São interações que ocorrem entre os seres vivos tanto da mesma espécie quanto de espécies diferentes?

Em um ecossistema é possível encontrar diversas formas de relacionamentos entre os seres vivos e o ambiente físico. As chamadas relações ou interações ecológicas englobam tanto seres da mesma espécie quanto de espécies distintas.

Essas interações se diferenciam pelos tipos de dependência que os organismos mantêm entre si. Se alguma relação beneficia ambos os seres vivos ou apenas um deles, sem prejuízo, é denominada harmônica. No caso de haver prejuízo a um de seus participantes, dá-se o nome de desarmônicas ou negativas.

Há ainda outras duas caracterizações: intraespecíficas e interespecíficas. A primeira se refere quando as interações ocorrem entre organismos da mesma espécie; a segunda entre organismos de espécies diferentes. Para entender melhor, confira as principais relações ecológicas existentes:

São interações que ocorrem entre os seres vivos tanto da mesma espécie quanto de espécies diferentes?
Crédito: Flickr / Antonio Lordelo As trepadeiras mantêm uma relação harmônica com as árvores.

Comensalismo: acontece entre seres vivos de espécies diferentes onde uma espécie se beneficia no aspecto alimentar sem prejudicar a outra. O animal que se beneficia na relação é chamado de comensal do outro, como é o caso do urubu, que come os restos de um animal caçado e já comido por outros animais.

Inquilinismo: essa relação harmônica entre seres vivos de espécies diferentes ocorre quando uma espécie se beneficia com suporte e proteção. Os seres vivos que se beneficiam são chamados de inquilinos. As “trepadeiras”, por exemplo, se envolvem nos troncos e galhos de árvores para obter proteção e luminosidade.

Mutualismo: neste caso, ambas as espécies são beneficiadas na relação, que é interespecífica e de dependência. Neste contexto, destacam-se o cupim e o protozoário que vive em seu sistema digestivo. O primeiro precisa do outro para fazer a digestão da celulose. Ao mesmo tempo, o protozoário necessita da celulose consumida pelo cupim para poder se alimentar e viver.

Predatismo: a relação desarmônica acontece quando uma espécie se beneficia em detrimento da outra, como o leão e a zebra.

São interações que ocorrem entre os seres vivos tanto da mesma espécie quanto de espécies diferentes?
Crédito: Flickr / Breno Peck Na relação de cooperação, as duas espécies se beneficiam.

Cooperação ou protocooperação: relação ecológica harmônica entre seres vivos de espécies diferentes onde ambas se beneficiam. No entanto, nesse caso, elas não mantêm uma dependência. É o caso das abelhas e algumas espécies de vegetais: a espécie precisa do néctar das plantas, que se beneficiam da polinização feita pelas abelhas.

Parasitismo: relação ecológica desarmônica onde uma se beneficia, enquanto a outra sai prejudicada sem morrer. Neste caso, destaca-se a relação entre carrapatos e a capivara. A segunda é a hospedeira, que não morre, mas sai prejudicada ao perder sangue.

Amensalismo: relação desarmônica onde ocorre uma competição por recursos, como, por exemplo, as raízes de uma árvore que podem prejudicar a germinação de outras plantas.

Sociedades: associações entre indivíduos da mesma espécie, organizados de um modo cooperativo e não ligados anatomicamente.

Hoje você vai ficar sabendo pouquinho sobre as principais relações ecológicas entre os seres vivos, suas características e exemplos que vão ilustrar este tema.

Vamos dividir as relações ecológicas em dois tipos: relações harmônicas e desarmônicas. Logo abaixo tem uma vídeo-aula sobre as relações ecológicas. Veja.

O que são relações ecológicas

Relações ecológicas são interações entre seres vivos que ocupam o mesmo ecossistema. Essas relações podem ser entre seres da mesma espécie ou de espécies diferentes. Dependendo da interação, pode trazer benefícios ou prejudicar algum indivíduo dessa relação

Quando dois indivíduos interagem, essa relação pode:

  •    trazer benefícios para ambos;
  •    ser vantajosa apenas para um deles, prejudicando o outro;
  •    trazer prejuízos para os dois;    ‘
  •    beneficiar um deles sem interferir no desenvolvimento do outro.

Tipos de Relações ecológicas

As relações ecológicas entre os seres vivos podem ser divididas em: harmônicas, desarmônicas, intra-específica ou extra-específica.

  • Relações intra-específicas: são relações entre seres da mesma espécie
  • Relações extra-específicas: são relações entre seres de espécies diferentes
  • Relações harmônicas: são relações onde nenhum indivíduo é prejudicado
  • Relações Desarmônicas: são relações em que pelo menos um dos indivíduos é prejudicado

Veremos em detalhes cada um dos tipos de relações ecológicas.

Relações Harmônicas

Nas relações harmônicas nenhum dos indivíduos é prejudicado. Pode acontecer dessa relação ser vantajosa para ambos ou ainda beneficiar apenas um deles, mas de forma alguma irá interferir no modo de vida do outro.

Comensalismo, inquilinismo, sociedade, protocooperação, mutualismo, simbiose são exemplos de relações harmônicas.

Para você ter uma aula bem mais completa sobre esse assunto, veja aqui no site a nossa aula sobre Relações Harmônicas

Comensalismo

São interações que ocorrem entre os seres vivos tanto da mesma espécie quanto de espécies diferentes?
Duncan Wright (User:Sabine’s Sunbird), CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

O comensalismo é uma relação ecológica entre espécies diferentes na qual uma delas se beneficia sem, contudo, prejudicar a outra. Essa relação ecológica está ligada, principalmente, à necessidade de obtenção de alimentos.

Um exemplo de comensalismo ocorre entre a rêmora e o tubarão. A rêmora é um peixe que consegue se fixar ao corpo do tubarão. Além de ser transportada por ele, a rêmora aproveita os restos de sua alimentação. O tubarão não é prejudicado pela presença da rêmora.

Veja também:

  • Ecologia Geral
  • Principais biomas brasileiros

Inquilinismo

O inquilinismo é uma relação ecológica em que uma espécie, o inquilino, se beneficia, obtendo abrigo ou suporte no corpo de outra espécie, sem prejudicá-la.

As epífitas, como as orquídeas e as bromélias, são exemplos de plantas inquilinas que crescem sobre os troncos e galhos maiores das árvores, sem lhes trazer prejuízo.

A vantagem em crescer sobre as árvores é que as epífitas conseguem, assim, receber mais luz para realizar a fotossíntese do que receberiam se crescessem no solo (em geral, sombreado).

Isso é particularmente importante nas florestas fechadas, onde a luz pode ser escassa nas camadas mais inferiores da mata.

Muitas aves constroem seus ninhos em galhos e troncos de árvores e, assim, estabelecem com elas uma relação de inquilinismo.

Mutualismo

Uma relação mutualista é aquela em que organismos de espécies diferentes interagem e ambos se beneficiam. Nessa relação, há dependência entre as espécies envolvidas, ou seja, elas não conseguem sobreviver se estiverem separadas uma da outra.

Por exemplo, os animais não são capazes de digerir a celulose, substância presente em grande quantidade nas plantas. Os animais herbívoros, como bois, girafas, coelhos, entre outros, dependem da associação com microrganismos que vivem no interior do seu sistema digestório e que são capazes de digerir essa substância. Nessa relação, um organismo não sobrevive sem o outro.

Os microrganismos fornecem aos herbívoros produtos da digestão da celulose. Os herbívoros, por sua vez, fornecem abrigo e celulose aos microrganismos.

Protocooperação

São interações que ocorrem entre os seres vivos tanto da mesma espécie quanto de espécies diferentes?
Juan Carlos Fonseca Mata, CC BY 4.0, via Wikimedia Commons

Na relação de protocooperação, também há benefício para às duas espécies envolvidas, porém não existe dependência entre uma espécie e outra.

Alguns exemplos são a polinização das flores por insetos, aves e a dispersão de sementes por aves e morcegos.

Certos insetos e aves se alimentam do néctar das flores de algumas plantas e, quando fazem isso, levam o pólen, que é uma estrutura reprodutiva da planta, de uma flor para outra, permitindo a produção de frutos e sementes.

Nessa associação, todos são beneficiados — plantas e aves, ou plantas e insetos — sem serem dependentes uns dos outros, pois uma espécie de inseto pode obter néctar de várias espécies de plantas, e uma espécie de planta pode ser polinizada por várias espécies de insetos.

Relações Desarmônicas

Nas relações desarmônicas pelo menos um dos indivíduos da interação terá seu desenvolvimento afetado. Pode ser também que dois ou mais indivíduos possa sair perdendo nessa relação.

Você pode ver uma aula completa aqui no site sobre Relações Desarmônicas.

Vejamos logo abaixo os principais tipos de relações desarmônicas

Competição

A competição pode ocorrer entre indivíduos da mesma espécie ou entre indivíduos de espécies diferentes. É a disputa por recursos como a água, o alimento, o espaço, a luminosidade, locais para reprodução e refúgio e até mesmo parceiros sexuais, quando eles não são suficientes para todos os indivíduos da comunidade ou população.

Por exemplo, espécies vindas de outros continentes podem competir com as que existem em um lugar, causando alterações no ecossistema.

É o que ocorre com o pardal (Passer domesticus), espécie que veio da Europa para o Brasil. Em nosso país há outras espécies com hábitos alimentares similares e ocupam nichos ecológicos parecidos com o dos pardais, como o tico-tico (Zonotrichia capensis).

Assim, se pardais e tico-ticos estiverem em um mesmo hábitat, provavelmente competirão por alimento, caso esse recurso não seja suficiente para todos os indivíduos.

Predação

A predação, ou predatismo, é a relação em que um indivíduo se alimenta de outro indivíduo, de uma espécie diferente da sua. Nessa relação, o indivíduo que se alimenta é o predador e o indivíduo que serve de alimento é a presa.

Os predadores são geralmente maiores em tamanho, porém em menor número que suas presas.

Camuflagem x mimetismo

Se os predadores têm adaptações que os ajudam a capturar suas presas, estas também apresentam algumas adaptações relacionadas à defesa contra a predação, como a camuflagem e o mimetismo.

camuflagem é a presença de características que fazem o animal parecer em cor ou formato com o ambiente em que vive. O louva-a-deus, por exemplo, se assemelha a folhas ou galhos, o que dificulta a sua localização, tanto por seus predadores, quanto por suas presas.

Outra adaptação que pode ajudar a proteger determinada presa de seus predadores naturais são o mimetismo (do grego mimetós, imitar).

Nesse caso, duas espécies diferentes possuem características de formato e coloração corporal que as tornam parecidas o suficiente para serem confundidas uma com a outra.

O predador evitará ambas, caso uma delas seja venenosa ou não, ela não será apreciada como alimento. Isso ocorre, por exemplo, com as serpentes falsa-coral e coral e com as borboletas vice-rei e monarca.

A borboleta-monarca [Danausplexippus) tem toxinas armazenadas em seus tecidos que provocam vômitos violentos quando ingeridas por seus predadores, as aves.

Isso faz com que as aves não se alimentem mais dessa espécie, que são facilmente reconhecidas graças às cores fortes e brilhantes de suas asas.

    Já a espécie de borboleta-vice-rei (Limenitis archippus) não tem toxinas, porém apresenta coloração muito parecida com a das borboletas-monarca.

Dessa maneira, dificilmente será atacada por predadores que já tentaram comer uma borboleta-monarca.

Você quais são as diferenças entre ecossistemas, biomas e biosfera? Clica no link e veja.

Parasitismo

O parasitismo é a relação em que um indivíduo de uma espécie, o parasita, se instala no corpo do indivíduo de outra espécie, o hospedeiro.

O parasita retira alimento do corpo do hospedeiro e, como consequência, causa danos que podem levar o hospedeiro à morte, mas, de modo geral, essa morte não é imediata nem conveniente ao parasita.

O parasita pode se instalar sobre o corpo do hospedeiro, como pulgas, pulgões e piolhos, ou no interior de organismo do hospedeiro, como os “vermes” intestinais.

Pulgões (insetos da família Aphididae, que medem cerca de 1 mm) parasitam plantas, se alimentando da seiva orgânica, rica em açúcares. As joaninhas (insetos da família Coccinellidae, que medem cerca de 0,5 cm) são predadoras dos pulgões.

Herbivoria

Diferentemente dos organismos que se locomovem e podem se esconder, escapar e defender-se ativamente, as plantas geralmente são fixas e permanecem expostas, vulneráveis ao ata­que de consumidores.

Todavia, observam-se estratégias de defesa das plantas, como espinhos e toxinas, capazes de deter os consumidores, uma vez que estes podem reduzir e até dizimar populações inteiras de determinadas espécies vegetais.

A relação entre os animais e as plantas que lhes servem de alimento chama-se herbivoria.

Dependendo do tipo de dano causado à planta (em partes ou no todo), o herbívoro pode ser considerado um predador ou um parasita.

O consumo de apenas parte dos tecidos de uma planta é denominado pastagem (geralmente são consumidas grandes áreas de gramíneas e vegetações rasteiras de herbáceas) ou desfolhação (as partes consumidas são de vegetação lenhosa e correspondem principalmente às folhas e ramos, sem a retirada dos troncos).

Um mundo de interações

No Brasil, a baquearia (gênero Brachiaria), gramínea de origem africana, é utilizada em pastagens e atua como invasora, ocupando vários biomas (como os cerrados).

Substâncias liberadas no solo pela baquearia impe­dem a germinação de sementes de espécies nativas, como o capim-pojuca (Paspalum atratum).

Bovinos alimentam-se das folhas da baquearia, que, no estômago dos animais, sofrem a ação de microrganismos (protozoários, principalmente) que digerem a celulose.

Parte do produto da digestão é assimilada pelos microrganismos e parte é disponibilizada para o animal. Quando os bovinos forrageiam, sementes de baquearia aderem-se aos lábios e ao focinho dos animais e podem ser transporta­das por longas distâncias.

Carrapatos instalam-se na superfície do corpo dos bovinos e sugam-lhe o sangue. Garças-boiadeiras (Bubulcus ibis) alimentam-se desses ácaros, que retiram da pele dos bovinos.

Veja também:

  • Como os lobos mudam rios

Veja o slide logo abaixo para te ajudar a entender e identificar esses os tipos de relações ecológicas.

Resumo da aula Relações ecológicas entre os seres vivos

  • Podem ser divididas em relações harmônicas e relações desarmônicas.
  • Entre as principais relações podemos citar: inquilinismo, mutualismo, protocooperação, competição predação e parasitismo.

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Fonte: Projeto Arariba – obra coletiva – editora moderna – organização: Vanessa Shimabukuro

https://www.youtube.com/watch?v=wPoJsJMab2M

Quais são as interações que ocorrem entre os seres vivos?

Relações ecológicas são as interações que acontecem entre os seres vivos, as quais podem ocorrer entre indivíduos de uma mesma espécies (relações intraespecíficas) ou indivíduos de espécies diferentes (relações interespecíficas). Elas também podem ser harmônicas ou desarmônicas.

Quais são os dois tipos de relação entre seres vivos da mesma espécie?

Podemos classificar as relações entre os seres vivos inicialmente em dois grupos: As intraespecíficas, que ocorrem entre seres da mesma espécie; As interespecíficas, entre seres de espécies diferentes.

Como são chamadas as interações de vários tipos que ocorrem entre os seres vivos de uma comunidade biológica?

A interação dos diversos organismos que constituem uma comunidade biológica são genericamente denominadas relações ecológicas, e costumam ser classificadas pelos biólogos em intra-específicas, interespecíficas, harmônicas e desarmônicas.

Como se chama esse tipo de associação entre os dois seres vivos?

Mutualismo é uma relação ecológica entre indivíduos de espécies diferentes, em que ambos são beneficiados pela interação. Por ocorrer entre indivíduos de espécies diferentes, é uma relação denominada de interespecífica, e, por beneficiar todos os envolvidos, recebe a denominação de relação harmônica.