O que muda a prática do professor com possibilidades de metodologias ativas?

Seja bem vindo ao nosso guia completo de metodologias ativas no ensino superior!

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Com novas tecnologias digitais de informação e comunicação, a dinâmica da sala de aula tem se transformado. E a necessidade de um novo olhar sobre os processos de ensino e aprendizagem coloca as metodologias ativas no centro do debate.

Essas metodologias possibilitam o encontro entre as instituições e as demandas do mercado e dos estudantes, que cada vez mais exigem domínio tecnológico e habilidades comportamentais.

São as metodologias ativas no ensino superior que desenvolvem essas competências. Elas promovem a descentralização da sala de aula e a rapidez no alcance de informações.

Por isso, elas têm o potencial de despertar a curiosidade e de motivar a construção de conhecimentos e capacidades técnicas, com o aluno no centro do próprio aprendizado.

Quer entender o que são as metodologias ativas e quais são os benefícios e desafios de aplicá-las em uma Instituição de Educação Superior (IES)? É só continuar a leitura do artigo!

Índice

O que são metodologias ativas?
Qual é a relação entre metodologias ativas e aprendizagem significativa?
Quais são os princípios das metodologias ativas?
Quais são os tipos de metodologias ativas no ensino superior?
Quais são os desafios das metodologias ativas no ensino superior?
Quais são os benefícios que as metodologias ativas trazem para o ensino?
Qual é o papel do professor na metodologia ativa?
Qual é o papel do aluno na metodologia ativa?
Como implementar metodologias ativas no ensino superior?
Como adaptar as metodologias ativas para o contexto educacional brasileiro?
Como desenvolver as metodologias ativas no ensino a distância?
Como elaborar um plano de aula com metodologias ativas?

As metodologias ativas vieram para transformar o modelo expositivo tradicional nas salas de aula. Elas se valem da percepção do aluno como parte integrante, central e ativa do próprio aprendizado.

Os professores, por sua vez, assumem um papel de facilitador, guiando os estudantes em seus processos de aprendizagem. 

Dessa maneira, o processo de ensino-aprendizagem passa a ser compartilhado. Isso significa que o professor deixa de ser o detentor do conhecimento e a sala de aula se torna um espaço de trocas.

A partir das diferentes realidades e pontos de vista, constrói-se uma educação mais plural e mais próxima do dia a dia dos alunos, que os prepara para os problemas do mundo real.

Por migrar o papel de principal agente dos processos educacionais do professor para o aluno, as metodologias ativas transformam os modelos de ensino tradicionais.

Essa transformação conta com o auxílio de tecnologias digitais. Os celulares, tablets, computadores, entre outros dispositivos passam a ser ferramentas necessárias em sala de aula e servindo como facilitadoras do acesso à informação.

Com esse tipo de metodologia e suas ferramentas contemporâneas, as dinâmicas de aula tendem a ser mais ativas por parte dos alunos. Sendo que, em modelos tradicionais, eles possuem uma posição mais passiva, em muitos casos apenas acompanhando o que os professores apresentam.

Para garantir uma postura de aprendizagem ativa dos estudantes, diferentes atividades, estímulos e modelos de educação são aplicados em sala. Eles podem variar de acordo com o objetivo da lição, com a disciplina entre outros fatores.

No entanto, apesar de o uso de tecnologia na educação já exercer um papel importante em muitos processos colaborativos de ensino, as metodologias ativas surgiram antes das instituições contarem com tantos recursos, ainda no século XIX. 

Como surgiram as metodologias ativas?

Embora não tenham recebido este nome a princípio, as metodologias ativas têm suas primeiras faíscas a partir da criação de modelos de educação que contestam os papéis tradicionais de professores e alunos.

Muitas correntes teóricas atuais estão embasadas em obras clássicas para o campo educacional, para que o uso das metodologias ativas possa ser um fator de inovação para escolas e instituições de ensino superior.

Uma dessas obras é Emilio, um tratado filosófico do século XVIII pertencente a Jean Jacques Rousseau. Apesar de pertencer a uma área diferente, a filosofia, Emilio foi inspiração para vários conhecimentos pedagógicos que utilizamos até hoje.

O tratado discorre sobre a infância e a educação, colocando a experiência em lugar de destaque em relação à teoria. E, com certeza, essa é uma das principais premissas das metodologias ativas. 

Vertentes teóricas das metodologias ativas

Para entendermos melhor o contexto em que as teorias que embasam as metodologias ativas surgem, podemos buscar quais vertentes teóricas são essenciais para compreendermos sua gênese.

Em primeiro lugar precisamos destacar as contribuições do interacionismo. Essa teoria entende o ser humano como um ser interacional , ou seja, que se constitui a partir das relações que estabelece com outras pessoas e com o mundo.

O interacionismo quebra com a ideia de que temos habilidades e uma constituição nata, assim como faz crítica à ideia de que só aprendemos a partir de estímulo positivo ou negativo. 

A interação vai além, e estabelece uma via de mão dupla, em que nos relacionamos com o que aprendemos. O papel do professor, diante de uma perspectiva interacionista, é de facilitador, mediador e ouvinte.

Dois grandes teóricos do interacionismo, que fazem interface com a educação, são Piaget e Vygotsky. O primeiro estudou a capacidade de aprendizado, especialmente na infância e adolescência.

Piaget e a capacidade de aprendizado

Piaget estudou o raciocínio lógico-matemático, um tipo de aprendizado altamente dependente de fatores subjetivos ligados ao estudante. Essa perspectiva nos apresentou a ideia de que a simples transmissão do conhecimento não existe.

Há uma limitação na capacidade de cada ser humano em absorver conteúdos, assim como há temas de interesse diferentes para pessoas diferentes. 

Vygostky e a base social

Já para Vygotsky o entendimento dos indivíduos tem base social. Isso quer dizer que nossas interações com as pessoas ao nosso redor é o que nos ajuda a compreender instrumentos e signos, ou seja, a entender o mundo e nos desenvolver cognitivamente.

Vygotsky considera que a aprendizagem ocorre em dois níveis. O primeiro é relacionado ao conhecimento real do aluno, o segundo ao conhecimento potencial, ou seja, o que ele é capaz de aprender a partir de conhecimentos de terceiros, como o professor. 

Com isso o professor ensina baseado na capacidade e conhecimento do aluno. Ele é um incentivador de um processo contínuo de aprendizagem.  A interação social, nesse caso, era o método ativo do autor.

John Dewey e a pedagogia nova

Ainda podemos citar como “precedentes” das metodologias ativas os métodos pedagógicos como a Pedagogia Nova, de John Dewey, no século XIX.

Nesse método, o autor defendia um tratamento diferenciado para os alunos, a partir das suas diferenças individuais. Para ele, era necessário levar em consideração os contextos dos alunos e suas realidades e só então seria possível ensiná-los a aprender.

O próprio conceito de “aprender a aprender” explicita a postura ativa desse método. Para Dewey, aprender seria uma capacidade inerente ao ser humano, que deveria ser estimulada e incitada. O professor seria o responsável por direcionar esse aprendizado, permitindo que os indivíduos se adaptassem à realidade para, então, se inserirem nela. 

Para Dewey a vida e o aprendizado escolar andam lado a lado, e a educação deve ser uma forma de se manter em um processo de reconstrução da experiência. Com isso percebemos que sua premissa de compreensão da realidade do aluno vai muito além da ambientação.

O que Dewey propõe é um treinamento para a vida, desenvolvido a partir do conhecimento e da aprendizagem escolar. A participação ativa dos alunos no próprio aprendizado depende da integração aluno-conhecimento. 

William Glasser e a pirâmide de aprendizagem

Já no século XX, William Glasser, um psiquiatra e educador, desenvolveu a chamada Pirâmide da Aprendizagem. Ela buscava elucidar, de maneira clara e objetiva, quanto aprendizado é possível obter a partir de determinadas atividades de ensino. Desse modo, era assim dividida:

  •     10%: ler
  •     20%: escrever
  •     30%: observar
  •     50%: ver e ouvir
  •     70%: discutir 
  •     80%: praticar
  •     95%: ensinar

Os quatro primeiros itens da pirâmide fazem referência a métodos passivos de ensino-aprendizagem, o que demonstra que eles são pouco efetivos. No entanto, os quatro últimos itens se relacionam com a metodologia ativa e indicam que um aluno engajado no conteúdo tem chances muito maiores de absorvê-lo.

Por isso, embora ler os materiais e assistir às aulas sejam boas formas de assimilar determinado conteúdo, eles precisam ser alinhados a debates, aulas práticas, seminários etc. Dessa maneira, sua absorção será mais completa.

Paulo Freire e o novo método de alfabetização

Foi Paulo Freire (1996) quem, no Brasil, mais defendeu essa base de ensino. Ele afirmou que a superação de desafios e a construção de novos conhecimentos a partir de experiências prévias são essenciais para promover o aprendizado.

Para isso, criou um método de alfabetização que deveria ser “ativo, dialogal, crítico e criticizador”. Dividido em cinco etapas, esse método levava em consideração o universo vocabular do grupo com quem o professor trabalharia; elencava palavras desse universo; criava situações existenciais comuns àquele grupo e só então iniciava o processo de ensino-aprendizagem. Partindo de uma realidade “conhecida”, o processo era facilitado.

Uma vez que a filosofia das metodologias ativas parte do princípio de que os alunos devem se tornar centrais durante o processo de ensino-aprendizagem, considerar a realidade em que eles estão imersos foi revolucionário. No lugar de aprender palavras e frases que desconheciam, eles podiam se familiarizar com os conteúdos.

Hoje, as metodologias ativas no ensino superior operam, como mostramos, com diferentes modelos de educação, utilizando a experiência do aluno e diferentes recursos e técnicas para instigar, proporcionar condições para a solução de problemas e ganhar conhecimento e habilidades diversas.

Leia também: conheça 8 livros sobre metodologias ativas

Como a Taxonomia de Bloom se relaciona com as metodologias ativas no ensino superior?

Para Benjamin Bloom, a educação deveria ser pensada como uma ferramenta que possibilita aos indivíduos alcançar os seus sonhos. Por essa razão, ela não estaria limitada às instituições que a promovem, sendo, na verdade, um diálogo entre estas e a realidade.

A partir dessa proposta, já é possível compreender que Bloom tinha uma visão do aluno como um integrante central do seu processo de ensino-aprendizagem.

A Taxonomia de Bloom tem como objetivo definir os objetivos da aprendizagem. Ao organizar esse processo a partir de níveis hierárquicos, visa-se uma maior garantia de que um aluno só passará para o próximo “nível” de aprendizagem depois de dominar aquele em que se encontra.

Com isso, é possível nortear o trabalho pedagógico. 

Com professores mais bem-direcionados, é mais fácil guiar o processo de aprendizagem dos alunos. Além disso, uma vez que a Taxonomia de Bloom busca desenvolver três domínios (o cognitivo, o afetivo e o psicomotor), ela auxilia o sujeito a se tornar parte integrante não apenas da sala de aula, mas de seus contextos fora dela.

Por isso, embora seja uma metodologia própria, com foco em outros níveis de educação, a Taxonomia de Bloom tem uma forte relação com as metodologias ativas e pode ser pensada também no ensino superior.

Afinal, essas metodologias também buscam desenvolver, nos sujeitos, habilidades que extrapolam as IES. Assim, orientar as práticas e guiar o processo de ensino-aprendizagem de forma ampla e completa são características comuns às duas práticas, que se auxiliam mutuamente.

O que a BNCC diz sobre as metodologias ativas?

Embora não faça referência direta às metodologias ativas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) defende uma educação baseada na autonomia e no desenvolvimento dos estudantes. Dessa maneira, ao longo do seu texto, é possível identificar pontos em comum com a teoria que compõe as metodologias ativas.

Um exemplo é quando o texto “propõe a superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção do seu projeto de vida”.

Essa definição vai ao encontro das propostas das metodologias ativas de promover um ensino mais dinâmico e conectado à realidade dos estudantes, que os prepare para a vida real e que tenha uma aplicação verdadeira no seu cotidiano.

Além disso, as metodologias ativas também defendem o papel central do aluno no seu processo de ensino-aprendizagem.

Soma-se a isso o fato de que algumas das competências exigidas pela BNCC podem ser alcançadas através das metodologias ativas. Afinal, a Base Nacional foca em atividades que estimulam:

  • O pensamento crítico;
  • A interação;
  • A reflexão diante de desafios; e
  • O diálogo multidisciplinar.

Desse modo, apesar de a BNCC ser um documento focado em outros momentos do ensino (infantil, fundamental e médio), é possível notar que as metodologias ativas contribuem para a sua extensão e aplicação no Ensino Superior.

Qual é a relação entre metodologias ativas e a aprendizagem significativa?

Após conhecermos algumas das teorias que embasam  as metodologias ativas, é possível relacioná-la à aprendizagem significativa pelo seu caráter contextual em relação a quem aprende.

A teoria da aprendizagem significativa foi desenvolvida pelo pesquisador norte-americano David Paul Ausubel. Para ele existem dois tipos de aprendizagem, e a mecânica é a que se opõe à significativa

A aprendizagem mecânica é aquela que não traça relação entre os conteúdos, como, por exemplo, a prática de decorar certa fórmula matemática para aplicá-la em determinada operação necessária. A arbitrariedade da educação mecânica faz com que as informações não interajam. 

Já na aprendizagem significativa quanto maior o número de conexões feitas pelos aprendizes entre os conhecimentos, mais consolidado estará esse saber. 

Para isso é preciso que a intenção do aluno esteja alinhada com o objetivo de aprender, e o professor disponibilize material que permita essas conexões. 

Com isso podemos traçar aproximações com métodos ativos, que destacam o protagonismo do aluno, a importância da estruturação do conteúdo e da busca de métodos que se encaixem no contexto do estudante, além do professor que assume um papel de facilitador. 

Quais são os princípios das metodologias ativas?

Para compreendermos melhor como se relacionam e estruturam as metodologias ativas, podemos elencar seis princípios base:

  1. Aluno no centro do processo de aprendizagem: 
  2. Autonomia;
  3. Reflexão sobre a realidade;
  4. Trabalho em equipe;
  5. Inovação; e
  6. Professor como mediador.

Confira a seguir!

1. Aluno no centro do processo de aprendizagem

Um dos principais pontos para o desenvolvimento de metodologias ativas é a capacidade de manter o aluno como peça central no processo de aprendizagem. É preciso superar a ideia do estudante como expectador dos conteúdos, um simples receptor. 

Para isso é preciso focar mais no aprendizado do que no ensino. Como o aluno aprende? Quais formas de incentivá-lo à busca por novos conhecimentos? Essa deve ser uma premissa de quem aplica um método ativo.

E isso é necessário porque o discente tem uma participação maior na aplicação desses métodos. Eles exigem do aluno uma série de posturas e ações para que, junto dos colegas, professores, e tutores, possa construir sua trilha de conhecimento, o que nos leva ao próximo ponto.

Colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem o ajuda a:

  • Desenvolver autonomia: ele é estimulado a buscar informação e construir o próprio conhecimento, sendo acompanhado o tempo todo pelo professor neste processo.
  • Ter pensamento crítico: o estudante aprende a relacionar diferentes temas e a observar uma situação sob perspectivas diversas, o que o ajuda a construir e expor opiniões e ideias.
  • Trabalhar em equipe: muitas atividades desenvolvidas a partir das metodologias ativas são grupais. Diante disso, os discentes têm a oportunidade de trabalharem em conjunto para a resolução de tarefas. Assim, conseguem complementar as ideias e perspectivas uns dos outros, desenvolvendo aspectos como liderança e relacionamento interpessoal.

Estimular a criatividade: as atividades aplicadas exigem que o aluno saia de sua zona de conforto, faça escolhas e enfrente situações de tentativa e erro. A criatividade é bastante explorada neste processo, uma vez que a resolução de problemas demanda a elaboração de diferentes possibilidades.

2. Autonomia

Esqueça a imagem de uma sala de aula em que só o professor fala e faz. Um dos princípios das metodologias ativas é fornecer autonomia para que os alunos possam desenvolver, ao máximo, seu potencial, baseados em suas percepções e ambições. 

A valorização dessa subjetividade auxilia no processo de aprendizagem, incentiva a visão crítica dos eventos e da própria vida, constrói a autoestima do profissional e sua atitude proativa em relação ao trabalho.

O engajamento do aluno é algo a ser conquistado, e com certeza seu interesse pelos assuntos que estuda é uma forma natural de incentivá-lo. Poder expressar suas ideias e pontos de vista também pode ser uma chave para desenvolver a capacidade de debate e aceitação de outras perspectivas.  

Neste contexto o professor atua motivando os alunos na busca por autonomia, sendo paciente com as várias formas de aprendizado e opiniões, além de oferecer bases sólidas para que eles possam construir suas percepções.

3. Reflexão sobre a realidade

As metodologias ativas propõem que os discentes sejam conduzidos a refletir sobre a realidade, além de problematizar questões relevantes ao contexto em que vivem. O hábito de instigar o pensamento é o que conduz os estudantes na busca de soluções, quando se tornam profissionais. 

A conexão do conteúdo à realidade contextual dos estudantes é necessária para que eles possam aplicar na prática o que aprenderam, com alguma dimensão do que esperar dessa interação. É impossível dissociar teoria e prática, e por isso essa é uma habilidade essencial. 

A curiosidade e a capacidade de resolver desafios coloca essa premissa das metodologias ativas em uma dimensão prática, pois é impossível construir boas resoluções sem considerar as variáveis da realidade em que está inserido. E isso pode, e deve, ser treinado nas salas de aula!

4. Trabalho em equipe

A possibilidade de estabelecer interação dentro das metodologias ativas é gigante! É possível aproveitar essa característica para desenvolver as habilidades de trabalhar em equipe nos alunos, além de dividir experiências e visões sobre o processo de aprendizado.

As conversas em sala de aula podem ser mais bem vistas a partir dessa perspectiva. Ao invés de considerar esse ambiente como um espaço do silêncio e exposição unilateral do professor, podemos vê-lo como um solo fértil para as trocas e o aprendizado de todos, inclusive do professor.

Em tempos em que o debate saudável tem dificuldade para se estabelecer na sociedade, é possível promover uma cultura de mediação a partir da convivência com o diferente.

5. Inovação

Apesar de as bases teóricas das metodologias ativas datarem de mais de três séculos atrás, a inovação está no DNA dessa prática. Se um dos pilares da metodologia trata da centralidade do aluno, é preciso que os métodos acompanhem o avanço das novas gerações.

Além de avançar, os alunos também demandam de forma diferente ao longo dos anos. A capacidade de reflexão e autocrítica na seleção e aplicação dos métodos serve para que todos possam estar na mesma página, quando o assunto é inovação. 

6. Professor como mediador

Por fim, esse último tópico reforça a importância do professor neste contexto. Seu papel de guia, dentro das metodologias ativas, garante que os outros princípios sejam plenamente contemplados nas atividades propostas.

Mas não devemos confundir esse papel com um lugar de destaque, de opiniões absolutas. Em resumo, o professor deve incentivar, mediar, tensionar e dar suporte para a relação entre alunos, e entre o estudante e o conteúdo.

A ideia de professor como mediador surgiu com o desenvolvimento da “pedagogia progressista”, a partir da década de 1970. Esta é caracterizada por uma nova relação entre docentes e alunos, de modo a contribuir com a formação de cidadãos participativos e engajados com a transformação social.

O professor, então, passa a ter o papel de instigar o estudante a “aprender a aprender”. 

Tal conceito está inserido também na perspectiva da escola cidadã, idealizada por Paulo Freire, em que o educador deixa de ter um caráter estático e passa a exercer um papel significativo para o estudante.

Quais são os tipos de metodologias ativas no ensino superior?

Existem diversos tipos de metodologias ativas, todas com o potencial de trabalhar diferentes habilidades, autonomia e senso crítico entre os alunos.

Todas elas também são aplicáveis tanto em classes presenciais, quanto em disciplinas de Educação a Distância (EaD). E, muitas vezes, elas podem mesclar estratégias desses dois formatos de ensino, como é o caso principalmente do ensino híbrido.

Saiba mais sobre as diferentes estratégias de metodologias ativas:

1. Aprendizagem baseada em problemas

Como o próprio nome sugere, esse tipo de metodologia ativa orienta os professores a proporem problemas para seus alunos, que devem buscar formas de solucioná-los.

A aprendizagem baseada em problemas estimula os alunos a serem mais autônomos e criativos.

Além disso, é comum que os estudantes se engajem muito nesse tipo de atividade, que tendem a ser mais práticas e associadas ao campo profissional da graduação.

Leia também: 8 metodologias de ensino inovadoras para sua IES

2. Ensino híbrido

O ensino híbrido é uma metodologia ativa conhecida por combinar elementos da educação à distância (EaD) com atividades e aulas presenciais.

Neste modelo, em uma parte do tempo os alunos acessam plataformas online para aprender, fazer suas atividades e até ter algumas aulas, por exemplo.

Já os momentos em sala de aula, sob a supervisão direta do professor, funcionam de modo complementar e garantem uma relação mais personalizada com o ensino.

O que muda a prática do professor com possibilidades de metodologias ativas?

Existem diferentes modelos de ensino híbrido para serem aplicados em sua IES. E eles podem ir desde uma base de aulas online, com algumas atividades presenciais, a um currículo básico construído inteiramente de forma presencial, com apenas disciplinas complementares online.

Nesse método de ensino, o uso das tecnologias se torna ainda mais importante. Afinal, é por meio de instrumentos como sites, celulares e tablets que os alunos poderão ter acesso aos materiais complementares. Além disso, ferramentas como bibliotecas digitais se tornam grandes aliadas.

Com o ensino híbrido, portanto, é possível construir salas de aula mais inclusivas, com um público mais heterogêneo e formas mais dinâmicas de compartilhar conhecimento. Desenvolvem-se, assim, habilidades como autonomia, organização, criatividade e comunicação. 

Leia também: saiba o que é e como desenvolver a rotação por estações

3. Sala de aula invertida

Essa é uma metodologia ativa no ensino superior que, assim como o ensino híbrido, se aproveita da tecnologia para transformar as práticas de ensino, antes mesmo de o aluno pisar na sala de aula.

Na sala de aula invertida, os conteúdos teóricos são disponibilizados virtualmente aos estudantes com uma certa antecedência. Os alunos, assim, conseguem se preparar para os momentos com os professores em sala de aula.

Com uma base conceitual já definida previamente, o aprendizado presencial pode ser muito mais direcionado para atividades práticas, discussões, exercícios em laboratório e para a solução de problemas.

Dessa maneira, a sala de aula invertida proporciona um espaço para discussões e para o desenvolvimento da autonomia estudantil. É uma ótima metodologia, por exemplo, para o ensino EaD, permitindo que o tempo de aula seja utilizado para debates e dúvidas e que os indivíduos possam aprender no seu próprio ritmo.

4. Aprendizado entre pares

A aprendizagem entre pares é um método que surgiu na Universidade de Harvard (Massachusetts, EUA). Ele parte do princípio do modelo de sala de aula invertida. Porém, para o aprendizado entre pares, o objetivo é incentivar o aluno a estudar fora da dos horários de aula, a partir de conteúdos previamente disponibilizados pelo professor.

Mas, nesse caso, o direcionamento para esse estudo prévio é mais específico. Os alunos devem responder a questionários online para aprofundar seus estudos e treinar suas habilidades.

Além disso, esses pequenos testes são capazes de mostrar aos professores quais são os pontos de maior dificuldade entre a turma, para que sejam trabalhados presencialmente.

Depois, ainda são aplicados testes de acompanhamento, que, mais uma vez, geram material para discussão em sala de aula. Nota-se que é um método que permite um feedback constante entre professores e alunos, que pauta as aulas e torna o ensino mais certeiro.

O que muda a prática do professor com possibilidades de metodologias ativas?

5. Gamificação

Uma aplicação mais conhecida e bem-sucedida de metodologias ativas no ensino superior é a gamificação.

Esse método consiste na utilização de conceitos, estratégias, dinâmicas e ferramentas geralmente utilizadas em jogos em um novo contexto de não-jogo. No caso da gamificação na educação, esses mecanismos são utilizados para motivar o aprendizado e estimular a solução de problemas.

Como as outras metodologias ativas, a gamificação também pode ser utilizada em contextos presenciais ou remotos! E, com a possibilidade de uso de aplicativos móveis, é uma metodologia que ganhou ainda mais propulsão nos últimos anos.

O uso de apps educativos e divisão de tarefas por fases, por exemplo, torna o processo de aprendizado mais dinâmico e instiga o aluno a buscar um melhor desempenho.

Essa metodologia é um bom exemplo de aproximação com a Taxonomia de Bloom, mencionada anteriormente. Isso porque também estrutura a aprendizagem em níveis hierárquicos, cabendo ao aluno completar um desafio antes de partir para outro, mais complexo. Assim, o desenvolvimento de habilidades se dá aos poucos.

Vale lembrar que esse é um tipo de metodologia ativa que gera inúmeros benefícios para os estudantes, como:

  • Proatividade;
  • Curiosidade;
  • Independência;
  • Cooperação;
  • Organização;
  • Autonomia;
  • Disciplina, entre outros.

Para adotar esse tipo de metodologia na sua instituição de educação superior (IES), é importante definir objetivos claros e determinar já no planejamento a estrutura de avaliações que deseja aplicar.

Também é uma boa ideia definir os prêmios que irão motivar e engajar ainda mais os alunos a participarem das dinâmicas.

Leia também: como aplicar a gamificação na educação?

6. Rotação por estações de aprendizagem

A metodologia de rotação por estações propõe uma divisão da turma em diferentes grupos e a criação de um circuito em sala de aula. Por isso a definição do nome.

Cada um desses grupos deve estar comprometido com uma atividade que foque em uma categoria de aprendizado, sendo independente das outras. Ou seja, precisa ter começo, meio e fim, sem exigir um exercício prévio para sua compreensão. 

Em seguida, cada grupo deve passar por uma estação diferente, até que todos os grupos tenham interagido com todas as estações. Dessa maneira, os grupos podem resolver cada desafio isoladamente.

O uso de ferramentas tecnológicas é muito indicado, a variar da proposta de atividade de cada estação.

O objetivo desse tipo de rotação é fazer com que a turma, dividida em grupos, interaja com todas as estações. Assim, os grupos fazem as atividades e recebem estímulos de diferentes aprendizagens.

O uso de ferramentas tecnológicas é muito indicado para essa metodologia, a variar da proposta de atividade de cada estação. Ela promove o desenvolvimento de uma série de habilidades, mas principalmente a colaboração, a comunicação e o trabalho em equipe.

7. Cultura Maker

A metodologia Maker foi criada a partir da cultura Maker, que se baseia na ideia do “faça você mesmo”, a partir da qual todos podem construir e encontrar as soluções ideais para os seus próprios problemas.

Essa metodologia foge dos padrões das aulas expositivas. Assim, as aulas são focadas em literalmente “colocar a mão na massa”, uma vez que os alunos têm a oportunidade e os recursos necessários para desenvolver e testar novas ideias. 

O compartilhamento, a experimentação e o desenvolvimento de novos projetos é o que faz com que os alunos se tornem protagonistas do aprendizado. A transdisciplinaridade também é um dos elementos estimulados por essa metodologia. Ao unir a teoria e a prática, tornando-as inseparáveis, os estudantes aprendem a solucionar problemas e a ser proativos, habilidades essenciais para o mercado de trabalho.

8. Estudos do meio

O estudo do meio é uma atividade que garante um momento coletivo de aprendizagem e de convivência entre professores e estudantes. 

Ela proporciona aos estudantes uma percepção crítico-reflexiva do contexto social, ao transpor a sala de aula em diferentes espaços e contextos culturais. É também uma forma de aprendizagem realizada pela observação direta, seleção, comparação e análise de dados de diferentes formas de registro e interpretação, que envolvem a leitura, a escrita e várias formas de expressão.

Tudo isso leva os alunos à construção de saberes a partir das experiências realmente vivenciadas. Desse modo, há uma união entre os saberes teóricos e os práticos, o que estimula o pensamento crítico e uma maior compreensão entre a sala de aula e a realidade. Por fim, os professores também se envolvem muito com o planejamento, a organização das saídas e com as propostas de trabalho que serão realizadas antes, durante e depois do estudo do meio.

9. Storytelling

O storytelling, ou contação de histórias, é uma metodologia de aprendizagem ativa de grande utilidade para graduação.

Afinal, construir narrativas é parte de um processo de memorização inerente ao ser humano.

Para aplicar essa metodologia em sala de aula, recomendamos não apenas que os professores usem narrativas para explicar seus conteúdos. Mas, principalmente, que eles proponham aos alunos criar narrativas sobre determinado tema que está sendo explorado em sala, por exemplo.

Assim, os alunos participam como criadores e contadores de histórias, e não apenas meros ouvintes.

10. Design thinking

O design thinking na educação é uma metodologia utilizada para a resolução de problemas, também conhecida como aprendizagem investigativa.

Na mesma linha das demais metodologias ativas, o estudante participa deste modelo como formador do próprio conhecimento, e não simplesmente receptor das informações transmitidas pelo educador.

Algumas etapas são exploradas neste processo de solução de problemas: 

  • Descoberta;
  • Interpretação;
  • Ideação;
  • Experimentação; e
  • Evolução.

Elas ajudam a levar mais dinamismo e engajamento para a sala de aula.

As etapas de descoberta e interpretação têm o objetivo de despertar a curiosidade para o enfrentamento das questões levantadas. São desenvolvidas a partir de desafios. É importante que se considere, neste caso, os conhecimentos prévios de cada aluno individualmente, para que se chegue a diferentes possibilidades de soluções.

A etapa de criação é o momento em que se realiza um brainstorm, a fim de se colocar todas as ideias na mesa, mesmo as mais sonhadoras. Depois disso, chega o momento de experimentação, em que essas ideias devem ser, de alguma forma, colocadas em prática. Assim, é possível entender quais delas, de fato, seriam as melhores soluções para o problema proposto.

Por fim, chega a fase de evolução, que consiste no desenvolvimento do trabalho, com o planejamento dos próximos passos.

11. Estudos de casos

O estudo de caso é um modelo bastante utilizado por instituições de educação superior. Trata-se do uso de experiências reais, a fim de gerar provocações entre os estudantes e levá-los a refletirem sobre como se posicionariam diante de situações que envolvem a tomada de decisões.

Portanto, essa estratégia educativa investiga um fenômeno em seu contexto real e as variáveis capazes de influenciá-lo. Como a intenção com esse tipo de estudo é examinar fenômenos complexos, ele é realizado de forma intensiva e sistemática.

Os alunos são expostos a determinado problema “da vida real” e têm a possibilidade de analisá-lo detalhadamente, discutindo entre si possibilidades de solucioná-lo de outras maneiras, além da que foi empregada (caso se trate de uma situação do passado).

Alguns passos podem ser seguidos para a elaboração de um estudo de caso em sala de aula. Como você viu até aqui, ele deve partir de uma situação-problema que se busca compreender e resolver.

Para organizá-lo, pode-se recorrer às seguintes etapas:

  • Identificação de um problema de pesquisa;
  • Levantamento de dados;
  • Análise do contexto e de suas variáveis; e
  • Reflexão sobre possíveis soluções para o problema.

Os dados podem ser coletados a partir de pesquisas bibliográficas e de campo, grupos focais, observação, realização de entrevistas, entre outros meios.

Os estudos de caso, como as outras metodologias aqui expostas, são também uma forma de ajudar o estudante a se mobilizar ativamente para construir o próprio aprendizado.

12. Aprendizagem baseada em projetos

A aprendizagem baseada em projetos se assemelha à aprendizagem baseada em problemas. Entretanto, nesse cenário, o professor deve propor um projeto prático aos alunos.

Esse projeto deve estar relacionado às possíveis vivências que os estudantes enfrentarão profissionalmente na área da graduação.

E para que essa metodologia seja aplicada corretamente, o professor deve atuar como orientador e observar o desenvolvimento dos alunos.

Os estudantes, por sua vez, devem elaborar planos de ações para os projetos, executá-los e demonstrar seus resultados alcançados.

Quais são os desafios das metodologias ativas no ensino superior?

Apesar de serem consideradas grandes tendências para a educação e possuírem inúmeros benefícios, ainda há muitos desafios para aplicação das metodologias ativas no ensino superior e também em outros níveis educacionais.

Entre os principais desafios das metodologias ativas estão:

  1. Resistência do corpo docente e/ou de outros setores da IES para aplicação das metodologias, uma vez que elas representam uma mudança profunda no ensino tradicional.
  2. Falta de tempo e/ou de conhecimento para elaboração de planos de aulas com metodologias ativas.
  3. Falta de acesso a tecnologias, dispositivos e conexão por parte da IES, professores e/ou alunos.
  4. O uso da tecnologia como um recurso restrito ao professor e não ao aluno, o que interfere na autonomia deste diante do conteúdo a ser aprendido.
  5. Resistência na transformação da cultura da IES, que pode estar atrelada a noções tradicionais de ensino-aprendizagem.
  6. Paralisar a transformação na simples ação de incluir equipamentos e dispositivos na sala de aula, sem alterar o planejamento e o formato das aulas. Desse modo, os alunos não observam uma mudança significativa no seu processo de ensino-aprendizagem e não se tornam figuras centrais dele.

É importante destacar, porém, que alguns desses desafios podem ser superados ao implementar as metodologias ativas no ensino superior de forma bem planejada e organizada.

Como dissemos anteriormente, essas metodologias apresentam uma verdadeira transformação na forma de pensar o ensino e as estruturas das instituições. Por isso, as mudanças devem vir acompanhadas de um profundo trabalho de reestruturação, que passa pelas necessidades e objetivos das IES e dos alunos que a integram. 

Como demandam muitos investimentos e alterações, essas metodologias devem ser integradas lentamente ao ensino, em um processo gradual e atento. Caso contrário, é possível que alunos, professores, coordenadores e demais integrantes do corpo profissional das IES se sintam frustrados e elas não funcionem.

O que muda a prática do professor com possibilidades de metodologias ativas?

Quais são os benefícios que as metodologias ativas trazem para o ensino?

Como apontamos ao longo deste guia, as metodologias ativas no ensino superior trazem diversos benefícios para a comunidade acadêmica e para a IES.

De modo geral, elas contribuem para uma sala de aula mais harmônica, para a redução da sensação de esgotamento dos professores e para um ensino que priorize, de fato, a participação central dos alunos ao longo da construção do seu conhecimento.

Mas os benefícios vão muito além disso, tanto para os alunos quanto para os professores. Abaixo, separamos alguns dos principais. Confira! 

Benefícios das metodologias ativas para alunos

O principal benefício observado nos alunos que usam as metodologias ativas diz respeito ao comportamento e postura destes em relação ao seu processo educativo. 

Além disso, as metodologias ativas contribuem para a formação de profissionais mais qualificados e valorizados, que têm confiança para lidar com problemas e situações reais.

Dentre outros benefícios importantes que poderíamos citar para os alunos, estão:

  1. Protagonismo no processo de ensino-aprendizagem;
  2. Maior autonomia;
  3. Aumento da participação em sala de aula;
  4. Desenvolvimento de competências socioemocionais;
  5. Promoção do senso de pertencimento. 

Conheça a seguir:

1. Protagonismo no processo de ensino-aprendizagem

O papel central ocupado pelos estudantes no seu processo de ensino-aprendizagem não é, como mostramos, uma postura tradicional. Essa transformação promove, no entanto, uma virada essencial para que os estudantes se sintam verdadeiramente parte da construção do seu conhecimento.

Mais do que ouvir um professor falar sobre um tópico, é possível criar, com as metodologias ativas, uma relação mais profunda entre o assunto e o cotidiano dos estudantes. Aplicadas à sua realidade, as matérias se tornam mais interessantes, o que estimula o aprendizado.

Assim, um dos maiores benefícios das metodologias ativas para os alunos é fazer com que eles construam esse senso de importância e passem a entender como as suas rotinas se relacionam com os conteúdos estudados todos os dias.

2. Maior autonomia do aluno

As metodologias ativas estão presentes em ferramentas que colocam os alunos no centro do seu processo de ensino-aprendizagem, como dissemos anteriormente. Isso faz com que eles possam definir melhor quando e como estudar, e também que tenham mais controle sobre o seu aprendizado.

Assim, os alunos são estimulados a desenvolver autonomia e a capacidade de autogestão. A sala de aula invertida, por exemplo, só funciona quando os estudantes fazem a sua parte em casa, lendo e selecionando os principais pontos que serão debatidos com a turma. 

3. Maior participação em sala de aula

Com as metodologias ativas, o interesse dos alunos no desenvolvimento do seu conhecimento tende a aumentar. E isso acontece porque o ensino está mais atrelado ao seu cotidiano, o que o torna mais dinâmico e mais fácil de compreender.

A partir dessa mudança, o engajamento dos alunos também aumenta. Afinal, quanto mais ligados ao seu processo de aprendizagem, mais eles desenvolvem as ferramentas necessárias para participar ativamente das aulas. Isso significa maior participação nas tarefas, mais dúvidas e, é claro, um aprendizado mais efetivo.

4. Desenvolvimento de competências socioemocionais

As metodologias ativas promovem uma sala de aula mais dinâmica e que se baseia na aplicação real dos conteúdos. As ferramentas usadas são responsáveis por tirar os alunos da sua zona de conforto e estimular que eles interajam entre si e também com os desafios propostos.

Esse processo faz com que os estudantes consigam desenvolver, além de conhecimentos práticos e técnicos, as suas capacidades socioemocionais, como:

  • Criatividade;
  • Pensamento crítico;
  • Solução de problemas;
  • Comunicação;
  • Trabalho em equipe .

5. Senso de pertencimento

Uma das vantagens das metodologias ativas é o estímulo ao trabalho em equipe e à interação entre estudantes. Embora essas tarefas possam parecer pouco produtivas de início, elas na verdade são essenciais para que os alunos se sintam parte da IES como um todo.

O senso de comunidade é fundamental para a manutenção dos estudantes em uma instituição de educação superior.

Mais que isso, é positivo para que eles desenvolvam também a sua personalidade e criem relações na vida adulta. Daí a importância de pensar em ferramentas que aproximem alunos ao longo de projetos e interesses em comum.

Benefícios das metodologias ativas para professores

As metodologias ativas não são benéficas apenas para os estudantes de uma IES. O corpo docente também nota algumas vantagens. São exemplos:

  • Auxílio no gerenciamento de tarefas burocráticas, como o plano de aula, tornando o trabalho mais prático;
  • Contar com uma turma mais engajada;
  • Criar um aprendizado mais dinâmico;
  • Contribuir com o retorno sobre como está ocorrendo o aprendizado.

Vale mencionar, ainda, que as metodologias ativas possibilitam uma maior personalização do ensino. Afinal, os professores têm acesso ao desempenho individualizado na turma e podem, a partir dessas observações, pensar em ações mais específicas e que ataquem diretamente uma lacuna individual.

A personalização apresenta uma série de vantagens para a instituição como um todo, desde um maior senso de pertencimento dos estudantes até a melhora do relacionamento entre professores e alunos.

Isso significa que, em turmas que contam com metodologias ativas, o corpo docente consegue atuar melhor, o que se reflete em uma melhora de desempenho.

Além disso, esse acompanhamento mais próximo dos alunos também possibilita a criação de diagnósticos mais reais.

E permite que os professores sejam capazes de identificar problemas comuns aos estudantes, criar planos de aula mais assertivos e, se necessário, pensar em ferramentas diferentes para transmitir os conteúdos.

Por fim, para as instituições de ensino, as metodologias ativas no ensino superior têm refletido em maior reconhecimento no mercado e aumento da atração, captação de alunos e retenção.

Por isso o olhar e a revisão constante dos processos de ensino são tão importantes para a educação superior. Fora a transformação no ambiente acadêmico, a educação ativa traz enormes melhorias para a sociedade!

Qual é o papel do professor na metodologia ativa?

Para que seja possível chegar aos benefícios das metodologias ativas, é importante que docentes e discentes estejam conscientes dos seus papéis. Afinal, serão eles os principais atores dessas metodologias.

Um grande equívoco sobre o seu uso é pensar que o professor perde a sua função ao encorajar a independência dos alunos. Seu papel nunca será substituído pela tecnologia ou perderá sua razão de existir, ainda que outras ferramentas passem a integrar a sala de aula. Afinal, como já dissemos, ele não se torna uma figura obsoleta.

É muito claro que a posição desse profissional se dá pelo seu vasto domínio e experiência sobre o tema que leciona. E isso não inclui apenas um excesso de conteúdo, mas também a didática necessária para a sua transmissão.

O educador continua sendo fundamental no processo de ensino-aprendizagem. A diferença está na sua atuação, já que ele deixa de ser o único detentor do conhecimento para se tornar um facilitador. 

Assim, sua função é atuar como um mediador, para estimular a interação e ajudar nas dificuldades dos estudantes.

Ao mesmo tempo, o professor deve avaliar sua concepção pedagógica e verificar se sua postura metodológica caminha para uma aprendizagem significativa. Afinal, uma vez que ele é o responsável por “guiar” o processo de ensino-aprendizagem, recai sobre ele a função de relacionar os conteúdos à realidade dos estudantes.

Qual é o papel do aluno na metodologia ativa? 

Além do professor, também o aluno deve compreender o seu papel para que as metodologias ativas no ensino superior tenham sucesso. Como já dissemos, tais metodologias colocam o aluno como protagonista no processo de aprendizagem. Assim, ele deixa de ser um agente passivo, que apenas escuta o que é ensinado, e passa a se engajar na busca pelo conhecimento.

É estimulado a fazer leituras, debates, trabalhos em equipe e estudos de caso para refletir sobre os assuntos propostos pelo professor. Por isso, seu interesse e entusiasmo em aprender também são essenciais para o resultado.

Como prova disso, Melo e Sant`Ana realizaram uma pesquisa com 60 estudantes em Brasília-DF, em 2012, analisando as vantagens do uso das metodologias ativas para a formação profissional nos alunos que passaram por essa experiência.

Dentre os seus resultados, merece destaque as habilidades adquiridas a partir da metodologia ativa, apontadas pelos próprios estudantes: 

  • Autonomia (88%);
  • Trabalho em equipe (76%);
  • Responsabilidade (73%);
  • Empoderamento (65%). 

A pesquisa apontou ainda que o método possibilita aos estudantes serem mais críticos, estimula o autoestudo, possibilita construir o conhecimento em equipe, ter uma visão holística do contexto, ter mais contato com a realidade/prática profissional e maior retenção do conhecimento.

Esses resultados reforçam o que defendemos ao longo deste artigo: as metodologias ativas funcionam como ferramentas para formar, de maneira mais completa, indivíduos capazes de resolver problemas reais, adaptados a lidar com seus contextos. Nesse sentido, elas estimulam o desenvolvimento de habilidades necessárias não apenas para a assimilação de conteúdos, mas para a sua aplicação real.

O que muda a prática do professor com possibilidades de metodologias ativas?

Tendências relacionadas a metodologias ativas para 2022

O período de isolamento social, quando as atividades educacionais estavam suspensas ou 100% remotas, inspirou muitas mudanças no panorama de ensino em todos os níveis.

Os métodos empregados não poderiam ser os mesmos, já que era preciso pensar a partir da migração das aulas presenciais para modelos híbridos e remotos. Com o uso ampliado de plataformas digitais, os métodos que puderam ser transportados para essa nova realidade saíram na frente.

Para 2022 o que veremos é a reverberação do impacto dos últimos dois anos. Mesmo com a volta gradual das aulas presenciais, o digital ganhou espaço no mercado, e no coração dos futuros alunos.

Conheça 3 fatores, ligados às metodologias ativas, que são a aposta para o mercado educacional em 2022.

1. Solidificação de tecnologias digitais

O uso de tecnologias digitais na educação não é novo, mas com o ensino remoto e híbrido, esta tornou-se uma demanda mais forte. No caso do novo ensino médio, por exemplo, a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza, cada vez mais, a incorporação de recursos digitais. 

Saber utilizar essas ferramentas de forma crítica e ética é uma tarefa para qualquer momento da vida estudantil, inclusive no ensino superior. Nas IES é possível ver uma crescente demanda pela utilização de jogos, plataformas, apps, softwares, bibliotecas digitais, etc. 

Isso faz parte de uma proposta de letramento digital, da capacidade de operacionalizar essas ferramentas no dia a dia do trabalho, de forma natural. Métodos 100% digitais, ou  que combinam momentos presenciais e online, ocupam um lugar de destaque nas tendências para 2022. 

Os desdobramentos da pandemia fortaleceram esse cenário. Houve maior digitalização de bancos de dados, processos e setores inteiros, inclusive aqueles ligados ao governo, que caminhavam mais lentamente se comparados à iniciativa privada. 

2. Fortalecimento de soft skills

Uma das tendências que continua a se fortalecer em 2022 é a valorização das soft skills (ou competências socioemocionais) e a necessidade de estimular essas habilidades nas atividades acadêmicas. O ensino superior não é mais uma formação puramente técnica, ele também precisa ser focado em questões sutis.

E qual a importância dessas soft skills? O mercado de trabalho precisa sim de pessoas que saibam o que fazem, tecnicamente falando. Mas isso não é tudo. Cada vez mais as empresas passam a entender que há coisas que se aprendem mais facilmente do que outras. 

Muitas vezes é mais simples ensinar a um empregado a lidar com um banco de dados, uma tarefa ou um software, do que mostrá-lo a importância da colaboração, da empatia, e desses fatores sutis, que compõem quem somos como pessoas e como profissionais.

Um colaborador que entende a importância da criação de vínculos, de pensar as estratégias para chegar aos objetivos, considerando as pessoas envolvidas, que tem um poder contextual, possui maior chance de obter sucesso em sua trajetória laboral, com consequente satisfação profissional e pessoal.

Dentro das IES, as soft skills auxiliam os estudantes a se comprometer com a formação, sentir-se parte do ambiente acadêmico, e criar vínculos fortes com os colegas. Essas habilidades socioemocionais podem ser aprendidas, com a inclusão e repetição de atividades que as contemplem. 

A resolução de problemas e a criação de projetos inovadores, fatores tão importantes para o mercado de trabalho, passam pelo estímulo à empatia, flexibilidade, colaboração, entre outras habilidades sutis. 

3. Lifelong Learning 

O lifelong learning, traduzido do inglês como aprendizado ao longo da vida, está totalmente conectado à proposta de uma aprendizagem significativa. Isso ocorre porque ele extremamente contextual, um verdadeiro chamado ao aprendizado contínuo.

Essa estratégia consiste em estender o processo de aprendizado para fora das salas de aula, como uma continuidade da jornada do aprendiz, que pode sorver os aprendizados que sua rotina e experiências oferecem.

Todos os lugares e momentos podem fornecer aprendizados para a vida, e para o bom desempenho da profissão. O olhar analítico e atento para a realidade pode ser estimulado em sala de aula, com exercícios de observação. 

Essa proposta vai ao encontro da necessidade de assumir uma postura ativa diante do conhecimento, habilidade que deve ser aplicada na jornada profissional através de uma atuação contextual e significativa. 

Tudo começa com a atitude do professor de trazer os contextos dos alunos para as aulas, ensinando, de forma prática, a ver o mundo com outros olhos.

Quais metodologias ativas são tendências para a EaD em 2022?

O mercado educacional online está em franco crescimento e estimativas dão conta que, até 2025, irá movimentar 319 bilhões de dólares. O crescimento da satisfação com a experiência de estudo online, somada à diminuição de custos, maior flexibilidade e aumento de escala, tornam a educação a distância (EaD) uma grande aposta comercial e educativa. 

É importante ressaltar que, apesar de permitir maior escala, um dos principais investimentos da educação a distância é a criação e adaptação dos conteúdos digitais para a modalidade. É preciso oferecer possibilidade de construção do conhecimento de forma participativa.

As metodologias ativas se encaixam perfeitamente neste contexto, é possível aproveitar a ponte que elas fazem com a tecnologia para promover aulas interativas e que estimulem a criatividade.

Confira, abaixo, 3 dicas que serão tendências em 2022!

1. Ensine a partir de games

A gamificação não é uma metodologia aplicável apenas em plataformas online, mas se beneficia destas com o uso de plugins no moodle, por exemplo. É possível pensar em uma gama de jogos digitais que trabalhem aspectos desejáveis, para contribuir na formação profissional.

O uso de jogos promove maior engajamento, aumenta o tempo de concentração e o envolvimento dos estudantes, pontos muito importantes quando falamos da educação a distância. A promoção de uma educação leve é algo interessante, já que os alunos EaD geralmente desempenham outras funções no dia a dia. 

Gamificar a sala de aula é uma maneira de diminuir a evasão enquanto estimula a criatividade e pensamento lógico, habilidades que são fundamentais para um bom desempenho no mercado de trabalho. Definitivamente, o futuro é gamificado. 

2. Crie momentos de brainstorming

Muitas pessoas acreditam que a educação a distância cria um afastamento entre os estudantes, e até mesmo na relação entre estudante e educador. As metodologias ativas podem promover a autonomia do aluno sem necessariamente causar esse efeito. 

O brainstorming é uma prática que auxilia na resolução de problemas. É um momento de lançar mão da criatividade e observar diferentes perspectivas. A interação entre ideias e soluções cria novos caminhos, a partir da participação de todos. 

A tradução do inglês corresponde a uma “tempestade de ideias”. É uma técnica utilizada principalmente em ambientes profissionais. A partir de um objetivo predeterminado, os integrantes de uma equipe compartilham ideias.

Seja a partir de uma frase, ou até mesmo de uma única palavra, o brainstorming tem o potencial de gerar insights e propostas criativas a partir da liberdade de propor sem que nada seja desconsiderado.

Para colocar em prática na EaD, o educador pode estimular os estudantes a criar um processo através de chamadas de vídeo, aulas síncronas, ou até mesmo em arquivos compartilhados ou através do uso do WhatsApp na educação.

Posteriormente, os próprios estudantes fazem a construção da solução a partir dos termos, frases e propostas, gerando um resultado que passou pela participação de todos. 

3. Aproxime as turmas com debates online

Os debates colocam as pessoas em contato com diferentes pontos de vista, o que gera um enriquecimento para todos que participam. Na educação a distância é possível criar fóruns de debate online, que funcionam como uma forma colaborativa de construção do conhecimento. 

Nos fóruns é possível estimular o debate a partir de uma dinâmica de perguntas e respostas, proposta pelo docente, mas sem necessariamente precisar da mediação do educador. Ele atua apenas como um instigador, o que promove maior autonomia dos estudantes. 

Os debates, guiados pelas perguntas do educador, podem resultar em uma aula síncrona especial para trocar ideias sobre o tema. É possível dividir os fóruns por disciplina, para que a continuidade das aulas possa ser transferida para esses ambientes. 

Existem vários tipos de fóruns. Naqueles mais gerais, é possível deixar o diálogo aberto para que os estudantes abram novas discussões e conversas de forma livre. É legal estimular tópicos mais pessoais, para que os estudantes possam se conhecer melhor. 

Nos fóruns de avaliação os professores podem verificar qual o nível de compreensão dos estudantes sobre o que está sendo trabalhado em sala de aula. Fóruns de tempo determinado podem ser utilizados para criar uma interação sobre um tópico que está sendo trabalhado pontualmente. 

Já os fóruns dirigidos podem ter uma referência (em texto, áudio, vídeo, etc) para que os alunos possam debater sobre o tema com número fechado de caracteres. É possível ainda interagir com as respostas dos colegas.

O que muda a prática do professor com possibilidades de metodologias ativas?

Como aplicar metodologias ativas no ensino híbrido?

O ensino híbrido, que mescla estratégias de ensino presencial e remoto, é outra tendência forte na educação.

Mas essa mistura entre aulas online e presenciais, com ferramentas síncronas e assíncronas, pode gerar muitas dúvidas em quem ensina e ainda para quem planeja o ensino superior. 

No caso das metodologias ativas, a questão remanescente é: como fazer com que as atividades tenham continuidade em modalidades diferentes?

Além da estrutura, com plataformas que suportem esse tipo de ensino, é possível pensar métodos e atividades que façam sentido para esse novo contexto. Conheça e aplique essas 4 metodologias ativas nas aulas híbridas da sua IES!

1. Sala de aula invertida

A divisão entre aulas a distância e presenciais pode ser uma excelente forma de aplicar a metodologia da sala de aula invertida. O tempo fora das aulas, nesse método, é usado para ter o primeiro contato com o conteúdo, seja por meio de textos, pesquisas, vídeos, games, etc.

Durante as aulas ocorre a discussão sobre o tema e orientações dos professores aos alunos. A divisão entre online e presencial pode favorecer a mistura entre aulas práticas e focadas em discussões.

2. Sistemas de Rotação

Assim como na sala de aula invertida, o sistema de rotação por estações pode favorecer os diferentes momentos da modalidade híbrida. O método prevê a criação de estações que trabalham o tema central da aula de formas diferentes. 

Ao passar por todas elas, os alunos entram em contato com diferentes nuances daquele conhecimento, criando, de maneira complementar, um saber mais complexo. Para personalizar a experiência de ensino, é possível fazer com que os alunos escolham as estações que desejam passar, e promover discussões entre os estudantes.

As estações podem ser virtuais ou físicas. Isso permite, no modelo híbrido, o uso de diferentes tipos de recursos, como os audiovisuais, para promover o aprendizado sobre determinado tema. 

3. Estudos de caso

O uso dos estudos de caso como metodologia ativa é extremamente possível na modalidade híbrida. A partir de situações reais, relacionadas aos conhecimentos, é possível delimitar planos de ação paralelos, coletar dados, encontrar soluções, etc.

Os momentos presenciais podem ser utilizados para trocas, discussões, debates e apresentações, para favorecer o compartilhamento entre estudantes e com os professores. Já nas aulas online, é possível estimular a pesquisa, a possibilidade de tirar dúvidas pontuais em fóruns, entre outras ações. 

O estudo de caso contextualiza o ensino, trazendo para perto da realidade  do estudante. Promovemos, assim, uma maior conexão entre conhecimento e experiência, o que permite melhor assimilação daquilo que é ensinado — é a premissa da aprendizagem experiencial.

4. Aprendizado baseado em projetos

Projetos, sejam eles simples ou mais complexos, podem ser desenvolvidos em momentos e plataformas diferentes. Na verdade eles são inclusive beneficiados pelo desenvolvimento a partir de ferramentas distintas. 

Com a aprendizagem baseada em projetos, os alunos podem desenvolver propostas a partir de colaboratividade, pesquisa e prototipação. É um incentivo à autonomia dos estudantes, enquanto desenvolve a capacidade crítica e construtiva dos alunos. 

Uma das formas de criar um projeto é através do design thinking, metodologia que pode ser implementada nas aulas da educação à distância. Com ele, é possível pensar um projeto a partir da resolução de problemas, ou focando especificamente em determinado serviço ou produto.

Leia também: Design Thinking na educação: mais criatividade e iniciativa na IES

Como implementar metodologias ativas no ensino superior?

Como vimos, com as metodologias ativas, a dinâmica entre alunos, professores e instituições de ensino se transforma.

Por isso, a implementação desses processos de ensino requer uma reavaliação de formatos, tecnologias usadas, processos internos e dinâmicas de comunicação.

Abaixo, você confere algumas dicas para aplicar as metodologias ativas no ensino superior da melhor forma na sua IES!

1. Invista no treinamento de docentes

Sabemos que nas metodologias ativas os estudantes são os protagonistas. Mas isso não significa que o professor não mantenha seu papel essencial em aula!

São os docentes os grandes responsáveis pela implementação correta das metodologias ativas no ensino superior. Por isso, a sua IES deve preparar os professores para aplicarem os novos modelos de ensino.

Oferecer suporte para atendimento de dúvidas também é essencial! Seja para resolver questões sobre o uso das tecnologias quanto para tornar a aplicação das atividades e a relação interpessoal com os alunos mais proveitosa.

2. Aplique novos formatos de avaliação

Com a aplicação das metodologias ativas no ensino superior, as dinâmicas e relações entre professores e alunos também são alteradas. Consequentemente, o processo avaliativo também é amplamente modificado.

No lugar de provas classificatórias e eliminatórias, a avaliação deve ser pensada dentro das novas dinâmicas de ensino. Nesse novo contexto, as avaliações atuam como um processo de colaboração para a construção coletiva do aprendizado ativo.

Diante desse novo olhar, as formas avaliativas também podem ser repensadas. Mais do que provas e trabalhos tradicionais, é possível inovar e apostar em modelos criativos, seminários, debates etc., que estimulam o pensamento crítico e a participação dos alunos. Dessa maneira, o conteúdo é melhor absorvido e aplicado, e outras habilidades são desenvolvidas.

Leia também: 5 dicas sobre como aplicar metodologias ativas na prática

3. Estimule a troca de feedbacks

Outro ponto relevante é a necessidade de construir modelos de feedbacks efetivos entre alunos e professores. Esse tipo de troca incentiva os alunos a desenvolverem os próprios objetivos acadêmicos e os professores a pensarem as aulas de modo mais assertivo.

Além disso, os feedbacks são ótimas ferramentas para avaliar quais metodologias estão funcionando e quais podem ser repensadas. A partir delas, é possível identificar as maiores dificuldades e contribuições dos métodos de ensino, e o seu efeito, positivo ou negativo, para aquele grupo de pessoas.

Nesse sentido, também é interessante que a IES estruture uma equipe de apoio ao professor, com constantes trocas de experiência, a fim de se evitar falhas que venham a prejudicar o andamento das atividades.

A equipe pode incluir secretariado, assistentes de coordenação e até mesmo outros docentes para dividir a tutoria dos alunos.

4. Busque por novas tecnologias

Como já citamos, o uso de metodologias ativas no ensino superior está relacionado diretamente ao uso de tecnologias de comunicação e informação. Assim sendo, a aplicação desses métodos não fica restrito ao uso presencial, podendo também ser utilizado no ensino online.

Atualmente, os processos comunicacionais e educacionais exigem uma forte base tecnológica Plataformas online e canais de mensagem, por exemplo, são amplamente utilizados para garantir a interação com todos os estudantes, individualmente e em grupo.

Por isso, a tecnologia pode ser encarada como forma de enriquecer os processos de troca e aprendizado. Afinal, além das ferramentas à disposição dos professores e alunos, existe a liberdade de incrementar as descobertas por meio da utilização de formatos multimídia diversos.

E nesse contexto, a utilização de soluções para o desenvolvimento de conteúdos pedagógicos é uma saída interessante para garantir maior engajamento dos alunos e aplicar as metodologias ativas no ensino superior.

Como muitos desses métodos demandam modalidades ou ferramentas de ensino online, é importante que a IES trabalhe com instrumentos que permitam esse tipo de interação. Afinal, a tecnologia se torna, cada dia mais, uma importante aliada das instituições de ensino, contribuindo não apenas para as metodologias ativas, mas para a inclusão social, para a diversificação da sala de aula e para a qualidade de vida dos professores.

5. Aposte em espaços alternativos para a sala de aula

Com as metodologias ativas no ensino superior, a relação entre professor, aluno e instituição é modificada. Isso implica em formas variadas de pensar o ensino, mas também o espaço onde ele ocorre. 

Já falamos sobre metodologias que levam em consideração o aprendizado prático. Por isso, é importante considerar lugares alternativos para a sala de aula. Eles podem ser laboratórios ou ginásios, mais comuns para atividades práticas, mas também jardins, corredores, salas de artes, bibliotecas etc. 

Além disso, é sempre uma boa ideia permitir que as turmas conheçam outros espaços de trabalho, seja em aulas de campo, como já indicamos, seja no próprio dia a dia. Dessa maneira, o aluno é estimulado por outros elementos e outras pessoas, e instigado a participar mais ativamente do processo de aprendizagem.

Como adaptar as metodologias ativas no ensino superior para o contexto educacional brasileiro?

Muitos professores e  alunos que passaram por instituições educacionais brasileiras, podem se perguntar como é possível aplicar conceitos como esses àquelas realidades. E, com certeza, precisamos de esforços conjuntos para que isso funcione. 

Por ser extremamente contextual, as metodologias ativas podem ser incorporadas aos cenários educacionais mais diversos. A criatividade e a disposição para incorporar esses métodos podem esbarrar em algumas problemáticas brasileiras. 

Apesar de muitos alunos desejarem e gostarem de aulas diferentes, pode haver dificuldade na assimilação de novas formas de organização das salas e da forma de trabalhar os conteúdos

O quanto você conhece de uma escola pública que forma seus alunos? Sabe quais dificuldades eles enfrentam em instituições particulares?

Diante desse cenário é importante ouvir os alunos, saber quais são os contextos de origens, as expectativas e as demandas. Construa o percurso acadêmico com os estudantes, esteja aberto para mudanças necessárias. 

Outra questão que pode emergir na tentativa de aplicação de metodologias ativas é a resistência dos docentes. E novamente, não cabem julgamentos, mas ação. É preciso demonstrar sua eficiência e o alinhamento com os objetivos da IES. 

Lembre-se que a educação brasileira oferece um cenário desafiador para os professores, e tal qual como os alunos eles precisam de acolhimento, recursos e possibilidade de dar feedback sobre os métodos propostos.

Para isso é preciso organização, formação e recursos educativos. Se você é um coordenador de IES, precisa estar disposto a dar suporte para a aplicação de metodologias inovadoras. Promover a própria assimilação de mudanças e da sua equipe é essencial para implementar novas possibilidades.

Como desenvolver as metodologias ativas no ensino superior a distância?

A Educação a Distância (EaD) já está em vigor no país há bastante tempo. No entanto, ela ainda passa por fases de transição e adesão nas IES. 

Nos últimos anos, o Ministério da Educação (MEC) possibilitou aumentar a carga horária de disciplinas online em cursos presenciais e até mesmo criar ofertas de cursos totalmente EaD.

O uso da metodologia ativa, neste caso, requer maior interação entre professor e aluno, seja por meio de atividades, videoaulas, interações com outros colegas etc. 

Por isso, essas metodologias não se aplicam aos cursos em que o aluno assiste às aulas gravadas e depois realiza exercícios para validar seus conhecimentos. É preciso ir além, explorando os diversos recursos para que ocorra a interação.

Assim, para aplicar as metodologias ativas na EaD é necessário elaborar um plano de ensino que inclua as técnicas apropriadas nas atividades propostas e que se tenha uma definição específica para a modalidade a distância.

Essa definição deve contemplar os seguintes critérios:

  • Comunicação nos ambientes online: para tirar dúvidas e interagir com os alunos;
  • Disponibilização de um guia de estudos: apresentar algumas orientações de como acessar os conteúdos, o que estudar e quais tarefas devem ser realizadas;
  • Avaliação: solicitar que os alunos realizem as atividades e enviem as respostas por meio dos canais de comunicação digital;
  • Promoção de discussões práticas: discutir o tema trabalhado nas aulas online por meio dos chats, proporcionar a interação entre a turma e o compartilhamento de experiências.

Portanto, a tecnologia se torna essencial para possibilitar o ensino online com os métodos ativos, e as ferramentas digitais devem ser exploradas para atender a cada necessidade.

A seguir, também listamos algumas ideias de como inserir a tecnologia e facilitar a aprendizagem mediada pelas metodologias ativas no ensino superior a distância:

  • Criar grupos em redes sociais, fórum de discussões e ambiente virtual de aprendizagem para desenvolver a interação entre os participantes;
  • Sugerir a leitura de artigos em portais de notícias, e-books, PDFs e demais textos em formato digital;
  • Propor a elaboração de um blog para a turma, a escrita de textos colaborativos, a criação de um canal no YouTube com vídeos sobre os temas estudados e a produção de conteúdo por outros métodos colaborativos; 
  • Realizar a gravação de vídeos com a apresentação de trabalhos e fazer o seu compartilhamento, elaborar slides e mapas mentais com os assuntos estudados;
  • Fazer as avaliações online, disponibilizar simulados e questionários para fins avaliativos, por exemplo
  • Apresentar os conteúdos em diversos formatos multimídia
  • Utilizar aplicativos e softwares educacionais, como jogos educativos, realidade aumentada, entre outros.

Vale observar novamente que expor o estudante diante de informações, problemas e objetos de conhecimento utilizando as TICs como suporte na EaD não é suficiente para o desenvolver o processo de ensino–aprendizagem. 

Para que isso aconteça de fato, é necessário despertar no estudante um desafio pela aprendizagem, levando-o a criar procedimentos que lhe permitam organizar o próprio tempo para estudos e a participação nas atividades, independente do horário ou local em que esteja.

Como elaborar um plano de aula com metodologias ativas no ensino superior?

O plano de aula é um documento elaborado pelo professor e utilizado para detalhar e orientar a prática pedagógica acerca de determinado tema ou objeto de conhecimento a ser introduzido na aula. Sua função é especificar quais recursos, conhecimentos prévios, atividades avaliativas e de fixação, competências e habilidades deverão ser desenvolvidas pelos estudantes.

Sua importância é muito grande no processo de ensino e aprendizagem. É a partir dele que o professor também consegue sistematizar a sua prática pedagógica, organizar o cronograma de atividades, manter um registro das aulas e construir a evolução da turma.

Embora seja conhecido pela maioria dos professores e gestores, a formatação de um plano de aula a partir das metodologias ativas requer algumas escolhas dos docentes. Afinal, eles devem atuar como mediadores, selecionando os melhores materiais e estratégias para cada momento da aprendizagem.

A seguir, vamos apresentar os principais pontos que você deve dar atenção na hora de elaborar um planejamento de aula baseado no método ativo de ensino: 

1. Determine um tema

Para começar, qualquer aula precisa de um tema ou conteúdo principal a ser tratado e ensinado aos alunos. 

Escolher com exatidão o tema da aula também ajuda a alinhar com quais recursos será feito a sua aplicação.

Vale ressaltar que o tema também deve fazer relação com o projeto pedagógico da instituição, estar elencado nas diretrizes curriculares e fazer parte da grade do curso. Uma vez que os professores geralmente entregam a sua programação semestral ou anual antes do início das aulas, basta consultá-la para ter certeza de que o assunto escolhido já estava inserido no curso e fará sentido de maneira mais ampla.

2. Identifique os objetivos da aula

Após definir o tema de estudo, é muito importante identificar os objetivos da aula, mantendo em mente o curso e a turma para os quais esse plano será elaborado. Como já dissemos, as metodologias ativas levam em consideração o contexto fora da sala de aula, e pensar nisso pode ajudar na hora de elaborar os objetivos.

Neste item, você pode responder a perguntas como: 

  •     O que os alunos deverão aprender a partir desta aula?
  •     Como esse aprendizado poderá ser útil em suas vidas? 
  •     Como ele contribui para as discussões propostas por este curso e esta instituição?
  •     De que maneiras esse aprendizado pode ser aplicado?

 Em alguns parágrafos, mostre que resultados pretende alcançar no decorrer das aulas. Lembre-se, contudo, de que o plano de aula não deve indicar apenas o que o professor deseja alcançar, mas a maneira como ele pretende auxiliar o processo de ensino-aprendizagem.

Por isso, mantenha em mente o que você espera que seus alunos aprendam com o seu conteúdo, e como a sua aula ajudará nesse processo. Dessa forma, será mais fácil pontuar os objetivos do seu plano de aula com as metodologias ativas.

3. Determine um cronograma 

Também é imprescindível definir um cronograma no plano de aula. Dessa forma, especifique as datas de início e de término, bem como a carga horária diária ou semanal que os alunos precisarão cumprir as atividades.

Também é muito importante informar as datas das provas e entregas de trabalhos, para que os estudantes possam realizar o próprio cronograma de estudos pessoal. 

4. Especifique os recursos didáticos que serão utilizados

Nessa parte, você deve verificar quais são os recursos disponíveis na instituição de ensino ou quais alternativas você terá acesso no momento de aplicar seu plano.

Lembre-se também, que a escolha da metodologia ativa a ser aplicada pode influenciar diretamente no uso desses materiais, visto que cada uma delas pode demandar aplicações diferentes. 

Por isso, se você deseja e/ou precisa de recursos como projetores, espaços abertos, laboratórios etc., certifique-se de reservá-los, caso seja necessário, e de avisar aos alunos com antecedência, caso eles exijam roupas específicas (como é o caso de alguns laboratórios). Assim, todos poderão participar ativamente desse encontro.

5. Escolha a metodologia ativa

A escolha da metodologia ativa precisa acompanhar os objetivos de aprendizagem pretendidos, assim como a demanda de aprendizagem dos seus alunos e o tempo disponível para a aula. 

Não há uma metodologia certa ou errada, é possível optar pela utilização de mais de uma metodologia ativa para abordar o mesmo conteúdo, possibilitando seu uso em conjunto.

Conforme mencionado no início, existem diversos tipos de metodologias ativas. Assim, é importante explicar qual será o método utilizado e como isso será feito na prática. 

Assim, você garante que todos os objetivos estão claros e que a sua aula seguirá uma linha de raciocínio. Isso aumenta as chances de os alunos compreenderem os motivos pelos quais fazem determinadas atividades e, desse modo, de que o seu processo de ensino-aprendizagem seja mais efetivo.

6. Avalie

Nessa etapa, você deve definir como pretende avaliar o desempenho dos alunos. Por meio da avaliação, é possível identificar se os objetivos foram alcançados e se os alunos se engajaram. 

A partir daí, o professor pode fazer uma recapitulação de tudo que aconteceu durante as aulas. Você pode anotar os imprevistos, os feedbacks dos alunos, se a dinâmica de ensino foi satisfatória ou se é necessário fazer melhorias e mudanças de alternativas para as próximas aulas. 

7. Informe as referências bibliográficas 

Por fim, coloque no plano todas as referências bibliográficas obrigatórias e complementares, para que os alunos possam consultar e ler a fonte correta dos conteúdos para o acompanhamento das aulas.

O plano de aula precisa considerar a realidade da instituição, sua estrutura física, os recursos disponíveis, a prática do professor e também o conhecimento dos alunos. Logo, o plano de aula baseado nas metodologias ativas deve se adequar à realidade de cada IES.

E agora que você já conhece os principais tipos de metodologias ativas no ensino superior, seus desafios e benefícios, que tal saber mais sobre suas possibilidades de aplicações? Uma ferramenta digital pode ser de grande ajuda neste processo de implementação. Para saber mais, confira nosso texto: ferramentas de metodologias ativas: como escolher para sua IES!

Qual o papel do professor no uso das metodologias ativas?

Sua função deve ser atuar como mediador entre o conhecimento e os alunos, estimulando essa interação e ajudando nas dificuldades.

Qual o maior desafio para o professor que quer trabalhar com metodologias ativas?

Sendo assim, um grande desafio do professor é utilizar essa facilidade de usar ferramentas digitais e direcioná-la para o aprendizado, além de evitar que o aluno use seus dispositivos para interesse próprio em classe. Para isso, uma boa solução é contar com plataformas de educação.

Qual o impacto das metodologias ativas na educação?

As metodologías ativas, se trabalhadas adequadamente pelo educador, colaboram com a aprendizagem do aluno. A relação do docente com o aluno também é fundamental para a aprendizagem do estudante.

Por que o professor precisa ter uma atitude inovadora para aplicar as metodologias ativas de ensino?

Apostar em metodologias ativas de aprendizagem, seja no ensino básico ou superior, traz uma série de benefícios, tanto para os estudantes quanto para a instituição. Os alunos ganham mais autonomia, o que colabora para a sua confiança e autoestima nos estudos.