Como a expressão Idade das Trevas é vista pelos historiadores atuais?

Idade Moderna foi uma das formas encontradas pelos historiadores para se dividir a história da humanidade. Seu recorte temporal inicia-se com a queda do Império Bizantino e a tomada da cidade de Constantinopla pelo Império Turco-Otomano, em 1453. Seu recorte final está delimitado com a Revolução Francesa, em 1789.

Essa divisão é pautada na perspectiva histórica europeia, já que os marcos divisórios referem-se indireta ou diretamente a fatos importantes para os europeus. A tomada de Constantinopla pelos turcos pôs fim ao Império Bizantino – herdeiro direto do Império Romano da Antiguidade e surgido onde hoje é a Itália – e representou o fim de uma longa era.

A concepção de uma Idade Moderna era também uma ruptura com o que foi considerado como uma Idade Média da História. Média, nesse sentido, era o período entre a Antiguidade e a Idade Moderna. A própria divisão histórica como conhecemos (Idades Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea) surge nesse momento da História europeia.

A Idade Moderna foi uma oposição à Idade Média, considerada equivocadamente como uma Idade das Trevas, já que era dominada pela religião e pelo obscurantismo cristão-católico. A Idade Moderna apareceria como o momento de retomar a perspectiva de vida da Antiguidade greco-romana, considerada como o auge cultural da humanidade. O equívoco, nesse sentido, foi o de não considerar a produção cultural, filosófica e mesmo técnica verificada durante o período da Idade Média.

Isso pode ser entendido pelas grandes transformações ocorridas no território europeu no período. Foi durante a Idade Moderna que os europeus realizaram as Grandes Navegações e a Expansão Marítima, criando as condições para a dominação de continentes inteiros, como a África e a recém-conhecida América. O domínio dessas regiões resultou na conquista de inúmeras riquezas por parte das classes dominantes europeias, criando as bases para que pudessem expandir, posteriormente, sua forma de organização social para o restante do mundo.

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Como a expressão Idade das Trevas é vista pelos historiadores atuais?

Pintura de Antônio Allegri, na capela da Catedral de parma na Itália *

A expansão dessa forma de organização social contou com uma base material pautada no desenvolvimento do capitalismo. A passagem de uma produção material predominantemente agrária para uma produção material mercantil e industrial ocorreu nesse período. Conduzindo essa passagem estavam os pioneiros do capitalismo, os burgueses, construindo suas riquezas a partir da exploração do nascente proletariado urbano. A chamada primeira Revolução Industrial, ocorrida principalmente na Inglaterra, iniciou-se na Idade Moderna.

No Aspecto cultural, a Idade Moderna caracterizou-se por uma produção muito rica. Seja em seu início, com o Renascimento, principalmente nos séculos XV e XVI, e a retomada da herança greco-romana, seja com os Iluministas do século XVIII, que propuseram novas formas filosóficas, científicas e políticas de se entender o mundo. Na religião, a principal mudança com o mundo medieval ocorreu com a Reforma Protestante, iniciada com Martinho Lutero no século XVI e que iria alterar permanentemente o mundo cristão ocidental.

Politicamente a Idade Moderna ficou caracterizada principalmente pela criação dos Estados Nacionais na Europa. Foi nesse processo que surgiram as monarquias nacionais, criando estruturas políticas e administrativas centralizadas, em contraste à descentralização predominante na Idade Média. Essa estrutura político-administrativa serviu ainda de base para o fortalecimento do capitalismo e do poder político da burguesia. Essa classe social, quando se percebeu fortalecida econômica e politicamente, pôde se organizar e colocar fim à hegemonia antes detida pela nobreza aristocrática. O fim dessa hegemonia foi representado principalmente pela Revolução Francesa, quando o Estado representativo burguês foi criado, encerrando a Idade Moderna e iniciando a Idade Contemporânea.

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* Crédito da Imagem: miqu77 e Shutterstock.com


Por Me. Tales Pinto

O que chamamos de Idade Média é o período compreendido entre a deposição do último soberano do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augústulo (476, século V), até a conquista da cidade de Constantinopla, pelos turcos (1453, século XV), pondo fim ao Império Bizantino.

Esse período, pelas inúmeras invasões territoriais, frequentes guerras e ampla intervenção da Igreja ficou conhecido pelos renascentistas, no século XVI, como a “Idade das Trevas”, a “Idade da Fé” ou a “Espessa noite gótica”. O termo “Idade Média” vem do latim medium aevo. Durante o século XV, o humanismo dividiu o latim em três categorias: latim clássico, latim bárbaro e latim dos humanistas. Mas entre o latim clássico e sua redescoberta, existiu um latim que fugiu dos padrões da Antiguidade Clássica, chamado latinitas media. A expressão medievo, período compreendido entre os séculos V e XV, surgiu deste latim.

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No século XVI alguns pensadores teorizaram a Idade Média como um período decadente. Uma fase da História em que, por conta da interferência religiosa, a ignorância predominou. No século seguinte a Idade Média começou a ter seu valor reconhecido. A Europa vivia um período conhecido como Romantismo, época em que a sensibilidade aflorou. Os românticos buscavam uma identidade nacional e uma maior aproximação do passado com o intuito de entender melhor seu presente.

Mas foi no século XX que a Idade Média foi reconhecida como um período de descobertas que transformaram nosso meio. Além de ser a origem de nossa miscigenação (através da mescla de valores da sociedade antiga com os povos germânicos), segundo Jacques Le Goff (em seu livro “Para um novo conceito de Idade Média”. Lisboa: editorial Estampa, 1980, p. 12.), foi na Idade Média que surgiu a sociedade moderna, que criou “a cidade, a nação, o Estado, a universidade, o moinho, a máquina, a hora e o relógio, o livro, o garfo, o vestuário, a pessoa, a consciência e, finalmente, a revolução”.

A Idade Contemporânea procurou (e procura) investigar os fatos sem julgá-los. A História evoluiu, deixando de privilegiar biografias e elites, para explorar costumes, crenças, festas, vida cotidiana, entre outros. Em 1929, na França, a fim de estudar uma “Nova História”, Marc Bloch e Lucien Febrve criaram uma revista que reformulou nossa historiografia e influenciou um grupo de historiadores franceses a estudar a maneira de pensar dos homens. A “História das Mentalidades”, como é conhecida, examinou fontes literárias, arqueológicas e artísticas pouco exploradas referentes à Idade Média e foi responsável por seu novo conceito.

Por Demercino Júnior
Graduado em História

Porque atualmente os historiadores não consideram o termo Idade das Trevas?

E utilizado "Idade das Trevas" porque nessa epoca ocorreu muitos conflitos e guerras,sendo considerado uma epoca ruim. Atualmente os historiadores discordam porque acredita-se que ouve grandes avancos cientificos e historicos nessa epoca. Pois as ideias religiosas impediram o desenvolvimento da razão pelo mundo.

Como a Idade Média é vista pelos historiadores atuais?

Resposta verificada por especialistas A Idade Média é vista hoje como um período complexo da história da humanidade, e não mais como a "Idade das Trevas", que é uma forma simplista e eurocêntrica de compreender a História.

Por que a Idade Média foi considerada a Idade das Trevas por alguns historiadores?

A Idade Média ficou conhecida como Idade das Trevas, pois foi um período da história onde não houve muito desenvolvimento científico e técnico. O termo deixou de ser usado, pois houveram descobertas científicas e técnicas na Idade Média porém em menor quantidade.

Como os historiadores veem a Idade das Trevas e A Filosofia Medieval?

A Idade Média ficou conhecida como a "Idade das Trevas" porque os Humanistas e os Iluministas desejavam criar um sentido de mudança de paradigma entre o tempo antigo, onde a Igreja Católica tinha domínio sobre a vida cultural europeia, em uma sociedade teocêntrica, e o novo mundo que surgia com os movimentos culturais ...