Os primeiros dias mais frios do ano chegaram! Com a mudança de estação é comum que doenças respiratórias como gripes e resfriados se espalhem com mais facilidade. Ao primeiro sinal de desconforto, analgésicos e anti-inflamatórios são a primeira opção de muita gente. Vendidos livremente em farmácias e drogarias estes medicamentos podem ser ótimos para emergências. Entretanto, seu uso prolongado, indiscriminado e sem critérios pode causar efeitos colaterais para sua saúde. Entenda:
Uso prolongado
O uso prolongado de ácido acetilsalicílico (AAS), que é um dos principais componentes de vários analgésicos, pode provocar ou agravar doenças como gastrites e úlceras. Aspirina, anti-inflamatórios não hormonais e os corticóides são drogas que causam gastrite. Isso acontece porque eles destroem a barreira de proteção gástrica, inibindo a produção de muco, uma substância que funciona como uma barreira protegendo o revestimento do estômago. Normalmente o consumo destas drogas por um curto período em pacientes saudáveis não causa problemas. Porém, quando o uso é prolongado, pode ocorrer desde gastrites até algo mais sério como uma úlcera gástrica ou duodenal.
Se você fuma o cuidado deve ser redobrado!
O que é gastrite?
Gastrite é uma doença que se caracteriza pelo processo inflamatório da camada interna de revestimento do estômago que é chamada de mucosa gástrica. Na gastrite, as células brancas do sangue migram para a parede do estômago como resposta a uma agressão. Já a úlcera gástrica é uma lesão (ferida) no estômago em um estágio mais avançado.
Quais são os sintomas?
A gastrite pode não produzir qualquer sintoma, mas é bastante comum ocorrer dor ou queimação no abdome superior, náuseas, vômitos, eructações (arrotos) e sensação de má digestão. As queixas podem piorar com o jejum prolongado. Pode haver diminuição do apetite e saciedade precoce (qualquer coisa que comemos nos dá a sensação de já estarmos cheios). Se a dor é muito severa podemos estar diante de complicações como sangramento e perfuração de uma úlcera, por exemplo. Neste caso podemos ter taquicardia, extremidades frias, queda da pressão arterial com tonturas e até desmaios.
Como tratar a gastrite?
O tratamento depende da sua causa. Na maioria dos casos de gastrite a redução da secreção de ácido pode ser feita através de medicamentos como o conhecido omeprazol, por exemplo, ou qualquer outro medicamento desta classe, os chamados inibidores de bomba protônica. Além disso é necessário uma dieta sem irritantes gástricos. Mas atenção, no caso da gastrite induzida por medicamentos, apenas a suspensão do agente agressor pode levar a resolução completa do quadro. Procure sempre uma orientação médica especializada para obter um diagnóstico preciso e para orientação do tratamento mais adequado para o seu caso.
A automedicação nunca é uma boa escolha!
Evite!
No caso de gripes e resfriados, por mais simples que pareçam, procure um médico. Os anti-inflamatórios devem ser utilizados sempre com a orientação cautelosa de um especialista, pois podem produzir efeitos colaterais muito sérios como hemorragias, perfuração de úlceras pépticas e insuficiência renal.
O que é: popularmente conhecida como gastrite nervosa, ocorre por um mau funcionamento no estômago. As causas podem ser má alimentação, ingestão de alimentos que não foram bem mastigados, refeições apressadas e sensibilidade a algum tipo de comida. Situações de estresse também podem desencadear a dispepsia.
Sintomas: queimação, dor contínua na boca do estômago, gases, náuseas, sensação de estufamento e de saciedade com pouca comida.
Tratamento: varia de acordo com os sintomas. Consulte um médico para encontrar a causa principal da doença.
Prevenção: comer na hora certa, mastigar bem os alimentos, fazer atividades físicas, evitar fritura, gordura e condimentos. Relaxar e não ficar tão nervosa também ajuda.
Gastrite
O que é: inflamação do estômago decorrente principalmente de remédios que agridem o órgão, como aspirinas e anti-inflamatórios. Também pode ser causada pela ação da bactéria Helicobacter pylori, presente em 50% da população mundial. Neste caso, no entanto, a inflamação não traz sintomas, só é percebida em exames.
Sintomas: quando os remédios dão origem à doença, há dor no estômago, queimação e, às vezes, hemorragia.
Tratamento: com remédios prescritos por um médico.
Prevenção: evite anti-inflamatórios ou vá ao consultório para saber como proteger o estômago dessas agressões.
Úlceras
O que é: lesão na parede do estômago provocada pela mesma bactéria da gastrite, a Helicobacter pylori. “Dos 50% que a abrigam, 10% terá úlcera e 1%, câncer de estômago. Vale lembrar que o câncer é uma combinação de fatores, entre eles a bactéria e o histórico familiar”, diz Jaime Eisig, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
Sintomas: iguais aos da dispepsia.
Tratamento: os medicamentos prescritos têm a finalidade de cicatrizar a ferida e matar a bactéria.
Prevenção: por ser resultado de alteração genética ou da ação da bactéria, não há como evitar. Segundo o doutor Jaime Eisig, a úlcera não tem relação com má alimentação nem com o estresse.
Sem queimação
Hábitos diários aliviam sintomas e ajudam a dar fim ao problema:
- Não fume: o cigarro aumenta a quantidade de ácido no estômago, prejudica a cicatrização de feridas e aumenta o risco de câncer.
- Modere no café: por ser um irritante gástrico, agrava os sintomas da gastrite.
- Sem sal: comida salgada ou condimentada aumenta o risco de câncer, principalmente em pessoas com histórico na família.
- Chega de álcool: a bebida também é um irritante gástrico e intensifica as dores estomacais.
- Coma frutas: vitaminas A, C e E são antioxidantes e protegem o estômago contra o câncer.
Você sabia?
- Acredite: não é o estômago que ronca! O barulho vem dos movimentos que o intestino faz para empurrar o alimento ou quando espera comida. “Se o corpo sente fome, o estômago produz suco gástrico. Esse líquido vai para o intestino e o estimula a se movimentar”, diz Ricardo Barbuti, gastroenterologista.
- Leite não é bom para gastrite. De início, ele melhora sintomas, mas as dores pioram muito depois.
- Você pode tomar antiácido quando sentir queimação, mas vá ao médico se a dor for frequente. “Azia de vez em quando é natural por causa da alimentação ou do nervosismo, mas o antiácido pode mascarar uma doença grave”, explica o médico Jaime Eisig.
- As mulheres sofrem mais com a gastrite nervosa do que os homens.
Refluxo gástrico
O que é: muita gente pensa que é uma doença estomacal, mas trata-se de um problema do esôfago, que fica logo acima. O estômago produz um ácido que pode subir quando há problema na válvula que liga os dois órgãos. Isso traz a sensação de queimação.
Como resolver: os sintomas mais comuns são azia, queimação e regurgitação. Não tem cura, mas é possível amenizar: não se deite após comer, evite refeições grandes com alimentos gordurosos, chocolate, hortelã e bebidas.