Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Sinapses

Anatomia da sinapse

No SNC, uma sinapse corresponde à parte estrutural de um neurónio que envia um sinal elétrico ou químico para outro neurónio ou para uma célula-alvo.

Estrutura do neurónio:

  • Membrana celular
  • Corpo celular (soma)
  • Dendrites
  • Axónio
  • Bainha de mielina
  • Nódulos de Ranvier (entre as bainhas de mielina)
  • Sinapse

Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Anatomia de um neurónio

Imagem: “Anatomy of the neuron” de Phil Schatz. Licença: CC BY 4.0

Numa sinapse:

  • Um neurónio transmissor do sinal (neurónio pré-sináptico)
  • O neurónio alvo (o neurónio pós-sináptico)
  • As 2 membranas criam uma fenda sináptica onde se realiza o processo de sinalização (neurotransmissão)

Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Visão geral da neurotransmissão na sinapse

Imagem por Lecturio.

Sinapses por localização

  • Axo-dendrítica: axónio para uma dendrite
  • Axo-somática: axónio para um corpo celular
  • Axo-secretora: axónio para um vaso sanguíneo
  • Axo-axónica: axónio para outro axónio
  • Dendro-dendrítica: dendrite para outra dendrite
  • Axo-extracelular: axónio sem conexão

Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Diferentes tipos de sinapses por localização

Imagem : “Synapse types” por BruceBlaus. Licença: CC BY 3.0

Tipos de sinapses

Sinapses elétricas:

  • Lacuna nas proteínas de canal, que conectam 2 neurónios, para que um sinal elétrico possa percorrer a sinapse.
  • 2 neurónios conectados através de canais especiais conhecidos por junções comunicantes
  • Não reguladas
  • Permitem que os sinais sejam transferidos rapidamente entre as células
  • Encontradas em localizações específicas:
    • Coração
    • Músculo liso
    • Polpa dentária
    • Retina do olho

Sinapses químicas:

  • Lacuna entre 2 neurónios onde a informação passa quimicamente sob a forma de moléculas neurotransmissoras
  • Contêm:
    • Membrana pré-sináptica
    • Fenda sináptica
    • Membrana pós-sináptica
  • Sinapse química mais comum:
    • Junção neuromuscular
    • Formada pelo contacto entre um neurónio motor e uma fibra muscular
  • Condutância pós-sináptica ou potenciais pós-sinápticos (PPSs)
    • Potenciais pós-sinápticos excitatórios (PPSEs): PPSs que ↑ a probabilidade de ocorrer um potencial de ação pós-sináptico
    • Potenciais pós-sinápticos inibitórios (PPSIs): PSPs que ↓ a probabilidade de ocorrer um potencial de ação pós-sináptico
    • Uma resposta pós-sináptica ser PPSE ou PPSI depende de:
      • Tipo de canal acoplado ao recetor.
      • Concentração dos iões que se encontram permanentemente dentro e fora da célula.

Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Exemplo de sinapse química, uma junção neuromuscular
ACH: acetilcolina

Imagem : “Junção neuromuscular” por Doctor Jana. Licença: CC BY 4.0, editada por Lecturio.

Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Exemplos de sinapses excitatórias e inibitórias:
À esquerda: sinapse excitatória utilizando um potencial pós-sináptico excitatório (PPSE) e o neurotransmissor glutamato para criar uma despolarização positiva.
À direita: potencial pós-sináptico inibitório (PPSI) utilizando o neurotransmissor GABA, provocando hiperpolarização

Imagem por Lecturio.

Vídeos recomendados

Neurotransmissores

> 500 neurotransmissores diferentes foram identificados no ser humano. Os neurotransmissores são:

  • Proteínas armazenadas nas vesículas sinápticas
  • Mensageiros químicos que transmitem sinais de um neurónio para uma célula-alvo
  • Agrupados junto da membrana celular do axónio terminal
  • Libertados na fenda sináptica como resultado do limiar de potencial de ação no neurónio pré-sináptico
  • Excitatórios ou inibitórios

Classes de neurotransmissores

  • Aminoácidos:
    • Glutamato
    • Glicina
    • GABA
  • Colinérgicos:
    • Acetilcolina
  • Catecolaminas:
    • Dopamina
    • Norepinefrina
    • Epinefrina
  • Monoaminas:
    • Serotonina
    • Histamina
  • Opióides:
    • Dinorfinas
    • Endorfinas
    • Encefalinas
  • Gases solúveis:
    • NO
    • CO

Neurotransmissores comuns e respetivas ações

Tabela: Neurotransmissores comuns e respetivas ações

NeurotransmissorCaracterísticasLocal de síntese
DopaminaExcitatória e inibitória SNC: substância negra, área tegmental ventral e outros
NorepinefrinaExcitatória SNC: locus coeruleus, sistema nervoso simpático e medula da suprarrenal
EpinefrinaExcitatória Medula da suprarrenal
Serotonina
  • Inibitória
  • Envolvida no humor, sono e inibição da dor
SNC: núcleo da rafe e células enterocromafins
HistaminaExcitatória e inibitória
  • SNC: neurónios histaminérgicos nos gânglios da base
  • Periferia: mastócitos e basófilos
AcetilcolinaExcitatória (habitualmente) Junções neuromusculares, sinapses pré-simpáticas e sinapses simpáticas pré-ganglionares
Glutamato
  • Principal neurotransmissor excitatório
  • Papel na aprendizagem e memória
  • Sintetiza GABA
SNC: em quase todas as partes do sistema nervoso
GABA
  • Inibitório
  • Sintetizado a partir do glutamato
  • Principal neurotransmissor inibitório
SNC
GlicinaInibitória SNC: medula espinhal, tronco cerebral e retina
EncefalinasInibitórias (dor) SNC
EndorfinasInibitórias SNC e SNP
NeuroquininasTrato gastrointestinal: modulam a motilidade, os fluidos e a secreção de eletrólitos Neurónios entéricos intrínsecos e fibras nervosas aferentes primárias extrínsecas
Substância PModula a vasodilatação, inflamação, dor e o processo de vómito Neurónios entéricos intrínsecos e fibras nervosas aferentes primárias extrínsecas
Peptídeo libertador de gastrinaEstimula a libertação de gastrina a partir das células G Fibras pós-ganglionares do nervo vago

SNP: sistema nervoso periférico

Neurotransmissão

  1. No corpo celular formam-se vesículas preenchidas com neurotransmissores e as mesmas são transportadas até e armazenadas no botão pré-sinático.
  2. O potencial de ação chega através do axónio.
  3. Abertura dos caanais de Ca2+ dependentes de voltagem.
  4. As vesículas são estimuladas.
  5. As vesículas do neurotransmissor fundem-se com as membranas sinápticas e libertam o conteúdo do neurotransmissor na fenda sináptica.
  6. O recetor pós-sináptico liga-se ao transmissor e abre-se.
  7. O transmissor não ligado é destruído, reciclado ou difundido para fora da fenda.

Qual a diferença entre os neurotransmissores excitatórios e o inibitórios?

Ações de neurotransmissão na sinapse

Imagem por Lecturio.

Relevância Clinica

  • Miastenia gravis: doença autoimune caracterizada pela produção de autoanticorpos contra os recetores de acetilcolina na membrana pós-sináptica. Quando esses recetores são bloqueados, é inibida a contração muscular. Indivíduos com miastenia gravis referem exaustão e fadiga. O sintoma clássico inicial é a queda das pálpebras à medida que a noite se aproxima.
  • Doença de Parkinson: doença neurodegenerativa na qual a produção de dopamina se encontra diminuída devido à destruição das células que a produzem ao nível da substância negra. Esta destruição resulta em sintomas como tremores, perda do controlo dos movimentos, hipocinésia, rigidez, demência e depressão.
  • Toxina tetánica: impede a libertação de GABA, um neurotransmissor inibitório. Esta libertação resulta em sinais excitatórios não controlados para os músculos esqueléticos, que entram em espasmo. Os músculos da mandíbula são particularmente afetados, provocando o clássico sinal de lockjaw. Conforme a doença progride, existe envolvimento dos músculos respiratórios , causando a morte.
  • Botulismo: a toxina botulínica está entre as proteínas tóxicas mais conhecidas. Essa toxina é produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Quando a toxina botulínica se liga às proteínas da vesícula sináptica e aos gangliosídeos, impede a libertação de acetilcolina, um neurotransmissor estimulatório, inibindo os efeitos estimuladores, evitando a contração muscular e provocando paralisia flácida.
  • Perturbação do espectro do autismo: perturbação do neurodesenvolvimento marcada por deficientes skills sociais, interesses e interações sociais restritos e comportamentos repetitivos e estereotipados. Essa condição é denominada de “espectro” devido à grande variabilidade na gravidade dos sintomas apresentados. Alguns indivíduos sofrem de défices severos a nível intelectual e da linguagem, enquanto outros podem ter um intelecto normal ou até avançado.
  • Doença de Huntington: doença neurodegenerativa progressiva com transmissão hereditária autossómica dominante. A doença de Huntington é causada pela repetição do trinucleotídeo CAG (citosina-adenina-guanina) no gene da Huntingtina (HTT, pela sigla em inglês), levando à morte do neurónio e à atrofia do núcleos caudato e putamen. É comum a apresentação clínica na idade adulta como um distúrbio do movimento conhecido como coreia – movimentos abruptos e involuntários da face, tronco e membros. O tratamento é de suporte.
  • Esquizofrenia: distúrbio mental crónico grave. A esquizofrenia é caracterizada pela presença de sintomas psicóticos, discurso ou comportamento desorganizado, aplanamento afetivo, abolição, anedonia, défice de atenção e alogia. O tratamento inclui antipsicóticos em associação a terapia comportamental.

Tabela: Alterações nos neurotransmissores em diferentes doenças

DopaminaAcetilcolinaNorepinefrinaSerotoninaGABA
Esquizofrenia
Ansiedade
Depressão
Doença de Alzheimer
Doença de Huntington
Doença de Parkinson

Referências

  1. Perea G, Navarrete M, Araque A. (2009). Tripartite synapses: astrocytes process and control synaptic information. Trends in Neurosciences 32:421–431.
  2. Missler M, Südhof TC, Biederer T. (2012). Synaptic cell adhesion. Cold Spring Harb Perspect Biol 4:a005694.
  3. Schacter DL, Gilbert DT, Wegner DM. (2011). Psychology, 2nd ed. New York: Worth, p. 80.
  4. Palay S. (1956). Synapses in the central nervous system. J Biophys Biochem Cytol 2:193–202.
  5. Tansey EM. (1997). Not committing barbarisms: Sherrington and the synapse, 1897. Brain Research Bulletin 44:211–212.
  6. Jones RA, Harrison C, Eaton SL, et al. (2017). Cellular and molecular anatomy of the human neuromuscular junction. Cell Rep 21:2348–2356.
  7. Harris AL.(2018). Electrical coupling and its channels. J Gen Physiol 150:1606–1639.
  8. Südhof TC. (2018). Towards an understanding of synapse formation. Neuron 100:276–293.
  9. Südhof TC. (2012). The presynaptic active zone. Neuron 75:11–25.
  10. Lisman JE, Raghavachari S, Tsien RW. (2007). The sequence of events that underlie quantal transmission at central glutamatergic synapses. Nat Rev Neurosci 8:597–609.

Qual a diferença entre um neurotransmissor excitatório e um inibitório?

Excitatórios: esses neurônios provocam a despolarização da membrana pós-sinápticas. Inibitórios: esses neurônios promovem a hiperpolarização da membrana pós-sinápticas.

Qual a diferença entre neurotransmissores excitatórios inibitórios e Modulatórios?

Como atuam e a função dos neurotransmissores A maneira que um neurotransmissor influencia um neurônio pode ser classificada em: Excitatória: criação de um sinal elétrico no neurônio receptor; Inibitória: restrição de um potencial de ação no neurônio receptor; Modulatória: regulação da população de neurônios.

Quais são os neurotransmissores excitatórios e inibitórios?

O glutamato é o principal transmissor excitatório do sistema nervoso central. O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do cérebro dos vertebrados adultos. A glicina é o principal neurotransmissor inibitório da medula espinhal.

Qual a diferença entre ação inibitória e excitatória da sinapse?

Se o sinal produzido na membrana pós-sináptica for a despolarização, iniciando o potencial de ação, então será uma sinapse excitatória. Se o sinal produzido na membrana pós-sináptica for de hiperpolarização, a ação resultante será inibitória do potencial de ação, portanto nesse caso há uma sinapse inibitória.