Quem é o autor da letra do hino da independência

Já podeis, da Pátria filhos
Ver contente a mãe gentil
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil
Houve mão mais poderosa
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil

Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Parabéns, ó brasileiro
Já, com garbo juvenil
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil

Brava gente brasileira
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Entre os vários atributos pessoais de D. Pedro I, um deles foi relativamente pouco explorado pela historiografia brasileira: o de compositor musical. Pode parecer exagero, mas há registros de músicos conhecidos de sua época – como o maestro e compositor italiano Rossini (1792-1868) – elogiando não só peças eruditas compostas pelo primeiro imperador brasileiro como seu talento em apresentá-las em público. 

De acordo com inúmeros relatos de fontes nacionais e estrangeiras, D. Pedro I cantava bem e tocava vários instrumentos, como piano, flauta, clarinete, violino, baixo, trombone, harpa e violão, sendo ainda capaz de reger as composições de sua autoria. Sua produção também surpreende para quem tinha a música como hobby. Além de várias peças sacras, D. Pedro compôs nada menos que três hinos, incluindo letra e música do Hino da Carta Constitucional (1821) – que depois seria instituído oficialmente como hino nacional português até a proclamação da república do país, em 1910 – e a música do nosso Hino da Independência, sua obra mais conhecida no Brasil.

“D. Pedro provavelmente gostava mais de música do que de governar”, afirma o historiador e pesquisador Lino de Almeida Cardoso, que conseguiu reunir farta documentação sobre o papel musical do primeiro imperador brasileiro, incluindo sua mais conhecida e polêmica composição: o Hino da Independência. Duzentos anos depois, ainda há muita confusão em torno dessa obra. A música foi criada tendo como referência um poema de Evaristo Ferreira da Veiga e Barros (1799-1837), denominado “Hino Constitucional Brasiliense”, escrito menos de um mês antes do Grito do Ipiranga.

Cardoso publicou um artigo acadêmico em 2012 — “Subsídios para a gênese da imprensa musical brasileira e para a história do Hino da Independência, de Dom Pedro I” – no qual cita vários documentos indicando que a música de D. Pedro na verdade foi feita depois de outra composição sobre os mesmos versos, produzida pelo maestro português Marcos Portugal, professor de música de D. Pedro.

“O poema do Evaristo foi criado semanas antes do 7 de setembro e rapidamente disseminado; com o Grito do Ipiranga, é possível que D. Pedro tenha incumbido Marcos Portugal de compor uma música para esse poema”, afirma o pesquisador. Documentos confirmam que o maestro compôs uma música sobre os versos de Evaristo da Veiga e a apresentou em 12 de outubro de 1822, no dia da aclamação e do aniversário de D. Pedro I e pouco mais de um mês após a independência — talvez em primeira audição, por ter sido ele cantado no teatro repleto, apenas por um pequeno grupo da elite palaciana.

A primeira menção documentada de D. Pedro como autor do Hino da Independência é de 13 de dezembro de 1824, registrada pelo Diário Mercantil, que traz a notícia do “surgimento do Hino Imperial e Constitucional, composto por S. M. o Imperador”, sacramentado como primeira denominação do Hino da Independência.

Cardoso reproduz em seu paper a partitura do imperador brasileiro, que de fato era diferente da composta por Portugal. “A partitura da composição de D. Pedro foi divulgada em 1824, mas se perdeu, sendo reproduzida num livro de memórias publicado apenas em 1830, pelo reverendo inglês Robert Walsh (1772-1852)”, diz o pesquisador.

Segundo ele, a confusão em torno da autoria da melodia se deve ao fato de existirem dois hinos sobre a mesma letra, um composto por Marcos Portugal e outra pelo imperador. Fora isso, existe também uma lenda, repetida desde o século 19, de que D. Pedro teria composto o que ficaria conhecido como Hino da Independência, horas depois de declarar a separação do Brasil de Portugal. Assim, na tarde de 7 de setembro de 1822, num ímpeto de inspiração, ele teria musicado a letra do poema de Evaristo da Veiga e a melodia teria sido colocada às pressas numa partitura e executada na mesma noite na Casa da Ópera de São Paulo, sala de espetáculos situada no Pátio do Colégio, por cantores e uma pequena orquestra.

“Essa lenda obviamente não faz sentido”, afirma Cardoso. O historiador acredita que o que pode ter sido apresentado na Casa de Ópera foi uma versão cantada do poema de Evaristo da Veiga, mas sem relação com o que depois seria conhecido como Hino da Independência. Segundo ele, um quadro muito posterior – “Primeiros Sons do Hino da Independência” –, de autoria de Augusto Bracet (1881-1960) e atualmente exposto no Museu Histórico Nacional, do Rio, retratando D. Pedro I ao piano, com várias mulheres à sua volta e sob o olhar de Evaristo da Veiga, teria ajudado a alimentar ainda mais a lenda.

O fato é que D. Pedro teve tutores musicais desde a infância – além de Marcos Portugal, recebeu aulas do italiano Giuseppe di Foiano Totti, de Januário da Silva Arvelos, do compositor e pianista austríaco Sigismund Neukomm e do padre José Maurício Nunes Garcia, o mais notável compositor brasileiro da época, mestre da Real Capela do Rio de Janeiro.

Uma das primeiras obras conhecidas de D. Pedro é de 1814, quando a banda da Brigada Real da Marinha recebeu a ordem de tocar uma “nova composição” do príncipe na semana anterior ao seu 16º aniversário. A segunda obra data de 1817: trata-se do Hino a D. João, exaltação patriótica ao pai, elevado ao trono no ano anterior, e que também pode ser visto como uma celebração da vitória da monarquia sobre a Revolução Pernambucana, republicana e separatista.

D. Pedro compôs várias músicas sacras: Responsório para São Pedro de Alcântara (Mortuus est); Antífona de Nossa Senhora, em Dó maior (Sub tuum praesidium);  e Credo do Imperador (Credo, Sanctus e Agnus Dei da Missa de Nossa Senhora do Carmo, em Dó maior), além de vários Te Deum – hinos cristãos usados principalmente na liturgia católica e outros eventos solenes de ações de graças.

Outras duas curiosidades marcam a biografia musical de D. Pedro I. A primeira é a composição da Marcha Triunfal, que o imperador enviou para as tropas brasileiras comemorarem a vitória contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina), na Batalha do Passo do Rosário (ou de Ituzaingó), de 20 de fevereiro de 1827. Apesar de a batalha ter acabado indefinida para ambos os lados, os argentinos não só também se julgaram vencedores como se apropriaram da marcha, devidamente rebatizada de Marcha de Ituzaingó – que ainda hoje é tocada na chegada do presidente da República Argentina a eventos oficiais.

A outra revelação, incluída pelo pesquisador Lino de Almeida Cardoso no livro Som social: música, poder e sociedade no Brasil (Rio de Janeiro, séculos XVIII e XIX), publicado em 2011, indica que a paixão de D. Pedro I pela música pode ter acelerado sua abdicação ao trono, em 7 de abril de 1831. Citando uma referência registrada pelo historiador e escritor Octavio Tarquínio de Souza (1889-1959), Cardoso observa que a decisão do imperador de demitir todo o ministério, evento que precipitou sua queda e sua partida para a Europa, teria sido motivada pela suposta conivência dos então ministros Manuel José de Sousa França, da Justiça, e José Manuel de Morais, da Guerra, com as arruaças ocorridas no dia 4 de abril, próximo à Quinta da Boa Vista, enquanto Dom Pedro I — na sua “melomania”, como bem lembrou Tarquínio de Souza — ali apreciava um concerto musical.

Por conta da abdicação, o Hino da Independência — que estava associado ao governo monárquico de D. Pedro I — acabou perdendo o status de símbolo nacional e foi substituído pelo Hino Nacional Brasileiro, permanecendo, no entanto, no repertório, como obra secundária.

Mais tarde, já na Era Vargas (1930-1945), foi formada uma comissão organizadora a fim de estabelecer os hinos brasileiros. Na comissão estava o maestro Heitor Villa-Lobos, que foi o responsável em definir o Hino da Independência com a música feita pelo imperador D. Pedro I e a letra de Evaristo da Veiga. Desde então, é essa a versão do hino executada na comemoração da Semana da Pátria em todo o país. De acordo com o pesquisador Lino de Almeida Cardoso, a partitura do hino composta por D. Pedro e publicada no livro de Walsh é diferente da versão final, hoje conhecida e tocada. “A atual versão tem pequenas alterações que a tornaram mais fácil de ser cantada”, afirma.

Quem escreveu a letra do Hino da Independência e em que ano?

Em 16 de agosto de 1822, um jornalista e poeta fluminense chamado Evaristo da Veiga — de quem falaremos mais adiante —, entusiasta das causas libertárias e democráticas que pregavam a separação do Brasil de Portugal, escreveu o Hino Constitucional Brasiliense.

Qual hino Dom Pedro fez?

Compôs o Hino da Carta, adotado posteriormente como o Hino Nacional Português até 1910, quando houve um golpe que depôs a monarquia em Portugal. Em 1824, musicou o poema de Evaristo da Veiga, substituindo a antiga melodia de Marcos Portugal e criando oficialmente o Hino da Independência do Brasil.

Quem escreveu a letra do Hino Nacional?

Em 6 de setembro de 1922, o presidente Epitácio Pessoa assinou a lei que oficializou os versos pomposos do poeta Joaquim Osório Duque-Estrada — que começam com “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas” — como aqueles que devem acompanhar a melodia composta quase um século antes por Manoel da Silva.

Quem é o autor da letra e da música do hino ao 2 de Julho?

Letra foi criada pelo militar Ladislau dos Santos Titára; 42% acertaram. Melodia é de José dos Santos Barreto, que ficou em 2° lugar, com 21%.