29/06/2007 - 20:50 Show Ela preside a fundação responsável pelo único parque das Américas considerado pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade, o Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI). E foi ela quem descobriu partes do esqueleto mais antigo do Brasil, que data de 13 mil anos atrás. São mais de três décadas dedicadas ao estudo dos primeiros humanos habitantes da Terra. Niède Guidon, uma das cientistas mais conhecidas no mundo e a mais importante arqueóloga brasileira, foi entrevistada pelo programa Personalidade. Participaram da entrevista o pesquisador do Centro-Oeste Bismarque Villa Real, o jornalista da Rádio Câmara José Carlos Oliveira e a jornalista da TV Câmara Isabele Carvalho. Isabele Carvalho: A senhora nasceu em Jaú, interior de São Paulo. Como foi parar no interior do Piauí e como foi a criação do Parque Nacional Serra da Capivara? Isabele Carvalho: Qual a importância dos achados no Parque da Serra da Capivara? José Carlos Oliveira: Apesar da importância histórica para a arqueologia mundial, o parque ainda carece de infra-estrutura. Quais as principais dificuldades? Bismarque Villa Real: Como a população local foi inserida nesse projeto? Em muitos sítios arqueológicos no Brasil as pessoas, inadvertidamente, pegam alguma peça, levam para casa, criam seu museu particular. Houve alguma relevância de peças que foram tiradas de lá? Isabele Carvalho: Quais projetos a
Fundação implantou para tentar melhorar a vida dessas pessoas? Bismarque Villa Real: Com relação ao envolvimento da comunidade, estive lá, há uns 4 anos, e vi que o
trabalho de cerâmica é muito rico. Gostaria que a senhora explicasse a origem desse trabalho. José Carlos Oliveira: Vocês têm um extenso núcleo de apoio à comunidade. Quantas pessoas participam desse projeto de inclusão social? Isabele Carvalho: A saída seria buscar recursos da iniciativa privada ou correr atrás do Governo para que ele faça a sua parte? Bismarque Villa Real: Existem dados numéricos em relação ao turismo? Isabele
Carvalho: A importância do parque é conhecida mundialmente. Por que ainda não foi implantado um projeto de turismo efetivo nesse e nos outros parques? Será que é simplesmente falta de decisão política? José Carlos Oliveira - A senhora identifica essa falta de vontade política em outros setores, em outras
necessidades urgentes para o desenvolvimento do País? Bismarque Villa Real: Como estão os outros sítios do Brasil? Como está a política nesse sentido? Isabele Carvalho - O Estado, nos anos 80, foi o grande depredador desses vestígios arqueológicos, quando se construíam hidrelétricas e estradas sem mapeamento arqueológico. E, mesmo sabendo da existência desses vestígios, não se interrompiam as obras. Isso mudou? José Carlos Oliveira - Falta alguma tradição ou percepção maior das autoridades em
relação à importância da arqueologia? José Carlos Oliveira - Só existe um curso de arqueologia, hoje, no País? Isabele Carvalho: Que turismo precisamos implantar nesses locais? O turismo pode ser também uma atividade que causa grande impacto ao local, ele pode ser depredador. Isabele Carvalho: No governo brasileiro, existe uma briga comum entre as pastas de Meio Ambiente, de Agricultura e de Ciência e Tecnologia, porque cada uma tem
suas metas, não é um trabalho integrado. Também há falta de continuidade dos projetos com as mudanças de governo. O que é pior? Isabele Carvalho: O projeto de corredores ecológicos, tão antigo, para ligar as áreas protegidas, iria ser implantado também na Serra da Capivara, ligando-a à Serra das Confusões. Como está isso? Bismarque Villa Real: A senhora falou a respeito do desmatamento Nestes anos todos que está no Piauí, a senhora percebeu uma mudança drástica? José Carlos Oliveira: A senhora é autora de um artigo no qual fala que teríamos até passado dos limites de utilização, de avanço tecnológico e que o homem está entrando numa rota de depredação da natureza. Bismarque Villa Real: Perdemos a oportunidade de aprender muito com os índios. E ainda estamos perdendo com o que resta dos índios. Isabele Carvalho: E as pinturas que a senhora analisou no Parque Nacional, o que elas nos trazem sobre a vida desses primeiros habitantes? Isabele
Carvalho: Como o governo e a sociedade brasileira vão se portar agora que a mídia resolveu dar visibilidade à questão do aquecimento global? As pessoas vão se conscientizar? José Carlos Oliveira: Como a
senhora analisa a legislação nesse setor? Ela é avançada? Bismarque Villa Real:
Com relação à questão técnica, as universidades geram os profissionais em quantidade correta para atender toda essa demanda? Bismarque Villa Real: Mas esse técnico vai para o interior, fica e gosta? Isabele Carvalho: Para encerrar, gostaria que
a senhora fizesse uma rápida avaliação do governo brasileiro em relação às políticas públicas de preservação e falasse qual é a sua expectativa para o futuro. Por que outros cientistas não aceitam as provas de Niède Guidon como válidas?Outros cientistas, porém, não aceitaram as provas apresentadas por Niède Guidon, dizendo que o carvão encontrado por ela pode ter sido produzido por incêndios florestais e que as lascas de pedra podem ser resultado do esfacelamento das rochas; ou seja, esses materiais seriam resultado de fenômenos naturais, e não da ...
Por que a hipótese defendida pela arqueóloga Niède Guidon?A hipóteses defendida pela arqueóloga Niede Guidon sobre o povoamento da América pouco aceita no meio científico internacional porque segundo eles as provas encontradas para defender a teoria de que o homem estava no continente americano há cerca de 50 mil anos no são concretas e conclusivas.
Quais são os debates em torno da teoria de Niède Guidon?Segundo Niède, o material arqueológico resgatado até agora no Piauí – alvo de controvérsias entre os estudiosos – indica que o homem chegou à região há cerca de 100 mil anos. A pesquisadora acredita que o Homo sapiens deve ter vindo da África por via oceânica, atravessando o Atlântico.
Qual é a principal tese da arqueóloga Niède Guidon?Niéde Guidon sustentam a tese de que o povoamento do continente americano se deu muito antes do que se acreditava. Enquanto a hipótese mais aceita do povoamento das Américas postula que os primeiros humanos chegaram ao continente há 15.000 anos, alguns dos sítios arqueológicos da Dra.
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