Como se faz uma resenha crítica?

Uma resenha críticanada mais é que um texto no qual se introduz uma obra (ou artigo) e se discorre sobre ela pontuando determinadas passagens e fazendo ligações com outras obras e autores.

Por estimular o exercício de análise entre os alunos, a resenha crítica é um formato de trabalho muito requisitado em cursos de graduação e pós-graduação. Muitas vezes, ela representa o primeiro contato com a mentalidade científica e com o trabalho monográfico. 

Neste guia, explicamos o que é uma resenha crítica, quais são suas características e como seguir uma estrutura apropriada na elaboração do texto. Além disso, também temos resenha crítica pronta em PDF para baixar e se inspirar. Confira!

  • O que é resenha?
  • Quais são os tipos de resenha?
    • Resenha descritiva
    • Resenha crítica
  • O que é resenha crítica?
    • Características da resenha crítica
  • Exemplos de resenha crítica
    • Resenha crítica de um livro
      • Exemplo de resenha crítica de livro
    • Resenha crítica de um artigo
    • Resenha crítica de um filme
      • Exemplo de resenha crítica de um filme
    • Resenha crítica de um álbum musical
  • O que fazer antes de escrever a resenha?
    • 1º) Leia e releia a obra – Análise textual
    • 2º) Organize as informações – Análise temática
    • 3º) Pare para pensar – Análise interpretativa
    • 4º) Tenha em mente a modalidade escrita formal
  • Estrutura de resenha crítica
    • 1 – Referências bibliográficas
    • 2 – Credenciais do autor
    • 3 – Conhecimento
    • 4 – Conclusão do autor
    • 5 – Quadro de referências do autor
    • 6 – Apreciação
      • Julgamento da obra
      • Mérito da obra
      • Estilo
      • Forma
      • Indicação da obra
  • Mais algumas dicas para fazer resenha crítica
    • Apresente o contexto histórico
    • Discuta os símbolos
    • Faça boas análises (críticas ou não)
    • Vá além da sua própria opinião
    • Use verbos no presente do indicativo
    • Não esqueça a sua individualidade
    • Deixe alguma reflexão
  • Exemplo de resenha crítica com os elementos estruturais
    • Passo a passo simplificado
  • Exemplos de resenhas críticas
  • O que diz a ABNT sobre resenha?
  • Resenha descritiva x resenha temática
  • Conclusão
  • Receba posts por e-mail!

O que é resenha?

Como se faz uma resenha crítica?

A resenha é um texto que primeiro descreve a obra e, na sequência, faz uma apreciação crítica. Para os estudantes, é um importante exercício de reflexão e compreensão.

Muita gente confunde resenha com resumo, porque ambos fazem uma síntese do conteúdo total, expondo tudo o que é elementar dentro da obra. No entanto, eles são coisas diferentes. A resenha precisa ser bem mais complexa do que o resumo.

Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. Resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.

MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 264

Quais são os tipos de resenha?

Apesar de seguirem jornadas parecidas, os dois tipos principais de resenha possuem objetivos bem diferentes.

Embora este gênero textual possa ser dividido em outros subtipos e ganhar ainda mais peculiaridades, nós precisamos apresentar os dois tipos principais: a resenha descritiva e a resenha crítica. Saber suas diferenças é essencial. Confira:

Resenha descritiva

Este tipo parece ainda mais um resumo, só que por ser uma resenha ele é mais completo. É preciso basicamente identificar o autor e o lado mais técnico, assim como informar os contextos históricos e discorrer sobre o tema apresentado no livro.

Todavia, a grande diferença entre a resenha descritiva e a crítica é que na descritiva você não pode colocar a sua opinião ou criticar a partir de um ponto de vista pessoal. Não cabe a você fazer julgamentos, mas sim ao leitor através das informações imparciais contidas em seu texto.

Resenha crítica

Ao contrário do anterior, a resenha crítica precisa do julgamento e da avaliação do resenhista sobre a obra. Além de descrever o conteúdo e apresentar as informações típicas sobre o autor e os temas, é preciso criticar construtivamente a produção, expondo argumentos baseados em fatos concretos.

É importante também sempre ter uma conclusão geral e uma indicação do livro para quem você acha que irá se beneficiar com o conteúdo presente ali. Vale lembrar que apesar de você estabelecer seu ponto de vista, é importante que a escrita seja em terceira pessoa.

O que é resenha crítica?

João Bosco Medeiros, em seu livro “Redação científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas”, afirma que a resenha crítica é um tipo de resumo mais abrangente, pois tem espaço para comparações com outras obras, opiniões e julgamento de valor. 

Ao fazer uma resenha crítica, você precisa ter um embasamento concreto sobre a sua análise, apresentando argumentos coerentes e precisos. Dessa forma, é preciso escrever uma resenha levando em conta algumas características específicas.

Para isso, temos uma estrutura que precisa ser seguida para que a sua resenha fique clara, relevante, de qualidade e ainda consiga prender a atenção do leitor, assim como agregar algum novo conhecimento a ele. Veremos mais sobre isso a seguir.

O resenhista, que pode ser um estudante ou um pesquisador experiente, faz a leitura da obra, elabora o resumo e depois realiza o exercício de compreensão e crítica.

O papel da resenha crítica não é apenas informar o público alvo. A principal finalidade, na verdade é oferecer novas contribuições sobre a obra analisada: novas abordagens e novos conhecimentos.

Ao elaborar a resenha, é fundamental fazer uma síntese dos principais pontos da obra, apontar possíveis falhas e erros e tecer elogios de forma embasada e ponderada.

Características da resenha crítica

A resenha crítica pode ser definida como um resumo comentado. Além de explicar uma determinada obra, ela avalia, aprecia e julga.

Não há limite de palavras, mas o estudante deve se atentar a finalidade do texto. No caso de uma resenha crítica que será publicada em revista ou jornal, geralmente é o periódico que define a quantidade máxima de linhas.

É importante tomar cuidado para não confundir a resenha com outros textos acadêmicos. Ela é diferente do resumo (que tem uma visão neutra) e do ensaio (que requer a leitura de outras obras do mesmo autor).

As principais características da resenha crítica são:

  • Linguagem concisa e objetiva;
  • Texto em terceira pessoa, imprimindo neutralidade;
  • Ideias expostas de maneira organizada;
  • Fácil entendimento;
  • Conhecimento completo da obra;
  • Capacidade de juízo de valor apoiado em fatos, provas, argumentos consistentes;
  • Fidelidade ao pensamento do autor;
  • Capacidade de intercalar momentos de descrição com crítica;
  • Descarte dos detalhes irrelevantes.

Quem tem dúvidas sobre como elaborar resenha crítica deve tomar notas sobre os itens essenciais nesse tipo de texto. Robert Barras, que escreveu o livro “Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e estudantes”, explica que toda resenha crítica deve contemplar os seguintes itens:

  • Assuntos, características e abordagem;
  • Conhecimentos anteriores e direcionamento;
  • Acessível, interessante, agradável;
  • Útil, comparável;
  • Disposição correta.

Exemplos de resenha crítica

Veja a seguir modelos de resenha critica:

Resenha crítica de um livro

A resenha crítica de livro, muito solicitada pelos professores durante a faculdade, tem de 6 a 8 parágrafos. O número de linhas varia de 60 a 90. Quem escreve esse tipo de texto precisa ser capaz de informar, analisar e expor a opinião sobre a obra.

Exemplo de resenha crítica de livro

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. Tradução Suzana Alexandria.2ª ed. São Paulo: Aleph, 2009. 428 p.

Resenha por Isabella Moretti Ferreira

Henry Jenkins, um dos estudiosos dos meios de comunicação mais respeitados dos Estados Unidos e considerado por muitos o sucessor de Marshall Mcluhan, descreve em sua obra o futuro das mídias participativas e interativas, que assumem papel transformador na cultura.

A cultura da convergência é o cruzamento das mídias tradicionais com as novas mídias, que configura uma nova forma de comunicação e de produção de conteúdo. É nesse sentido que o autor tece o conceito de narrativa transmídia, ou seja, a capacidade de contar uma história através de vários meios. 

Para Jenkins, cada ação desenvolvida em uma mídia diferente deve gerar compreensão de maneira autônoma, ou seja, sem criar uma dependência entre os conteúdos para que, juntos, possam fazer sentido na mente do receptor da mensagem.

O livro se encarrega de relacionar conceitos de convergência dos meios de comunicação, fluxo de conteúdos em múltiplas plataformas e cultura participativa. O autor retoma o conceito de inteligência coletiva, criado por Pierre Levy. Para Jenkins, o novo pensamento convergente está modificando a forma de produzir conteúdo, afinal, os usuários também compartilham os seus conhecimentos na era da internet, bem como as suas próprias histórias. 

A obra tem seis capítulos, nos quais Jenkins trata sobre o conceito de convergência analisando produtos de entretenimento e como as pessoas consomem os conteúdos. American Idol, Matrix, Guerra nas Estrelas e Harry Potter são apenas alguns exemplos analisados para mostrar que as tecnologias não morrem ou são substituídas, mas sim incorporadas e transformadas por novas mídias.

Através das mídias digitais, as pessoas podem avaliar e compartilhar conhecimentos, um processo de interação que tem tanto efeitos positivos quanto negativos. Jenkins defende a ideia de que grande transformação ocorreu com a criação do Youtube, pois a plataforma mudou a forma de produzir e distribuir informações. Essa ferramenta digital facilitou a criação de conteúdos e abriu espaço para discussão, algo que não era plenamente possível somente com as mídias de massa.

Na parte final da obra, o autor mostra como a cultura da convergência foi capaz de munir cidadãos comuns com recursos de comunicação que antes eram exclusivos da grande mídia. 

Jenkins acredita no potencial da cultura participativa, mas que ainda há um longo caminho para percorrer na busca pela realização dos ideais. Para o autor, ainda existe uma lacuna participativa, pois nem todos têm acesso à rede e às comunidades de conhecimento. Ele enfatiza a necessidade de estimular relações construtivas e ativas das pessoas com as novas mídias. Outro ponto abordado é o perigo que os novos recursos representam quando não há uma educação sobre o uso apropriado das novas mídias.

Em 2009, Henry Jenkins apresentou um insight sobre um futuro imprevisto e inesperado, capaz de influenciar o comportamento das próximas gerações. Os conceitos ainda valem para os anos 2020, só que aplicados a novos recursos tecnológicos – Netflix, Spotify e Tik-Tok. Seria de grande utilidade uma nova versão do livro, que abordasse esses novos produtos de entretenimento como objetos de análise.

Essa é uma obra de leitura não só para estudantes de comunicação e especialistas na área, mas também para o público em geral, que deseja compreender as implicações sociais das mudanças provocadas pelas novas mídias.

Resenha crítica de um artigo

Outro tipo de trabalho frequente na graduação é a resenha crítica de artigo científico. O aluno precisa fornecer uma síntese da obra e depois emitir a sua opinião sobre o que foi lido. 

As citações são permitidas, mas somente quando estritamente necessário e relevante. Todo cuidado é pouco para não confundir a resenha com revisão de literatura.

Se você não sabe como fazer uma resenha crítica de um artigo científico, siga a estrutura apresentada abaixo e tudo ficará mais fácil e adequado às regras de trabalhos científicos. 

Resenha crítica de um filme

Depois de exibir um filme em sala de aula, o professor pode dar aos alunos a tarefa de fazer uma resenha crítica. Nesse caso, vale a pena entender a obra e fazer uma apreciação crítica da mesma. Outro ponto que pode tornar o texto ainda mais rico: fazer uma contextualização, de acordo com uma realidade maior.

Para produzir a resenha, é recomendado assistir ao filme mais de uma vez, além de estudar os bastidores.

Exemplo de resenha crítica de um filme

RADIOATIVO. Direção: Marjane Satrapi. Produção: Paul Webster, Eric Fellner, Tim Bevan. Intérpretes: Rosamund Pike, Sam Riley, Aneurin Barnard. Roteiro: Lauren Redniss, Jack Thorne. EUA: Working Title Films, StudioCanal, 2019. Netflix (1h 50min).

Resenha por Nila Maria

Radioativo (2019) é um filme que narra a história de Marie Curie desde sua juventude. À época, a cientista polonesa, ainda em fase inicial da carreira, era conhecida por seu nome de batismo, Manya (ou Maria) Skłodowska. 

A obra é ambientada na capital francesa, cidade onde Marie se graduou nos cursos de Física, Química e Matemática, na Universidade de Paris, e onde se tornou mundialmente conhecida e premiada, não sem lutas, por seus estudos e descobertas científicas. 

O filme fala do encontro de Marie com Pierre Curie, também cientista, com quem passou a compartilhar suas leituras, mas, a princípio, não apresentava outras intenções além desta, uma vez que seu foco era unicamente conseguir melhores condições para trabalhar e desenvolver suas pesquisas em seu laboratório. 

O espaço a que tinha acesso era desorganizado e ela se queixava que os demais cientistas que o dividiam com ela mexiam em seus pertences. A polonesa era uma das únicas mulheres da ciência na época, e tinha de discutir com homens que, por sua vez, tinham mais renome e, obviamente, poder que ela. Assim, o professor Lippmann, diante de todos os homens presentes na sala de aula na ocasião em que Marie vai se queixar sobre as dependências de que dispunha, pede que Marie deixe seu laboratório. 

Não ter um espaço onde realizar seus experimentos e desenvolver suas pesquisas, que, ainda que, naquele momento, não soubesse, revolucionaram, um dia, a medicina e a humanidade, representava, para Marie, o fim da ciência em sua vida. 

Determinada a encontrar um novo laboratório à sua maneira, a cientista segue estudando, sem desistir da ciência. O filme apresenta uma sequência de cenas que intercalam imagens de uma mulher dançando e Marie recebendo respostas negativas de outros cientistas ao solicitar apoio a suas pesquisas com a disponibilização de um espaço onde pudesse atuar. 

Marie continua tentando fazer seus experimentos em seu próprio quarto, o que a leva a quase incendiar o cômodo com os papéis que caíram sobre a chama do bico de Bunsen com que aquecia uma solução em um balão de Erlenmeyer. 

Diante disso, a cientista não vê escolha senão aceitar a ajuda de que Pierre Curie, com quem havia se reencontrado, poderia oferecer. Ele a leva até o espaço de que dispõe para trabalhar e, não sem resistência, chega à conclusão de que aquele modesto laboratório atenderia às necessidades que tinha para suas investigações. 

Trabalhando ao lado de Pierre, Marie dá continuidade a suas pesquisas sobre o Urânio, elemento que descobre ter mais ação radioativa na forma de minério e a possibilidade de que houvesse outro elemento interferindo nos resultados, o que significava que a cientista talvez tivesse descoberto um novo elemento.

No entanto, para que a exploração do material fosse feita da maneira adequada a fim de obter respostas mais precisas, os equipamentos e investimentos teriam de ser muito maiores do que aqueles de que ela dispunha. Assim, Pierre oferece a ela um instrumento desenvolvido por ele, que media o potencial elétrico dos elementos, e propõe que trabalhem em parceria. 

Com o tempo, Marie e Pierre se envolvem e se casam, e as pesquisas de ambos passam a ser conjuntas. Os investimentos necessários para o progresso das investigações chegam e, da mesma forma, as descobertas passam a ganhar corpo. 

Agora dispondo de um galpão, o casal poderia trabalhar sem ter que dividir o espaço seus equipamentos com outros cientistas, o que era perfeito para a (perigosa) empreitada na qual estavam ingressando, que consistia na mineração direta de 40 toneladas de Pechblenda, material que compõe o minério de urânio.

O filme retrata o empenho da agora senhora Curie em sua pesquisa científica. Mostra seu esforço, em gestação avançada, na mineração da Pechblenda e a perigosa exposição à radiação à qual se submeteu em nome da ciência. 

Retrata, ainda, o reconhecimento da cientista no meio acadêmico, com a honra, ao lado de Pierre e de Henri Becquerel, de ser premiada com o Nobel de Física, em 1903, pela descoberta da radioatividade natural.

Em 1906, no auge da carreira dos cientistas e após uma discussão do casal no final de uma viagem ao campo com as filhas, Pierre morre em decorrência do choque das rodas de uma carruagem com sua cabeça após um atropelamento em frente a seu laboratório, em Paris. O filme aborda a dor e o luto de Marie e a continuidade da carreira da cientista após a perda do marido. 

O filme mostra a ira dos franceses, contaminados pelas manchetes sensacionalistas dos jornais em virtude de seu envolvimento com o também cientista Paul Langevin, contra a pesquisadora, que ganhou traços de xenofobia. Os cidadãos, em vigília em frente à casa da polonesa, gritavam que ela voltasse para o seu país.

Em meio ao escândalo, em 1911, Marie é laureada pelo Nobel de Química, tornando-se, assim, a primeira pessoa a ser contemplada duas vezes com o prêmio, ainda que em áreas distintas. Desta vez, a condecoração se deveu à descoberta dos elementos Rádio e Polônio. 

Entretanto, a Academia de Ciências da Suécia sugeriu que a cientista não fosse receber o prêmio “para evitar controvérsias desnecessárias”. Ainda assim, Marie viaja à Suécia e recebe apoio massivo das mulheres que compunham o movimento feminino de Estocolmo ao discursar diante de uma plateia majoritariamente masculina. 

As cenas que se seguem mostram a atuação de Marie Curie junto à filha mais velha na extração de raios-x dos pacientes feridos da Primeira Guerra Mundial. Estas são intercaladas com imagens retratando o período contemporâneo com o diagnóstico e o tratamento de doenças utilizando tecnologias muito mais avançadas do mesmo método. 

O filme se encerra com a morte prematura de Marie aos 66 anos, que se deu em decorrência aos anos de exposição intensa à radioatividade. 

Este, embora seja um filme biográfico, não traz consigo o peso da narração dos fatos exatamente como são. Como toda obra cinematográfica, sofreu adaptações com o objetivo de dar à trama mais leveza e até romantismo. O tema do posicionamento de Marie enquanto mulher em um meio predominantemente masculino chama a atenção pela importância e urgência que tem ainda nos dias de hoje. 

Entretanto, diante de outras biografias da cientista, é notável a diferença do comportamento manifestado por ela enquanto personagem principal do filme. Enquanto o filme mostra uma mulher forte, combativa e questionadora, os livros que narram a trajetória profissional e pessoal de Marie Curie indicam que ela carregava consigo inseguranças e até mesmo certa dependência da aprovação de Pierre. 

Mesmo assim, o filme cumpre com seu papel de apresentar a importantíssima contribuição de Marie Curie para a ciência, em uma época em que esta é tão questionada e desvalorizada.

Resenha crítica de um álbum musical

Apesar de não ser uma tarefa típica de faculdade, a resenha crítica de álbum musical faz sucesso na internet, nos jornais e revistas. Ela resume a proposta do disco de um determinado artista e emite opinião sobre as músicas.

Muitas outras obras podem render resenhas críticas, como shows, peças teatrais e exposições.


O que fazer antes de escrever a resenha?

Antes de iniciar a escrita do texto, vale a pena seguir algumas dicas. Confira:

1º) Leia e releia a obra – Análise textual

Parece uma dica óbvia, mas a verdade é que na pressa ou falta de tempo, muita gente faz apenas uma leitura rápida do livro e acaba escrevendo uma resenha superficial. O ideal é ler uma vez normalmente e depois reler destacando os pontos cruciais do conteúdo.

Dessa forma, você pode compreender melhor todos os aspectos da obra, prestando atenção nos detalhes que pode ter deixado passar na primeira leitura. Um entendimento completo da produção faz com que a sua resenha fique muito mais rica.

No caso de um livro ou artigo, leia a obra mais de uma vez antes de escrever a resenha. É importante se concentrar na leitura e fazer anotações. A mesma dica vale para obras que não são textuais, como filmes e músicas.

A análise textual leva em conta:

  • Estudo do vocabulário;
  • Verificação das doutrinas expostas;
  • Autores citados;
  • Esquema de ideias expostas;
  • Autoridade dos autores citados.

2º) Organize as informações – Análise temática

Já terminou a leitura da obra e está pronto para começar a escrever a resenha crítica do seu artigo ou livro? Pois bem, agora é o momento de separar as informações mais importantes retiradas do texto.

Antes de realmente começar a escrever a resenha, separe um tempo para projetar suas ideias e organizar seus pensamentos. Planeje a estrutura de seus parágrafos, separe as partes que mais te chamaram atenção, decida qual será o foco, arrume suas pesquisas, etc.

Não sabe como começar uma resenha critica? Responda as perguntas abaixo:

  • Quem é o autor do texto?
  • Qual o tema tratado pelo autor?
  • Qual problema foi focalizado?
  • Como o autor soluciona o problema?
  • Quais são os principais argumentos evocados no texto?
  • Qual a posição defendida pelo autor?

3º) Pare para pensar – Análise interpretativa

Depois da leitura e releitura, é recomendado refletir sobre a obra e os temas discutidos. Para tornar a reflexão mais completa, vale a pena buscar outras fontes. Faça isso dentro de um prazo de 72 horas para não correr o risco de esquecer aspectos importantes da obra.

Falando em pesquisas, é essencial que sua resenha tenha boas bases teóricas na hora da análise, de preferência que venham de estudiosos sobre os assuntos tratados no livro ou até professores conhecidos na área.

Não é algo obrigatório de fato, mas com certeza agregará muito mais valor ao seu texto, realmente causando algum impacto no leitor.

Para fazer a crítica, recomenda-se responder às seguintes perguntas:

  • Qual a coerência?
  • Qual a originalidade?
  • Qual o alcance do texto?
  • Qual a relevância das ideias?
  • Que contribuições apresenta?
  • Os objetivos propostos foram atingidos pelo autor?
  • O texto supera a produção de outros autores?
  • Existe profundidade na exposição das ideias?
  • A tese defendida é eficaz?
  • A conclusão é apoiada em fatos?

4º) Tenha em mente a modalidade escrita formal

Se a sua resenha for destinado a um blog pessoal ou voltado para um público mais jovem, este item pode ser deixado de lado. Caso ela seja para um trabalho acadêmico, periódico científico ou um exame, é sensato prestar atenção na escrita formal.

Evite os coloquialismos, gírias e expressões informais. É possível passar a sua mensagem pessoal sem precisar sair das normas cultas da Língua Portuguesa. Isso não quer dizer que você tenha que rebuscar ou dificultar a escrita, apenas a mantenha objetiva, formal e sucinta.

Estrutura de resenha crítica

Não faça uma resenha pequena, mas também evite fazê-la muito grande. Estruture bem em seu projeto de texto a quantidade de linhas para cada parte. Dê destaque para a síntese da obra e a análise. O leitor quer algo completo, mas não exaustivo.

Se você vai escrever uma resenha na faculdade, respeite a estrutura proposta por Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi. O modelo é o mais praticado em resenhas científicas. Veja:

1 – Referências bibliográficas

Toda resenha começa com as referências bibliográficas, ou seja, a descrição da obra. Monte o cabeçalho com nomes do autor, título, local da edição, editora, data e número de páginas.

2 – Credenciais do autor

Um espaço reservado para apresentar informações gerais sobre o autor e a autoridade do mesmo no campo científico. Responda, ainda, as seguintes perguntas: 

  • Quem fez o estudo?
  • Quando?
  • Onde?
  • Por quê?

3 – Conhecimento

Um resumo detalhado precisa ser escrito, respondendo às seguintes perguntas sobre a obra:

  • De que trata a obra?
  • O que diz?
  • Possui alguma característica especial?
  • Como foi abordado o assunto?
  • É preciso ter conhecimentos prévios para entender?

Com as informações mais importantes em mãos, você vai agora discorrer sobre elas em alguns parágrafos. A introdução serve para fazer com que o leitor se localize, ou seja, é importante explicar todos os pontos relevantes da obra que está sendo resenhada.

Aqui, tente não deixar o conteúdo muito complicado, apenas introduza o leitor e faça com que ele se familiarize com o texto lido por você.

4 – Conclusão do autor

Avalie o trabalho do autor da obra para responder:

  • O autor faz conclusões ou não?
  • Onde essas conclusões foram colocadas?
  • Quais foram essas conclusões?

5 – Quadro de referências do autor

Por mais que o autor da obra seja um especialista, ele não tira as informações do nada. Nesse momento do texto, é válido discorrer sobre as ligações entre a obra resenhada e as teorias usadas pelo autor.

Para definir o modelo teórico, responda: Que teoria serviu de embasamento? Que método foi usado?

Modelo teórico Que teoria serviu de embasamento? Qual o método utilizado? 

6 – Apreciação

Uma boa apreciação é aquela que consegue contemplar cinco pontos fundamentais:

Julgamento da obra

Analisa como o autor se situa em relação às correntes científicas, filosóficas e culturais, bem como às circunstâncias do mundo (históricas, sociais, culturais e econômicas).

Mérito da obra

Escreve sobre as contribuições dadas, ideias originais e novos conhecimentos gerados. Se a teoria já existe, mas o autor deu uma nova abordagem, esse é o momento de mencionar. 

Estilo

O autor é conciso, objetivo e simples? A linguagem foi usada corretamente? O conteúdo é claro, preciso e coerente?

Forma

Segue uma linha lógica e sistemática? As partes estão dispostas de maneira equilibrada?

Indicação da obra

A quem se destina o conteúdo analisado.

Mais algumas dicas para fazer resenha crítica

Apresente o contexto histórico

O contexto histórico é sempre importante para a análise geral da obra. Explicar concisamente o que estava acontecendo naquela época, como isso é refletido na obra e como o período influenciou a produção ou o ator é sempre muito mais do que bem-vindo.

Discuta os símbolos

Não deixe passar as simbologias e analogias presentes no livro. Faça uma pesquisa sobre o que elas significam e procure compreender o porquê do autor tê-las usado. São curiosidades que enriquecem ainda mais o seu trabalho.

Faça boas análises (críticas ou não)

A sua resenha pode ser crítica ou descritiva, mas de qualquer forma precisará de uma análise ou acabará sendo um resumo. Por isso, é importante pegar todas as dicas anteriores e utilizá-las para analisar de forma assertiva a obra.

Vá além da sua própria opinião

Você não deve apenas emitir a sua opinião, mas sim apresentar um bom embasamento teórico. Argumentar não significa usar termos como “gostei” ou “não gostei”.

Use verbos no presente do indicativo

Na hora de escrever o desenvolvimento, dê preferência ao uso de verbos no presente do indicativo. Boas recomendações para esse tipo de trabalho são: mencionar, ressaltar, salientar, destacar, considerar, citar, anunciar, afirmar, esclarecer, explicar, expor e concordar.

Não esqueça a sua individualidade

Apesar da formalidade necessária, você pode sim demonstrar a sua individualidade em alguns momentos, principalmente se a resenha for crítica. Coloque a sua marca de estilo textual, não deixe tão impessoal ou o leitor pode acabar se distanciando do trabalho.

Deixe alguma reflexão

Sempre quando terminar uma resenha, procure fazer uma proposta ou uma reflexão para que os leitores possam continuar a pensar sobre ela. Na conclusão, é importante finalizar os temas discutidos ao mesmo tempo que abre a porta para novas ideias.

Assista ao vídeo abaixo e veja mais algumas orientações:

Nos infográficos abaixo, analisamos a estrutura de uma resenha crítica, identificando os elementos essenciais para esse formato de trabalho. Clique nas imagens para ver a versão ampliada.

Como se faz uma resenha crítica?
Como se faz uma resenha crítica?

Passo a passo simplificado

Passo 1: Inicie o trabalho identificando a obra, ou seja, coloque os dados bibliográficos.

Passo 2: Escreva o seu nome, curso e instituição de ensino. É o momento de assinar e se identificar.

Passo 3: Em apenas algumas linhas, descreva a obra e situe o leitor sobre o conteúdo da obra resenhada.

Passo 4: Explique a divisão dos capítulos ou seções.

Passo 5: Faça um resumo da obra resenhada. O ideal é de 3 a 5 parágrafos.

Passo 6: Dê a sua opinião, sempre se baseando em teorias de outros autores ou fazendo comparações com explicações apresentadas em sala de aula. Não há limite de linhas para a análise de forma crítica da obra, mas geralmente as pessoas não vão além de 3 parágrafos.

Passo 7: Depois de resumir a obra e expressar a sua opinião, é hora de verificar se o texto é realmente útil para a sociedade ou comunidade acadêmica. Esse é o espaço para recomendação, portanto, utilize elementos sociais e pedagógicos.

Exemplos de resenhas críticas

Para entender melhor a estrutura desse tipo de trabalho, vale a pena conferir resenha crítica pronta. Veja:

  • Resenha crítica do livro 1808
  • Resenha do livro “Em defesa da escola: uma questão pública”
  • Resenha do filme “A Corrente do Bem”
  • Resenha do documentário “Lixo Extraordinário”

O que diz a ABNT sobre resenha?

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) chama resenha de “resumo crítico”, no texto da NBR 6028: 1990. As recomendações para esse tipo de trabalho são:

  • Informe os dados bibliográficos da obra que está sendo resenhada como no exemplo: RAMOS, Graciliano. Capitães da Areia. 3 Ed. Editora Raio. 1937. 320 p.
  • Use espaçamento entre linhas de 1,5;
  • A resenha deverá ser feita em texto corrido, sem subdivisões (introdução, desenvolvimento e conclusão) entre ele;
  • A capa de resenha crítica segue as mesmas recomendações dos demais trabalhos acadêmicos. A folha de rosto também pode ser incluída como elemento pré-textual para tornar o conteúdo mais organizado e completo.

Resenha descritiva x resenha temática

Existem outras resenhas que também são frequentes na faculdade, como é o caso da descritiva e da temática. A resenha descritiva, como o próprio nome já sugere, apresenta uma descrição da obra, sem expor opinião. Já aresenha temática fala sobre várias obras para explorar um determinado tema.

Muitas universidades disponibilizam o modelo de estrutura de resenha, como é o caso da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.  Verifique se esse é o caso da sua instituição de ensino antes de iniciar o trabalho.

Além da resenha crítica, existem outros formatos de trabalho que você precisa conhecer, como é o caso do fichamento e da síntese.

Conclusão

Fazer uma boa resenha crítica pode não ser tão simples quanto você pensava, mas também não é um bicho de sete cabeças, certo? Ter respeito e carinho pela obra a ser resenhada sempre ajuda o trabalho a ficar melhor.

Por fim, considere os exemplos de resenha crítica e a estrutura apresentada, pois assim ficará bem mais fácil produzir o texto.

Fontes

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 1999.

BARRASS, Robert. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e estudantes. São Paulo: T. A. Queiroz, v. 2, 1979.

Veja também

O que é uma resenha crítica exemplo?

A resenha crítica é gênero textual informativo, descritivo e opinativo sobre uma determinada obra, por exemplo: livro, artigo, filme, série, documentário, exposição de artes, peça teatral, apresentação de dança, shows. Nela, o resenhista sintetiza as ideias e expõe suas apreciações, influenciando seus leitores.

Que palavras usar para começar uma resenha crítica?

Vocês podem iniciar a frase, empregando a metonímia, substituindo, por exemplo, o “Freitas afirma” por “A obra afirma…”. Um procedimento que auxilia bastante a descrição sobre os ditos e feitos do autor na obra é a empatia. Imaginem-se autores em produção.

Quantas linhas tem que ter uma resenha crítica?

Se a resenha é de um livro, deve ter cerca de 6 a 8 parágrafos e de 60 a 90 linhas (de duas a três laudas, no máximo), ou cerca de 1.200 palavras. Deve haver um equilíbrio entre informar, analisar e opinar, em espaço relativamente curto.