Porque muitas pessoas morrem com graves doenças transmitidas através da água?

Postado 4 de abril de 2016 em Corpo Líquido, Todos

Porque muitas pessoas morrem com graves doenças transmitidas através da água?

Água contaminada

Todos sabemos que é imprescindível beber água purificada. O consumo de água em condições impróprias ou de origem desconhecida é responsável por uma série de problemas de saúde. Mas será que temos conhecimento dos riscos que corremos e das doenças a que estamos expostos? A maioria das doenças transmitidas pela água é causada por micro-organismos presentes em reservatórios de água doce, habitualmente após contaminação por dejetos humanos ou de animais. A forma mais comum de contaminação é por meio da ingestão, seja diretamente bebendo água contaminada ou pelo consumo de alimentos lavados com água infectada. Listamos abaixo algumas doenças.

Hepatite A
A hepatite A é uma infecção viral transmitida pela via fecal-oral, ou seja, a pessoa precisa ter contato com fezes humanas contaminadas para se contaminar. A transmissão do vírus da hepatite A pode se dar pela contaminação de alimentos preparados por pessoas infectadas que não lavam as mãos após evacuarem ou pelo contato da água com fezes contaminadas, o que ocorre principalmente nos locais onde não há saneamento básico. Praias, rios e lagos que recebem esgoto não tratado podem ter suas águas contaminadas com o vírus da hepatite A. A doença apresenta-se habitualmente como um quadro de diarreia associada a perda de apetite, náuseas, vômitos, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e febre. Após uma semana surge a icterícia, sintoma clássico da hepatite A aguda, que se caracteriza por pele e olhos amarelados.

Diarreia Infecciosa
Importante causa de morbimortalidade no Brasil e em países subdesenvolvidos, a diarreia aguda tem incidência elevada e os episódios são frequentes na infância, particularmente em áreas com precárias condições de saneamento.  Vários vírus, germes, parasitas e bactérias podem contaminar a água, na maioria das vezes pela via fecal-oral, e causar quadros bem graves de desidratação. A manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Com frequência, é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal.

Amebíase
Assim como a diarreia, a amebíase é adquirida por comer ou beber algo contaminado com material fecal. Essa doença é causada por uma ameba chamada E. histolytica, que entra no trato digestivo como um minúsculo ovo. As amebas se alimentam do muco da parede intestinal e começam a reprodução, se espalhando cada vez mais. A doença pode ser branda ou extremamente dolorosa quando o quadro se complica, sendo responsável por cerca de 100 mil mortes no mundo inteiro. A patologia é tratada com antibióticos.

A ingestão ou o contato com água contaminada pode causar inúmeras doenças

Cólera
A cólera é uma infecção que ataca o intestino dos seres humanos e também é transmitida pela via fecal-oral, podendo ser adquirida por água e de alimentos contaminados. A Vibrio cholerae, bactéria causadora da doença, instala-se no intestino e passa a produzir uma toxina que ataca as células intestinais, provocando uma grave diarreia e fazendo com que o organismo elimine uma grande quantidade de água e sais minerais, acarretando séria desidratação. Quando a doença se manifesta, apresenta os seguintes sintomas: náuseas e vômitos, cólicas abdominais, diarréia abundante, esbranquiçada como água de arroz, podendo ocasionar cãibras e a perda de até um litro de água por hora.

Ascaridíase
É a verminose intestinal humana mais disseminada no mundo, causada por um parasita chamado Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga. A contaminação acontece quando há ingestão dos ovos infectados do parasita, que podem ser encontrados no solo, água ou alimentos contaminados por fezes humanas. O único reservatório é o homem. Se os ovos encontram um meio favorável, podem contaminar durante vários anos.

Créditos na imagem de capa: Paul Prescott/Shutterstock.com

Quarta-Feira, 26 de Outubro de 2022.

 Gloss�rio de Doen�a Relacionadas � �gua

AMEB�ASE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e sinon�mia

Infec��o causada por um protozo�rio que se apresenta em duas formas: cisto e trofozo�to. Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar a invas�o de tecidos, originando as formas intestinal e extra- intestinal da doen�a. O quadro cl�nico varia de at� uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas deje��es, a uma diarr�ia aguda e fulminante, de car�ter sanguinolento ou muc�ide, acompanhada de febre e calafrios. Podem ou n�o ocorrer per�odos de remiss�o. Em casos graves, as formas trofozo�ticas se disseminam pela corrente sang��nea, provocando abcesso no f�gado (com maior freq��ncia), nos pulm�es ou c�rebro. Quando n�o diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente a �bito.

2. Reservat�rio

O homem.

3. Modo de transmiss�o

As principais fontes de infec��o s�o as ingest�es de alimentos ou �gua contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmiss�o sexual, devido a contato oral-anal. A falta de higiene domiciliar pode facilitar a dissemina��o de cistos nos componentes da fam�lia. Os portadores assintom�ticos, que manipulam alimentos, s�o importantes disseminadores dessa protozoose.

4. Caracter�sticas epidemiol�gicas

Estima-se que mais de 10% da popula��o mundial est� infectada por E. dispar e E. histolytica, que s�o esp�cies morfologicamente id�nticas, mas s� a �ltima � patog�nica, sendo a ocorr�ncia estimada em 50 milh�es de casos invasivos/ano. Em pa�ses em desenvolvimento, a preval�ncia da infec��o � alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses. Infec��es s�o transmitidas por cistos atrav�s da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, liberam os trofozo�tos. A transmiss�o � mantida pela elimina��o de cistos no ambiente, que podem contaminar a �gua e alimentos. Estes permanecem vi�veis no meio ambiente, ao abrigo de luz solar e condi��es de umidade favor�veis, durante cerca de 20 dias. Sua ocorr�ncia est� associada com condi��es inadequadas de saneamento b�sico, defici�ncia de higiene pessoal/ambiental e determinadas pr�ticas sexuais.

C�LERA

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

Doen�a infecciosa intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae, podendo se apresentar de forma grave, com diarr�ia aquosa e profusa, com ou sem v�mitos, dor abdominal e c�imbras. Esse quadro, quando n�o tratado prontamente, pode evoluir para desidrata��o, acidose, colapso circulat�rio, com choque hipovol�mico e insufici�ncia renal. Mas, freq�entemente, a infec��o � assintom�tica ou oligossintom�tica, com diarr�ia leve. A acloridria g�strica agrava o quadro cl�nico da doen�a. A infec��o produz aumento de anticorpos e confere imunidade por tempo limitado (em torno de 6 meses).

2. Modo de Transmiss�o

A transmiss�o ocorre principalmente pela ingest�o de �gua contaminada por fezes ou v�mitos de doente ou portador. Os alimentos e utens�lios podem ser contaminados pela �gua, pelo manuseio ou por moscas. A propaga��o de pessoa a pessoa, por contato direto, tamb�m pode ocorrer.

3. Reservat�rio

O principal � o homem. Estudos recentes sugerem a exist�ncia de reservat�rios ambientais.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

A s�tima pandemia de c�lera, iniciada em 1961 nas Ilhas C�lebes e causada pelo Vibrio cholerae El Tor, chegou ao Brasil em 1991 pela fronteira do Amazonas com o Peru, expandindo-se de forma epid�mica para as regi�es Norte e Nordeste e fazendo incurs�es ocasionais nas demais regi�es. A partir de 1995, a doen�a tornou-se end�mica, com 95% dos casos concentrados na regi�o Nordeste. Em 2001, foram registrados os �ltimos casos de c�lera no pa�s: 7 casos procedentes dos estados do Cear�, Alagoas, Sergipe e Pernambuco. A interrup��o da ocorr�ncia de casos a partir de 2002 certamente decorre de v�rios fatores, destacando-se aqueles relacionados aos indiv�duos, como o esgotamento de suscet�veis e fatores ligados ao agente etiol�gico e ao meio ambiente, hip�tese que pode ser refor�ada pela mesma tend�ncia de redu��o ocorrida a partir de 1995 em outros pa�ses das Am�ricas outros continentes.

Em fevereiro de 2003, em continuidade � pesquisa das amostras de �gua de lastro, realizada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria - Anvisa, foi verificada a presen�a de duas cepas patog�nicas Vibrio cholerae O1 toxig�nico em amostras coletadas em navios nos portos de Bel�m-PA e Recife-PE. Foram intensificadas as a��es nestes munic�pios, com a ado��o de medidas emergenciais, em um trabalho integrado das equipes das esferas nacional, estaduais e municipais das �reas de vigil�ncia epidemiol�gica, ambiental, sanit�ria, portos, aeroportos e fronteiras e laborat�rios de sa�de p�blica.

Em 2004, foram confirmados 21 casos da doen�a, sendo 18 pelo crit�rio laboratorial (Vibrio cholerae O1 Ogawa toxig�nico) e tr�s pelo crit�rio cl�nico-epidemiol�gico, todos procedentes do munic�pio de S�o Bento do Una, localizado na zona agreste do estado de Pernambuco, caracterizando o recrudescimento da doen�a no pa�s.

Em 2005, foram confirmados cinco casos: quatro no munic�pio de S�o Bento do Una e um em Recife.

DENGUE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

� uma doen�a infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave. Isso vai depender de diversos fatores, entre eles: o v�rus e a cepa envolvidos, infec��o anterior pelo v�rus da dengue e fatores individuais como doen�as cr�nicas (diabetes, asma br�nquica, anemia falciforme). Esta doen�a, tamb�m, � conhecida como Febre de quebra osso.

2. Modo de Transmiss�o

A doen�a � transmitida pela picada da f�mea do mosquito Aedes aegypti. N�o h� transmiss�o pelo contato direto com um doente ou suas secre��es, nem por meio de fontes de �gua ou alimento.

3. Reservat�rio

O ser humano � a fonte de infec��o e � tamb�m o reservat�rio vertebrado.

4. Vetores

S�o mosquitos do g�nero Aedes. A esp�cie Aedes aegypti � a mais importante na transmiss�o da doen�a e tamb�m pode ser transmissora da febre amarela urbana.

5. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

O dengue tem sido relatado h� mais de 200 anos. Na d�cada de 50, a febre hemorr�gica da dengue foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e Tail�ndia. Ap�s a d�cada de 60, a circula��o do v�rus da dengue intensificou-se nas Am�ricas. A partir de 1963, houve circula��o comprovada dos sorotipos 2 e 3 em v�rios pa�ses. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas Am�ricas, inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980, foram notificadas epidemias em v�rios pa�ses, aumentando consideravelmente a magnitude do problema. Cabe citar: Brasil (1982, 1986, 1998, 2002), Bol�via (1987), Paraguai (1988), Equador (1988), Peru (1990) e Cuba (1977/1981). A FHD afetou Cuba em 1981 e foi um evento de extrema import�ncia na hist�ria da doen�a nas Am�ricas. Essa epidemia foi causada pelo sorotipo 2, tendo sido o primeiro relato de febre hemorr�gica da dengue ocorrido fora do sudoeste asi�tico e pac�fico ocidental. O segundo surto ocorreu na Venezuela, em 1989. Em 1990/1991, alguns casos foram notificados no Brasil (Rio de Janeiro), bem como em 1994 (Fortaleza - CE).

No Brasil, h� refer�ncias de epidemias de dengue em 1916, em S�o Paulo, e em 1923, em Niter�i, sem diagn�stico laboratorial. A primeira epidemia documentada cl�nica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista - RR, causada pelos sorotipos 1 e 4. A partir de 1986, foram registradas epidemias em diversos estados, com a introdu��o do sorotipo 1. A introdu��o dos sorotipos 2 e 3 foi detectada no Rio de Janeiro, em 1990 e dezembro de 2000 respectivamente. O sorotipo 3 apresentou r�pida dispers�o para 24 estados do pa�s no per�odo de 2001-2003. Em 2003, apenas os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina n�o apresentavam transmiss�o aut�ctone da doen�a. As maiores epidemias detectadas at� o momento ocorreram nos anos de 1998 e 2002, com cerca de 530 mil e 800 mil casos notificados, respectivamente. Os primeiros casos de FHD foram registrados em 1990, no estado do Rio de Janeiro, ap�s a introdu��o do sorotipo 2. Nesse ano foram confirmados 274 casos, que, de forma geral, n�o apresentaram manifesta��es hemorr�gicas graves. A faixa et�ria mais atingida foi a de maiores de 14 anos. Na segunda metade da d�cada de 90, ocorreram casos de FHD em diversos estados. Nos anos de 2001 e 2002, foi detectado um aumento no total de casos de FHD, potencialmente refletindo a circula��o simult�nea dos sorotipos 1, 2 e 3 do v�rus da dengue. A letalidade m�dia por FHD se manteve em torno de 5% no per�odo de 2000-2003.

DOEN�AS DIARR�ICAS AGUDAS

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Descri��o

S�ndrome causada por v�rios agentes etiol�gicos (bact�rias, v�rus e parasitas), cuja manifesta��o predominante � o aumento do n�mero de evacua��es, com fezes aquosas ou de pouca consist�ncia. Com freq��ncia, � acompanhada de v�mito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, h� presen�a de muco e sangue. No geral, � autolimitada, com dura��o entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leves at� graves, com desidrata��o e dist�rbios eletrol�ticos, principalmente quando associadas � desnutri��o. Dependendo do agente, as manifesta��es podem ser decorrentes de mecanismo secret�rio provocado por toxinas ou pela coloniza��o e multiplica��o do agente na parede intestinal, levando � les�o epitelial e, at� mesmo, � bacteremia ou septicemia. Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invas�o e ulcera��o do epit�lio. Os v�rus produzem diarr�ia autolimitada, s� havendo complica��es quando o estado nutricional est� comprometido. Os parasitas podem ser encontrados isolados ou associados (poliparasitismo) e a manifesta��o diarr�ica pode ser aguda, intermitente ou n�o ocorrer.

2. Agentes Etiol�gicos

Bact�rias - Staphyloccocus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia coli enterotoxig�nica, Escherichia coli enteropatog�nica, Escherichia coli enteroinvasiva, Escherichia coli enterohemorr�gica, salmonelas, Shigella dysenteriae, Yersinia enterocol�tica, Vibrio cholerae e outras;

V�rus - Astrov�rus, caliciv�rus, adenov�rus ent�rico, norov�rus, rotav�rus grupos A, B e C e outros;

Parasitas - Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balatidium coli, Giardia lamblia, Isospora belli e outras.

3. Reservat�rio, modo de transmiss�o, per�odo de incuba��o e transmissibilidade

Espec�ficos para cada agente etiol�gico.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

Importante causa de morbimortalidade no Brasil e em pa�ses subdesenvolvidos. T�m incid�ncia elevada e os epis�dios s�o freq�entes na inf�ncia, particularmente em �reas com prec�rias condi��es de saneamento. O SRO diminui a letalidade por essas doen�as, mas a morbidade ainda � importante causa de desnutri��o e do retardo de crescimento.

ESQUISTOSSOMOSE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Descri��o

Infec��o produzida por parasito tremat�deo digen�tico, cuja sintomatologia cl�nica depende de seu est�gio de evolu��o no homem. A fase aguda pode ser assintom�tica ou apresentar-se como dermatite urticariforme, acompanhada de erup��o papular, eritema, edema e prurido at� cinco dias ap�s a infec��o. Com cerca de tr�s a sete semanas de exposi��o, pode evoluir para a forma de esquistossomose aguda ou febre de Katayama, caracterizado por febre, anorexia, dor abdominal e cefal�ia. Esses sintomas podem ser acompanhados de diarr�ia, n�useas, v�mitos ou tosse seca, ocorrendo hepatomegalia. Ap�s seis meses de infec��o, h� risco do quadro cl�nico evoluir para a fase cr�nica, cujas formas cl�nicas s�o:

- Intestinal - Pode ser assintom�tica ou caracterizada por diarr�ias repetidas, mucossang�inolentas, com dor ou desconforto abdominal;

- Hepatointestinal - Diarr�ia, epigastralgia, hepatomegalia, podendo ser detectadas nodula��es � palpa��o do f�gado;

- Hepatoespl�nica compensada - Hepatoesplenomegalia, hipertens�o portal com forma��o de varizes de es�fago;

- Hepatoespl�nica descompensada - Considerada uma das formas mais graves. Apresenta f�gado volumoso ou contra�do devido � fibrose, esplenomegalia, ascite, varizes de es�fago, hemat�mase, anemia, desnutri��o e hiperesplenismo. A fibrose de Symmers � caracter�stica da forma hepatoespl�nica. O aparecimento de formas grave est� relacionado � intensidade da infec��o.

2. Reservat�rio

O homem � o principal reservat�rio. Os roedores, primatas e marsupiais s�o potencialmente infectados; o camundongo e hamster s�o excelentes hospedeiros, n�o estando ainda determinado o papel desses animais na transmiss�o. Hospedeiro intermedi�rio - No Brasil s�o os caramujos do g�nero Biomphalaria: B. glabrata, B. tenagophila, B. straminea.

3. Modo de Transmiss�o

Os ovos do S. mansoni s�o eliminados pelas fezes do hospedeiro infectado (homem). Na �gua, eclodem, liberando uma larva ciliada denominada mirac�dio, que infecta o caramujo. Ap�s quatro a seis semanas, abandonam o caramujo, na forma de cerc�ria, ficando livres nas �guas naturais. O contato humano com �guas infectadas pelas cerc�rias � a maneira pela qual o indiv�duo adquire a esquistossomose.

4. Caracter�sticas epidemiol�gicas

No mundo, ocorre em 54 pa�ses, destacando-se os da �frica, leste do Mediterr�neo e da Am�rica do Sul e Caribe. No Brasil, � considerada uma endemia, que atinge 19 estados, estando presente, de forma end�mica, do Maranh�o at� Minas Gerais, com focos no Par�, Piau�, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Paran�, Santa Catarina, Goi�s, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Possui baixa letalidade e as principais causas de �bito est�o relacionadas �s formas cl�nicas graves.

FILARIOSE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

Doen�a parasit�ria cr�nica de car�ter end�mico, restrita a �reas focais.

2. Sinon�mia

Os quadros cl�nicos decorrentes da presen�a de Filariose Linf�tica (FL) no ser humano s�o referidos como morbidade filarial, sendo especialmente conhecida � elefant�ase.

3. Qual o microrganismo envolvido?

O parasita respons�vel pela doen�a humana � o nemat�ide Wuchereria bancrofti, sendo vetor o mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muri�oca).

4. Como se transmite?

O ser humano � a fonte prim�ria de infec��o, o parasita � transmitido de pessoa a pessoa por meio da picada do mosquito Culex quinquefasciatus (pernilongo).

5. Aspectos epidemiol�gicos

A filariose linf�tica (FL), doen�a parasit�ria cr�nica, � uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo-prazo. Estimativas da d�cada de 1990 apontavam para cerca de 100 milh�es de pessoas acometidas pela doen�a em todo o mundo. Embora permane�a como um grave problema de sa�de p�blica, a FL � considerada atualmente uma das sete doen�as pass�veis de erradica��o global, devido a certas caracter�sticas biol�gicas do parasito e �s estrat�gias de interven��o dispon�veis. Tendo essa perspectiva, em 1997 a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) lan�ou um plano de elimina��o da FL at� o ano 2020.

No Brasil, o perfil epidemiol�gico dessa doen�a foi estabelecido na d�cada de 1950, quando foram realizados diversos inqu�ritos hemosc�picos em todo o Pa�s. Com base nos resultados desses inqu�ritos, foram identificadas as �reas de transmiss�o ativa e definidas as �reas priorit�rias para as interven��es. Um total de 11 cidades em 6 estados foram consideradas ent�o os "focos de filariose" no Pa�s. Desde ent�o, uma s�rie de a��es foram implantadas/ implementadas com o prop�sito de combater a endemia.

Ao longo das �ltimas cinco d�cadas, o trabalho visando � redu��o da infec��o apoiou-se principalmente na elimina��o das fontes humanas de infec��o. Assim, milhares de exames hemosc�picos foram realizados anualmente nas popula��es residentes nas �reas end�micas, e os casos de microfilaremia etectados foram tratados, interven��o principal na elimina��o a longo prazo de 10 dos 11 focos. Em determinadas �reas end�micas (sul do Pa�s) foi introduzido o tratamento em massa, certamente contribuindo para a elimina��o da doen�a naquelas espec�ficas. Atualmente as �reas com transmiss�o est�o restritas � Regi�o Metropolitana do Recife (RMR).

FEBRE TIF�IDE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

Doen�a bacteriana aguda, tamb�m conhecida por febre ent�rica, causada pela bact�ria Salmonella enterica sorotipo Typhi. Bacilo gram-negativo da fam�lia Enterobacteriaceae.

2. Reservat�rio

O homem doente ou portador assintom�tico.

3. Modo de transmiss�o

Doen�a de veicula��o h�drica e alimentar, cuja transmiss�o pode ocorrer pela forma direta, pelo contato com as m�os do doente ou portador, ou forma indireta, guardando estreita rela��o com o consumo de �gua ou alimentos contaminados com fezes ou urina do doente ou portador. Os legumes irrigados com �gua contaminada, produtos do mar mal cozidos ou crus (moluscos e crust�ceos), leite e derivados n�o pasteurizados, sorvetes, etc. podem veicular salmonelas. A contamina��o de alimentos, geralmente, � feita por portadores ou pacientes oligossintom�ticos, motivo pelo qual a febre tif�ide � conhecida como a doen�a das m�os sujas.

4. Caracter�sticas epidemiol�gicas

A ocorr�ncia da doen�a est� diretamente relacionada �s condi��es de saneamento existentes e aos h�bitos de higiene individuais. Est�o mais sujeitas � infec��o as pessoas que habitam ou trabalham em ambientes com prec�rias condi��es de saneamento. A doen�a acomete com maior freq��ncia a faixa et�ria entre 15 e 45 anos, em �reas end�micas. A taxa de ataque diminui com a idade. A suscetibilidade, em geral, � maior em indiv�duos com acloridria g�strica. A imunidade ap�s a infec��o ou vacina��o n�o � definitiva. Observando-se o comportamento da febre tif�ide no Brasil nas �ltimas d�cadas, constata-se tend�ncia de decl�nio nos coeficientes de incid�ncia, mortalidade e letalidade. Por�m, as informa��es dispon�veis devem ser analisadas com cautela, tendo em vista o importante sub-registro de casos.

GIARD�ASE

DESCRI��O DA DOEN�A

Etiologia e Sinon�mia

1. Descri��o

Infec��o por protozo�rios que atinge, principalmente, a por��o superior do intestino delgado. A maioria das infec��es s�o assintom�ticas e ocorrem tanto em adultos quanto em crian�as. A infec��o sintom�tica pode apresentar diarr�ia, acompanhada de dor abdominal. Esse quadro pode ser de natureza cr�nica, caracterizado por fezes amolecidas, com aspecto gorduroso, fadiga, anorexia, flatul�ncia e distens�o abdominal. Anorexia, associada com m� absor��o, pode ocasionar perda de peso e anemia. N�o h� invas�o intestinal.

2. Sinon�mia

Enterite por gi�rdia.

3. Reservat�rio

O homem e alguns animais dom�sticos ou selvagens, como c�es, gatos e castores.

4. Modo de Transmiss�o

Fecal-oral. Direta, pela contamina��o das m�os e conseq�ente ingest�o de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, atrav�s da ingest�o de �gua ou alimento contaminado.

5. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

� doen�a de distribui��o mundial. Epidemias podem ocorrer, principalmente em institui��es fechadas que atendam crian�as, sendo o grupo et�rio mais acometido e situado entre oito meses e 10 a 12 anos. A Giardia lambria � reconhecida como um dos agentes etiol�gico da "diarr�ia dos viajantes" em zonas end�micas. Os cistos podem resistir at� dois meses no meio exterior e s�o resistentes ao processo de clora��o da �gua. A infec��o pode ser adquirida pela ingest�o de �gua proveniente da rede p�blica, com falhas no sistema de tratamento, ou �guas superficiais n�o tratadas ou insuficientemente tratadas (s� por clora��o). Tamb�m � descrita a transmiss�o envolvendo atividades sexuais, resultante do contato oro-anal.

HEPATITE A

DESCRI��O DA DOEN�A

Etiologia e Sinon�mia

1. Descri��o

Doen�a viral aguda, de manifesta��es cl�nicas variadas, desde formas subcl�nicas, oligossintom�ticas e at� fulminantes (menos que 1% dos casos). Os sintomas se assemelham a uma s�ndrome gripal, por�m h� eleva��o das transaminases. A freq��ncia de quadros ict�ricos aumenta com a idade, variando de 5 a 10% em menores de 6 anos, chegando a 70 a 80% nos adultos. O quadro cl�nico � mais intenso � medida que aumenta a idade do paciente. No decurso de uma hepatite t�pica, temos v�rios per�odos Doen�a infecciosa viral, contagiosa, causada pelo v�rus A (HAV) e tamb�m conhecida como "hepatite infecciosa", "hepatite epid�mica", "hepatite de per�odo de incuba��o curto".

2. Reservat�rio

O homem, principalmente. Tamb�m primatas como chimpanz�s e sag�is.

3. Modo de Transmiss�o

Fecal-oral, veicula��o h�drica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmiss�o percut�nea (inocula��o acidental) e parenteral (transfus�o) s�o muito raras, devido ao curto per�odo de viremia.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

A hepatite A tem distribui��o universal e apresenta-se de forma espor�dica ou de surto. Tem maior preval�ncia em �reas com m�s condi��es sanit�rias e higi�nicas. � freq�ente em institui��es fechadas. Nos pa�ses subdesenvolvidos, acomete com mais freq��ncia crian�as e adultos jovens; nos desenvolvidos, os adultos. A mortalidade e le-talidade s�o baixas e essa �ltima tende a aumentar com a idade do paciente.

LEPTOSPIROSE

DESCRI��O DA DOEN�A

Etiologia e sinon�mia

1. O que �?

A leptospirose � uma doen�a infecciosa aguda causada por uma bact�ria chamada Leptospira, presente na urina de animais infectados. Em �reas urbanas, o rato � o principal reservat�rio da doen�a, a qual � transmitida ao homem, mais freq�entemente, pela �gua das enchentes. O homem se infecta pelo contato da pele ou mucosas (dos olhos e da boca) com a �gua ou lama contaminadas pela urina dos ratos.

A leptospirose pode apresentar-se de v�rias formas, desde um quadro simples, parecido com uma gripe (febre, dor de cabe�a e dores pelo corpo), at� formas graves que podem levar � morte.

A leptospirose ocorre em todo o mundo, mais freq�entemente em regi�es tropicais e subtropicais onde o calor e as chuvas favorecem a sua transmiss�o.

No Brasil, a doen�a ocorre com maior freq��ncia em �reas urbanas e regi�es metropolitanas, onde as condi��es sanit�rias prec�rias e a alta infesta��o de ratos aumentam o risco de contrair a doen�a.

O alto custo hospitalar, os dias de trabalho perdidos e o elevado grau de letalidade (at� 40% dos casos graves podem morrer) demonstram a import�ncia da leptospirose para a sa�de p�blica.

1.1 Sinon�mia

Doen�a de Weil, s�ndrome de Weil, febre dos p�ntanos, tifo canino e outras. Desaconselha-se a utiliza��o desses termos, pois s�o pass�veis de causar confus�o.

2. Reservat�rio

Os animais s�o os reservat�rios essenciais de leptospiras; o principal � constitu�do pelos roedores sinantr�picos (ratos dom�sticos). O Rattus norvegicus (ratazana ou rato-de-esgoto) � o principal portador do sorovar Icterohaemorraghiae, um dos mais patog�nicos para o homem. Reservat�rios de menor import�ncia: caninos, su�nos, bovinos, eq�inos, ovinos e caprinos.

3. Como se transmite?

Durante as enchentes, a urina dos ratos, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se � enxurrada e � lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a �gua ou lama pode infectar-se. As leptospiras penetram no corpo pela pele, principalmente por arranh�es ou ferimentos. O contato com esgotos, lagoas, rios e terrenos baldios tamb�m podem propiciar a infec��o. Veterin�rios e tratadores de animais podem adquirir a doen�a pelo contato com a urina, sangue, tecidos e �rg�os de animais infectados.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

� uma zoonose de grande import�ncia social e econ�mica e sua ocorr�ncia est� freq�entemente relacionada a prec�rias condi��es de infra-estrutura sanit�ria e alta infesta��o de roedores. Ocorre em �reas urbanas e rurais. Toda a popula��o � suscet�vel e a faixa de 20 a 49 anos � o principal grupo et�rio afetado. As inunda��es propiciam a dissemina��o e persist�ncia das leptospiras no ambiente, facilitando a eclos�o de surtos. Algumas atividades e profiss�es facilitam o contato com as leptospiras: limpeza e desentupimento de esgotos, catadores de lixo, agricultores, veterin�rios, tratadores de animais, pescadores, magarefes, laboratoristas, bombeiros, nadadores e militares em manobras, dentre outras.

Qual o principal motivo das pessoas contraírem doenças através da água contaminada?

Isso acontece porque, quando não há saneamento básico, a mesma água contaminada com micro-organismos patogênicos acaba sendo ingerida ou entrando em contato com a pele e com as mucosas do ser humano. Dessa forma, todo cuidado é pouco quando o assunto é qualidade da água.

Como a contaminação das águas afeta a saúde das pessoas?

Além da diarreia, outras doenças que podem ser transmitidas pela água contaminada são a giardíase, leptospirose, cólera e febre tifoide.

O que pode acontecer se beber água contaminada?

A ingestão de água contaminada pode causar alguns sintomas, como por exemplo: febre e calafrios, dor abdominal, perda do apetite, dor de barriga, vômitos e diarréia, dentre outros.