A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retardatária. Show
Enquanto na Inglaterra acontecia a Primeira Revolução Industrial, o Brasil vivia sob o regime colonial e escravista. Desta maneira, as primeiras fábricas só puderam ser abertas com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808. Fases da industrialização brasileiraPara fins de estudo, o desenvolvimento industrial do Brasil é dividido em quatro fases.
1ª fase: período colonialDurante o período colonial, a metrópole portuguesa proibia a manufatura, pois os produtos iriam concorrer com os do reino e, com o fortalecimento da economia, a colônia poderia se tornar independente, o que não interessava a Portugal. 2ª fase: primeiras fábricas no BrasilEm 1808, com a vinda da família real para o Brasil, o Príncipe-regente D. João tomou algumas medidas que favoreceram o desenvolvimento industrial, entre elas:
Essas medidas não surtiram o efeito esperado, pois o mercado interno ainda era pequeno. A maior parte da população era escravizada e não poderia comprar estes artigos. Industrialização no Segundo ReinadoDurante o Segundo Reinado, a principal atividade econômica no Brasil era a cafeicultura. Ao longo do século XIX, estados e governos estavam ligados à produção de café, de onde provinha a riqueza e o poder. Apesar da elite cafeicultora não se interessar pela atividade industrial, surgem as primeiras fábricas no Brasil. Estas se dedicam a produzir produtos de consumo doméstico como tecidos, ferramentas e velas. Com a Tarifa Alves Branco, em 1844, aumentam-se as taxas alfandegárias que os produtos importados deveriam pagar. Com isso, surge um ambiente favorável para o surgimento das primeiras manufaturas e produzir aqui ficaria mais barato. Nesta época, se destacam as atividades empreendedoras do barão de Mauá que investiu em ferrovias, estaleiros, iluminação pública, bancos, etc. Ao mesmo tempo, o País começa a receber as novidades tecnológicas como a eletricidade, o bonde de tração animal e o telefone. Fatores da industrialização no BrasilVários fatores contribuíram para o processo de industrialização no Brasil no começo do século XX:
A passagem de uma sociedade agrária para uma urbano industrial mudou a paisagem de algumas cidades brasileiras, principalmente das capitais dos estados. Industrialização na Primeira RepúblicaDurante a Primeira República (1899-1930), verificamos a instalação de tecelagens, montadoras de automóveis, fábricas de calçados, alimentos, produtos de higiene e limpeza como sabão, etc. As condições de trabalho eram duras com jornadas de 14 horas, seis dias na semana e o salário baixo. Também a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) impulsou a industrialização no Brasil. Com o conflito era inviável importar produtos manufaturados da Europa e dos Estados Unidos e muitos artigos foram substituídos pela fabricação local. No entanto, o grande impulso industrial no Brasil ocorreria após a crise do café e a de 29. 3ª fase: industrialização no governo VargasO primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) foi decisivo para a industrialização brasileira. Com o governo Vargas, o Estado passa a investir e abrir empresas públicas. Ele privilegia a indústria pesada, ou seja, aquela que transforma a matéria-prima e fabrica bens de grande porte. O contexto exterior também ajudou, pois era complicado importar máquinas num momento em que os países europeus se preparavam para a guerra. Curiosamente, a Alemanha nazista tornou-se compradora do algodão brasileiro a fim de vestir seus soldados. Para instalar a indústria pesada era preciso financiamento e isso foi possível graças ao empréstimo obtido junto aos Estados Unidos. Assim foi construída a Companhia Siderúrgica Nacional, em 1941, em Volta Redonda (RJ). Este acordo se deu na época quando o Brasil foi lutar junto aos americanos na Segunda Guerra Mundial. Outras indústrias de base do período são a Companhia do Vale do Rio Doce (1942), para a extração de minério de ferro e a Fábrica Nacional de Motores (1942). Quanto à mão de obra empregada nas fábricas, observamos o crescimento de operários vindos do nordeste brasileiro. 4ª fase: do governo JK até os dias de hojeCom a chegada de Juscelino Kubitschek à presidência, se observa o crescimento da indústria de bens intermediários. JK privilegiou a indústria automobilística em detrimento do transporte ferroviário e a fabricação de autopeças conheceu um grande impulso. Para isso, abriu a economia brasileira ao capital estrangeiro. Igualmente, verifica-se um incremento industrial automobilístico de São Paulo, no ABCD paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema). A construção de Brasília também garantiu o fomento da indústria nacional, pois era preciso muito material para levantar a nova capital. Veja também: Plano de Metas Ditadura militar e indústria no BrasilCom o golpe de 1964 houve a instalação de um ditadura militar de caráter autoritário e nacionalista no Brasil. O Estado volta a aparecer como um grande investidor e realiza obras de grande porte como a usina hidrelétrica de Itaipu, a rodovia Transamazônica e a ponte Rio-Niterói. Os gastos com estes empreendimentos, no entanto, aumentam a dívida externa e provocam uma inflação descontrolada no País. Industrialização e neoliberalismoA eleição de Collor de Mello, em 1989, e os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), significam a implantação do neoliberalismo no Brasil. Desta forma, as estatais são privatizadas, a economia se abre ao capital estrangeiro na maior parte dos setores, e o trabalhadores veem seus direitos diminuírem. Acompanhando a tendência mundial, a atividade industrial no Brasil decresce e desponta o setor de serviços, tendência que segue no século XXI. Temos mais textos sobre o assunto para você:
Referências BibliográficasHistória do Brasil Boris Fausto. Documentário. TV Escola. 2002. Furtado, Celso - Formação Econômica do Brasil. Editora Fundo de Cultura,1º edição: 1959. Cia das Letras: 2006. São Paulo. Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha. Como a Primeira Guerra Mundial contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro?A Primeira Guerra Mundial proporcionou também o desenvolvimento do setor siderúrgico no Brasil principalmente na região de Minas Gerais, esse setor teve seu início com o objetivo de suprir as necessidades que a indústria brasileira começava a sentir, que era a falta de matéria-prima para a formação ou estruturação da ...
Quais as consequências da Primeira Guerra Mundial para a indústria americana?Com a economia a todo o vapor e sem os países europeus para fazer concorrência, outra consequência da Primeira Guerra Mundial foi a ascensão dos Estados Unidos como uma potência econômica e política global. Em outras palavras, os estadunidenses foram os grandes vencedores do conflito.
Qual foi a contribuição dela para a Primeira Guerra Mundial?Entre outras ações, o governo do Brasil enviou alguns pilotos de avião, o oferecimento de navios militares e apoio médico. Incumbidos de proteger o Atlântico de possíveis ataques de submarinos alemães, sete embarcações foram usadas na Primeira Guerra: dois cruzadores, quatro contratorpedeiros e mais um navio auxiliar.
O que a Revolução Industrial influenciou na Primeira Guerra Mundial?Corrida armamentista e paz armada
Foi a Segunda Revolução Industrial, com suas máquinas elétricas e motores a combustão, que permitiu o crescimento da produção bélica em uma escala inédita. Isso culminou em um fenômeno conhecido como “paz armada”, que durou de 1871 até o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
|