Que adaptações podemos encontrar em animais e plantas que vivem em dunas?

As dunas frontais são aquelas mais próxima da área que conhecemos como praia. Estas dunas são formadas a partir da movimentação de sedimentos: o mar deposita a areia e, após secar, o vento a carrega em direção ao continente. Com o tempo, essas dunas são colonizadas por plantas que ajudam a fixar este sedimento.

Estes locais apresentam uma grande diversidade de vida. Há uma considerável riqueza de plantas, podendo ser encontradas mais de 30 espécies em uma determinada região. No entanto, não são todas as plantas com capacidade de crescer nas dunas. Imagine todo esforço envolvido para que uma planta consiga se instalar e sobreviver em um ambiente com pouca água, pobre em nutrientes, salino, com muito vento e incidência de luz, grande alteração de temperaturas e com substrato instável. Assim como outros seres vivos, as plantas desenvolvem diversos mecanismos para sobreviverem e garantir a continuidade das espécies.

Devido a estas características, a vegetação das dunas frontais é composta por plantas rasteiras ou arbustos que não ultrapassam um metro de altura. Isso ocorre porque com alturas menores a chance de quebrarem pela ação do vento é menor. Ainda, não há disponibilidade de tantos nutrientes para que plantas maiores possam crescer.

Além da altura reduzida, outras características adaptativas são apresentadas de diferentes formas pelas espécies encontradas nas dunas frontais:

  • Folhas carnosas (suculentas), que possuem alta capacidade de armazenamento de água. Uma planta que apresenta esta característica é o capotiraguá (Blutaparon portulacoides), que possui propriedades medicinais e encontra-se em uma situação vulnerável quanto sua conservação no Rio Grande do Sul;
  • Folhas com pilosidades (semelhante à pelos), diminuem a incidência de sol diretamente nas folhas, assim também diminuindo a perda de água pela transpiração. Um exemplo é a margaridinha-das-dunas (Sececcio crassiflorus), muito utilizada em projetos de recuperação de dunas por serem de fácil cultivo;
  • Algumas plantas possuem as folhas curvadas para o centro, que forma uma espécie de funil, em que a água é direcionada para as suas raízes e ainda diminui a área exposta a luz solar. Um exemplo é a ipomea (Ipomea pes-caprae);
  • Algumas raízes são bastante profundas para acessarem a água do lençol freático, mas também possuem uma rede de raízes superficiais bem ramificadas, que tornam a planta mais estável;
  • Outras plantas ainda apresentam glândulas para eliminar o sal em forma de soluções salinas ou cristais;
  • No geral a estrutura é flexível e algumas espécies apresentam formação em moitas para se protegerem dos ventos fortes.

Ainda há muitas outras estratégias desenvolvidas pelas plantas para que consigam ter maior sucesso na colonização das nossas restingas. Além da estabilização das dunas, estas plantas também proporcionam abrigo e alimentação para outras espécies da fauna que residem no local, tais como os tuco-tucos (Ctenomys sp.) e os ninhos de piru-piru (Haematopus palliatus), entre outras espécies. Há uma grande biodiversidade que depende deste ecossistema para sobreviver, portanto quando for à praia evite pisotear as dunas, utilizando as passarelas.

Autora:

Bióloga Taís Leffa – Colaboradora Licenciar Consultoria Ambiental
CRBio 110826-03

REFERÊNCIAS:

AZEVEDO, N.H.; MARTINI, A.M.Z.; OLIVEIRA, A.A.; SCARPA, D.L.; PETROBRAS: USP, IB, LabTrop/BioIn (org.). Ecologia na restinga: uma sequência didática argumentativa. 1ed. São Paulo: Edição dos autores, Janeiro de 2014. 140p.

BOEGER, M. R. T.; GLUZEZAK, R. Adaptações estruturais de sete espécies de plantas para as condições ambientais da área de dunas de Santa Catarina, Brasil. Iheringia. Série Botânica., v. 61, n. 1/2, p. 73-82, 2006.

FALKENBERG, D. B. Aspectos da flora e da vegetação secundária da restinga de Santa Catarina, Sul do Brasil. INSULA Revista de Botânica, v. 28, p. 01, 1999.

PALMA, C. B.; JARENKOW, J. A. Estrutura de uma formação herbácea de dunas frontais no litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Biociências, v. 16, n. 2, 2008.

As dunas são elevações de solo arenoso e seco, que se formam, principalmente, pela ação dos ventos, que acumulam areia da praia, provenientes do mar. As formações são ambientes escassos em matéria orgânica e pouco inóspitos para muitas formas de vida, até por que sofrem com a ação dos ventos que fazem com que sofram constantes transformações, como alterações na sua forma, podendo ainda aumentar e ou diminuir de tamanho, bem como sofrer deslocamentos.
No Brasil, a legislação considera as dunas como áreas de preservação permanente ou APP. É um ambiente natural que tem preservação garantida por lei, pelo fato de , constituírem um ecossistema com características próprias e bastante diferenciadas; apresentando fauna e flora adaptadas para sobreviver em regiões mais secas e quentes e, em alguns casos, de mudanças constantes.

Classificação
As dunas, de acordo com sua mobilidade, podem ser classificadas em dois tipos: dunas móveis ou migratórias e dunas estáveis ou estacionárias ou fixas. As primeiras acontecem quando a ausência de uma barreira faz com que o vento “carregue” as dunas e as estáveis, quando a vegetação, principalmente, ou outro fator, impede que o vento transfira as dunas de lugar.
Neste último caso, nota-se como a presença da vegetação auxilia a estabilizar as áreas. Dunas ricas em vegetação funcionam como uma barreira natural ao avanço do mar e como um filtro para as águas provenientes da chuva, que irão para o lençol freático. Vale ressaltar que a vegetação de ambiente dunar é constituída por espécies pioneiras na sucessão ecológicas adaptadas à alta salinidade e ao atrito proveniente dos ventos fortes.

Fauna
No que se refere à fauna em ambiente de dunas, ainda existem poucos trabalhos a respeito. Mas, em geral, mostra-se escassa comparada a outros ambientes, devido a alguns fatores como: altas taxas de salinidade, instabilidade térmica, radiação solar intensa e baixas taxas de umidade que tornam o ambiente “hostil”. Contudo, muitas espécies de insetos, aves, e alguns vertebrados terrestres, abrangendo roedores e répteis, desenvolveram características adaptativas que lhes proporcionaram as dunas como seu habitat natural. Esses animais se adaptaram para economizar água e viver em galerias no subsolo durante as horas mais quente do dia.

Merece ser destacado, o lagarto das dunas (Liolaemus occipitalis). Esta espécie – restrita as dunas – , possui unhas pontiagudas em seus dedos que criam aderência e tração permitindo ao réptil, movimentar-se com grande rapidez e velocidade no terreno arenoso.

Outros exemplares típicos são: o tuco-tuco e a formiga leão. O primeiro é um pequeno roedor, que assim como o Liolaemus occipitalis, tem as dunas, como ambiente restrito. O tuco-tuco habita galerias escavadas nas areias; alimenta-se, principalmente, de caules e raízes da vegetação nativa. Já a formiga leão, escava na areia das dunas, uma estrutura semelhante a um funil e espera por eventuais presas, como pequenos insetos, que ao caírem no funil, ficam presos e acabam se tornando vítima da larva.

Dentre outras espécies animais existentes, também podem ser citadas, as muitas aves que aproveitam esse tipo de ecossistema como um local para repouso, reprodução e alimentação. Isto acontece, principalmente, com aves migratórias, que muitas vezes realizam grandes percursos durante as viagens e ainda aproveitam o ambiente dunar para descansar e alimentar-se de insetos e pequenos artrópodes, que ali residem. Em áreas alteradas, especialmente pelas ações antrópicas, as aves migratórias desaparecem e surgem as oportunistas e não típicas do ambiente.

Exploração
As dunas são ambientes bem peculiares e possuem altas taxas de visitantes – por conta do turismo nas praias –, o que pode afetar esse sistema ecológico. Além da exploração turística, a retirada descontrolada de areia para a construção civil acaba destruindo a vegetação e o ecossistema como um todo, ali estabilizado por elas. Isto ocorre por que a retirada de areia das dunas ocorre em taxa bem mais alta do que a capacidade de reposição proveniente dos ventos.
Por isso, se faz necessário a adoção de medidas preventivas para que a exploração deste ambiente não ocorra de forma desordenada e descontrolada, afinal, as dunas são barreiras naturais dinâmicas que possuem papel fundamental na qualidade de vida dos seres vivos e impedem o avanço do mar.

Por Jonas Felipe da Silva Araújo*, Viviane de Oliveira Thomas Lemos* e Bruno Edson Chaves**
*Alunos de Graduação em Ciências Biológicas da Uece (Universidade Estadual do Ceará). **Professor do Curso de Ciências Biológicas da Uece.

Quais são as adaptações dos animais e plantas que vivem nas dunas?

Os animais que vivem em ambientes secos e quentes, como as dunas, podem apresentar características como sistemas de controle de temperatura corporal, como o suor, respiração lenta e pele grossa. Já as plantas presentes nesses ambientes devem apresentar poucas folhas, espinhos, porte pequeno e casca grossa.

Que animais e plantas vivem nas dunas?

As dunas são habitadas, principalmente, por insetos, que costumam se refugiar na vegetação, como as moitas de capim-salgado ou de margarida das dunas, ou sob a areia. Os besouros, mais de 40 espécies, e as formigas, com noves espécies, são vistos com mais frequência nesses ambientes.

Quais plantas vivem nas dunas?

Nas dunas há uma vegetação nativa, composta principalmente por gramíneas e plantas rateiras que desempenham importante papel na formação e fixação das dunas.

Quais são as principais características das dunas?

As Dunas são ecossistemas constituídos por grãos de areia muito finas que se desenvolvem principalmente pela ação dos ventos, formando montes ou montanhas de diversas formas e tamanhos. Elas são extensas barreiras naturais dinâmicas que impedem o avanço do mar e ainda, a entrada de água salgada nos lençóis freáticos.