Mario de Miranda Quintana nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906. Quando tinha 13 anos, mudou-se para Porto Alegre, capital do estado, para estudar no colégio militar. Considerado o “poeta das coisas simples”, Mario Quintana é reconhecido atualmente como um dos maiores nomes da literatura brasileira.
Seus escritos são marcados pela profundidade e perfeição técnica com o hábil uso das palavras. Mario Quintana trabalhou como jornalista quase toda a sua vida, traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs Dalloway de Virginia Woolf, e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini. Recebeu grandes prêmios da literatura, como o Prêmio Machado de Assis (1980) e o Jabuti (1981). Mario Quintana faleceu em 1994, aos 87 anos, na cidade de Porto Alegre. Entre tantas obras (poemas, antologias e traduções), Mário escreveu sobre “O Tempo“.
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser
reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Título:
Antologia Poética
Autor:
Mario
Quintana
Sinopse:
Publicada originalmente em 1981, Antologia poética apresenta uma seleção do próprio Mario Quintana, que optou por uma divisão temática de seus poemas. Estão presentes os motivos mais emblemáticos do poeta: o humor, o despojamento, o devaneio, o sobrenatural, a infância, o cotidiano. O conjunto forma um curso prático não só da poesia de Quintana, mas da poesia moderna como um todo, naquilo que ela tem de mais característico: o lirismo
intimista e o verso livre. Com prefácio de Eucanaã Ferraz, que discute em profundidade não só a coletânea, mas também faz um balanço preciso da obra de Quintana, esta é uma ótima porta de entrada para os leitores que querem ter contato com este poeta essencial.
Questão 1
(UFSC – 2004)
Em relação a Mario Quintana, sua obra e o excerto abaixo, do livro Poemas, é CORRETO afirmar que:
Fere de leve a frase... E esquece... Nada /Convém que se repita... / Só em linguagem amorosa agrada / A mesma coisa cem mil vezes dita.
I. São características de Mario Quintana, entre outras: a natureza pessoal, quase autobiográfica, de sua obra; o cultivo da forma; e o humor.
II. Percebe-se, no excerto acima, uma preocupação metalinguística do autor, que extravasa em alguns poemas suas próprias concepções sobre a poesia.
III. A ideia de o poema ser ‘único’, uma das características da obra de Mario Quintana, está presente no excerto acima.
IV. O texto poético caracteriza-se por apresentar muitas inversões que atendem estilisticamente ao ritmo dos versos. No excerto, por exemplo, a palavra 'só' pode ser deslocada: ‘em linguagem amorosa só agrada’, sem alteração de significado.
a) I, II e IV.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I e II.
Questão 2
(UEFJ)
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de
mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana
Eles não têm pouso
nem porto (v. 6-7)
Os versos acima podem ser lidos como uma pressuposição do autor sobre o texto literário. Essa pressuposição está ligada ao fato de que a obra literária, como texto público, apresenta o seguinte traço:
a) é aberta a várias leituras
b) provoca desejo de transformação
c) integra experiências de contestação
d) expressa sentimentos contraditórios
Questão 3
Sobre a poesia de Mario Quintana, é incorreto afirmar:
a) Enquadra-se, cronologicamente, no terceiro tempo modernista, embora essa classificação seja arbitrária, já que sua poesia crescia sob o clima da década de 30 (segundo tempo modernista) no plano da literatura gaúcha.
b) Tem no Simbolismo sua maior inspiração, onde encontrou o gosto e a técnica pelos poemas em prosa.
c) A escola parnasiana é sua maior inspiração. O poeta pregou o culto à palavra e ao formalismo métrico.
d) Os temas frequentes da poesia de Mario Quintana são: valorização da imaginação, o sonho, a fantasia, o devaneio, o encanto, o misticismo, a humanidade, a existência, o carinho, a canção e o mundo infantil.
Questão 4
São características da obra literária de Mario Quintana:
I. Mario Quintana está cronológica e tematicamente vinculado à segunda geração do Modernismo. Em sua poesia é possível notar o bom humor, o coloquialismo e a brevidade, traços característicos das vanguardas modernistas.
II. Sua poesia é caracterizada por um profundo humanismo. Os principais motivos de sua poética são o misticismo, a ternura, a melancolia, o intimismo, o humor irônico, a nostalgia da infância e a pureza.
III. Mario Quintana é tradicionalmente classificado como um autor modernista, mais especificamente da 2ª fase do movimento, mas sua obra apresenta influências simbolistas, românticas e parnasianas.
IV. É possível perceber a musicalidade nos escritos de Mario. O escritor utiliza técnicas literárias tradicionais para compor seus versos, e a estruturação do soneto é um exemplo.
V. Em sua poesia é possível notar grande influência do realismo mágico ou fantástico por meio de visões oníricas ou surrealistas.
a) I, III e V.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e V.
Respostas
Resposta Questão 1
Alternativa “a”.
Resposta Questão 2
Alternativa “a”. Os pássaros, sobre os quais fala o poeta, estão no plano da metáfora, visto que não são pássaros reais. Esses pássaros, por não terem pouso nem porto, podem pousar em qualquer lugar, colaborando com a ideia de que o poema encontra-se aberto a várias leituras.
Resposta Questão 3
Alternativa “c”. Embora tenha retomado alguns aspectos da poesia parnasiana, execrada pelos modernistas de 1922, e de ter composto versos sob formas fixas, especialmente sonetos, Mario Quintana tinha no Simbolismo sua maior inspiração.
Resposta Questão 4
Alternativa “d”. As características descritas nas alternativas III e IV dizem respeito à escritora Cecília Meireles.