Como o primeiro verso indica explique a postura do eu lírico perante o sentimento que ele cultiva em relação ao mundo?

Como o primeiro verso indica explique a postura do eu lírico perante o sentimento que ele cultiva em relação ao mundo?

Leia, agora, o poema “O amor, quando se revela”, do poeta português Fernando Pessoa.

O amor, quando se revela

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P’ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

PESSOA, Fernando. Obra PoŽtica – Inéditas. Rio de Janeiro

Companhia José Aguilar, 1972. p. 513.

1. É possível perceber, nas duas primeiras estrofes do poema “O amor, quando se revela”, que o eu lírico, a voz do poema, está vivendo um drama interno. Qual é a dúvida que ronda esse eu poético? Justifique sua resposta.

O eu poético de “O amor, quando se revela” está vivendo um drama, uma confluência de sentimentos em relação à importância de saber escolher entre falar e calar perante o ser amado. A revelação do amor, segundo o eu lírico, pode ser um momento difícil e que gera muitas dúvidas.

2. Observe a estrutura do poema e responda ao que se pede.

a) Quantos versos há nesse poema?

Nesse poema, há vinte versos.

b) E quantas estrofes?

O poema apresenta cinco estrofes.

3. Para você, há poesia no poema “O amor, quando se revela”? Explique sua resposta.

Resposta pessoal. 

Professor, os alunos deverão chegar à conclusão de que há poesia no texto de Fernando Pessoa, pois, ao expressar sua angústia e seus sentimentos, o eu lírico consegue provocar algum tipo de reação no leitor, que pode se comover com a condição em que o eu poético se encontra, por exemplo, ou até mesmo se reconhecer nessa condição. No entanto, outras respostas são possíveis e devem ser consideradas, desde que haja coerência com os versos analisados.

4. No poema de Fernando Pessoa, há o uso alternado de verbos no modo indicativo – o modo da certeza da ação (duas primeiras estrofes) – e no modo subjuntivo – o modo das incertezas, das hipóteses (terceira estrofe). Há, ainda, o uso repetitivo da conjunção se, que indica condição. Que efeito essas alternâncias e reiterações (repetições) proferem ao texto? Comente sua resposta.

Tanto a alternância do uso dos verbos no modo indicativo para o modo subjuntivo como a reiteração da conjunção se indicam a mudança da certeza para a incerteza que ronda o eu lírico. Há condições no contexto para que o eu lírico e sua amada se entendam, as quais também geram as dúvidas do eu poético quanto à revelação de seus sentimentos.

5. Releia esta estrofe do poema “O amor, quando se revela”.

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

O primeiro verso dessa estrofe inicia-se com a conjunção adversativa mas, que estudamos nas orações coordenadas, no segundo bimestre.

Professor, se considerar necessário, retomar com os alunos o período composto por coordenação. Em se tratando da classificação das orações, o ideal é que os assuntos sejam trabalhados de maneira interligada, para que eles tenham uma noção de todo o contexto.

a) Que relação semântica o verso apresenta, considerando esse contexto?

Trata-se de uma ideia de oposição, um obstáculo enfrentado. No caso, a incapacidade de o eu lírico falar o que sente para a pessoa amada, o que deixa evidente a dor e a solidão de quem não consegue falar sobre o amor que sente.

b) Como se classifica a oração coordenada iniciada pela conjunção mas?

Oração coordenada sindética adversativa.

6. Na última estrofe, o eu poético declara:

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Nesses versos, é possível perceber que, mesmo em meio a uma contradição, o eu lírico declara ter encontrado uma solução para falar à pessoa amada sobre os seus sentimentos. Qual foi a solução encontrada? Comente.

7. Vimos que rimas são sons semelhantes existentes entre as palavras que formam um verso e que, dependendo da posição em que se encontram no verso, são denominadas externas ou internas. E, de acordo com a posição na estrofe, que denominações recebem? Vamos ver? Leia o texto a seguir para, depois, responder ao que se pede.

Quanto à posição na estrofe, as rimas podem receber as seguintes denominações:

• Rimas alternadas (ou cruzadas) – apresentam-se alternadamente, seguindo o esquema ABAB.

• Rimas emparelhadas (ou paralelas) – combinam-se de duas em duas, seguindo o esquema AABB.

• Rimas interpoladas/intercaladas (ou opostas) – apresentam-se em uma ordem oposta, seguindo o esquema ABBA.

• Rimas encadeadas – as palavras que rimam encontram-se no fim de um verso e no início ou no meio do outro.

• Rimas mistas (ou misturadas) – apresentam outras combinações e posições diferentes na estrofe.

Releia o poema de Fernando Pessoa e analise as rimas encontradas nele.

a) Quanto à posição nos versos, elas são internas ou externas? Justifique sua resposta.

Quanto à posição nos versos, elas são externas, pois ocorrem, sempre, no final de cada verso.

b) E em relação à posição na estrofe, como se classificam as rimas encontradas no poema “O amor, quando se revela”?

Em relação à posição na estrofe, as rimas do poema de Fernando Pessoa em estudo são alternadas ou cruzadas, pois se combinam alternadamente, formando o esquema ABAB.

Como o primeiro verso indica e explica a postura do eu lírico perante o sentimento que ele cultiva?

b) Como o primeiro verso indica e explica a postura do eu lírico perante o sentimento que ele cultiva em relação ao mundo? c) De acordo com o psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981), a angústia é um afeto especial, da ordem de uma perturbação, que não engana e pode ser facilmente reconhecido.

O que o eu lírico descreve nos versos?

O eu lírico ou eu poético é a voz que se expressa em uma poesia. Tal voz manifesta sentimentos, emoções, pensamentos e até opiniões. Portanto, tudo que é dito em uma poesia deve ser atribuído ao eu lírico, e não ao poeta.

Que tipo de sentimentos O eu lírico expressa no poema?

Em primeira pessoa, o eu lírico não enuncia uma particularidade de sua vida, mas a dissolução de uma relação amorosa – que não necessariamente precisa partir de um dado biográfico. O eu lírico dá voz a um sentimento universal e não é necessário que o autor pessoalmente tenha vivido o que esse eu enuncia.

Qual o foco comunicativo do poema Sentimento do Mundo?

Publicado pela primeira vez em 1940, “Sentimento do mundo” é a terceira obra de Drummond e reúne 28 poemas. Neste livro, o poeta abraça de vez a poesia de cunho social, refletindo o momento de instabilidade e inquietação dos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial.