aulas. Defende a necessidade de exercermos nossa autoridade docente com a seguran�a fundada na compet�ncia profissional, aliada � generosidade. Acredita que a disciplina verdadeira n�o est� "...no sil�ncio dos silenciados, mas no alvoro�o dos inquietos"(FREIRE, 2003, p.93), na esperan�a que desperta o ensino dos conte�dos, implicando no testemunho �tico do professor- isto seria a autoridade coerentemente democr�tica. Ensinar exige comprometimento (FREIRE, 2003, p.96), sendo necess�rio que nos aproximemos cada vez mais de nossos discursos de nossas a��es. Sendo professor, � necess�rio interpretar as entrelinhas do que ocorre no espa�o escolar e estar ciente de que a sua presen�a nesse espa�o n�o passa desapercebida pelos alunos(as). Para ele, a Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 2003, p.94-96) deve estar centrada em experi�ncias estimuladoras da decis�o, da responsabilidade, ou seja, em experi�ncias respeitosas da liberdade. Para isso, ao ensinar, o professor deve ter liberdade e autoridade (FREIRE, 2003, p.104), em que a liberdade deve ser vivida em plenitude com a autoridade. �na diretividade da educa��o, que aquilo que o autor chama de " politicidade da educa��o ", traz a pol�tica como algo inerente � pr�pria natureza pedag�gica, como algo oposto � neutralidade frente aos acontecimentos da escola, da sociedade, da vida. Nos alerta para tomarmos cuidado com o discurso ideol�gico (FREIRE, 2003, p. 127), do qual a educa��o tamb�m faz parte, pois ele nos amea�a de anestesiar nossa mente, de confundir nossa curiosidade, de distorcer a percep��o dos fatos, das coisas, dos acontecimentos. Para que isso n�o ocorra devemos ter uma desconfian�a met�dica que nos protege de tornar-nos absolutamente certos de nossas certezas. O educador como ser pol�tico, emotivo, pensante n�o pode ter atitudes neutras, deve sempre mostrar o que pensa, apontando diferentes caminhos sem conclus�es, para que o educando procure o qual acredita, com suas explica��es, se responsabilizando pelas conseq��ncias e construindo assim sua autonomia. Para que isso ocorra deve haver um balan�o entre autoridade e liberdade. Destaca que somente quem sabe escutar (FREIRE, 2003, p. 113-116) � que aprende a falar com os alunos. E � somente quem escuta paciente e criticamente, que � capaz de falar com as pessoas. Ensinar exige querer bem aos educandos e isso n�o significa querer bem igual a todos os educandos, mas sim dizer que a afetividade n�o assusta e que n�o existe receios em expressa-la, com apreens�o quanto a perder a famosa "seriedade docente" em contrapartida � afetividade. Finaliza dizendo que a atividade docente � uma atividade alegre por natureza, mas com uma forma��o cient�fica s�ria e com a clareza pol�tica dos educadores. Da� a necessidade de sabermos lidar em nossa �rea (Educa��o F�sica) com esta dualidade, pois devemos estimular a alegria em nossas aulas, mas sempre carregada do car�ter de cientificidade e conhecimentos te�ricos, para que a �rea n�o caia na rotula��o de ser apenas uma disciplina de recrea��o, descontra��o e sem conhecimentos espec�ficos. Foi somente a percep��o de que homens e mulheres s�o seres "programados, mas para aprender" e consequentemente para ensinar, conhecer e intervir que faz o autor entender a pr�tica educativa como um exerc�cio constante em favor da produ��o e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos, n�o somente transmitindo conhecimentos, mas redescobrindo, construindo e ressignificando estes conhecimentos, al�m de transcenderem e participarem de suas realidades hist�ricas, pessoais, sociais e existenciais. Mesmo com todos os empecilhos para se educar (condi��es de trabalho, sal�rios baixos, descasos, formas de avalia��o), ainda h� muitos educadores exercendo sua fun��o de uma maneira eficaz. Com certeza isso se deve ao que o autor chama de voca��o, que significa ter afetividade, gostar do que faz, ter compet�ncia para uma determinada fun��o e acreditar que mesmo n�o conseguindo mudar o mundo, muita coisa � poss�vel ser mudada atrav�s da pr�tica educativa. Quando o autor destaca, desde o in�cio da obra a necessidade da �tica e coer�ncia na pr�tica educativa, nos remetemos diversas vezes � obra recente de Edgar Morin ("Os Sete saberes necess�rios � Educa��o do Futuro")3 , na qual Morin(2000) destaca e muitas vezes se assemelha � forma de expressar-se de Freire(2003), trazendo exatamente a necessidade de reconhecimento desta �tica humana, al�m da preocupa��o com a situa��o atual e futura do planeta, defendendo que devamos assumir e incorporar nossa identidade terrena. Nesta mesma obra, Morin (2000), de maneira semelhante a Freire, destaca como sete pontos-chave para a educa��o:
Voltando-nos agora para a an�lise da obra do Dr. Paulo Freire, apesar de ser um livro repetitivo em algumas conceitua��es, sendo diversas vezes retomados alguns t�picos, ele � v�lido; pois quem escreve � um professor que coloca suas experi�ncias e sua esperan�a como um est�mulo para futuros docentes, defendendo a necessidade de transforma��o e engajamento na �rdua e gratificante tarefa de melhorar a educa��o e sermos agentes pedag�gicos efetivos. O livro preconiza um fator que h� muito defendemos e temos percebido como sendo de fundamental import�ncia no processo de doc�ncia: motivar (e auto motivar-se) a uma constante busca n�o apenas do conhecimento te�rico-pr�tico (atrav�s de capacita��o e forma��o-pesquisa), mas da rela��o docente-discente, pe�a fundamental para erigirmos, juntos- discentes e docentes- uma educa��o decente neste pa�s, n�o somente para a �rea de Educa��o F�sica escolar, mas para a forma��o global e educa��o cr�tica destes cidad�os.
Quais os saberes necessários à prática educativa Segundo Paulo Freire?Na Pedagogia da Autonomia, o Paulo Freire (2006) fala dos saberes indispensáveis à prática educativa. Afirma que o ensino demanda: rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética, corporeificação das palavras pelo exemplo, risco, etc.
Quais os saberes necessários à prática educativa?Quando analisados, emergiram saberes necessários à prática educativa, semelhante aqueles defendidos por Paulo Freire: ensinar não é transferir conhecimento; ensinar exige bom senso; ensinar exige saber escutar; ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores.
O que diz as ideias de Paulo Freire sobre a prática educacional?Paulo Freire vê a educação como ferramenta para emancipação individual e social e avalia que todo processo educacional deve partir da realidade do próprio aluno. Também valoriza a horizontalidade, ou seja, a possibilidade não só de estudantes aprenderem com professores, mas também o contrário.
Quais são as práticas de Paulo Freire?O Método Paulo Freire tem um caráter essencialmente humanista, em oposição às práticas domesticadoras. Muito mais que uma seqüência de passos metodológicos, ele deu consistência a uma nova concepção de educação, a educação popular, na prática e na história das idéias pedagógicas.
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