I - INTRODUÇÃOHistoricamente, o controle das infecções bacterianas sistêmicas teve início em 1935, com o emprego da sulfanilamida e a seguir, com a descoberta da penicilina por Fleming. Show
Novas investigações levaram a aumentar de muito a eficácia da quimioterapia bacteriana. Porém, um grande número de microrganismos adquiriu resistência a muitos agentes antimicrobianos, por um ou mais dos seguintes mecanismos: mutação, transdução, transformação e, conjugação. Este problema de resistência bacteriana aos antibióticos é um dos mais importantes e que mais preocupa aos pesquisadores, bem como aos profissionais da área de saúde. As soluções para o mesmo, apóiam-se geralmente, sobre o desenvolvimento de novos e mais eficazes agentes antimicrobianos. "As infecções hospitalares, segundo estimativas consideradas otimistas, matam mais de 50 mil pessoas por ano no Brasil". (O jornal "O Estado de São Paulo"). Segundo ZANON e colaboradores, "são conhecidas até a presente data, taxas de infecção hospitalar de apenas 4 hospitais brasileiros, que se situam entre 4,1 a 13,2%, e nos Estados Unidos variam entre 3 a 15%. "Pela gravidade do problema é necessário instituir-se, no" Hospital, medidas de controle e tratamento da infecção hsopitalar, com a finalidade primordial de zelar pelo bem-estar do paciente, conseguindo a diminuição da permanência do mesmo no hospital, e conseqüentemente a diminuição do custo/paciente" Para tais medidas visamos neste trabalho:
II - DESENVOLVIMENTO1. Fontes e causas de infecção hospitalarA interação entre os agentes mórbidos com o meio ambiente e o homem pode determinar uma infecção a partir do memento em que diminuem as defesas naturais do organismo em relação ao agente agressor. A infecção hospitalar, segundo a maioria dos autores, inclui os processos infecciosos adquiridos no hospital e os não identificados na admissão do paciente por dificuldade diagnostica ou prolongado período de incubação, e que se manifestem durante a sua permanência e até mesmo depois de sua alta. No hospital, as principais fontes de infecção decorrem de causas ligadas ao ambiente, pessoal, equipamento, material, veículos, desempenho deficiente das técnicas de trabalho e uso indiscriminado de antibióticos. 2. Constituição de uma C.C.I.H.Paralelamente aos avanços tecnológicos na área da Saúde aumenta o problema das infecções nos ambientes hospitalares, particularmente das infecções cruzadas, agravado pelas novas amostras de bactérias resistentes aos antibióticos. Medidas efetivas devem ser adotadas visando a redução e eliminação das infecções, proporcionando maior segurança aos pacientes, visitantes e servidores do hospital, destacando-se como medida prioritária a criação de uma C.C.I.H. 2.1. Estrutura fisicaA área física destinada para o funcionamento de uma C.C.I.H. dependerá do tamanho e condições de cada hospital, bem como do número e gravidade da ocorrência de infecções. Acredita-se que a C.C.I.H. deva dispor no minimo de uma sala para chefia e reuniões, secretaria e arquivo, laboratório para bacteriologia epidemiológica. 2.2. Estrutura funcional2.2.1. Posição da C.C.I.H. no organogramaA C.C.I.H. deve estar diretamente subordinada a Administração superior, o que favorecerá a comunicação e resolução imediata dos problemas referentes às infecções. 2.2.2. Número e qualificação do pessoalA Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (C.C.I.H.) é atualmente uma necessidade sentida em muitos hospitais e recomendada desde há muito pela Associação Americana de Hospitais, através de seu Conselho especialmente formado para estudar as infecções e seu controle. Conscientizados da problemática da infecção hospitalar, suas repercussões negativas e graves conseqüências, tais como aumento da taxa de mortalidade, morbidade, taxa elevada de ocupação, média de permanência, é que hospitais de pequeno, médio e grande porte criaram sua C.C.I.H. O número de componentes de uma Comissão depende de uma série de fatores, tais como: tipo de hospital, número de leitos, taxta de ocupação e taxa de infecção. Assim, em hospitais pequenos, a responsabilidade poderá ser confiada apenas a um profissional, que reúna conhecimentos de bacteriologia, epidemiologia e de enfermagem. Em hospitais de médio e grande porte, fazem parte da comissão, vários profissionais da área da saúde a saber:
A primeira vista pode parecer onerosa a existência de uma C.C.I.H. Atualmenmente, as poucas comissões já em funcionamento e a vasta bibliografia a respeito, provam ser um investimento para o hospital. Não é necessário lembrar que os membros da Comissão devem ter horas disponíveis para estas atividades por se tratar de um trabalho difícil que requer muito tempo, eficiência e vigilância permanente para que possa atingir seus objetivos. Como o Serviço de Enfermagem representa mais de 50% do pessoal hospitalar, é aconselhável que tenha um representante Enfermeiro, em tempo integral, para atuar como um dos membros executivos e fiscalizadores da Cimissão. 2.2.3. Setores e competência da C.C.IH.Para maior dinamismo e eficácia dos trabalhos, a Comissão pode ser estruturada em vários setores com atribuições definidas, a saber:
A introdução destes setores na estrutura da C.C.I.H. não significa maior número de participantes na Comissão, mas uma maior organização e divisão de responsabilidade. Os membros constituintes poderão fazer parte d,e vários setores. 3. Funções da C.C.I.H.As funções da C.C.I.H., estão diretamente ligadas às fontes e causas da infecção. Ao se organizar uma Comissão, esta deve evidentemente montar o seu programa, partindo de um minucioso diagnóstico situacional de seu hospital, dando prioridade às áreas chamadas críticas. É sumamente importante a conscientização geral de todos os servidores do hospital através da Educação e Orientação nas práticas de técnicas assépticas, atingindo desde o servente de limpeza até a Administração Geral. O bom êxito na profilaxia e controle das infecções, depende do esforço permanente e sistematizado de todo pessoal hospitalar e não apenas da C.C.I.H., isoladamente, pois trata-se de um trabalho difícil que exige a colaboração contínua e eficiente de todos. As atividades de relevância da C.C.I.H. podem ser agrupadas em:
Estas desdobram-se em várias outras, das quais apresentaremos alguns aspectos sob forma de sugestão: 3.1. Controle do ambienteAs ações da C.C.I.H. devem estar planejadas para manter o controle das infecções em todas as áreas do ambiente hospitalar, dando, porém, prioridade às áreas críticas. Assim os esforços da Comissão estarão voltados para:
3.2. Controle de pessoalA maioria dos autores consideram o elemento humano, servidores do hospital, visitantes e em particular o paciente, como sendo a maior fonte de infecção hospitalar. É também sabido, no que se refere aos servidores, que, independente da escala hierárquica, aqueles que estão em contato direto com o paciente são fontes de infecção hospitalar. A atenção da C.C.I.H. deve estar voltada para os três aspectos de pessoal e programar suas ações no sentido de proteger esta mesma população, bem como prevenir e comb ter os agentes infecciosos. Cada hospital através de sua C.C.I.H. deve estabelecer as prioridades e a freqüência dos exames que julgar necessários ao controle sanitário de seu pessoal, levando em consideração as fontes de infecção e tipos de agentes identificados e as possibilidades de recursos materiais e humanos do Serviço de Análises Clínicas. Entre outras atividades no controle de pessoal a Comissão deverá executar: Em relação ao paciente:
Em relação aos visitantes:
Em relação aos servidores:
3.3. Controle dos produtos químicosZANON e colaboradores afirmam que "na maioria dos hospitais brasileiros, desinfetantes e antissépticos são escolhidos em função do preço, de avaliações bacteriológicas inadequadas como exposição de placas de meio de cultura ou de preferências individuais subjetivas, pois as empresas não declaram a composição quantitativa de seus produtos". Embora se saiba que as soluções desinfetantes e antissépticas podem sofrer contaminação, acarretando infecções graves e, até mesmo fatais, e/ou ainda apresentarem-se com atividade antimicrobiana não satisfatória ou mesmo nula, não é dada a devida atenção a esse problema. Cabe, portanto, à C.C.I.H.:
3.4 Elaboração de Normas e rotinas- Normas: As normas estabelecem em princípios científicos e de autoridade o que e como deve ser feita em determinada situação. Vários aspectos importantes devem ser considerados, como:
ZANON e colaboradores em trabalho elaborado para o I Encontro Nacional de Diretores dos Hospitais Próprios do INPS e IPASE, apresentam em apêndice um resumo de normas técnicas aprovadas pelo CDC - Center for Disease Control, do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, consagradas e aceitas internacionalmente. (Anexo) - Rotinas: As rotinas consistem na descrição sistematizada dos passos a serem dados para a execução das ações componentes de uma atividade. São o produto do estudo e vivência adquiridas nas rotinas diárias, no trabalho de planejamento, na orientação e no treinamento do pessoal. A C.C.I.H. é responsável pela elaboração de rotinas administrativas, relacionadas ao material, equipamento, produtos químicos e procedimentos. 3.5. Investigação epidemiológicaA vigilância epidemiológica possibilita a tomada de decisões corretas em tempo oportuno. A C.C.I.H. atuará através de:
Este conjunto de ações de investigagação epidemiológica dá à C.C.I.H. maior possibilidade de controle das infecções, e conseqüentemente de eliminar as causas. 3.6. Reuniões periódicasPeriodicamente a C.C.I.H. deve reunir-se para analisar e avaliar programas, número, natureza e quantidade de infecções e programar novas ações. Para que os objetivos da C.C.I.H., sejam atingidos, é imprescindível a participação nestas reuniões de representantes médicos, enfermeiros, chefes de serviço, principalamente quando novas medidas deverão ser implantadas. 4. Areas críticas do hospitalA C.C.I.H. deve preocupar-se com todas as áreas, considerando o Hospital com uma unidade. Algumas áreas, porém, pela finalidade a que se destinam, merecem atenção especial, tais como:
5. O Administrador na C.C.I.H.O Administrador do hospital, responsável pela segurança dos pacientes conscientizado da gravidade do problema da infecção hospitalar, deve, não somente incentivar a criação da C.C.I.H., como também, tomar parte da mesma. Entre as suas atividades como membro da comissão, destacam-se:
6. A chefia de Enfermagem na C.C.I.H.A Enfermagem representa papel importante no controle de infecções porque mantém maior contato com os pacientes. Assim, a Enfermagem através de sua chefia, poderá prestar valiosa colaboração à C.C.I.H. assumindo responsabilidades como as que seguem:
III - CONCLUSÕESAcreditamos que:
IV - RECOMENDAÇÕES1. Considerando as vantagens que oferece a redução das infecções hospitalares, entre outras diminuição do risco de mortalidade e morbidade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pacientes o que resulta na maior rotatividade dos leitos, recomenda-se: 1.1. Aos órgãos deliberativos das Instituições de Saúde que:
1.2. Aos administradores dos Hospitais que:
2. Considerando a importância da existência de normas e rotinas que determinem a atuação do pessoal de Enfermagem na execução de procedimentos técnicos; a necessidade da orientação e supervisão na execução das mesmas, recomenda-se: Aos chefes de Serviços de Enfermagem que:
3. Considerando que os servidores da Instituição de Saúde constituem a massa crítica diretamente responsável pela execução de atividades visando diminuir os riscos de infecção hospitalar, recomenda-se: A todos os servidores do Hospital que:
4. Considerando que as Instituições de saúde se caracterizam como "campo" de elevada importância na formação de futuros profissionais da área da saúde e que a presença de acadêmicos deverá contribuir para manutenção no controle das infecções hospitalares recomenda-se: As Instituições de Ensino que:
CRITÉRIOS PARA IDENTIICAÇAO DE INFECÇÕES HOSPITALARESI - INFECÇÃO NAO INSTITUCIONAL, não hospitalar ou comunitária, define-se como a Infecção constatada no ato da admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital. II - INFECÇÃO INSTITUCIONAL, hospitalar ou nosocominal, define-se como. qualquer infecção que não tenha sido diagnosticada no ato da admissão do paciente e que tenha se manifestado durante a internação ou mesmo depois da alta quando puder ser correlacionada com a hospitalização. III - CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO INSTITUCIONAL 1. Normas gerais
2. Infecção urinária
3. Infecções respiratória
4. Gastroenterites institucionais: nos casos em que o período de incubação for conhecido (salmonelose, por exemplo) somente serão considerados casos de infecção institucional aqueles em que o tempo de internação for superior ao tempo de incubação da doença. 5. Infecções cutâneas institucionais
6. Outras infecções hospitalares
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Quais são as funções da CCIH?À CCIH compete:. Elaborar, implementar e monitorar o Programa de Controle de Infecção Hospitalar;. Implantar um Sistema de Vigilância Epidemiológica para monitoramento das infecções relacionadas à assistência à saúde;. Qual é a função do técnico de enfermagem no CCIH?O estudo sobre o papel do enfermeiro na CCIH é de extrema importância, pois é ele o responsável pelo atendimento de maior contato com o paciente na unidade de saúde. Isso o torna responsável pela utilização de técnicas e rotinas que tanto previnem como minimizam o potencial de infecção dentro das unidades.
São critérios definidores das infecções hospitalares exceto?São critérios definidores das infecções hospitalares, exceto: a) Qualquer infecção adquirida após a internação do paciente. b) Infecção que se manifesta durante a internação do paciente. c) Qualquer infecção adquirida 24 horas antes da internação do paciente.
Quais são as medidas de controle de infecção hospitalar?A forma mais simples e efetiva de evitar a transmissão de infecções em ambiente hospitalar é a higienização de mãos. Pode ser por meio da lavagem com água e sabão ou por meio de fricção com álcool 70%. Essa recomendação vale tanto para profissionais de saúde quanto para visitantes e também pacientes.
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