Arabe e libanes é a mesma coisa

Muitas pessoas, ao ouvirem as expressões “árabe”, “muçulmano” ou “islâmico”, pensam que se trata de uma mesma coisa. Isso faz parte de um problema que atinge não apenas os povos ligados a esses termos, mas também várias culturas, o que está ligado ao hábito que grande parte das pessoas tem de construir preconceitos a partir daquilo que pouco conhecem.

Qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?

A diferença entre árabes e muçulmanos está no fato de um termo referir-se a uma composição étnica e o outro ser o nome dado aos praticantes de uma religião. Embora uma mesma pessoa possa ser árabe e muçulmana ao mesmo tempo, é importante verificar que os dois termos são totalmente distintos entre si.

O árabe é um idioma e também uma composição étnica que possui, em torno de si, uma grande variedade de troncos etnolinguísticos interligados. Já muçulmano é o nome dado a quem pratica o Islamismo, a religião fundamentada nos princípios estabelecidos pelo profeta Maomé. Existem povos, portanto, que são árabes e não são muçulmanos e existem muitos muçulmanos que não são árabes.

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Estima-se que existam, no norte da África e no Oriente Médio, cerca de 15 milhões de árabes cristãos, embora esse número venha diminuindo pela constante batalha religiosa entre os povos e também pelas emigrações que os cristãos muitas vezes fazem dessas regiões.

Por outro lado, é interessante observar que, embora a maioria dos árabes seja muçulmana, o maior país islâmico existente, em número de adeptos, não é árabe. A Índia, por ser o segundo país mais populoso do mundo, consegue ter um número de 174 milhões de muçulmanos, o equivalente a cerca de 16% de sua população, que é majoritariamente hindu. O segundo colocado, o Paquistão, possui cerca de 165 milhões de islâmicos e também não adota o árabe como idioma oficial.

Aziz Ab´Sáber, professor e geógrafo da USP, em visita a sua cidade natal, São Luís do Paraitinga, é abordado por uma conhecida de sua família. Ela não hesita: “Ah! Você que é filho do turco Nacib”. Aziz é filho de Nacib Ab´Sáber, mas o pai do geógrafo não era turco. Nasceu no país que hoje conhecemos como Líbano. A confusão sobre a origem do pai de Aziz é na verdade um equívoco que se difundiu durante a leva de imigrantes árabes que vieram do Líbano e da Síria no começo do século XX. E essa confusão entre esses imigrantes e os turcos é um dos mais difundidos estereótipos sobre os árabes no Brasil. A Turquia é um país situado em parte na Europa, em fronteira com a Grécia e a Bulgária, e em parte na Ásia, em fronteira com a Síria, Iraque e Irã. Apesar de ter uma forte influência islâmica, não é um país árabe. Como um ponto geográfico estratégico entre o Ocidente e o Oriente desde o domínio romano, o território sofreu influência das culturas latinas, gregas, bizantinas, persa e, inclusive, árabe. Mas o que explica a confusão que se faz no Brasil entre turcos e árabes foi o fato de durante muito tempo a Turquia ser o centro do que ficou conhecido de Império Turco-Otomano. No seu auge, entre os séculos XVI e XVII, chegou a abranger parte do norte da África, da atual Arábia Saudita e da Europa. “Ela tinha muita força, estava dentro de outra ocidentalidade. Ela se formou à custa de Roma Oriental, e teve uma série de vantagens comerciais entre os dois blocos da própria Turquia, a Turquia européia e a Turquia da Península”, diz Aziz. Na primeira década do século XX, o Império passava por um desmantelamento (se extinguiria em 1922, com a proclamação da República), mas ainda dominava a Síria. Esses imigrantes, então, chegavam ao Brasil com passaporte turco, do dominador. “Quer dizer, sobrou esse cognome, porque por muito tempo os passaportes vinham em nome da Turquia. Chega o passaporte, falando árabe todos, e de repente olha lá e veio da Turquia, então o nome passou a ser estendido para todos os que saíram de lá”, explica Aziz. Para esses imigrantes que chegavam ao Brasil, a lembrança de que sua terra estava dominada era dolorosa. “No começo, era muito humilhante para eles ser chamados de turcos. O povo brasileiro em geral até hoje não sabe por que é turco, por que é libanês, por que é sírio. Não entende a diferença. Só que isso hoje não causa mais problema para o libanês ou para o sírio. Hoje é uma coisa meio brincadeira. Mas a maior parte das pessoas não entende o significado dessa diferenciação”, explica André Gattaz, historiador e autor do livro “Do Líbano ao Brasil: História oral de imigrantes”. ALÉM DE TURCOS, MASCATES – Um segundo estereótipo que acompanhou os árabes, especialmente sírios e libaneses, no Brasil, foi o de mascates interesseiros. Aziz diz que sírios e libaneses entraram no país por rotas diferentes. Alguns grupos pegavam navios que passavam pelo Mar Mediterrâneo, atravessavam o Atlântico e chegavam em Belém do Pará. “Daí, eles iam até Manaus, e mais tarde até o Acre. E sempre fazendo um tipo de atividade, o comércio. Em pequenas ruas comerciais, sempre tinha duas, três casas de sírios, libaneses ou sírio-libaneses. E ao mesmo tempo, no caso da Amazônia, eles, que vieram de regiões secas, sobretudo os sírios, se integraram muito na circulação fluvial, como comerciantes que paravam de ponto em ponto para vender produtos. Isso coincidiu, no caso da Amazônia, com o ciclo da borracha. Então havia uma necessidade muito grande de compra de produtos que não eram produzidos na Amazônia. Não tinha um comércio interno suficiente”. Os sírios e libaneses passaram, então, a ser conhecidos desde Belém, no Pará, até Rio Branco, no Acre, por pequenos comércios de venda de coisas como vestuário, bugigangas simples, fitas e sapatos e, eventualmente, tecidos. Naquela região, os árabes participaram do abastecimento de produtos de primeira necessidade. Gattaz explica que se essa imagem inicial de mascate era pejorativa, num momento posterior os próprios imigrantes a incorporaram. “Primeiro eles foram criticados por serem comerciantes e interesseiros, mas depois eles transformaram isso num motivo de orgulho e se transformaram em representantes do mascate que foi bem-sucedido, que abriu uma lojinha e depois uma indústria”. SÍRIO, LIBANÊS, SÍRIO-LIBANÊS ? – Os dados sobre o grupo de imigrantes árabes que chegou ao Brasil no começo do século XX são imprecisos. E se o objetivo for dividir a imigração síria da libanesa, a tarefa fica um pouco mais difícil. “Até o começo do século XX era uma coisa só. Era na verdade só a Síria. Então os primeiros que vieram vinham com passaporte turco, como se fosse da Síria, só que não dava para saber se eram sírios ou libaneses, porque não existia essa distinção”. O Líbano surgiu como país no ano de 1916, com o tratado de Sykes-Picot, firmado entre França e Grã-Bretanha, as duas grandes potências imperialistas da época. O tratado definiu as fronteiras que hoje conhecemos do Oriente Médio, incluindo a separação de Síria e Líbano.

Qual a diferença de árabe e libanês?

É predominantemente uma língua falada, enquanto o árabe padrão moderno é geralmente usado na escrita formal. A maioria dos falantes de libanês também é fluente em francês ou inglês, fazendo com que as palavras desses idiomas se misturem ao libanês.

Quem nasce no Líbano e árabe?

O povo libanês (em árabe: الشعب اللبناني) são os integrantes de um grupo étnico semita do levante e oriente médio, nação do Líbano.

O que é ser árabe?

Ser árabe significa pertencer ao grupo étnico que habita principalmente o Oriente Médio e a África setentrional, enquanto ser muçulmano significa apenas ter fé no islamismo.

Qual é a raça dos árabes?

Os árabes são um grupo étnico semita, nativo principalmente do Oriente Médio e da África setentrional, originário da península Arábica, a qual é constituída majoritariamente por regiões desérticas.