Porque a indústria brasileira se concentrou na região Sudeste do Brasil?

Em dez anos, a indústria nacional ficou menos concentrada nos estados do Sudeste e ganhou força em outras regiões do país. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra como, entre os biênios 2007/2008 e 2017/2018, a produção industrial migrou de São Paulo e do Rio de Janeiro para outros estados.

Porque a indústria brasileira se concentrou na região Sudeste do Brasil?
Porque a indústria brasileira se concentrou na região Sudeste do Brasil?

No período, o Sudeste reduziu a participação no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria em 7,66 pontos percentuais. O Nordeste ganhou 2,06 pontos percentuais (pp) em participação e a Região Sul, 2,46 pontos percentuais.

Mesmo assim, o Sudeste continua responsável por 53,9% do PIB industrial, seguido pelo Sul com 19,4%. O Nordeste tem 12,93% de participação; o Norte, 7%; e o Centro-Oeste, 6,7%.

Indústria de transformação

No principal segmento industrial do país, a indústria de transformação, vários setores tiveram migrações importantes para fora da Região Sudeste, que ainda concentra 55,1% da produção manufatureira. São Paulo concentra 38,14% de todo o valor produzido por esse setor.

Apesar de ainda ser o estado mais importante na produção manufatureira, São Paulo perdeu espaço em diversos setores. Na indústria de celulose, a participação da indústria paulista caiu de 50,31% para 31% em dez anos. Apesar de ainda ser o maior produtor, outros estados passaram a ter maior importância, como Mato Grosso do Sul, que respondia por 0,23% da produção no biênio 2007/2008 e se tornou o terceiro maior produtor nacional em 2017/2018, respondendo por 11,08% do total.

No setor de vestuário, São Paulo foi ultrapassado por Santa Catarina. Nos anos 2007/2008, a indústria paulista produzia cerca de R$ 4 bilhões em produtos de vestuário e as empresas catarinenses, R$ 2,5 bilhões. Dez anos depois, Santa Catarina tem 26,75% da produção do setor, equivalente a R$ 6,6 bilhões ao ano, enquanto São Paulo tem uma parcela de 22,57% da manufatura de vestuário do país (R$ 5,5 bilhões).

A Bahia foi o estado que mais ganhou espaço na indústria de transformação, passando de uma participação de 2,6% para 4,05% da produção brasileira. A indústria baiana conseguiu destaque na fabricação de produtos minerais não metálicos (cimento, tijolos, vidro), em máquinas e materiais elétricos e bebidas.

Pernambuco foi o segundo estado que mais aumentou em pontos percentuais a participação na indústria de transformação nacional, com o crescimento de 1,3 pp, chegando a 2,84% da produção do país. Esse resultado foi possível com a expansão no estado da indústria de veículos, derivados de petróleo e biocombustíveis.

Indústria de extração

Na indústria extrativa, o Rio de Janeiro perdeu 22,45 pontos percentuais de participação, caindo de 61,54% da produção nacional para 39,09% em dez anos.  Essa queda se deve, principalmente, à redução dos preços médios do petróleo e gás natural, setor que representa 88% da indústria extrativa fluminense.

Mesmo com uma perda de 3,85 pontos percentuais em dez anos, o Sudeste ainda é responsável por 75,54% da indústria extrativa do país. No período, a Região Norte ganhou 9,94 pontos percentuais, ficando com parcela de 16,9% da indústria de extração.  O Pará é o terceiro estado mais importante do segmento, com 15,97% da produção nacional. Esse resultado se deve à alta dos preços especialmente dos minerais metálicos.

Construção

Na indústria da construção, a Região Sudeste caiu 9,69 pontos percentuais na parcela de participação do segmento, concentrando 38,45% dessa produção.

Em dez anos, o Norte teve uma expansão de 6,61 pontos percentuais e, agora, responde por 12,6% da indústria da construção do pais. A Região Nordeste concentra 20,16% do segmento da construção, após crescer 4,95 pontos percentuais em uma década.

A localização industrial no Brasil

A Indústria no Brasil

O parque industrial brasileiro está amplamente concentrado nos estados do Centro-Sul e nas maiores regiões metropolitanas. Porém, nas últimas décadas, vem passando por um processo de dispersão espacial, que acontece à medida que se vai dispersando a infraestrutura de transportes, energia e comunicações e o poder público oferece benefícios fiscais para atrair investimentos.  No interior das regiões e dos estados está ocorrendo o mesmo processo.

Histórico

A economia brasileira só começou a se estruturar em escala nacional a partir da segunda metade da década de 1930. Até então, a organização espacial das atividades econômicas era dispersa e as economias regionais - chamadas de "arquipélagos econômicos regionais" - se estruturavam de forma quase totalmente autônoma.

Com a crise do café e o início da industrialização, comandado pelo Sudeste, esse quadro mudou. A oligarquia agrária do setor cafeeiro passou a investir no setor industrial, instalando, principalmente em São Paulo, uma indústria moderna para os padrões da época. O governo federal, com Getúlio Vargas como presidente, passou a promover a integração dos "arquipélagos regionais" através da instalação de um sistema de transportes ligando os Estados, o que aumentou o fluxo de mercadorias e pessoas entre os mesmos.

Com o sistema de transportes integrando os "arquipélagos regionais" houve uma invasão dos produtos industrias, vindo do Sudeste, nas outras regiões do Brasil. Isto causou a falência de indústrias nas demais regiões que não conseguiam competir. O centro econômico e industrial se estabeleceu em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A partir de então, até a década de 1980, a concentração espacial da indústria na região Sudeste se explica por alguns fatores básicos:

  • Complementaridade industrial - as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às automobilísticas; às petroquímicas, próximo às refinarias etc.;
  • Concentração de investimentos públicos nos setores de energia e transportes - por fim, é mais barato para o governo concentrar investimentos em determinada região do que espalhá-los pelo território nacional.
  • Maior densidade de consumo, proporcionada pelo desenvolvimento da lavoura cafeeira.
  • A imigração, que proporcionou à indústria nacional a habilitação técnica superior do trabalhador europeu.

A supremacia dessa concentração industrial seria confirmada pelo censo de 1920. No Centro-Sul, localizavam-se 79,8% dos estabelecimentos industriais, 85,2% do capital, 84,8% do valor da produção e 79,2% do número de trabalhadores.

São Paulo tornou-se a região chave da industrialização brasileira, sendo o estado mais equipado do País quanto à infraestrutura de energia e de transportes.

Essa tendência à concentração perdurou até o final da década de 1970, quando as medidas tomadas pelo Governo nas décadas anteriores passaram a mostrar resultados. Com o processo de concentração industrial no Sudeste e a estagnação econômica das outras regiões do País, o governo federal, a partir do final da década de 1950, passou a intervir na economia via órgãos de planejamento. Esses órgãos foram respectivamente denominados de SUDENE, SUDECO, SUDAM, SUDESUL. Também foram criados polos siderúrgicos e petroquímicos e grandes usinas hidrelétricas na região Nordeste.

Com o desenvolvimento de uma infraestrutura em outras regiões, a indústria passou a se dispersar. Atualmente, existe uma tendência de descentralização, sendo um processo de deslocamento das indústrias em direção às cidades do interior, com altos índices de crescimento econômico. Esse processo de dispersão industrial ocorre em escala nacional. Mas a Região do Sudeste permanece com a maior concentração industrial.

Porque a indústria brasileira se concentrou na região Sudeste do Brasil?

O grupo formado por São Paulo (32,6%), Rio de Janeiro (11,2%), Minas Gerais (9,3%), Rio Grande do Sul (6,4%) e Paraná (5,8%) concentrava 65,2% do PIB em 2011. Os 10 estados com participações menores somaram 5,3% do PIB.

Ocorre também uma integração do mercado nacional, com a venda e compra de produtos entre regiões.

Sudeste

Mais de 70% da produção industrial do Brasil se encontra na região Sudeste.

Desde o século XVIII, com a mineração, e, particularmente, a partir do século XIX, com a expansão da cafeicultura, a Região Sudeste foi se firmando como a área de atração de população e capitais. Foram vários os fatores que fizeram do Sudeste a maior região industrial do Brasil: o estabelecimento de um mercado consumidor e financeiro, o crescimento urbano, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, maior número de universidades e centros de pesquisa, o desenvolvimento rodo (ferroviário e portuário), fluxo imigratório estrangeiro e recursos naturais favoráveis, inclusive potencial hidroelétrico, reservas de ferro e manganês, e solos férteis.

Tradicional polo industrial, a Região Sudeste concentra cerca de 70% do volume de vendas do setor industrial do país e 65% da mão de obra. É também o centro econômico e financeiro do país, e a abriga importantes centros comerciais e de serviços, principalmente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Campinas e Santos. É também um centro de inovação tecnológica.

Empresas estão abandonando as áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro e se instalando no interior ou em outros estados. Os grandes eixos rodoviários estaduais, principalmente os de São Paulo, tem atraído a instalação de indústrias.

São Paulo

A concentração da indústria brasileira em São Paulo foi determinada pelo processo histórico. Quando se iniciava o processo de industrialização, São Paulo, devido à cafeicultura, já estava provido dos principais fatores necessários para a instalação de indústrias: capital, mão de obra e mercado consumidor.

São Paulo se mantém como principal polo industrial do Brasil. Em 2011, foi responsável por 7,9% do valor adicional bruto da indústria.

O estado de São Paulo, que detém 40,3% dos estabelecimentos industriais do país, é responsável por 51,8% da produção nacional. São Paulo é o estado mais rico do Brasil: possui o maior PIB entre os estados brasileiros e é um dos polos econômicos da América Latina. Em 2010, o PIB de São Paulo representou 33,1% do nacional.

A Região Metropolitana de São Paulo é a área de maior concentração industrial da América Latina, onde se observa uma grande diversificação industrial (metalurgia, mecânica, química, petroquímica, têxtil, alimentícia, construção, transporte, elétrica e eletrônica, etc.). Essa área inclui a cidade de São Paulo, O ABCD Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Diadema), Campinas, Jundiaí e São José dos Campos.

Encontra-se em São Paulo várias empresas multinacionais que se instalaram devido ao acesso à mão de obra, ao grande mercado consumidor e ao fácil acesso à exportação devido à presença de um sistema de transporte desenvolvido. Entre essas empresas estão as automobilísticas, de máquinas, de produtos químicos, entre outras.

Várias cidades do estado – a própria capital, Campinas, São José dos Campos e Baixada Santista, entre outras – são tecnopolos, isto é, centros de produção e difusão de tecnologia de ponta.

Eixos de industrialização de São Paulo:

  • Vale do Paraíba (via Dutra, com São José dos Campos como principal centro).
  • Via Anchieta e Imigrantes (até Baixada Santista).
  • Via Anhanguera (em direção a Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto).
  • Via Raposo Tavares e Via Castelo Branco (em direção à Sorocaba).
  • Washington Luís (em direção a São Carlos, Rio Claro, São José do Rio Preto)

Diversos fatores impulsionam a saída de indústrias da cidade de São Paulo: o trânsito, que desperdiça tempo e encarece os custos da circulação de mercadorias, os altos impostos, o espaço caro e limitado, o elevado custo de vida e a forte atuação de sindicatos de trabalhadores, que encarecem a mão de obra e exigem condições melhores de trabalho.  

Rio de Janeiro

Responde por 11,2% (IBGE 2011) do PIB nacional, onde se destacam duas das maiores concentrações industriais: a área metropolitana do Rio de Janeiro e o Vale do Paraíba (com Volta Redonda e Campos).

Na cidade do Rio de Janeiro as indústrias de refino de petróleo, material de transporte, têxtil, roupas, alimentos, tecelagem, entre outras são as que têm maior peso.

Minas Gerais

O estado de Minas Gerais é um dos maiores parques industriais da Região Sudeste e do Brasil. Isto se deve à instalação de diversas indústrias que foram atraídas ao estado devido a incentivos fiscais, oferta de energia e mão de obra barata e abundância de minerais. Os principais ramos são o metalúrgico, químico, alimentício, automobilístico e extrativo mineral.

Destaca-se a zona siderúrgica e metalúrgica, centralizada em Belo Horizonte, que utiliza o minério de ferro e manganês do Quadrilátero Ferrífero. Belo Horizonte é também o centro de indústrias diversificadas.

Região Sul

A industrialização da Região Sul iniciou-se com a vinda de imigrantes europeus, no começo do século XIX, que se engajaram em atividades artesanais e “indústrias tradicionais” (alimentícia, têxtil) com o objetivo de sustentar suas famílias. Essas indústrias domésticas deram origem a indústrias de grande porte, como as têxteis, as vinícolas e as de artefatos de couro.

A Região Sul é a segunda região industrial do país. Os três principais ramos, em valor de transformação, são o metalúrgico, o mecânico e o químico. Devido ao fato de estar localizada na fronteira dos principais parceiros brasileiros do Mercosul, a região apresentou grande crescimento de seu setor industrial a partir da segunda metade da década de 1990.

Rio Grande do Sul

Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é o maior centro econômico, político e cultural da sub-região sul do Brasil. Destacam-se também as cidades de Caxias do Sul e São Lourenço (indústria vinícola), Novo Hamburgo (artesanato de couro) e Rio Grande (indústria química e alimentícia).

Paraná

Curitiba, que se tornou um polo de grande atração populacional, é uma cidade com concentração de indústrias de tecnologia avançada e de grande escala. Inclui indústrias de material de transporte e de material elétrico e químico.

Destacam-se também no Estado do Paraná as cidades de Londrina, Ponta Grossa, Apucarana e Maringá.

Santa Catarina

No parque industrial de Santa Catarina, destacam-se as cidades de Itajaí, Blumenau, Brusque e Joinville. É uma área de colonização alemã, onde predominam pequenas e médias propriedades agrícolas e pequenas e médias empresas, que atuam no setor têxtil, alimentício, agroindustrial, de vestimentas, calçados etc.

Por que as indústrias brasileiras se concentram na região Sudeste?

Os minérios e as energias favoreceram a expansão das indústrias, tendo em vista que esse dois são importantes e fundamentais elementos dentro do processo de industrialização, nesse quesito a região era bem servida, proporcionando a instalação de fábricas nas suas mediações.

Como se deu o processo de industrialização na região Sudeste?

Industrialização. Com grande número de mão de obra e dinheiro em caixa, lucro da cafeicultura, a Região Sudeste tornou-se logo a área mais industrializada e de maior concentração de população do país.

Quais são os fatores que proporcionaram o desenvolvimento industrial nos estados do Sudeste?

Um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento industrial no Sudeste foi devido à acumulação de capital proveniente da cafeicultura.

Por que a indústria brasileira se concentrou no estado de São Paulo e Rio de Janeiro?

A industrialização se concentrou na principalmente na região SUDESTE do país nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro porque as indústrias procuravam lugares perto onde havia bastante concentração de pessoas (nas metrópoles principalmente) para que tivessem bastante funcionários e uma região com grandes consumidores!