A febre em crianças é a queixa mais frequente nos consultórios e no pronto atendimento pediátrico. Em tempos de COVID-19, pode ser mais assustadora ainda para os pais. O pequeno costuma ficar desanimado, irritado e, quando muito novo, sequer consegue expressar o que está sentindo.
Porém, não é preciso fazer disso um bicho de sete cabeças. Afinal, toda criança terá febre em algum momento da vida e isso é completamente normal. A febre é apenas um “sinal” e nem sempre é preciso tanto alarde.
O segredo é se inteirar mais sobre esse quadro, aprender a identificar seus sinais mais preocupantes e, com isso, saber exatamente o que fazer.
Vamos lá?
Primeiramente: o que é a febre?
Também conhecida como hipertermia ou pirexia, a febre é uma resposta do sistema imunológico a uma série de fatores considerados uma ameaça à nossa saúde (exemplos: vírus, infecções, inflamações etc).
Devemos sempre lembrar que febre é um sintoma, não uma doença. Ela sinaliza que algo está errado e que o organismo está reagindo ao problema, o que é positivo.
O hipotálamo (região cerebral com funções termorreguladoras, entre outras), quando recebe a informação de que pode haver um “intruso” no organismo, ajusta a temperatura corporal para cima (> 37 °C) na tentativa de eliminá-lo.
Quando isso acontece, a pessoa tem a sensação de frio e pode apresentar tremores. Fora isso, existem outros sintomas os quais precisamos ficar de olho, mas já já falaremos sobre eles.
Curiosidade: Você sabia que o nosso corpo passa por variações de temperatura ao longo dia? Ela costuma ser mais baixa pela manhã e, durante o final da tarde e à noite, aumenta um pouco. Porém, estes números se mantêm normalmente entre 36 e 37 graus. Acima desses valores, a pessoa já se encontra em estado febril.
A partir de quantos graus devo me preocupar?
Podemos considerar um quadro de febre quando os valores são maiores que 37,8 °C e, quando eles passam dos 39 °C, a classificação é de febre ALTA.
Um ponto importante aqui é que a intensidade da febre não está relacionada à gravidade da doença.
Como
saber se meu filho está com febre?
A melhor forma de medir a temperatura do pequeno é por meio do termômetro. Atualmente, o mercado oferece diversas opções de dispositivos que cumprem muito bem esse papel. Os mais populares são:
- Analógicos (contêm o mercúrio e devem ser usados com cuidado devido à toxicidade dessa substância);
- Digitais (revelam a temperatura em poucos minutos e não possuem mercúrio);
- Infravermelhos (revelam a temperatura em questão de segundos e, por isso, são melhores para crianças mais novas).
O local mais comum para colocação do termômetro é a região da axila. Porém, pode ser medida a temperatura retal, oral, auricular, temporal e abdominal.
Durante a pandemia, o termômetro mais utilizado tem sido o infravermelho de testa, que não necessita de contato. É importante saber que eles têm uma variação de temperatura em torno de 0,2º acima do termômetro axilar.
Causas
A febre geralmente é provocada por:
- Infecções viróticas ou bacterianas, incluindo gripe e pneumonia;
- Algumas vacinas como, por exemplo, as contra difteria ou tétano (em crianças);
- Aparecimento da primeira dentição (em bebês);
- Algumas doenças inflamatórias;
- Queimaduras;
- Alguns medicamentos (antibióticos, anticonvulsivantes entre outros);
- Insolação.
Quando devo me preocupar?
Procure por ajuda médica caso:
- A febre do seu filho dure mais de 72 horas;
- A temperatura do pequeno esteja acima dos 39 °C;
- A temperatura não abaixe, mesmo após medicação;
- O pequeno esteja prostrado mesmo quando a temperatura baixa;
- A febre esteja acompanhada de:
- Dor de cabeça;
- Erupções cutâneas;
- Sensibilidade à luz;
- Rigidez e/ou dor no pescoço;
- Vômitos persistentes;
- Dor abdominal;
- Dor ao urinar;
- Fraqueza muscular;
- Dificuldade em respirar ou dor no peito;
- Confusão.
Atenção: se o seu filho tem menos de 3 meses de idade e estiver com febre, procure por ajuda médica IMEDIATAMENTE.
Complicações
Crianças com idades entre 6 meses e 5 anos podem ter convulsões como uma complicação da febre. Esse quadro, geralmente, provoca perda de consciência e/ou agitação dos membros do corpo.
O que faz a criança ter as convulsões são fatores genéticos associados a velocidade em que a temperatura corporal sobe. A temperatura, por si só, mesmo muito elevada, não é um fator determinante para a ocorrência das convulsões febris.
Exemplo: tem crianças que convulsionam com 37,8° enquanto outras chegam a 40° sem nenhum sintoma.
Se o seu filho tiver uma convulsão:
- Deite-o de lado;
- Não coloque NADA na boca dele;
- Posicione uma almofada embaixo da cabeça ou coloque-o no colo para evitar que ele se machuque;
- Afrouxe as roupas caso elas estejam apertadas.
Atenção: assim que a convulsão passar, leve o pequeno até o médico o mais rápido possível.
E como fazer a febre abaixar?
Por ser apenas um sintoma, a melhor forma de lidar com a febre é tratando a condição que a está provocando. Em casos de infecções bacterianas, por exemplo, talvez seja necessário um antibiótico, e por aí vai.
Em caso de febre baixa e bom estado geral, somente um banho morno pode baixar a temperatura, sem que a criança precise ser medicada. Porém, caso a temperatura esteja muito elevada, ou causando bastante desconforto, a administração de antitérmicos (com respaldo médico, claro) é uma boa opção.
Importante: nunca usar compressas de gelo ou banhos gelados devido ao choque térmico e ao tremendo desconforto para a criança. Compressas de álcool também NÃO DEVEM SER USADAS pelo risco de inalação e alergia.