Herpes labial e herpes genital são a mesma coisa

Herpes labial e herpes genital são a mesma coisa

De 20% a 40% da popula��o mundial tem herpes labial reincidiva, para a qual h� nova op��o de tratamento (foto: Divulga��o)

Herpes quase sempre nos lembra as pequenas bolhas em torno dos l�bios que incomodam pela vermelhid�o, ard�ncia e coceira. E pelo constrangimento. Mas esse � apenas um dos tipos da doen�a, causada por um v�rus que parece banal, mas pode evoluir se n�o tratada. Apesar do nome comum, h� grande diferen�a entre o herpes simples, que forma ves�culas na regi�o labial ou genital, e o herpes z�ster.

Segundo o dermatologista Walmar Roncalli de Oliveira, do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (HC/FMUSP), o herpes labial, genital e z�ster s�o provocados por uma classe de v�rus chamada herpes v�rus humanos (HSV), mas apesar de apresentarem mecanismos de a��o semelhantes, eles guardam diferen�as cl�nicas importantes. O herpes simples tipo 1 est� associado, principalmente, ao herpes labial, da mucosa oral e da face. J� o herpes simples tipo 2 est� mais ligado ao herpes genital.

Entretanto, h� casos de herpes labial associado ao herpes simples tipo 2 e vice-versa. J� o herpes z�ster � uma doen�a mais grave, sem rela��o com o herpes simples, sendo provocada pelo v�rus Varicella zoster, o mesmo da catapora.

Herpes labial e herpes genital são a mesma coisa
Clique na imagem para ampli�-la e saiba mais (foto: Arte: EM / D.A Press)


HERPES LABIAL
� alta a incid�ncia de herpes labial. Segundo Roncalli, de 20% a 40% da popula��o mundial apresenta herpes labial recidivante e alguns doentes podem apresentar v�rios surtos de infec��es durante o ano. “Acredita-se que 90% dos adultos apresentem sorologia positiva para o herpes simples tipo 1 (HSV-1)”, alerta.

saiba mais

  • Sociedade brasileira de geriatria lan�a campanha de preven��o ao herpes-z�ster

  • Herpes pode se manifestar tamb�m nos olhos e � facilmente confundido

  • Quem tem mais 50 anos deve saber tudo sobre herpes-z�ster; doen�a tem complica��es s�rias como dor que pode durar meses

  • Laser tem sido cada vez mais usado para tratamentos na boca como herpes labial

  • Cientistas descobrem como o estresse estimula o surgimento de les�es orais

O baixo n�vel socioecon�mico est� associado � alta preval�ncia da doen�a. Outros fatores de risco s�o ser do sexo feminino, ter idade avan�ada e apresentar infec��es frequentes do trato respirat�rio superior e doen�as sist�micas que diminuem a quantidade de linf�citos, as c�lulas de defesa do organismo. A primeira infec��o pelo HSV-1 � mais comum em crian�as e adultos jovens, mas o herpes labial recidivante atinge mais adultos. Diversos fatores podem desencadear uma crise de herpes labial. As ves�culas podem aparecer depois de um trauma local, exposi��o solar intensa, febre, infec��es do trato respirat�rio superior, per�odo pr�-menstrual, estresse psicol�gico, cirurgias odontol�gicas e procedimentos dermatol�gicos est�ticos, como laser e dermoabras�o.

 “O mecanismo exato que determina essa reativa��o � desconhecido, por�m � frequentemente associado � diminui��o da resposta imunol�gica. Muitos casos de reativa��o viral, entretanto, n�o s�o associados a nenhum fator desencadeante”, explica o m�dico do HC/FMUSP. O estresse emocional e f�sico pode desencadear crises de herpes labial e genital porque provoca diminui��o da resposta imunol�gica do doente portador da infec��o, facilitando a reativa��o do v�rus. “A pessoa deve evitar a automedica��o por causa dos prov�veis efeitos colaterais dos medicamentos, devendo sempre procurar o dermatologista para receber orienta��o”, alerta Walmar Roncalli.

Nos doentes que j� apresentam a infec��o, a crise pode ser evitada por meio do tratamento profil�tico com drogas antivirais como o aciclovir, famciclovir e valaciclovir. “Recentemente, foi lan�ado no Brasil o Resist, medicamento baseado no amino�cido lisina, com importante a��o profil�tica no controle dos surtos de herpes labial e poucos efeitos colaterais”, adianta. O tratamento visa evitar a replica��o do v�rus e, assim, diminuir o tempo e a gravidade do surto, uma vez que ainda n�o existe medicamento que efetivamente destrua o v�rus do herpes simples. � importante tratar porque em casos extremos o herpes pode comprometer o sistema nervoso central. As les�es tamb�m podem sofrer infec��es bacterianas secund�rias, agravando o quadro.

A preven��o, por outro lado, � dif�cil, n�o s� pela alt�ssima preval�ncia. “Muitas pessoas t�m infec��o sem desenvolver les�es na pele ou mucosas. Esses s�o os chamados portadores assintom�ticos, doentes que eliminam, frequentemente, grande quantidade de part�culas virais na aus�ncia de les�es cl�nicas, podendo infectar outras pessoas por meio do beijo, sexo oral ou compartilhamento de copo e talheres”, alerta o especialista.

HERPES GENITAL Pequenas altera��es gen�ticas diferenciam o v�rus que causa o herpes genital daquele que provoca o labial. Segundo Estev�o Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, os v�rus do herpes s�o, inclusive, de fam�lias diferentes. A incid�ncia do v�rus causador do herpes genital muda de um lugar para o outro. Onde h� menos educa��o para o sexo seguro e baixa no��o de higiene, ele est� mais presente. H� pessoas que n�o manifestam os sintomas e outras que t�m crises recorrentes, com a forma��o de les�es bem caracter�sticas nos genitais. Um exame de sangue � capaz de identificar quem est� infectado pelo v�rus, mesmo quando n�o h� sintomas. A transmiss�o pode ocorrer no sexo oral, anal, na penetra��o vaginal, principalmente se o sexo for feito sem preservativo. Segundo Estev�o, as les�es em que a quantidade de v�rus � muito grande facilitam a transmiss�o. Mas o v�rus n�o est� apenas nas les�es, pode estar presente tamb�m nas secre��es genitais. Gestantes portadoras de herpes genital podem contaminar o rec�m-nascido durante o parto, determinando sequelas neurol�gicas e oftalmol�gicas extremamente graves, �s vezes irrevers�veis.

HERPES Z�STER
Mais comum entre idosos, o herpes z�ster � uma consequ�ncia tardia da catapora, j� que � causado pelo menos v�rus. Segundo Jo�o Bastos Freire Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o Varicela zoster continua adormecido em nosso organismo, est�vel, pr�ximo � regi�o dos g�nglios do sistema nervoso. “A partir dos 50 anos, o organismo passa por um processo chamado imunossenesc�ncia, que � o envelhecimento do sistema imunol�gico. Algumas fun��es se perdem nesse processo, uma delas a de manter a vigil�ncia sobre o v�rus, que corre o risco de ser reativado”, explica. Quando isso ocorre, o v�rus causa uma les�o de pele, de aspecto linear, j� que segue o trajeto do nervo. “� uma les�o avermelhada, com ves�culas e uma dor muito forte, j� que o que d�i � o nervo, e n�o as les�es”, explica. O herpes z�ster tem mais efeito sobre a qualidade de vida porque pode evoluir para dor cr�nica, mas se um nervo mais importante for atingido, como o nervo �ptico, as complica��es podem levar � perda da vis�o. No ano passado, foi lan�ada vacina que diminui o risco de herpes z�ster em at� 60%. Tamb�m pode diminuir em at� 70% a evolu��o pra dor cr�nica. “A popula��o pode se vacinar a partir dos 50 anos, mas principalmente depois dos 60. Um em cada tr�s idosos pode ter herpes z�ster”, alerta o geriatra.

Novo tratamento
Ainda n�o h� cura definitiva para o herpes labial, mas � poss�vel controlar a doen�a. Pacientes com crises recorrentes ou severas podem recorrer �s drogas antivirais para inibir a replica��o do v�rus e, assim, diminuir o tempo e a intensidade da infec��o. Por�m, os medicamentos anti-herp�ticos t�m uma a��o limitada no controle das recidivas e o uso frequente pode determinar casos de resist�ncia viral.

O mais novo deles, o cloridrato de lisina, por outro lado, pode ser administrado de forma regular, prolongada e segura pelo fato de o amino�cido estar presente em nossa alimenta��o, sendo seguro em doses di�rias de at� 20 vezes as quantias de suplementa��o di�ria. “Isso permite usar a lisina com seguran�a nas infec��es, com administra��o por longos per�odos na profilaxia das infec��es recidivantes”, explica o dermatologista Walmar Roncalli, do HC/FMUSP.

De acordo com o dermatologista, o medicamento tem resultados importantes quando administrado durante o curso do herpes labial recorrente, mas deve ser ministrado precocemente, no in�cio dos primeiros sintomas, e tamb�m de maneira preventiva. “Por apresentar mecanismo de a��o supressivo da replica��o viral, ele � empregado, principalmente, de forma profil�tica, diminuindo a frequ�ncia das recidivas.”

Quem tem herpes na boca pode ter herpes genital?

Se um parceiro tem herpes labial oral, ele / ela pode transmitir o vírus durante o sexo oral e causar herpes genital. O herpes é mais facilmente transmitido quando há feridas abertas, mas também pode ser transmitido antes que as bolhas realmente se formem ou mesmo de pessoas sem sintomas.

Qual a diferença de herpes genital é herpes labial?

O herpes labial, assim como a gengivo-estomatite herpética e a faringite herpética, provocam lesões ao redor da boca e são causados na maioria das vezes pelo HSV 1. O herpes genital, provoca lesões na uretra, vagina, pênis e colo do útero e está geralmente associado ao HSV 2.

Qual o tipo de herpes mais perigosa?

Já o herpes zóster é uma doença mais grave, sem relação com o herpes simples, sendo provocada pelo vírus Varicella zoster, o mesmo da catapora.

Pode ter os dois tipos de herpes?

O herpes é uma doença infecciosa, provocada por um vírus e prevalente no Brasil e no mundo. Existem dois tipos de vírus: o Varicela-Zóster (VVZ), que causa catapora (varicela) e também herpes zóster (cobreiro); e os herpesvírus tipo 1 e tipo 2, que causam o chamado herpes simplex (herpes labial e genital).