A história da doação de sangue é mais antiga do que muitos imaginam. Em 1667, o médico francês Jean-Baptiste Denys, que atendia o rei Luís XIV, realizou o primeiro caso documentado de transfusão da história, ao transferir sangue de ovelha a um menino de 15 anos. O procedimento, surpreendentemente, não causou a morte do garoto. Provavelmente, a quantidade foi pequena e seu organismo conseguiu reagir contra a substância inadequada. Outras tentativas, porém, acabaram por tirar a vida de várias pessoas. Mesmo assim, já estavam plantadas as sementes da transfusão e da doação de sangue.
A descoberta dos grupos sanguíneos
Em 1900, final do Século 19, Karl Landsteiner, o imunologista austríaco, observou que o soro do sangue de uma pessoa muitas vezes coagulava ao ser misturado com o de outra pessoa. Assim era descoberto o primeiro e mais importante sistema de grupo sanguíneo existente no organismo: o ABO.1 De lá para cá, os estudos hematológicos e a tecnologia tornaram o ato de doar sangue seguro e indispensável para salvar milhões de vidas.
O sistema Rh: quem doa para quem...
Décadas após a descoberta do sistema de grupo sanguíneo ABO, outro fato revolucionou a prática da medicina transfusional: a identificação do fator Rh.2 Cerca de 85% das pessoas possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por isso chamados de Rh+ (Rh positivos). Os 15% restantes que não o possuem são chamados de Rh- (Rh negativos)3. É importante conhecer o tipo sanguíneo em relação ao sistema Rh, pois isso evita reações de incompatibilidade numa transfusão de sangue.
Além do sistema ABO, o mais conhecido com 8 tipos sanguíneos: A+, B+, AB+, O+, A-, B-, AB-, O- , há tipos de sangues raros como o Bombay – considerado falso O – ; e o "sangue dourado" que tem RH Nulo (não conta com nenhum tipo de antígeno).4
Se você ainda não conhece seu tipo sanguíneo, não se preocupe, hospitais e centros hematológicos fazem testes antes da doação. É importante saber, no entanto, quem doa para quem, principalmente para evitar incompatibilidades, que podem inclusive levar à morte.
No sistema ABO, há dois tipos de sangue especiais: o O-, que é doador universal, ou seja, doa para todos os tipos do grupo; e o AB+, o receptor universal, que recebe todos os tipos de sangue desse sistema sanguíneo, sejam fator positivo ou não. Anote as combinações:
A+ > doa para A+ e AB+
A- > doa para A+, AB+, A-, AB-
B+ >; doa para B+ e AB+
B- > doa para B+, AB+, B-, AB-
O+ >; doa para O+, A+, B+, AB+
O- > doa para O+, A+, B+, AB+, A-, B-, AB-, O-
AB+ > doa para AB+
AB- > doa para AB+ e AB-
Quem recebe de quem
A+ > recebe doação de A+, A-, O+ e O-
A - > recebe doação de A- e O-
B+ > recebe doação de B+, B-, O+ e O-
B- >; recebe doação de B- e O-
AB+ > recebe doação de A+, B+, O+, AB+, A-, B-, O- e AB-
AB- > recebe doação de A-, B-, O- e AB-
O+ >; recebe doação de O+ e O-
O- > recebe doação de O-
Doe sangue!
Fazer uma doação é um ato de cidadania. Não hesite em exercê-lo, procurando hospitais ou bancos de sangue de sua cidade. Clique aqui e conheça os requisitos para doar sangue.
Referências
1;2;3 //www.prosangue.sp.gov.br/artigos/estudantes.html
Recursos do assunto
O sangue transporta oxigênio e nutrientes pelos vasos sanguíneos até os órgãos para mantê-los saudáveis. Sem sangue suficiente, passamos mal e podemos até morrer.
O sangue é formado por diversos tipos de células e por um líquido chamado plasma.
Os diversos tipos de células incluem:
Glóbulos vermelhos para transportar oxigênio para os tecidos
Glóbulos brancos para combater infecções
Plaquetas para ajudar o sangue a coagular, quando sangramos
Uma transfusão de sangue ocorre quando o sangue doado por outras pessoas é administrado a você por um tubo na veia.
Os médicos raramente aplicam transfusões do sangue total. Em geral, os laboratórios separam os diferentes componentes do sangue para que se receba somente o componente necessário. Por exemplo, pode-se receber apenas:
Glóbulos vermelhos (o chamado “concentrado de hemácias”)
Plaquetas
Plasma
Porém, existem diversos tipos sanguíneos. Se for necessária uma transfusão, é preciso que a pessoa receba o sangue compatível com seu tipo sanguíneo.
Os glóbulos vermelhos têm dois marcadores químicos principais em sua superfície. Os marcadores são designados A e B. O tipo sanguíneo é determinado pelo marcador presente nos glóbulos vermelhos:
A: o marcador A está presente
B: o marcador B está presente
AB: os marcadores A e B estão presentes
O: nem o marcador A nem o B estão presentes
Há também um marcador Rh. Se ele estiver presente, o tipo sanguíneo é “positivo” (+). Se o marcador Rh não estiver presente, o tipo sanguíneo é “negativo” (-). Assim, por exemplo, podemos ser do tipo A+ ou A-.
Uma transfusão é mais segura quando se recebe sangue compatível com o próprio tipo sanguíneo. Receber o tipo errado pode ser perigoso e até mesmo fatal.
Um voluntário doa cerca de 450 ml de sangue por vez. O sangue é enviado a um banco de sangue para ser armazenado.
Antes de doar sangue, as pessoas precisam responder a perguntas para garantir que seu sangue seja seguro para ser doado para outras pessoas. São feitas perguntas sobre os países que visitaram e sobre comportamentos que podem colocá-las em risco de certas doenças. Essas doenças incluem infecção pelo vírus da hepatite e pelo HIV. Depois que o sangue é doado, ele é testado para detectar alguns tipos de infecções. Os testes tornam a transfusão de sangue muito segura, embora não possam eliminar todos os possíveis riscos.
Às vezes, é possível doar sangue para si próprio. Por exemplo, se uma pessoa estiver agendada para realizar uma cirurgia que possa envolver muita hemorragia, o médico pode pedir a ela que doe seu próprio sangue algumas semanas antes da cirurgia. Em seguida, até o dia da cirurgia, ela tomará comprimidos de ferro para ajudar o corpo a fabricar mais sangue. Se ela necessitar de sangue durante a cirurgia, o médico poderá transfundir o próprio sangue que ela doou.
Uma transfusão de sangue pode ser necessária se:
A pessoa tiver perdido muito sangue, por exemplo, em consequência de uma lesão ou durante uma cirurgia
A pessoa tiver uma doença ou tomou algum medicamento que impede o corpo de fabricar certas células de sangue
Pode ser necessária uma transfusão de plasma se a pessoa estiver com muita hemorragia e precisar das proteínas de coagulação presentes no plasma.
Em geral, as transfusões de sangue não causam problemas, pois os profissionais de saúde que estão administrando a transfusão de sangue adotam precauções para manter a pessoa segura. Quando as pessoas têm problemas, a maioria é de natureza leve, mas, eventualmente, podem ser graves.
Os efeitos colaterais mais sérios, mas muito raros, são:
Receber excesso de líquido, o que pode causar dificuldade para respirar
Danos aos pulmões que podem dificultar a respiração
Degradação de glóbulos vermelhos porque o tipo sanguíneo na transfusão não combinou com o do receptor — isso pode fazer com que a urina fique escura e surja uma cor amarelada na parte branca do olho
Infecções por vírus ou bactérias presentes no sangue doado
Os efeitos colaterais mais comuns são febre e reações alérgicas.
Pode-se ter febre e calafrios
Os médicos prescreverão um medicamento (paracetamol) para aliviar os sintomas
Para quaisquer transfusões futuras, eles prescreverão paracetamol antes do início da transfusão
Pode-se ter coceira, erupção cutânea, inchaço, tontura, cefaleia, dor no peito, dor nas costas e batimentos cardíacos rápidos
Às vezes, a pessoa também pode ter dificuldade para respirar, sibilos ou micção involuntária
Os médicos interromperão a transfusão e administrarão um antialérgico para aliviar a coceira e reduzir o inchaço
Em quaisquer transfusões futuras, eles poderão filtrar o sangue doado para reduzir a chance de uma reação alérgica
Antes da transfusão, os profissionais de saúde:
Examinarão o sangue do doador para detectar certos organismos que podem causar infecção
Misturarão uma gota do sangue do receptor com o sangue do doador para garantir que funcionam bem juntos (compatibilidade cruzada)
Inspecionarão as etiquetas nas bolsas de sangue doado para garantir que são as certas
Durante a transfusão, os profissionais de saúde:
Observarão a pessoa atentamente durante os primeiros quinze minutos da transfusão, pois é o período mais provável de se ter uma reação alérgica
Depois dos primeiros quinze minutos, eles observarão a pessoa frequentemente para poder interromper a transfusão se houver alguma intercorrência
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