O que ocorre quando aumenta a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera?

Dados de 2021 revelam que os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados

Onda de calor segue sobre o país e São Paulo pode ter temperatura mais quente do ano em pleno inverno Cris Faga / NurPhoto / Getty Images

Os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados no mundo, e a primeira análise da temperatura global em 2021 mostra uma elevação média de 1,2ºC C acima dos níveis pré-industriais, relata o Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S), da União Europeia. A avaliação também descobriu que o dióxido de carbono na atmosfera atingiu níveis recordes no ano passado e que as emissões do potente gás metano subiram “muito substancialmente”, gerando mais um recorde.

Os níveis de CO2 na atmosfera atingiram 414,3 partes por milhão em 2021, um aumento de cerca de 2,4 ppm em relação a 2020, afirmou o C3S.

As novas análises mostram, apesar do aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, 2021 foi o quinto ano mais quente já registrado até hoje, graças ao fenômeno climático natural e cíclico La Niña, que ajudou a "esfriar" o planeta, relata o The Guardian.

O La Niña ocorre quando ventos fortes "empurram" as águas quentes da superfície do Oceano Pacífico, que estão próximas à América do Sul, e as levam em direção às Filipinas. Com isso, as águas frias submarinas sobem à superfície, resfriando a atmosfera.

À medida que o aumento nas emissões de gases de efeito estufa aquecem ainda mais o planeta, em 2021, o clima extremo varreu o mundo provocando desde inundações na Europa e na China e temperaturas de 50ºC no Canadá, até incêndios florestais na Sibéria e nos Estados Unidos e clima congelante no sul do Brasil.

A agência meteorológica da China anunciou recentemente que 2021 foi o ano mais quente já registrado no país e que a região norte teve seu recorde de umidade. “Esses eventos são um forte lembrete da necessidade de mudar nossos caminhos, dar passos decisivos e eficazes em direção a uma sociedade sustentável e trabalhar para reduzir as emissões líquidas de carbono”, disse o diretor do C3S, Carlo Buontempo, à agência Reuters.

Já o professor Rowan Sutton, da Universidade de Reading, no Reino Unido, disse ao The Guardian que "em nível global, o aquecimento pode parecer gradual, mas é o impacto em eventos extremos em muitas partes diferentes do mundo que é dramático. Devemos ver os eventos recordes de 2021, como a onda de calor no Canadá e as inundações na Alemanha, como um soco na cara para fazer os políticos e o público acordarem para a urgência da emergência climática”.

O que é efeito estufa?  

O efeito estufa é causado por uma série de gases que retem parte do calor irradiado pela Terra, tornando-o mais quente e possibilitando a ocorrência de vida no planeta. Esses gases são os chamados gases de efeito estufa, compostos principalmente por gás carbônico (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e vapor d’água, entre outros. Sem esse fenômeno natural, o planeta poderia se tornar muito frio, inviabilizando a sobrevivência de diversas espécies.  

Normalmente, parte da radiação solar que chega ao nosso planeta é refletida e retorna diretamente para o espaço e outra parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície terrestre. Há ainda uma parte retida por essa camada de gases, o que causa o chamado efeito estufa.  

O problema é que muitas atividades humanas, principalmente queima de combustíveis fósseis e desmatamento, têm aumentado a concentração desses gases na atmosfera e, como consequência, elevado a temperatura média da Terra, causando mudanças climáticas.

Quais são os principais GEE (Gases de Efeito Estufa)?  

Os principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N20).  

O CO2 é o gás que tem maior contribuição para o aquecimento global, pois representa a maior parte das emissões de GEE e o seu tempo de permanência é de, no mínimo, 100 anos, resultando em impactos no clima ao longo de séculos.  

A quantidade de metano (CH4) emitida para a atmosfera é menor, mas seu potencial de aquecimento é 28 superior ao do CO2.  

A concentração de óxido nitroso (N20) também é pequena, mas o seu potencial de aquecimento é 265 vezes maior do que o CO2.

Quais são os países que mais emitem gases de efeito estufa?  

De acordo com o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), uma iniciativa do Observatório do Clima, o Brasil ocupa o quinto lugar entre os maiores emissores de GEEs, ficando atrás apenas de China, EUA, Rússia e Índia.  

Em termos históricos, de acordo com estudo de 2021 do Carbon Brief, site do Reino Unido especializado em ciência e política de mudanças climáticas, o maior emissor é os EUA, seguido de China, Rússia, Brasil e Indonésia.

O que é aquecimento global?  

Aquecimento global é o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra, que ocorre em função do aumento da concentração de gases do efeito estufa em nossa atmosfera.

Quais as principais consequências do aquecimento global?  

As consequências do aquecimento global são várias e algumas delas já podem ser sentidas em diferentes partes do planeta.

Os cientistas já observaram que o aumento da temperatura média do planeta tem elevado o nível do mar devido ao derretimento das calotas polares, podendo ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas densamente povoadas.  

E há previsão de uma frequência maior de eventos extremos climáticos (tempestades tropicais, ondas de calor, secas, nevascas, furacões, tornados e tsunamis) com graves consequências para populações humanas e ecossistemas naturais, podendo levar à extinção de espécies de animais e de plantas.

Quais as principais atividades humanas que causam o aquecimento global?  

Entre as principais atividades humanas que causam o aquecimento global (e, consequentemente, as mudanças climáticas) estão a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para geração de energia, atividades industriais e transportes; o desmatamento; e a agropecuária. Essas atividades emitem grande quantidade de gases de efeito estufa.  

No Brasil, o desmatamento tem sido responsável pela maior parte das nossas emissões e faz o país ser um dos líderes mundiais em emissões de gases de efeito estufa.  

Isso porque as áreas de florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de carbono por sua capacidade de absorver e estocar CO2. Mas, quando acontece um incêndio florestal ou uma área é desmatada, esse carbono é liberado para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.  

Além disso, as emissões de GEE por outros setores, como agropecuária e energia, vêm aumentando consideravelmente ao longo dos anos.

E o que podemos fazer para combater o aquecimento global?  

Existem várias maneiras de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa e os efeitos no aquecimento global.  

Algumas das possibilidades são: zerar o desmatamento, investir no reflorestamento e na conservação de áreas naturais, incentivar o uso de energias renováveis não convencionais (solar, eólica e biomassa), preferir utilizar biocombustíveis (etanol e biodiesel) a combustíveis fósseis (gasolina e óleo diesel), investir na redução do consumo de energia e na eficiência energética, reduzir, reaproveitar e reciclar materiais, investir em tecnologias de baixo carbono e melhorar o transporte público com baixa emissão de GEE.  

Essas medidas podem ser estabelecidas através de políticas nacionais e internacionais de clima.

Quais as causas do aquecimento global e das mudanças climáticas?  

As mudanças climáticas podem ter causas naturais, como alterações na radiação solar e nos movimentos orbitais da Terra, ou podem ser consequência das atividades humanas.  

O IPCC (sigla em inglês para Intergovernmental Panel on Climate Change e, em tradução livre, Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas, afirma que a influência humana no aquecimento da atmosfera, oceanos e continentes é "inequívoca".  

A partir da Revolução Industrial, o homem passou a emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa, em especial o dióxido de carbono. Nesse período, a concentração desse gás passou de cerca de 280 ppm para os atuais 410 ppm, intensificando significativamente o efeito estufa.

O que são as mudanças climáticas?

As mudanças climáticas se referem às flutuações de longo prazo na temperatura, precipitação, vento e outros aspectos relacionados ao clima e ao tempo. A UNFCCC (sigla em inglês para United Nations Framework Convention on Climate Change e, em tradução livre, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) a descreve como a mudança do clima que é atribuída direta ou indiretamente à atividade humana, que altera a composição da atmosfera global, e se soma à variabilidade climática natural observada em períodos de tempo comparáveis.

O que faz a UNFCCC?  

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é uma base de cooperação internacional em que os países-membros buscam estabelecer políticas para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em um nível no qual as atividades humanas não interfiram seriamente nos processos climáticos.  

A primeira reunião aconteceu em 1992, durante a ECO-92, Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro (RJ). O texto da convenção foi assinado e ratificado por 197 países, reconhecendo a necessidade de um esforço global para o enfrentamento das questões climáticas.  

Com a entrada em vigor da Convenção do Clima, os representantes dos diferentes países passaram a se reunir anualmente para discutir a sua implementação. Essas reuniões são chamadas de COPs (Conferências das Partes).

O que é o Protocolo de Quioto?  

O Protocolo de Quioto é um tratado internacional que estipula as metas de reduções obrigatórias dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012.  

Apesar da resistência por parte de alguns países desenvolvidos, foi acordado o princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada. Assim, os países desenvolvidos e industrializados, por serem responsáveis históricos das emissões e por terem mais condições econômicas para arcar com os custos, seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012.  

Em 2012, durante a COP 18 em Doha, foi adotado um segundo período de compromisso, começando em 2013 e durando até 2020.

O que é MDL?  

O MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) é um instrumento que integra o Protocolo de Quioto e permite que os países desenvolvidos invistam em projetos para redução de emissões em países em desenvolvimento. Esses projetos podem ganhar créditos vendáveis de CER (sigla em inglês para Certified Emission Reductions, e, em tradução livre, Redução de Emissões Certificadas), cada um equivalente a uma tonelada de CO2, que podem ser contados para o cumprimento das metas de Quioto.

O que é REDD?  

REDD é uma sigla que significa Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. Trata-se de um mecanismo criado para incentivar que as florestas sejam conservadas, evitando o desmatamento e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa.  

Surgiu em 2013 durante a Conferência das Partes em Bali, na Indonésia, e, posteriormente, incluíram no seu conceito atividades de conservação e manejo sustentável das florestas em países em desenvolvimento, alterando-se a sigla para REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal e o Papel da Conservação, Manejo Sustentável de Florestas e Aumento dos Estoques de Carbono Florestal Em países em Desenvolvimento).

As florestas são de vital importância para atingir os objetivos do Acordo de Paris, e a estrutura de REDD + é, portanto, reconhecida no Artigo 5 do Acordo de Paris, adotado na COP 21.

O que é NDC?   

Também estabelecida no Acordo de Paris, as NDCs (sigla em inglês para Nationally Determined Contributions e, em tradução livre, Contribuição Nacionalmente Determinada) englobam os esforços de cada país para reduzir as emissões nacionais e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas, com o objetivo de alcançar os objetivos do Acordo. Cada país deve preparar, comunicar e manter sucessivas NDCs que representem uma progressão em comparação com a NDC anterior e reflitam sua ambição mais elevada possível.

O que é o Acordo de Paris?  

O Acordo de Paris é um tratado internacional juridicamente vinculante sobre mudança climática. Foi adotado por 196 países na COP 21, em Paris, em 12 de dezembro de 2015, e entrou em vigor em 4 de novembro de 2016.

Seu objetivo é manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2°C, com esforços para limitar a 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais.  

O Acordo de Paris é um marco no processo multilateral de mudança climática porque, pela primeira vez, um acordo vinculante reúne todas as nações em uma causa comum para empreender esforços ambiciosos para combater a mudança climática e se adaptar a seus efeitos.  

O acordo histórico teve sucesso porque permitiu a cada país definir suas próprias metas de redução de emissões e adotar suas próprias estratégias para alcançá-las.

O que acontece quando a concentração de gases de efeito estufa aumenta na atmosfera?

calor e chuvas intensos; derretimento do gelo; aumento do nível do mar; acidificação dos oceanos.

Quais os danos o efeito estufa causa a atmosfera?

A consequência da intensificação do efeito estufa na atmosfera é o aquecimento global. Segundo pesquisas científicas, a temperatura média da Terra, nos últimos cem anos, sofreu uma elevação de cerca 0,5 ºC.

Quais são as causas e as consequências do efeito estufa?

Isso o ocorreu devido a problemas urbanos, como a emissão de CO2, e o desmatamento de florestas. A poluição do ar, graças à emissão dos gases de efeito estufa (GEE), acontece principalmente pela utilização de combustíveis fósseis. Eles liberam substâncias como o dióxido de carbono e o metano na atmosfera.

Quais são as consequências do aumento do efeito estufa Brainly?

Aumento das temperaturas A emissão desenfreada desse e de outros gases acentua a ação do efeito estufa, engrossando a camada protetora a ponto de não permitir que a radiação solar, depois de refletida na Terra, volte para o espaço, o que bloqueia o calor.