O que se pode concluir sobre o destino da produção colonial brasileiro com base no texto?

O artigo examina as relações entre o tráfico negreiro transatlântico para o Brasil, os padrões de alforria e a criação de oportunidades para a resistência escrava coletiva (formação de quilombos e revoltas em larga escala), do final do século XVII à primeira metade do século XIX. Valendo-se das proposições teóricas de Patterson e Kopytoff, sugere uma interpretação para o sentido sistêmico do escravismo brasileiro na longa duração, sem dissociar a condição escrava da condição liberta, nem o tráfico das manumissões.

escravidão; história do Brasil; tráfico negreiro; alforrias; resistência escrava


The article examines the relationships between the transatlantic slave trade for Brazil, manumissions patterns and the creation of opportunities for collective slave resistance (formation of maroons communities and large revolts), from the end of the XVIIth century to the first half of the XIXth century. Based on the theoretical propositions of Patterson and Kopytoff, it suggests an interpretation for the Brazilian slave system in the long duration without dissociating the slave condition from the freedman one and the slave trade from the manumissions.

slavery; Brazilian history; transatlantic slave trade; manumissions; slave resistance


A dinâmica da escravidão no Brasil

Resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX1 [1 ] Texto originalmente apresentado ao I Encontro entre Historiadores Colombianos e Brasileiros, promovido pelo Ibraco em Bogotá, Colômbia, em agosto de 2005. [2 ] Sobre Palmares, ver, de Décio Freitas: Palmares, a guerra dos escravos. Rio de Janeiro: Graal, 1990 (1a ed. 1971) e República de Palmares. Pesquisa e comentários em documentos históricos do século XVII. Maceió: Editora da Ufal, 2004. Sobre a resistência escrava no Caribe inglês e francês e no Suriname, ver Patterson, Orlando. "Slavery and slave revolts: a socio-historical analysis of the First Maroon War, 1655-1740". Social and Economic Studies, vol. 19, no 3, set. 1970; Craton, Michael. Testing the chains. Resistance to slavery in the British West Indies. Ithaca: Cornell University Press, 1982; Price, Richard. First-Time. The historical vision of an Afro-American people. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1983; Dubois, Laurent. Avengers of the New World. The story of the Haitian revolution. Cambridge, MA: Belknap Press, 2004. [3 ] Sobre a atividade quilombola em Minas Gerais, ver Guimarães, Carlos Magno. Uma negação da ordem escravista. Quilombos em Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: Ícone, 1988; sobre o ciclo de revoltas na Bahia, ver Reis, João José. Rebelião escrava no brasil. A história do levante dos malês em 1835. Ed. revista. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. [4 ] Essa é a explicação proposta por Stuart Schwartz, que encontrou largo desenvolvimento no trabalho de Silvia Lara. Ver, respectivamente desses dois historiadores, os ensaios "Repensando Palmares: resistência escrava na Colônia". In: Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru: Edusc, 2001, e "Do singular ao plural: Palmares, capitães-do-mato e o governo dos escravos". In: Reis, João José & Gomes, Flávio dos Santos (orgs.). Liberdade por um fio. História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. [5 ] A idéia que subjaz a essa diferenciação deriva em parte da proposta de Robin Blackburn para a contraposição entre "escravidão barroca" e "escravidão moderna". Ver The making of New World slavery. From the Baroque to the Modern, 1492-1800. Londres: Verso, 1997. Blackburn, no entanto, não levou em devida conta a inserção das regiões de "escravismo barroco" na modernidade, dentro da lógica do mercado mundial. Ver, a respeito, as críticas pertinentes de Stuart Schwartz em "Review of the Making of New World Slavery: From the Baroque to the Modern, 1492-1800, by Robin Blackburn". In: William and Mary Quarterly, série 3, vol. LV, no 3, jul. 1998. [6 ] Ver, a respeito, os seguintes trabalhos: Schwartz, Stuart. "Alforria na Bahia, 1684-1745". In: Escravos, roceiros e rebeldes, pp. 165-212; Slenes, Robert. The demography and economics of Brazilian slavery: 1850-1888. Tese de doutorado em História. Stanford: Stanford University, 1976; Alencastro, Luiz Felipe de. "La traite négrière et l'unité nationale brésilienne". Revue Française d'Histoire d'Outre-Mer, nos 244-245, 1979; Eisenberg, Peter. "Ficando livre: as alforrias em Campinas no século XIX". In: Homens esquecidos. Escravos e trabalhadores livres no Brasil, séculos XVIII e XIX. Campinas: Editora da Unicamp, 1989; Karash, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras, 2000; Mattos, Hebe Maria. "A escravidão moderna nos quadros do Império português: o Antigo Regime em perspectiva atlântica". In: Bicalho, M. F.; Gouvêa, M. de F. & Fragoso, João (orgs.) Antigo Regime nos Trópicos. A dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001; Florentino, Manolo. "De escravos, forros e fujões no Rio de Janeiro Imperial". Revista USP. Dossiê Brasil Imperial, no 58, jul.-ago. 2003. [7 ] Kopytoff, Igor. "Slavery". Annual Review of Anthropology, vol.11, 1982, pp. 221-22. Ver também Patterson, Orlando. Slavery and social death. A comparative study. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1982. [8 ] Cf. Miller, Joseph C. "O Atlântico escravista: açúcar, escravos e engenhos". Afro-Ásia, nos 19-20, 1997. [9 ] Cf. Schwartz, Stuart. Segredos internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, pp. 22-73; Alencastro, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 69. Todos os dados sobre o tráfico transatlântico de africanos para o Brasil doravante citados foram retirados dessa fonte. [10 ] Cf. Alencastro, O trato dos viventes, pp.188-246; Marquese, Rafael de Bivar. Administração & escravidão. Idéias sobre a gestão da agricultura escravista brasileira. São Paulo: Hucitec, 1999, pp. 42-49; Puntoni, Pedro. A mísera sorte. A escravidão africana no Brasil holandês e as guerras do tráfico no Atlântico Sul, 1621-1648. São Paulo: Hucitec, 1999. [11 ] Cf. Emmer, P. C. "The Dutch and the making of the second atlantic system". In: Solow, B. (org.). Slavery and the rise of the Atlantic System. Cambridge: Cambridge University Press, 1991. [12 ] Cf. Schwartz, "Repensando Palmares", pp. 244-55. [13 ] Cf. Schwartz, "Alforria na Bahia, 1684-1745", pp. 165-212. [14 ] Marcílio, Maria Luiza. "A população do Brasil colonial". In: Bethell, Leslie (org.). História da América Latina. Vol. 2: América Latina Colonia l. São Paulo: Edusp/Funag, 1999, p. 321. [15 ] Para uma visão de conjunto, ver o trabalho de síntese de Souza, Laura de Mello & Bicalho, Maria Fernanda. 1680-1720. O império deste mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. [16 ] Dentre esses estudos, veja-se com proveito Vallejos, Julio Pinto. "Slave control and slave resistance in colonial Minas Gerais, 1700-1750". Journal of Latin American Studies, vol.17, no 1, maio 1985. [17 ] Reis, João José. "Quilombos e revoltas escravas no Brasil". Revista USP. Dossiê Povo Negro — 300 anos. no 28, dez. 1995-fev. 1996, p.18. [18 ] Apud Lara, Silvia. "Do singular ao plural: Palmares, capitães-do-mato e o governo dos escravos", p. 90. [19 ] Cf. Ramos, Donald. "O quilombo e o sistema escravista em Minas Gerais do século XVIII". In: Reis, João José & Gomes, Flávio dos Santos (orgs.). Liberdade por um fio. História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. [20 ] Russell-Wood, A. J. R. Escravos e libertos no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 315. [21 ] Cf. Watts, David. Las Indias Occidentales. Modalidades de desarrollo, cultura y cambio medioambiental desde 1492. Madri: Alianza Editoral, 1992, pp. 355-70. [22 ] Sobre a escravidão na América inglesa continental e na América espanhola, ver Blackburn, The making of New World slavery, pp. 457-508. [23 ] Cf. Marcílio, "A população do Brasil colonial". [24 ] Alencastro, O trato dos viventes, p. 353. [25 ] Cf. Florentino, Manolo. Em costas negras. Uma história do tráfico atlântico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVII e XIX). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995. [26 ] Cf. Barickman, B. J. Um contraponto baiano. Açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. [27 ] Reis, João José. Rebelião escrava no Brasil, p. 9. [28 ] Reis, op cit., p. 322. [29 ] Cf. Needell, Jeffrey. "The abolition of the Brazilian slave trade in 1850: historiography, slave agency and statesmanship". Journal of Latin American Studies, vol. 33, no 4, nov. 2001. [30 ] Para esta visão ideológica, ver os trabalhos de Sousa, Laura de Mello. Desclassificados do ouro. A pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 1983, e Lara, Silvia H. Fragmentos setecentistas. Escravidão, cultura e poder na América portuguesa. Tese de livre-docência. Campinas: IFCH/ Unicamp, 2004. [31 ] Cf. Koster, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Editora Massangana, 2002, capítulos XVIII e XIX, 2 vols. (1a ed. 1816). [32 ] Apud Berbel, Márcia Regina & Marquese, Rafael de Bivar. "A escravidão nas experiências constitucionais ibéricas, 1810-1824". Texto apresentado ao Seminário Internacional Brasil, de um Império a Outro (1750-1850) (Departamento de História, USP, set. 2005). Disponível em www.estadonacional.usp.br. [33 ] Cf. Marquese, Rafael de Bivar & Parron, Tâmis Peixoto. "Azeredo Coutinho, Visconde de Araruama e a Memória sobre o comércio dos escravos de 1838". Revista de História, vol.152, 1o semestre 2005, p. 122.

O que se pode concluir sobre o destino da produção colonial?

O destino da produção colonial brasileira era o mercado externo, principalmente o mercado europeu, onde o açúcar era um produto valorizado, o que possibilitou altos lucros para toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar no Brasil.

Quais foram os principais motivos que levaram a produção de açúcar na região Nordeste?

O cultivo da cana-de-açúcar se deu por várias razões favoráveis. O solo do litoral brasileiro é formado por uma composição denominada “massapê”. Esse tipo de solo é mais propício para o cultivo da cana de açúcar. O clima do Brasil também favorecia a planta, permitindo que se desenvolvesse o cultivo em larga escala.

O que aconteceu com as exportações de açúcar ao longo dos anos?

As exportações registradas em 2020 reforçam a questão. Ao longo dos 12 meses do ano, foram comercializadas 30,79 milhões de toneladas de açúcar – o maior valor da série histórica iniciada em 2009. Na comparação com 2019, por exemplo, o montante representa um crescimento de 72,1%.

Quando a produção de açúcar no Brasil Colonial é correto afirmar que?

Sobre a produção de açúcar, no Brasil colonial é correto afirmarA)Praticada por grandes, médios e pequenos lavradores, permitiu a formação de uma sólida classe média rural. B)Não exigindo muitos braços, desencorajou a importação de escravos, liberando capitais para atividades mais lucrativas.