Que relação podemos estabelecer entre produção Industrial e urbanização

O PROCESSO DE URBANIZA��O

O processo de urbaniza��o, principalmente nos pa�ses em desenvolvimento, � uma das mais agressivas formas de relacionamento entre o homem e o meio ambiente. As cidades antigas eram menores, mais harm�nicas e, mesmo quando erguidas em locais ambientalmente inadequados, agrediam menos o meio ambiente.

A partir da revolu��o industrial, o processo de crescimento das cidades se acelerou pelas duas raz�es j� apontadas: a necessidade de m�o-de-obra nas ind�strias e a redu��o do n�mero de trabalhadores no campo. A industrializa��o promoveu de modo simult�neo os dois eventos, um de atra��o pela cidade, outro de expuls�o do campo. Antes da revolu��o industrial n�o havia nenhum pa�s onde a popula��o urbana predominasse. No come�o deste s�culo, apenas a Gr�-Bretanha possu�a a maior parte de sua popula��o vivendo em cidades (Munford 1982). Pode-se afirmar que o S�culo XX � o s�culo da urbaniza��o, pois nele se acentuou o predom�nio da cidade sobre o campo. Salvo regi�es muito atrasadas, que permanecem com caracter�sticas nitidamente rurais, o processo de urbaniza��o prossegue em marcha acelerada.

A id�ia da fixa��o do homem no campo como forma de evitar o crescimento das cidades carece de realismo. As pessoas v�o para o meio urbano em busca de oportunidades para melhorar a vida, de emprego, de escola, coisas que nem sempre s�o encontradas em pequenos povoados do interior. A cidade pode ser associada a uma unidade produtiva complexa, produzindo ampla variedade de bens e servi�os, estando permanentemente em busca de economias de escala, e sempre exercendo forte atra��o sobre os seres humanos.

Do mesmo modo que muitas atividades econ�micas superam as suas escalas econ�micas de produ��o, as cidades que crescem desmesuradamente acabam por exceder o denominado "tamanho ideal" e, a partir da�, passam a impor problemas econ�micos de escala a grande parte dos estabelecimentos industriais ou comerciais ali instalados. Esses problemas econ�micos se fazem refletir nos custos de produ��o, na satura��o dos sistemas de abastecimento d'�gua, no elevado tempo de viagem imposto aos trabalhadores, nos problemas de abastecimento causados por dificuldades no tr�nsito, nas restri��es para resolver o problema dos rejeitos, e assim por diante.

No momento em que a cidade entra numa curva de perda das vantagens inicialmente oferecidas pelo processo industrial, o l�gico seria iniciar a descentraliza��o das atividades, buscando outras localidades mais vantajosas. Mas n�o � isso que ocorre. A cidade continua crescendo, assistindo inerte � degrada��o de seu meio ambiente e de sua qualidade de vida, como algu�m que espera a morte sem qualquer rea��o. A descentraliza��o s� tem ocorrido muitos e muitos anos depois do completo inchamento e da consider�vel destrui��o do meio ambiente nos grandes centros urbanos.

O processo de urbaniza��o raramente � induzido por alguma pol�tica governamental de forma ordenada. Ele se processa de modo descontrolado, for�ando as cidades a abrigarem um n�mero de pessoas superior � sua capacidade, o que d� origem a habita��es subnormais, aos "sem-teto", � viol�ncia, � polui��o e �s periferias desassistidas que existem mesmo nas cidades mais ricas do mundo.

Em O Nosso Futuro Comum (1988), al�m de reflex�es interessantes, s�o sugeridas algumas estrat�gias para controlar o desenvolvimento urbano:

I. Nada sen�o a coer��o evitar� o crescimento da cidade grande nos primeiros est�gios de desenvolvimento;

II.  A chave de uma interven��o bem sucedida � o fato de ser oportuna, de modo a s� estimular a descentraliza��o quando come�arem a rarear as vantagens da concentra��o;

III.  Devem-se evitar pol�ticas que aumentem a atra��o pela cidade grande, em especial os subs�dios � energia e aos alimentos, a provis�o por demais generosa de infra-estrutura urbana e outros servi�os, e a excessiva concentra��o de poder administrativo na capital;

IV.  A melhor maneira de estimular centros secund�rios � aproveitar as vantagens econ�micas naturais de suas regi�es, especialmente em termos de processamento e mercadologia de recursos, com o fornecimento descentralizado de servi�os p�blicos;

V.  Os m�todos e estrat�gias de desenvolvimento rural e urbano devem ser complementares, e n�o contradit�rios. O desenvolvimento dos centros secund�rios visa o benef�cio econ�mico direto das �reas por eles servidas.

Note-se que a primeira observa��o conflita com o direito de ir e vir predominante nos pa�ses democr�ticos. Mesmo naqueles lugares onde esse direito foi ou � limitado, ocorreu o surgimento de grandes metr�poles. Estrat�gias que impe�am o homem de realizar seus sonhos de buscar uma vida que ele pensa ser melhor do que a presente jamais ser�o alternativas para o crescimento das cidades. A cria��o de oportunidades em uma s�rie de cidades de porte m�dio ser� provavelmente o melhor caminho. A redu��o dos incentivos � industrializa��o nas cidades maiores poder� pouco a pouco reduzir o fasc�nio pelas metr�poles e redirecionar os fluxos migrat�rios para localidades mais aptas a receb�-los.

Independentemente da �poca em que se inicie, o processo de industrializa��o sempre causa danos ao meio ambiente. Nos prim�rdios da cidade industrial, quem pensaria no dep�sito adequado dos res�duos, em evitar a polui��o dos rios ou em estudar a localiza��o das f�bricas em fun��o dos ventos dominantes? Quem se preocuparia com as condi��es de vida dos trabalhadores ou com a preserva��o da natureza? A revolu��o industrial provocou uma fant�stica deterioriza��o da qualidade de vida, expressa no aparecimento dos corti�os, no aumento da mortalidade infantil e na redu��o da expectativa de vida.

Um melhor tratamento da quest�o ambiental teve de esperar mais de cem anos ap�s o in�cio do processo. Londres, a grande metr�pole, teve degradada de forma extraordin�ria sua qualidade de vida durante mais de um s�culo. Somente quando o padr�o de vida dos ingleses permitiu a aloca��o de elevadas somas em programas ambientais � que come�ou a recupera��o do rio T�misa, a grande v�tima da industrializa��o londrina. Isto se deu apenas a partir de 1960!

Em meados do s�culo XIX, a popula��o de Londres tinha uma expectativa de vida de 36 anos, sendo que nas cidades de Liverpool e Manchester a expectativa era de apenas 26 anos (Munford 1982). As causas dessa reduzida expectativa de vida eram as prec�rias condi��es de trabalho, de moradia e de ordem ambiental. O ar era fortemente contaminado pela fuma�a das f�bricas, onde as m�quinas a vapor se moviam gra�as � queima de carv�o. Os rios eram meros esgotos a c�u aberto, a �gua consumida n�o sofria qualquer tratamento e o c�lera era doen�a comum.

A cidade industrial � voraz em termos de espa�o. Em geral, expande-se engolindo as pequenas cidades ou povoados vizinhos, criando imensas �reas conturbadas e formando as mega-cidades, que, mesmo nas sociedades p�s-industriais, s�o associadas ao descontrole, � impossibilidade de planejamento, e administra��o.

As demandas promovidas pelos imensos aglomerados urbanos fogem a qualquer capacidade de atendimento. A deterioriza��o dos seus servi�os � quase uma decorr�ncia natural de seu tamanho. A maior v�tima � sempre o meio ambiente. A natureza � apenas algo que serve �s necessidades urbanas. Assim, como um monstro incontrol�vel, a cidade vai ocupando e destruindo tudo ao seu redor, independentemente do que seja ou para que sirva.

Uma das regi�es mais ricas e polu�das da Europa, o Vale do Rio Ruhr, passou a contar com uma legisla��o impondo limites para a emiss�o de gases sulfurosos e outros agentes nocivos desprendidos na queima do carv�o, sua principal fonte energ�tica da regi�o, somente a partir de 1983. O programa previa uma redu��o de 70 a 80% na emiss�o de gases t�xicos em 10 anos a um custo de 30 bilh�es de marcos alem�es.

O mesmo ocorreu em in�meras cidades industriais da Europa e Am�rica do Norte. Primeiro veio a industrializa��o, produzindo o enriquecimento do pa�s; concomitantemente, a degrada��o ambiental a um custo social elevado para futuras gera��es. Finalmente, quando as quest�es b�sicas da sociedade j� estavam resolvidas, o meio ambiente foi lembrado e hoje � poss�vel ver o conv�vio relativamante harm�nico das f�bricas com os rios, lagos, florestas e a pr�pria popula��o.

O processo de industrializa��o do leste europeu realizou-se tamb�m �s custas de imensos danos ambientais. Muitas cidades da regi�o, cidades industrializadas em plena Europa, sequer possuem tratamento d'�gua para toda a popula��o ou adequada destina��o para o esgoto e o lixo. A inser��o daqueles pa�ses numa economia moderna demandar� a aplica��o de imenso volume de recursos financeiros no tratamento dos problemas ambientais, principalmente no controle da polui��o industrial e na recupera��o de elementos da natureza destru�dos por muitos anos de descaso.

O principal financiador de projetos industriais no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social, alocou, desde 1986, ano em que criou um programa para fomentar projetos de prote��o ambiental, at� 1994, um bilh�o de d�lares em projetos de melhoria do meio ambiente e em atividades destinadas a aperfei�oar os processos industriais, objetivando a melhoria da rela��o da produ��o com o meio ambiente. As principais demandas vieram dos setores sider�rgico, petroqu�mico, de papel e celulose, e de refino de petr�leo.

O processo de industrializa��o iniciou-se com enorme atraso em uma parte do mundo, n�o tendo sequer come�ado em grande parte do planeta. Nos pa�ses da Am�rica Latina onde j� ocorreu, o processo foi iniciado nos anos quarenta, amadurecendo na d�cada de 60. O exemplo dos pa�ses europeus e norte-americanos de nada nos valeu. A industrializa��o se deu do mesmo modo: inchamento das cidades, degrada��o dos padr�es de vida e ambientais, sacrif�cio de rios e florestas. Um s�culo de agress�o � vida n�o foi suficiente para criar padr�es de conduta diferentes para aqueles que tardiamente entraram na era industrial.

Deve-se lembrar que sete das cidades mais populosas do planeta est�o em pa�ses em desenvolvimento. Segundo proje��o para o ano 2000, as cidades mais populosas do mundo ser�o as seguintes:

Na Am�rica Latina, as taxas m�dias de crescimento populacional, explosivas em d�cadas passadas, come�aram a declinar, devendo situar-se, no ano 2000, no patamar atual dos pa�ses desenvolvidos:

Nos pa�ses industrializados � bastante alto o percentual de pessoas que vivem nas cidades, tendo o processo migrat�rio interno atingido um certo ponto de equil�brio. A maioria dos pa�ses em desenvolvimento ainda est� distante desse ponto, e os fluxos migrat�rios internos do campo para as cidades, das regi�es mais pobres para as mais ricas prosseguem.

Como um todo, o quadro latino-americano � favor�vel, e bem superior � m�dia dos pa�ses em desenvolvimento da �frica e da �sia. O problema � a profunda hetereogeneidade s�cio-econ�mica da regi�o. Os bols�es de pobreza s�o freq�entes e justamente neles ocorrem as maiores taxas de natalidade.

As elevadas taxas de natalidade que ocorrem nas regi�es mais pobres dos pa�ses em desenvolvimento tornam-se um fant�stico fator de realimenta��o da pobreza, uma vez que criam um ciclo vicioso dif�cil de romper. As pol�ticas que poderiam interromper esse ciclo de pobreza ou n�o existem ou s�o mencionadas timidamente. Desinteresse, tradi��o e costumes dificultam a dissemina��o de informa��es sobre o controle da natalidade. O resultado � facilmente constatado: a popula��o de mais alta renda, com acesso �s informa��es, apresenta taxa de crescimento reduzido, enquanto os segmentos mais pobres apresentam taxas de crescimento elevadas.

A pobreza urbana tem aumentado. O Banco Mundial (Horizontes Urbanos, 1986) estima que exista no mundo um bilh�o de pobres, pessoas com renda anual inferior a 370 d�lares. Desse total, um ter�o vive nas cidades, o que representa 25% da popula��o urbana mundial, e entre 30 e 60% da popula��o urbana dos pa�ses em desenvolvimento.

Aparentemente as grandes cidades n�o param de crescer, excetuando-se algumas cidades da Europa e algumas metr�poles norte-americanas onde o equil�brio populacional j� est� praticamente atingido. De 1970 at� o ano 2000, a maior cidade europ�ia, Londres, dever� ter uma pequena redu��o de popula��o, que oscila em torno de 11 milh�es de habitantes. As cidades do M�xico e S�o Paulo no mesmo per�odo triplicar�o as suas popula��es. Entre as principais causas do crescimento dessas cidades, e de outras metr�poles de pa�ses em desenvolvimento, est� a migra��o do campo e das regi�es mais pobres do pa�s para os grandes centros urbanos, guiada pela cren�a de que esses centros seriam capazes de dar emprego, habita��o, escola e servi�os hospitalares, para a grande massa de cidad�os exclu�dos de qualquer benef�cio. Na maioria das vezes trata-se apenas de uma ilus�o, pois a cidade grande muito pouco tem a dar ao migrante com pouca qualifica��o para o trabalho urbano. Desfeito o sonho, ele passa a viver em condi��es degradantes, muitas vezes piores do que as do in�cio de sua jornada em busca de melhores condi��es de vida.

Como os pa�ses pouco desenvolvidos s�o carentes de infra-estrutura para promover o processo de industrializa��o, uma desej�vel descentraliza��o de atividades, que acarretaria a cria��o de empregos em n�cleos urbanos menores, acaba n�o ocorrendo. O inchamento das cidades maiores manifesta-se ent�o como mais uma fatalidade imposta pela pobreza.

J� foi dito que um dos est�mulos � degrada��o urbana residiu no fato de que, at� pouqu�ssimo tempo, os organismos de fomento n�o impunham qualquer condicionalidade ambiental � aprova��o de projetos industriais. Se nos prim�rdios do processo isso era explic�vel, de modo algum poderia ser aceito nos dias de hoje, n�o s� pelo maior conhecimento ecol�gico, mas tamb�m pelo conhecimento do custo imposto � sociedade por v�rias gera��es.

Nas d�cadas de 60 e 70, os pa�ses industrializados passaram a transferir ind�strias poluidoras para regi�es mais pobres, tendo mesmo havido competi��o entre essas regi�es para atrair f�bricas ambientalmente inadequadas. Em contraste com as regi�es mais desenvolvidas, ofereciam-se incentivos, como a redu��o de impostos e a doa��o de terrenos, al�m da total aus�ncia de exig�ncias ambientais. Ind�strias de cimento e de fertilizantes, qu�micas e sider�rgicas come�aram a migrar para essas �reas que, sem analisar os custos sociais e ambientais, davam boas vindas � polui��o.

Esse processo prossegue do mesmo modo apenas em pa�ses que s� recentemente entraram ou est�o entrando na era da produ��o industrial. A� se verificam o mesmo crescimento urbano acelerado, a mesma polui��o, a mesma agress�o ao meio ambiente ocorridos no passado. Esses fen�menos podem ser observados em pa�ses latino-americanos ou asi�ticos que s� h� pouco tempo come�aram a instalar suas f�bricas. O recente desenvolvimento da China, por exemplo, tem alguns subprodutos ambientais indesej�veis. Mantendo o crescimento de seu Produto Interno Bruto a taxas de 8,5% ao ano (inferior ao observado no in�cio da d�cada de 90), no ano 2025 a China poluir� a atmosfera com tr�s vezes mais di�xido de carbono que os Estados Unidos poluem atualmente. Anualmente as ind�strias chinesas produzem quase quatro trilh�es de gases residuais t�xicos, que provocam chuvas �cidas nas florestas chinesas, russas e coreanas (Folha de S�o Paulo, 1994).

Os erros cometidos por gera��es passadas s� t�m uma utilidade pr�tica: evitar a sua repeti��o. Mas na quest�o ambiental, eles serviram para muito pouco. Parece que cada pa�s tem que cometer seus erros, para s� depois do desastre adotar as provid�ncias que h� muito deveriam estar surtindo efeito.

Associe-se a isto o crescimento populacional, muito maior nos pa�ses rec�m-industrializados, e teremos um quadro urbano agressor, estabelecendo-se um conv�vio muito pouco equilibrado com o meio ambiente. No fundo, tal desequil�brio � mais uma express�o do �ntimo relacionamento que existe entre a pobreza e o meio ambiente. A necessidade premente de criar empregos a qualquer pre�o faz com que cuidados elementares para proteger a sa�de da popula��o e os ecossistemas sejam negligenciados.

A gera��o de empregos � algo t�o importante para pa�ses pobres, que tudo � feito para atrair alguma unidade industrial, mesmo que o pre�o a pagar acabe sendo alto. A concess�o de incentivos � industrializa��o � v�lida; o que � inaceit�vel � o descaso ambiental, tanto por parte do poder p�blico quanto por parte dos empres�rios, que n�o querem arcar com os custos adicionais necess�rios � instala��o de equipamentos antipolui��o.

A tend�ncia � acabar com este tipo de procedimento, n�o apenas pelo despertar da consci�ncia ecol�gica, mas tamb�m pela legisla��o ambiental e at� mesmo pelo comportamento do mercado, que tende a recusar produtos elaborados a partir de sacrif�cios � natureza. O selo verde ostentado por alguns produtos j� � uma primeira iniciativa para orientar os consumidores em rela��o � origem dos bens que lhe s�o oferecidos. A globaliza��o dos mercados impor� regras mesmo �queles pa�ses que insistem em ignorar a necessidade de uma rela��o harm�nica entre a produ��o e o meio ambiente. Processos industriais primitivos, mat�rias-primas poluidoras e bens prim�rios obtidos a partir da destrui��o de florestas tender�o a sofrer crescentes restri��es por parte dos consumidores.

O desenvolvimento tem sido encarado com freq��ncia apenas como o crescimento da renda per capita. Por isso, componentes essenciais de um processo abrangente de desenvolvimento t�m sido negligenciados ao longo dos tempos. A sa�de, o amparo aos velhos e � inf�ncia, a qualidade de vida urbana e, naturalmente, o meio ambiente est�o entre os habituais esquecimentos dos planos de desenvolvimento.

Wilheimn (1990) tem postulado que o desenvolvimento s� pode existir quando tr�s aspectos fundamentais s�o observados:

I.  O crescimento da economia, a fim de gerar riquezas e oportunidades;

II.  A melhoria na distribui��o da renda, diminuindo sua iniq�idade;

III.  A melhoria da qualidade de vida, representada entre outros fatores por um meio ambiente preservado, conservado, recuperado e melhorado.

Nenhum desenvolvimento ser� integral sem a ocorr�ncia simult�nea e equilibrada desses tr�s elementos. Assumindo esse enfoque, mais abrangente que o habitual, as aten��es com o meio ambiente fazem parte do processo de desenvolvimento.

� claro que tratar efluentes industriais, instalar filtros em chamin�s e eliminar de forma adequada os res�duos acarreta custos aos investimentos iniciais. Tamb�m � claro que a aus�ncia desses cuidados implicar� outros custos que algum dia poder�o tornar-se intoler�veis para a popula��o, que passar� a exigir a moderniza��o das unidades industriais ou at� seu eventual fechamento.

O que aqui se diz sobre as ind�strias vale tamb�m para as obras de infra-estrutura. Usinas de gera��o de energia mal localizadas, transportes n�o planejados para interagir com o meio ambiente, programas habitacionais implantados em encostas, manguesais ou �reas ribeirinhas s� podem ter uma conviv�ncia tumultuada com a natureza. Os transportes, principalmente os urbanos, podem degradar inteiramente �reas densamente povoadas, afetando de modo negativo a qualidade de vida. O Rio de Janeiro, Santiago e a cidade do M�xico evidenciam este tipo de relacionamento inadequado entre um subsistema urbano (os transportes) e a popula��o.

� por demais �ntima a rela��o transportes-meio ambiente urbano. Quando mal planejados, operados e fiscalizados, os transportes podem provocar n�veis de ru�do, de acidentes ou de emiss�o de gases t�xicos totalmente incompat�veis com condi��es razo�veis de exist�ncia.

Al�m dos transportes, a quest�o do lixo urbano � precariamente tratada nos pa�ses em desenvolvimento. �s vezes o tratamento se processa com n�vel de prioridade t�o baixo que � como se as pessoas n�o produzissem restos em suas atividades cotidianas. As municipalidades quando muito tratam de recolh�-lo e deposit�-lo em locais distantes e longe dos olhos da parcela mais privilegiada da popula��o. Trata-se mais de esconder o lixo que buscar uma solu��o adequada para ele.

O completo equacionamento da quest�o envolve seu correto recolhimento, transporte, deposi��o, tratamento ou reciclagem. O recolhimento � dificultado nas �reas perif�ricas das cidades pela inadequa��o do sistema vi�rio. Ruas estreitas, n�o pavimentadas, freq�entemente �ngremes n�o permitem a entrada dos caminh�es que fazem a coleta do lixo. A deposi��o � normalmente feita em qualquer lugar distante, bastando haver espa�o dispon�vel. As boas t�cnicas de execu��o de aterros sanit�rios s�o em geral esquecidas, sendo a contamina��o do len�ol fre�tico a primeira conseq��ncia desse descuido.

O tratamento, embora n�o seja caro, exige investimentos iniciais em usinas especializadas que nem sempre s�o dispon�veis. Essas usinas podem ter parte de seu custo recuperado pela venda dos materiais que s�o reaproveit�veis e pela transforma��o da mat�ria org�nica existente no lixo em adubo.

O n�o tratamento do lixo, al�m de promover o desperd�cio de material recicl�vel, como metais, vidro, pano e papel, tem como contrapartida a cria��o de dep�sitos inadequados. O mais comum � a cria��o de uma situa��o em que pessoas pobres convivem da pior maneira poss�vel com res�duos que podem at� fornecer um prec�rio sustento, mas que certamente trar�o doen�as, agravar�o as condi��es de vida da popula��o e contribuir�o para contaminar o meio ambiente. A reciclagem permite, ainda, aumentar a vida �til dos aterros sanit�rios.

Al�m do lixo dom�stico comum, deve-se considerar os res�duos perigosos, que devem ter tratamento especial. O lixo hospitalar deve ser incinerado em usinas pr�prias a altas temperaturas. Os res�duos industriais perigosos, quando n�o � poss�vel mudar a mat�ria-prima que os origina nem reaproveit�-los no processo industrial, devem ser transportados e depositados ou tratados separadamente dos demais res�duos. O lixo radiativo � dos mais problem�ticos. Sua ocorr�ncia deve crescer, mas sua quantidade n�o � suficiente para que cada cidade tenha instala��o para deposit�-lo de maneira conveniente. Nesse caso o recolhimento e tratamento devem ser alvo de a��es de n�vel nacional e n�o de governos locais. No que concerne ao risco de contaminar a popula��o ou o meio ambiente, � prov�vel que os materiais radioativos usados em equipamentos de emprego cotidiano cada vez mais freq�entes, principalmente na medicina, sejam mais perigosos que o rejeito das grandes centrais nucleares.

� conhecido o recente acidente ocorrido na cidade de Goi�nia, no Brasil, quando uma c�psula de c�sio j� imprest�vel para uso em equipamento m�dico-hospitalar foi encontrada e manuseada em um dep�sito de sucata por um grupo de pessoas que n�o tinham a menor id�ia do risco que corriam. Al�m de provocar doen�a em dezenas de pessoas, todo material que entrou em contato com o c�sio ficou contaminado, tendo que ser depois depositado em locais especialmente constru�dos na cidade para esse fim. O epis�dio mostrou como � perigoso para a popula��o a falta de uma pol�tica adequada para o armazenamento do lixo radioativo.

� crescente o emprego da energia nuclear, principalmente na Europa. A energia produzida � limpa, n�o polui nem aquece a atmosfera, mas a deposi��o de seus res�duos � uma quest�o mal resolvida. A radioatividade permanece nos rejeitos nucleares por milh�es de anos, deixando contaminado tudo que entrar em contato com a fonte de energia: as roupas dos funcion�rios, dutos de passagem do combust�vel, al�m do pr�prio res�duo resultante da fiss�o nuclear. Um reator nuclear gera 30 toneladas por ano de lixo radioativo. O total desse tipo de res�duo em todo mundo esperado para o ano 2000 � de 450 mil toneladas.

Todas as solu��es dispon�veis s�o insatisfat�rias: aterros, coloca��o em recipientes que s�o jogados ao mar, reprocessamento. Al�m disso, h� quest�es sem resposta como o que fazer com as pr�prias usinas ap�s o t�rmino de sua vida �til (30 a 40 anos), ou como fechar as usinas perigosas, que funcionam principalmente no leste europeu.

O problema dos res�duos t�xicos � t�o grave que os pa�ses ricos querem destin�-los aos pa�ses pobres, que, na falta de maiores fontes de renda, acabam por aceitar tal situa��o. A falta de consci�ncia ambiental ocorre em ambos os lados. Nos pa�ses pobres porque aceitam uma alternativa que causar� s�rios problemas � sua popula��o e � sua natureza. Nos pa�ses ricos, porque em vez de procurar uma sa�da tecnol�gica para resolver o problema em seu pr�prio territ�rio,optam por uma solu��o danosa sob todos os pontos de vista. A busca desse tipo de solu��o mostra qu�o longe est� a humanidade de encarar o problema ambiental em sua globalidade e n�o apenas como algo limitado por uma fronteira nacional.

O melhor tratamento a ser dado � quest�o do lixo dom�stico � a reciclagem dos materiais que o comp�em. A reciclagem pode ser feita em usinas de tratamento, a partir da coleta di�ria, sem pr�via sele��o. Nesse caso, nem todos os materiais s�o reaproveitados. Os restos de vidro, metais e pl�sticos acabam por se misturar com o composto org�nico resultante do tratamento, prejudicando seu n�vel de pureza. � desej�vel que a reciclagem se fa�a a partir da sele��o pr�via do lixo industrial ou dom�stico, onde os metais, vidros e pl�sticos sejam recolhidos separadamente do restante dos dejetos. Nesse caso o aproveitamento dos materiais � melhor, sendo mais puro o adubo produzido nas usinas.

Uma outra maneira � usar containers colocados em pontos predeterminados das cidades. Neles se depositariam certos materiais, como metais ou garrafas, que seriam recolhidos em dias preestabelecidos. Desse modo a reciclagem do lixo dom�stico torna-se mais simples, mais barata e mais eficiente.

Em �reas mais pobres e de dif�cil acesso aos caminh�es, a popula��o deve ser estimulada a trazer o lixo a pontos de recolhimento, em vez de coloc�-lo em qualquer lugar, acarretando problemas n�o s� de sa�de, mas tamb�m de infra-estrutura, como o entupimento de galerias pluviais e c�rregos.

As municipalidades devem estabelecer em suas normas crit�rios para o recolhimento do lixo, seja o domiciliar, seja o das pequenas empresas. Os grandes produtores de res�duos devem transportar, tratar ou depositar seu pr�prio lixo, observando a legisla��o local. Essa � uma forma de reduzir os custos dos servi�os p�blicos de limpeza urbana e ampliar seus benef�cios � comunidade. Al�m disso, essas medidas tendem a estimular algumas ind�strias a estudar alternativas de produ��o que diminuam os seus subprodutos indesej�veis. Tomemos o exemplo fornecido pela Mercedez-Benz brasileira (Gazeta Mercantil, 1994): procurando reduzir o lixo produzido em suas instala��es, a empresa trocou suas caldeiras a �leo diesel por equipamentos el�tricos; substituiu o uso de solventes clorados utilizados para remover tintas por jatos de areia de alta press�o; aprimorou os processos de pintura; substituiu solventes por �gua, al�m de aumentar o percentual de insumos recicl�veis em seus produtos finais. Como resultado, obteve uma redu��o do desperd�cio de certas mat�rias-primas, como a tinta, al�m de alcan�ar o objetivo maior: diminuir a produ��o de res�duos.

No caso dos res�duos industriais, deve-se verificar se os restos de uma ind�stria n�o poder�o transformar-se em mat�ria-prima para outra. No Canad�, a Waste Materials Exchange (Horizontes Urbanos, 1987) estimula um novo uso para os res�duos industriais, atrav�s da an�lise dos mesmos e da troca de informa��es que proporciona �s empresas. As informa��es s�o confidenciais, pois algumas empresas temem que o seu lixo revele segredos industriais. O primeiro boletim de informa��es foi publicado em 1978. Para 90% dos res�duos enumerados houve pedidos adicionais de informa��es, que acabaram por gerar 510 interc�mbios entre ind�strias. O boletim de divulga��o apresenta 10 tipos de res�duos: produtos qu�micos org�nicos e solventes, �leo, graxas e ceras, �cidos, �lcalis, outros produtos qu�micos inorg�nicos, metais e esgotos com metais, pl�sticos, t�xteis, couro e borracha, papel e celulose, e produtos diversos. �s vezes figuram tamb�m subst�ncias qu�micas de laborat�rio.

Para que o lixo n�o acabe por ser o grande, talvez o maior problema de relacionamento entre as cidades e o meio ambiente, � importante que cada n�vel de governo trate a quest�o com prioridade.

As cidades que s�o p�los industriais s�o verdadeiras f�bricas de poluentes atmosf�ricos. Em algumas � vis�vel a polui��o do ar, principalmente nos dias em que ocorrem invers�es t�rmicas capazes de dificultar a dissipa��o dos gases emitidos pelos transportes e pelas ind�strias. Desnecess�rio falar acerca do efeito destes gases e das part�culas s�lidas emitidas pelas chamin�s das f�bricas e pelo escapamento dos ve�culos automotores sobre o meio ambiente e a sa�de das pessoas.

A polui��o degrada a qualidade de vida tanto nas pequenas cidades que sediam unidades industriais poluidoras, quanto nas grandes metr�poles. Est� na Am�rica Latina a cidade que provavelmente enfrenta o mais alto grau de contamina��o do mundo, a capital do M�xico. Sua pr�pria localiza��o j� � favor�vel � polui��o por situar-se em um vale a 2.300 metros de altitude, dificultando a elimina��o das nuvens poluentes. A contamina��o � produzida por 30.000 ind�strias e 2,5 milh�es de ve�culos, que juntos produzem 4,8 milh�es de toneladas anuais de contaminantes atmosf�ricos. A popula��o de 16 milh�es de habitantes, que vive em uma �rea de 2.000 quil�metros quadrados, sofre cotidianamente com o problema, agravado nos dias mais frios, quando ocorrem as invers�es t�rmicas. As baixas temperaturas durante a noite impedem a dispers�o dos gases, que permanecem presos no vale, como se estivessem contidos em um recipiente fechado.

Nesta situa��o, s� programas de longo prazo prevendo investimentos de peso na melhoria dos transportes urbanos e interferindo no processo de produ��o industrial obt�m resultado significativo. Felizmente, v�rias medidas est�o sendo postas em pr�tica, como a amplia��o da rede metrovi�ria, utiliza��o do g�s natural em substitui��o ao �leo combust�vel nas ind�strias e nas centrais el�tricas da cidade, a redu��o das impurezas dos derivados de petr�leo, a elimina��o do chumbo na gasolina, o plantio de �rvores no vale, uma vez que as plantas absorvem g�s carb�nico e liberam oxig�nio, a prote��o de mananciais de abastecimento d'�gua e do len�ol fre�tico, o controle do n�vel de emiss�o dos ve�culos automotores, a fixa��o de n�veis m�ximos para as emiss�es industriais. Deve-se lembrar que todas essas medidas s�o caras, mas inevit�veis.

No futuro, os desequil�brios ambientais e o consumo perdul�rio poder�o privar a humanidade de um bem essencial � vida: a �gua. Um levantamento da Organiza��o das Na��es Unidas estima que esse poder� ser o recurso natural mais escasso no pr�ximo s�culo.

De toda �gua dispon�vel no planeta, apenas 2,6% s�o de �gua doce, sendo que 99% se encontram sob a forma de gelo, no subsolo, na atmosfera e nos organismos vivos. O consumo de �gua se expande numa propor��o maior que o aumento da popula��o. Nos �ltimos 50 anos o consumo planet�rio de �gua quadriplicou. A industrializa��o, a irriga��o agr�cola e o crescimento das cidades s�o os grandes respons�veis por este aumento fant�stico de consumo. O consumo deve aumentar, pois 30% dos 5 bilh�es de habitantes da Terra n�o disp�em de �gua pot�vel. Em alguns pa�ses des�rticos e com grande crescimento populacional, como o Egito, a �gua � tratada como recurso natural estrat�gico. Se hoje se fazem guerras por petr�leo, algum dia elas ser�o motivadas pela �gua.

O aumento do consumo, a polui��o dos mananciais, a contamina��o do len�ol fre�tico, o desmatamento junto �s fontes, a destrui��o das matas ciliares, tudo contribui para a situa��o cr�tica do abastecimento de �gua pot�vel observado em muitos pa�ses. Em alguns lugares, as �guas de superf�cie j� est�o quase totalmente contaminadas. Na �ndia isso ocorre em 70% dos casos. Em muitos povoados na China, a �gua j� se esgotou. Na antiga Uni�o Sovi�tica, o imenso mar interior, o Aral, poder� estar completamente seco em pouco mais de 20 anos. Quando essas situa��es cr�ticas ocorrem, h� necessidade de grandes investimentos em tratamento e transporte da �gua, que passa a ser captada em pontos muito distantes dos locais de consumo. O consumo per capita di�rio nas cidades dos pa�ses em desenvolvimento em que h� abastecimento domiciliar de �gua � estimado entre 50 a 125 litros. O custo de produ��o e fornecimento de �gua para consumo � bastante vari�vel. Na cidade do M�xico, por exemplo, o custo � da ordem de oitenta centavos de d�lar por metro c�bico.

Al�m de medidas relativas � prote��o e � recupera��o das fontes de abastecimento, outras podem ser adotadas para reduzir o consumo freq�entemente perdul�rio em locais de elevada renda. Pode-se, por exemplo, adotar uma tarifa progressiva que seja muito baixa para padr�es reduzidos de consumo e elevada para os maiores consumidores. Em geral, s�o muito bons os resultados dessa pol�tica nas cidades que a adotaram. Esse tipo de a��o, al�m de socialmente justo, ajuda a conservar um bem escasso. � importante adotar mecanismos de cobran�a para que todos paguem o consumo d'�gua de acordo com o que efetivamente gastaram. Tarifas m�dias por zona de consumo estimulam a falta de cuidado com as perdas que ocorrem na rede e desestimulam a ado��o de padr�es mais econ�micos de consumo. A medi��o do servi�o deve ser sempre individualizada, com medidores em cada unidade de consumo.

Em alguns lugares devem ser estabelecidos limites para a extra��o de �guas subterr�neas, para n�o ocorrer o esgotamento do len�ol fre�tico. Isto vale n�o apenas para o consumo urbano, como para projetos de irriga��o ou industriais. No Arizona foi estabelecida uma multa de US$10.000,00 por dia para os consumidores que ultrapassem a quota estabelecida para esse tipo de consumo.

O desperd�cio promovido pelo pr�prio �rg�o abastecedor deve ser combatido. As defici�ncias nas redes de distribui��o e o pr�prio uso nas instala��es de tratamento chegam em alguns casos a promover perdas de at� 40% da �gua tratada. Isso pode ser evitado com programas de manuten��o dos equipamentos, treinamento do pessoal de opera��o e o estabelecimento de programas sist�micos para conserva��o de �gua.

Uma outra alternativa para economizar � a reciclagem. A reciclagem � uma forma simples de tratamento, que permite o uso de �guas que j� foram utilizadas, para irriga��o, lavagem, aguagem de plantas ou resfriamento de produtos industriais. As instala��es de reciclagem podem ser constru�das em conjuntos habitacionais, condom�nios ou ind�strias. O n�vel de tratamento depender� do emprego que ter� a �gua reciclada. O processo de tratamento pode utilizar inje��es de oxig�nio em lagoas ou esta��es de tratamento de efluentes. A �gua reciclada, por�m, n�o pode ser utilizada para fins dom�sticos.

Os grandes consumidores de �gua, como ind�strias qu�micas e sider�rgicas, devem buscar solu��es pr�prias para o seu abastecimento, com a autoriza��o do �rg�o respons�vel pela pol�tica de �guas. Assim o poder p�blico pode prestar mais aten��o aos pequenos consumidores e ao consumo domiciliar. O mesmo deve se passar com os seus efluentes l�quidos, que devem ser objeto de tratamento adequado antes de serem depositados em algum lugar.

Al�m do lixo, da contamina��o do ar, da polui��o dos mananciais de abastecimento d'�gua, um outro subproduto da atividade humana � o esgoto sanit�rio. Os volumes de esgotos dom�sticos atingem propor��es gigantescas nas grandes cidades, necessitando de coleta e tratamento adequados para evitar preju�zos � sa�de p�blica e contamina��o ambiental.

S�o amplas as possibilidades de tratamento, que v�o de simples fossas s�pticas individualizadas por domic�lio at� complexos sistemas de tratamento que utilizam usinas de grande porte. Cada tipo de tratamento possui vantagens e limita��es. As fossas individuais s�o baratas, f�ceis de construir, simples de operar, permitem tratamento adequado, mas exigem uma dist�ncia m�nima entre elas para que n�o se polua o len�ol fre�tico. As grandes esta��es s�o eficientes, por�m caras, e s� operam quando h� um sistema de coleta domiciliar de esgotos. Dependendo do tamanho da cidade, as redes poder�o ser t�o extensas e interferir tanto com os equipamentos urbanos que se tornem excessivamente dispendiosas.

A solu��o deve ser procurada caso a caso, levando em conta a possibilidade de investimento da municipalidade. Na �ndia, por exemplo, foi decidido que cidades com menos de 100.000 habitantes s� poder�o ter sistemas econ�micos de tratamento de esgotos. N�o h� receitu�rio poss�vel nesse caso. As t�cnicas desenvolvidas e aplicadas pela engenharia sanit�ria s�o conhecidas. O problema em implant�-las est� relacionado apenas com os recursos dispon�veis.

O saneamento urbano � de import�ncia fundamental. A aus�ncia de tratamento de esgotos dom�sticos impede a efici�ncia em programas de medicina sanit�ria e prote��o ambiental. Como interromper o ciclo de verminose, ou c�lera, por exemplo, sem tratamento dos esgotos? � claro que se torna quase imposs�vel o fim desse tipo de epidemia, t�o comum na periferia dos centros urbanos dos pa�ses em desenvolvimento.

Dois instrumentos que, bem utilizados, podem produzir excelentes resultados s�o o planejamento e a legisla��o.

O planejamento das atividades urbanas pode ser utilizado de v�rias formas. A primeira delas refere-se a um novo projeto, como constru��o de uma nova cidade. Nesse caso, o planejamento pode ser usado em sua plenitude. Pode estabelecer, atrav�s de um adequado zoneamento, a separa��o de atividades conflitantes. A cidade pode ter �reas destinadas a atividades industriais, residenciais e ao com�rcio atacadista. Do mesmo modo, os transportes, o tratamento do lixo e do esgoto, o abastecimento d'�gua, enfim, todas as atividades urbanas podem ser projetadas de modo a prover uma boa qualidade de vida e a prote��o do meio ambiente. S�o raras as vezes em que isso acontece. O mais comum � o surgimento espont�neo dos aglomerados urbanos. Entretanto, mesmo a cidade em pleno funcionamento pode auferir os benef�cios do planejamento. At� mesmo uma megal�pole com seus grandes problemas de dif�cil erradica��o pode beneficiar-se com a a��o planejada. O ideal para o planejamento, por�m, � que a cidade tenha um porte m�dio, ou seja, menos de 500.000 habitantes, pois fica mais f�cil corrigir seus erros e planejar a sua expans�o. Nessa fase, ainda � poss�vel em muitos casos fazer um bom zoneamento e aprimorar os servi�os p�blicos.

As leis e os c�digos municipais constituem talvez o mais importante instrumento de prote��o ambiental. As leis podem corrigir situa��es an�malas, prevenir danos ao meio ambiente, regulamentar as constru��es e os par�metros ambientais. No entanto, raramente esse instrumento t�o simples e barato � utilizado. Deve-se lembrar que a aprova��o de um projeto de lei n�o � tudo. A parte mais importante no que se refere � legisla��o � o seu cumprimento. De nada adianta o poder p�blico dispor de uma enorme quantidade de leis se elas n�o s�o executadas.

N�o � dif�cil constatar que diversos fatores da vida urbana, redundam em agress�o ao meio ambiente. N�o � necessariamente pac�fico o conv�vio do homem urbano com o seu habitat. Na maioria dos casos esse relacionamento � cheio de atritos, que por fim se voltam contra o pr�prio homem. O ciclo da vida humana � muito curto para que o causador do dano ambiental sofra ele mesmo todas as conseq��ncias de seus atos. Sofremos hoje com o descaso de nossos antepassados; outros sofrer�o no futuro com o nosso descaso.

O custo ambiental acumulado � imenso na maior parte do planeta. A aten��o �s quest�es ambientais � recente e as a��es efetivas s�o raras, muito escassas, principalmente nos pa�ses pobres ou em desenvolvimento. Enquanto a d�vida ambiental do passado n�o � paga, cabe �s gera��es presentes adotar medidas preventivas, principalmente atrav�s do planejamento e da legisla��o, para melhorar o conv�vio das cidades com a natureza.

Qual é a relação entre a indústria e a urbanização?

A industrialização intensifica a urbanização das sociedades e gera condições para o êxodo rural, que é a migração em massa da população do campo para as cidades, pois atrai essa migração justamente para as áreas mais industrializadas, onde há mais empregos direta e indiretamente produzidos pelas indústrias.

Qual é a relação entre o processo de industrialização e o fenômeno da urbanização ocorrido na Europa no final do século 19 e início do século 20?

Resposta. Resposta: A relação que se dá entre o processo de industrialização e o fenômeno da urbanização ocorrido na transição do século XIX para o XX é de causa e consequência. Causa - naquela época, o mundo passava pela Segunda Revolução Industrial.

Qual é a relação entre a industrialização e o processo de modernização?

Resposta. O processo de industrialização trouxe indústrias que tinham como objetivo a criação de máquinas e tecnologias para a sociedade em geral, e o processo de modernização veio para o campo através das indústrias que trouxeram novas técnicas e formas de produção e cultivo.

Como avanço da industrialização e urbanização?

Os processos de ​industrialização e urbanização estão intrinsecamente interligados. Foi com os avanços e transformações proporcionados, por exemplo, pelas ​Revoluções Industriais na Europa que esse continente concebeu o ​crescimento exponencial de suas principais cidades​, aquelas mais industrializadas.