Publicidade No mês de setembro, intensas queimadas atingiram tanto as regiões brasileiras do
Pantanal e da Amazônia quanto áreas inteiras da Califórnia e do Oregon, nos Estados Unidos. Por aqui, o fenômeno tem causado destruição da vegetação e morte
de animais e, por lá, chegou a afetar cidades e causar mortes de pessoas. As áreas expostas às queimadas têm particularidades. No entanto, a emergência ambiental no mesmo período deixa dúvida sobre uma possível origem em comum. Para explicar o aumento do evento, GUIA DO ESTUDANTE conversou com o biólogo Weverton Trindade, mestre em
Biologia Evolutiva e doutorando em Ecologia e Conservação. As causas Trindade explica que as queimadas naturais não são as causas principais dessa intensa onda de fogo no Brasil. “A maioria dos incêndios na Amazônia e no Pantanal é provocada por ação humana. Apenas 3 em cada mil raios que atingem vegetações resultam em incêndios. Esses eventos acontecem a cada 5 ou 10 anos e não todo ano, como vemos agora”, afirma. No Brasil, a
Polícia Federal investiga fazendeiros que podem ter começado incêndios no Pantanal. Em entrevista à CNN Brasil, o delegado Daniel Rocha disse que quatro proprietários estão sendo investigados. Além disso, o delegado afirma que sua equipe analisa focos de incêndio de junho e julho que “não têm como não terem sido
ocasionados por ação humana”. Já as queimadas nos Estados Unidos apresentam origens distintas. Mesmo com parte dos focos de incêndio provocados também por ação humana, as autoridades americanas não relacionam o fogo à atividade agropecuária. De acordo com as informações do The New York Times, há incêndios iniciados por linhas de transmissão de
energia. Atualmente, o clima está quente e seco na região. Além disso, há incêndios em florestas causados por elementos naturais, como raios. Já o tipo de vegetação brasileira faz com que seja muito mais difícil que raios provoquem queimadas, explica Trindade. O aquecimento global deixa o clima mais seco e agrava a situação das queimadas. O desmatamento descontrolado contribui para esse processo. Continua após a publicidade Situação
no Brasil Situação nos Estados Unidos Negacionismo O presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o presidente americano Donald Trump têm negado a gravidade do cenário. Trindade participou de um vídeo no canal Meteoro Brasil e criticou essa postura. “No Brasil,
não é apenas um descuido, mas também parece que há um incentivo às queimadas por parte do governo”. Continua após a publicidade
Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apenas nos últimos dois meses, mais de 10 mil focos de incêndios já foram registrados no Pantanal e estima-se que cerca de 3 milhões de hectares já tenham sido atingidos pelo fogo – equivalente ao território inteiro da Bélgica. A situação não difere muito da Amazônia, onde os números
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, nas últimas duas semanas, o número de incêndios se igualou ao total de setembro inteiro do ano passado: 60 mil. Na quarta-feira (16), os países europeus participantes da declaração de Amsterdã enviaram uma carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão clamando por ações imediatas para conter o fogo nos biomas brasileiros.
Já na Califórnia, vídeos e fotos feitos por moradores circulam pelas redes sociais e mostram cenas que parecem ter saído diretamente de um filme de futuro distópico: um céu vermelho coberto de fumaça engole cidades inteiras. Até um impressionante “firenado” (tornado de fogo) assustou bombeiros e moradores. Eles foram avisados por meio de códigos de alerta e mensagens de celular para deixarem suas casas imediatamente e irem em busca de abrigo em cidades
vizinhas.
As trágicas queimadas que vimos em 2019 estão se repetindo neste ano
AMAZÔNIA, DESMATAMENTO E QUEIMADAS: UM NOVO DESASTRE EM 2020
- O que fazemos?
- Onde Atuamos
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- AMAZÔNIA, DESMATAMENTO E QUEIMADAS: UMA NOVA TRAGÉDIA EM 2020
© WWF-Brasil
NÚMEROS DA DESTRUIÇÃO
Junho de 2020: registros de fogo atingiram a maior alta para esse mês, início da estação seca, em 13 anos;
Julho de 2020: foram 6.803 focos de incêndios na Amazônia, 28% a mais do que no mesmo período de 2019;
Agosto de 2020: 29.307 focos de incêndio, ou seja, 66,5% do acumulado do ano (44.013).
1/1 a 31/8 de 2020: as queimadas já são 39% maiores do que nos últimos 10 anos;
De 1/9 a 14/9: mais de 20 mil focos de queimadas, o que significa um aumento de 86% em relação ao mesmo período de 2019;
O relatório "Queimadas, Florestas e o Futuro: Uma Crise Fora de Controle" (WWF e BCG) alerta: a ação humana é responsável por 3 em cada 4 queimadas em florestas no mundo.
Entenda a relação queimadas e desmatamento:
Grande parte das queimadas no bioma é criminosa e consequência direta do desmatamento, que avança cada vez mais rápido por causa do roubo de terras públicas, invasão de garimpeiros e exploração ilegal de madeira, entre outros.
Entre agosto de 2019 e julho de 2020, houve 33% mais desmatamento do que no mesmo período de 2019, ano em que uma área de floresta equivalente a oito vezes a cidade do Rio de Janeiro foi derrubada.
A soma dos alarmantes índices de desmatamento e queimadas com o início da estação seca na Amazônia resulta na repetição da tragédia que vimos ano passado. Com o agravante de, em 2020, também estarmos enfrentando a pandemia de Covid-19, doença que ataca o sistema respiratório.
QUEIMADAS: A TRAGÉDIA DE 2019 SE REPETE EM 2020
A crise das queimadas na Amazônia
parece não ter fim. Este ano, vimos novos recordes de incêndio na região, causados também pelo desmatamento. Seguimos agindo para proteger a Amazônia, mas precisamos de você. Para proteger a Amazônia e garantir nosso futuro, DOE #CuidarComeçaAgora
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© Araquém Alcântara/WWF-Brasil
Sobrevoo mostra queimadas no Pará
© Araquém Alcântara/WWF-Brasil
“Se nada for feito, veremos um ciclo de altos níveis de desmatamento e queimadas se repetindo anualmente, já que as áreas desmatadas são bem mais vulneráveis às queimadas na Amazônia”
Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil
Colocar a Amazônia em risco é colocar as pessoas em risco
De acordo com o relatório "Queimadas, Florestas e o Futuro: Uma Crise Fora de Controle", todos os anos, há cerca de 340 mil mortes prematuras por problemas respiratórios e cardiovasculares atribuídos à fumaça de incêndios florestais.
Em 2020, nos países mais atingidos por queimadas, a fumaça está aumentando o perigo do coronavírus, tornando essa questão ainda mais grave e urgente.
Veja outras graves consequências do desmatamento e das queimadas florestais:
Dizimação da maior biodiversidade do mundo
© Divulgação Seaprof
Liberação de milhões de toneladas de GEE
© WWF-Brasil/Bruno Taitson
Prejuízo direto a milhares de indígenas,
© Samara Souza/ WWF-Brasil
Crescimento do número de atividades ilegais;
© Adriano Gambarini/WWF-Brasil
Saiba quem são as pessoas e os animais que vivem na Amazônia -e são afetados pelos desmatamentos e pelas queimadas
© Camera trap
Conheça os Moradores da Floresta
A série de vídeos traz dez episódios com informações sobre algumas das espécies mais marcantes e raras da floresta amazônica, a partir de imagens capturadas por armadilhas fotográficas instaladas na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri (AC).
Clique aqui e assista como antas, macacos, tatus, aves e, claro, onças vivem em seu habitat natural.
© Marizilda Cruppe / WWF
Emergência Amazônica Graças ao apoio de pessoas e organizações do Brasil e outros
países, o WWF-Brasil reforçou importantes parcerias em 2019 e continua trabalhando duro em 2020 em defesa da floresta e da vida.
Acesse o site e
conheça as histórias de quem mora e vive pela floresta!
© Michael Dantas / WWF-Brasil
O que estamos fazendo
O WWF-Brasil, graças a doações de indivíduos e empresas no Brasil e em outros países conseguiu destinar equipamentos de combate ao fogo para bombeiros, guardas florestais, brigadistas e comunidades indígenas do Acre e do Amazonas.
Além disso, nossos projetos já atingiram 55,8 milhões de hectares ou cerca de 14% da Amazônia brasileira, uma área maior que a soma dos territórios da Espanha e da Suíça. Leia mais aqui.
Para proteger a Amazônia e garantir nosso futuro, o #CuidarComeçaAgora.
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