Classe a b c d e renda 2022

Por Redação O Sul | 15 de outubro de 2022

Classe a b c d e renda 2022

Estudo mostra que pobreza aumentou no governo Bolsonaro. (Foto: Arquivo/Wilson Dias/Agência Brasil)

Um levantamento da Tendências Consultoria aponta que as classes D/E, com rendimentos familiares mensais de até R$ 3,1 mil, representam 55,4% da população. Há dez anos, esse grupo somava 48,7%.

“Como a classe média é muito dependente do rendimento do trabalho, a conjuntura econômica do Brasil na última década acabou jogando os mais vulneráveis deste grupo para a camada mais pobre da população”, explica o economista Lucas Assis, analista da Tendências e especializado em mercado de trabalho e estudos regionais de classes.

Na pesquisa, a Tendências considerou, para estimar a renda, ganhos com trabalho, previdência, programas de transferência de renda, investimentos, juros e aluguéis. A classe A, por exemplo, tem renda mensal domiciliar superior a R$ 23,2 mil.

O aumento de brasileiros mais pobres é reflexo, segundo Assis, de uma classe média que minguou após enfrentar a recessão de 2015-2016 e os efeitos da pandemia, que fragilizaram o mercado de trabalho e diminuíram a renda.

“Houve migração das famílias de classe média para as classes mais baixas. O Brasil, assim como outros países de economia emergente, tem uma parte da classe média muito próxima da situação de pobreza. Estavam na classe média, mas eram vulneráveis. Voltam por causa de saúde, desemprego, aposentadoria. São famílias à mercê dos ciclos econômicos”, afirma Assis.

Foi o que aconteceu com Sérgio Barbosa, de 56 anos, que está desempregado há cinco anos. Com ensino médio completo e curso técnico de secretariado, ele tem vivido de bicos, e é o salário da esposa a garantia de renda dos dois. Como a renda da família caiu à metade — hoje são cerca de R$ 2,5 mil mensais —, a solução foi economizar. Eles trocaram a casa em Brasília por Planaltina de Goiás, a 57 quilômetros da capital federal, e reduziram o consumo.

Renda em queda

Nem mesmo o Auxílio Emergencial ou o reforço do Auxílio Brasil, turbinado nos últimos meses num esforço eleitoral do governo Jair Bolsonaro, adiantaram. As camadas mais pobres da população brasileira cresceram também durante essa gestão — passaram de 50,6% em 2018 para 55,4% agora.

Além de serem mais numerosos, esses brasileiros mais pobres ganham menos hoje. Há dez anos, as famílias das classes D e E recebiam, em média, R$ 2.756 mensais, em valores já corrigidos pela inflação. Agora, ganham R$ 2.675 — uma queda de 2,93% no período. A Tendências estima que levará uma década para a massa de renda dessas classes superar o patamar anterior, o que pode ocorrer só em 2031.

A desigualdade do Brasil fica evidente quando se avalia a renda. Apesar de a proporção de brasileiros na classe A ter diminuído — passou de 3,7% para 3,1% em dez anos — , os mais ricos estão ganhando mais. A renda mensal média da classe A avançou 19,1% no período. Em 2012, eles recebiam R$ 54,1 mil mensais. Neste ano, o rendimento é de R$ 64,2 mil, em média. Esse montante é 24 vezes a renda dos mais pobres.

No governo Bolsonaro, este aumento da pobreza se manteve. Em 2018 — último ano do governo Temer — 50,6% da população estavam nas classes D e E, e 31,7%, na C. Já neste ano, segundo a Tendências, além dos 55,4% nas classes D e E, 28,8% estão na C.

Para o economista Lucas Assis, da Tendências, a educação não revertida em produtividade é o maior entrave para a estagnação da renda das camadas mais pobres, mas só o ingresso no mercado de trabalho não é suficiente para a superação da pobreza.

“Nos próximos anos, a gente deve ver uma mobilidade social no Brasil muito reduzida, algo típico de países com alta desigualdade de renda. O mercado de trabalho brasileiro deve ainda seguir com baixas remunerações, elevadas desigualdades, altas taxas de informalidade e uma marcante heterogeneidade entre os setores produtivos”, diz ele.

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O jornal Valor Econômico publicou nesta terça-feira (25) um estudo da Tendências Consultoria que prevê que o total de domicílios brasileiros considerados como de classes D e E deve fechar o ano em 50,7%. Uma década atrás, no entanto, as duas classes representavam 48,7% do total. Além disso, as projeções de longo prazo da consultoria indicam que somente em 2028 o país deve retomar aos níveis de 2014, quando registrou sua melhor marca, com 47% da população nas classes D e E.

O estudo considera como classes D e E os domicílios que tiveram renda mensal familiar de até R$ 2,9 mil em novembro de 2021, considerados “pobres” e “extremamente pobres”. Nessas classes, a informalidade é muito mais comum e a renda, além de volátil, oscilou durante a pandemia, aumentando a dependência dos programas de transferência social.

De acordo com o economista Lucas Assis, responsável pelo estudo, 47,1% da renda desse grupo vem do trabalho. Outros 39% da Previdência Social (aposentadorias). O auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) respondem atualmente por 12,3%.

Por sua vez, na classe C a renda do trabalho responde por 90,8% dos recursos. Na classe A, três quartos (74,8%) da renda vêm de “outros” (como ganhos de capital com juros e dividendos, que não são tributáveis), e apenas 24,8% recebem renda do trabalho.

“A classe D/E é a que forma a base da população brasileira, é a mais vulnerável economicamente. É uma população que tem participação relevante dos salários na sua renda, mas depende muito das transferências sociais”, afirmou o economista.

O especialista afirmou que, apesar de “expressiva proteção” às classes D e E nos dois últimos anos, o auxílio emergencial não foi capaz de reduzir a pobreza no país. “Mesmo com a ampliação dos programas de transferência não enxergamos redução da fatia dos mais pobres na população. A gente ainda vai ter uma mobilidade social muito reduzida nos próximos anos”.

Efeito Temer-Bolsonaro

Lucas Assis aponta a deterioração do mercado de trabalho e a distribuição desigual de ocupações e rendimentos entre os trabalhadores como elemento importante da queda da renda das famílias mais pobres. Nesse sentido, a reforma “trabalhista” do governo golpista de Michel Temer fracassou na promessa de aumentar a oferta de empregos no país.

O que houve, desde então, foi o aumento da informalidade. Com empregos sem carteira ou trabalhando por conta própria. Com isso, o rendimento real médio do trabalhador caiu 7% em 2021, na comparação com o ano anterior. Por outro lado, a precarização dos direitos trabalhistas garantiu aumento dos lucros da “megaburguesia” que atua no país.

Legado petista

Marcelo Neri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS/FGV), ressalta que os ganhos dos governos Lula e Dilma (2003-2016) ainda fazem da parcela dos extremamente pobres ser menor do que a registrada no início dos anos 2000. “Durante a pandemia houve redução da pobreza entre idas e vindas por causa do auxílio emergencial. Quando se olha os dados depois do período do auxílio, claramente há aumento da pobreza, mas não se voltou ao que era nem em 2003 nem antes do Plano Real” pondera. “Uma parte do progresso alcançado naquela época se manteve.”

Desde o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a integração de políticas sociais, estímulo a investimentos e políticas econômicas gerou um movimento de ascensão social no país que levou ao crescimento e fortalecimento da classe média.

Programas como o Bolsa Família e maior acesso a crédito estimularam o consumo de segmentos historicamente marginalizados, alimentando a roda de geração de emprego e renda. Em 2011, a classe média (renda familiar de R$ 2.971,37 a R$ 7.202,57) correspondia a 54% da população, conforme dados do Instituto Locomotiva.

Com a política de valorização implementada nos governos do PT, o salário mínimo teve ganho real de 74%, entre 2004 e 2016. Além de reduzir as desigualdades, o aumento do poder de compra da população alavancou o crescimento econômico e criou empregos. Nesse mesmo período, a taxa de desemprego caiu de 12,4%, em 2003, para 4,8%, em 2014, menor índice da série histórica medida pelo IBGE.

No abismo

Ao fim do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2014, a participação dos salários no Produto Interno Bruto (PIB) bateu recorde (43,5%). Em 2015, alavancada pela inédita situação de pleno emprego e reajustes acima da inflação para a grande maioria das categorias atingida no ano anterior, a participação salarial no PIB subiu para 44,6%, atingindo o novo pico histórico em 2016: 44,7%.

Após as crises das pautas-bomba em 2015 e o afastamento da presidenta legítima em 2016, viram a regra do teto de gastos, a “reforma” trabalhista e os desmontes da Petrobras e outras estatais relevantes. Ações que reverteram a curva e lançaram o Brasil no retrocesso do desemprego e da queda da renda. Fenômenos agravados pelo descontrole inflacionário.

Desde que começou a compilar dados sobre o poder de compra no país, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nunca havia registrado um valor tão baixo quanto o do trimestre de setembro a novembro de 2021. A renda média no período caiu a R$ 2.444 por mês — valor 11,25% inferior ao do trimestre anterior.

“A classe C, que tinha melhorado de vida, vem sofrendo muito nos últimos anos. Primeiro com a recessão e ,depois, na pandemia. Com o desemprego e a perda da renda, mas principalmente por perder conquistas que já tinham tido. Perder dói muito mais do que deixar de ganhar”, lembrou o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, também no Valor.

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Como saber minha classe social 2022?

Classes sociais no Brasil.
Classe A (acima de 20 salários mínimos),.
Classe B (de 10 a 20 salários mínimos),.
Classe C (de 4 a 10 salários mínimos),.
Classe D (de 2 a 4 salários mínimos),.
Classe E (recebe até 2 salários mínimos)..

Quanto ganha classe ABCD?

Classe A: 2,8% (renda mensal domiciliar superior a R$ 22 mil) Classe B: 13,2% (renda mensal domiciliar entre R$ 7,1 mil e R$ 22 mil) Classe C: 33,3% (renda mensal domiciliar entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil) Classes D/E: 50,7% (renda mensal domiciliar até R$ 2,9 mil)

Qual a renda da classe média 2022?

Os últimos dois anos foram de queda (2020 e 2021) e deve voltar a crescer em 2022, segundo projeção da consultoria, para R$ 3.613, mas ainda ficará bem abaixo dos R$ 3.939 de 2019 (considerando preços de novembro de 2021).

Qual a renda da classe D?

Classe B: 13,2% (renda mensal domiciliar entre R$ 7,1 mil e R$ 22 mil) Classe C: 33,3% (renda mensal domiciliar entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil) Classes D/E: 50,7% (renda mensal domiciliar até R$ 2,9 mil)