Quais os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade de 2022?

Apresentação

Tema: Fraternidade e Educação

Lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Cf Pr 31,26)

Promover o diálogo sobre a realidade educativa no Brasil, à luz da fé cristã. Este é um dos objetivos da Campanha da Fraternidade 2022 (CF), com o tema “Fraternidade e Educação” e lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31, 26).

De acordo com o secretário executivo de Campanhas da CNBB, Pe. Patriky Samuel Batista, o caminho de construção da CF 2022 tem como uma das motivações a celebração dos 40 anos da Pastoral da Educação no Brasil, e o texto-base – documento que norteia as ações da Campanha da Fraternidade – e que segue em elaboração. “Quando nós falamos da realidade educativa, tal realidade não se restringe ao ensino científico e técnico, mas o desejo é lançar o olhar sobre a educação de forma integral”, afirmou.

Para que a Campanha da Fraternidade seja melhor desenvolvida, foram propostos sete objetivos específicos, que são: analisar o contexto da educação, bem como os desafios potencializados pela pandemia; verificar o impacto das políticas públicas na educação; identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição Cristã em vista de uma educação humanizadora; refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo com a colaboração das instituições de ensino; incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum; estimular a organização do serviço pastoral junto às escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos; e promover uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.

Escutar, propor e discernir

Anualmente, os temas propostos pela Campanha da Fraternidade são trabalhados a partir do método “Ver, Julgar e Agir”. Em 2022 o “Ver” será na perspectiva de escutar; o “Agir” seguirá no caminho do propor; e o “Julgar” voltará o olhar para o discernimento. “O desejo da equipe executiva e do que foi proposto pelos bispos tem em vista o que o Papa Francisco propõe no Pacto Educativo Global”, disse o padre Patriky.

Mensagem do Papa Francisco

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança, nesta Quarta-feira de Cinzas, 2 de março, a Campanha da Fraternidade de 2022, com o tema: “Fraternidade e Educação” com o lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”.

Para a ocasião o Papa Francisco enviou aos fiéis brasileiros uma mensagem para o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade 2022.

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Ao iniciarmos a caminhada quaresmal de conversão rumo à celebração do Mistério Pascal de Cristo, nos dispomos a ouvir o chamado de Deus que deseja conduzir-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, ao encontro pessoal e renovador com o Ressuscitado, em quem temos a verdadeira vida e do qual devemos ser fiéis testemunhas.

Para auxiliar os fiéis nesse percurso de encontro, a Igreja no Brasil propõe à reflexão de todos, na Campanha da Fraternidade deste ano, o importante tema da relação entre “Fraternidade e Educação”, fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade, evitando a “cultura do descarte” – que coloca os mais vulneráveis à margem da sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação.

Efetivamente, ao olhar para a sociedade hodierna, percebe-se de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral, como recordado no convite para um Pacto Educativo Global: “Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna” (Mensagem, 12/09/19).

Ao mesmo tempo que se reconhece e valoriza a responsabilidade dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação dos filhos, garantindo a todos o acesso à escola, deve-se igualmente reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo: “As religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal” (Discurso, 5/10/21).

Desejo de todo o coração que a escolha do tema “Fraternidade e Educação” torne-se causa de grande esperança em cada comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades católicas, a fim de que, tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo, transmitam a sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as demais instituições educativas.

Desejo igualmente, queridos irmãos e irmãs, que o itinerário quaresmal, iluminado pela reflexão proposta, seja ocasião de verdadeira conversão e que as sementes lançadas ao longo deste caminho encontrem nos corações dos fiéis a boa terra onde possam frutificar em ações concretas a favor de uma educação integral e de qualidade.

Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 10 de janeiro de 2022.

[Franciscus PP.]

Carta da CNBB

Educar é um ato eminentemente humano. Somos renovados quando aprendemos mais a respeito da vida e seu sentido, quando nos ensinam novos conhecimentos e quando, percebemos que em nós existe a profunda sede de aprender e ensinar.

Educar é também uma ação divina. A Bíblia nos mostra a história de um Deus que educa seu povo, caminhando com ele, compreendendo suas fragilidades, respeitando suas etapas e alertando diante dos erros. Quando contemplamos as ações e palavras de Jesus, encontramos um caminhar educativo. Sua presença atenciosa junto às pessoas, a relação entre os milagres e a conversão, o uso de exemplos recolhidos do cotidiano, tudo, enfim, nos apresenta Jesus como o grande educador.

É, pois, com essa certeza que a Campanha da Fraternidade de 2022 nos convida a refletir sobre a indispensável relação entre fraternidade e educação. Já tendo, por duas vezes, se debruçado sobre essa relação (1982 e 1998), a realidade de nossos dias fez com que o tema educação recebesse destaque, dentre os vários sugeridos, e fosse escolhido para mais uma Campanha da Fraternidade.

De fato, o mundo e nele o Brasil estão diante de um desafio: redescobrir caminhos para uma reconstrução que não é parcial, mas global; que não atinge somente alguns aspectos, mas que deve chegar às raízes do modo como pessoas e povos compreendem e organizam a totalidade da vida. O mundo de nosso tempo precisa encontrar caminhos para se reconstruir, ouvindo os clamores dos vulneráveis em uma casa comum cada vez mais vulnerabilizada. Por isso, pergunta-nos o Papa Francisco: “O que acontece quando não há a fraternidade conscientemente cultivada, quando não há uma vontade política de fraternidade, traduzida em uma educação para a fraternidade, o diálogo, a descoberta da reciprocidade e o enriquecimento mútuo como valores?” (1)

Trata-se, portanto, de uma Campanha da Fraternidade em forte linha de continuidade com os temas que nos vêm sendo propostos pelo menos desde 2018, quando éramos convidados a encontrar caminhos para a superação da violência. Esses caminhos passam por políticas públicas (CF 2019), fundados na ética do cuidado (CF 2020), em profunda atitude de diálogo (CFE 2021). Nada disso poderá, entretanto, ocorrer se não se considerar a importância da educação: educarmo-nos para o cuidado dialogal, nas relações interpessoais, e para o compromisso socioambiental, educarmo-nos para a redescoberta das motivações mais profundas ao próprio ato de educar.

Essa é a razão pela qual, em 2022, mais do que abordar um ou outro aspecto específico da problemática educacional, a Campanha da Fraternidade nos convoca a refletir sobre os fundamentos do ato de educar. Ao longo da caminhada quaresmal, em que a conversão se faz meta primeira, recebemos o convite para buscar os motivos de nossas escolhas em todas as ações e, por certo, naquelas que dizem respeito mais diretamente ao mundo da educação.

Essa opção não implica o distanciamento das questões mais concretas e urgentes no campo educacional. Há, de fato, inúmeros passos a serem dados, escolhas a serem feitas, com ratificação ou ajustamentos de rumo. Cada uma dessas concretizações, porém, exige o discernimento dos motivos pelos quais são realizadas, fazendo, assim, emergir uma Campanha da Fraternidade que nos leva a alargar o horizonte de nossa compreensão a respeito da educação, entendida não apenas como ato escolar, como transmissão de conteúdos ou preparação técnica para o mundo do trabalho. Estes, sem dúvida, são aspectos importantes, porém não os únicos. A Campanha da Fraternidade nos adverte que mais importante e urgente é a pergunta pelos motivos, pela abrangência e pelas metas de qualquer processo educativo.

No texto bíblico referência para a CF 2022, Jesus Cristo, o grande educador, está no templo. A ele foram levadas algumas mazelas do mundo: uma mulher flagrada em adultério, um adúltero que se esconde, ardilosos utilizadores da lei e pedras como instrumentos de morte. Jesus não se encontra em uma sala de aula ou em atitude que demonstre ensino convencional. No entanto, mostra que educar é contribuir para a superação do pecado, preservando a vida, atingindo as consciências e transformando relações.

Em face a tudo isso, a Campanha da Fraternidade nos recorda que educar não é um ato isolado. É encontro no qual todos são educadores e educandos. É tarefa da própria pessoa, da família, da escola, da Igreja e de toda a sociedade. Afinal, como nos ensina o conhecido provérbio de origem africana, “é preciso uma aldeia para se educar uma criança”.

Brasília, 16 de julho de 2021,
Festa de Nossa Senhora do Carmo

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente

Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presídente

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Rorairna – RR
2º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral


1 FRANCISCO. Carta Encíclica Fratelli Tutti sobre a fraternidade e a amizade social.

A fraternidade e a amizade social como contextos educativos

Os pais são os primeiros, mas não os únicos, educadores de seus filhos” (20) Além dos pais e da família, uma aldeia inteira tem a capacidade de educar. Entretanto, no século XXI, essa aldeia é formada por uma imensa rede social, que tem abrangência global e plasma um novo jeito de ser e de viver. Há espaços sociais que historicamente se organizaram e que são importantes lugares formativos: igreja, comunidades, associações, onde as pessoas se organizam, exercem liderança, atuam pastoralmente, crescem espiritual e humanamente, celebram sua vida e aprofundam a sua fé. Evidentemente, pode haver ambiguidades e contradições em todas estas organizações e espaços sociais, entretanto, a origem, a atribuição e a finalidade de cada um dos espaços sociais visam educar as pessoas para a vida em sociedade.

O contexto educativo da família, no entanto, também está suscetível à violência doméstica, sobretudo contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Durante a pandernia da Covid-Iv, no Brasil e no mundo, houve um enorme crescimento da violência doméstica. Segundo a UNESCO, com o fechamento das instituições de ensino, cerca de 1,5 bilhão de estudantes e jovens em todo planeta estão sofrendo ou já foram afetados pelo impacto do fechamento de escolas e universidades devido à pandemia. Pessoas que permaneceram fora da escola e fechadas em suas casas durante mais de um ano.(21) No Brasil, isso ocorreu dos centros de Educação Infantil às universidades, e, ainda, muitos dos pais permaneceram em casa com trabalho remoto (teletrabalho). Foi necessário conciliar trabalho doméstico, trabalho remoto, cuidado com os filhos, aulas remotas dos filhos e permanência simultânea de todos em casa o tempo todo, com moradias geralmente precárias.

Nessas condições, os pais enfrentaram o estresse das múltiplas tarefas, as crianças ficaram mais irritadiças pela restrição de mobilidade e ausência de colegas, aumentou abruptamente o tempo de convivência familiar e às mulheres restou a sobrecarga de trabalho e a falta de um suporte social, particularmente o escolar. A tudo isso se somaram o clima de instabilidade social, a carência de redes de proteção social, a instabilidade econômica e a insegurança com o risco de contágio, doença e morte, a insuficiência de estruturas de serviço à saúde pública.(22) Devido, dentre outros, a tais fatores, o contexto familiar foi um dos mais impactados pela pandemia, suscitando o aumento dos conflitos e da violência doméstica.

As artes e a literatura também são educativas, pois ajudam a interpretar o mundo pela ótica estética. O teatro, a música, a dança, a pintura, a escultura, uma boa leitura e algumas das dimensões da arquitetura, do design, da publicidade, possuem uma linguagem singular, que eleva o espírito humano e o projeto civilizatório. Uma sociedade que se fecha em um projeto educativo apenas técnico, pragmático e utilitário, empobrece o horizonte existencial das pessoas e anula a sua capacidade criativa.

Em meados do século XX, os Meios de Comunicação Social passaram a exercer enorme influência na vida pública e no modo das pessoas enxergarem e sentirem a vida. Dentre tais meios, a partir da década de 1970, a televisão ocupou um lugar central na casa das famílias, conquistando lugar de destaque na sala e, depois, foi instalada até mesmo nos quartos. As novelas, as transmissões esportivas, a exibição de filmes, os programas de auditório, os reality shows e o telejornalismo trouxeram um volume gigantesco de informações e preencheram o tempo com entretenimento e emoção. Por isso, a história da televisão, particularmente no Brasil, oscilou entre sua defesa apaixonada e sua crítica contundente. Não obstante sua importância social tenha decaído, atualmente, para assistir televisão, a população brasileira ainda dedica em média mais de seis horas por día.(23) Hoje, a qualidade técnica e a instalação de televisores se aperfeiçoou, diversificou e expandiu ainda mais. Assiste-se televisão nas viagens de avião, no ônibus urbano, nos celulares, nas antessalas dos consultórios, nos elevadores, dentro dos automóveis, nos navios em alto mar, nas comunidades rurais, no meio da floresta. Por tão grande impacto e abrangência, a Igreja, as escolas e os poderes executivo, legislativo e judiciário assumiram a televisão como um lugar privilegiado para transmitirem a sua mensagem. Portanto, a educação do povo, em parte, está sujeita à qualidade ou falta dela na programação e conteúdo da televisão brasileira.

Mais que a influência da televisão, embora a ela integrada, a geração do novo milênio foi impactada pela internet, em todas as suas faixas etárias.(24) Essa nova possibilidade de comunicação veio acompanhada de suas plataformas, ferramentas e equipamentos, como o computador e o telefone celular. Introduziram um novo jeito virtual de viver, plasmaram um novo ritmo de tempo, uma nova percepção de distância e um novo modo de viver as relações humanas. Das crianças aos idosos, muitos ficam ligados permanentemente on-line.

No campo educacional, as bibliotecas se tornaram digitais e suas obras passaram a ser consultadas de qualquer lugar do mundo. Periódicos eletrônicos integraram-se aos gigantescos portais de acesso. Novas metodologias e tecnologias educacionais eclodiram a partir das possibilidades da internet. Surgiu a Educação a Distância (EaD, com a possibilidade de estudar em qualquer lugar do mundo. Todo esse processo foi intensificado na educação formal, em proporções desiguais, a partir da pandemia de 2020. Muitos novos desafios, sobretudo éticos, políticos, pedagógicos e psicoculturais, são vividos por essas novas realidades virtuais emergentes.(25) Essas novas tecnologias precisam formar e se tornar, sempre mais, comunidades abertas onde existe o próximo sem fronteiras, como nos ensina o Papa Francisco em sua Carta Encíclica Fratelli Tutti. Também nestes espaços virtuais pode ser exercida uma prática educativa que orienta para o intercâmbio fecundo, a gratuidade que acolhe, a valorização do conteúdo com sabor local, a abertura ao horizonte universal, a superação do narcisismo bairrista, a inclusão dos mais frágeis e dos pobres. São espaços para o diálogo social, não para a troca de opiniões exaltadas e os monólogos agressivos que avançam em paralelo. São possibilidade para o encontro e a amizade social, sustentados pela disposição de abertura à verdade, trabalho pela paz, perdão que supera o ímpeto de vingança, memória que mantém a lembrança dos erros e vigilância para não repetir novas atrocidades na história.

Eis, aqui, um belo itinerário para os nossos projetos educativos e um conteúdo programático para todos os que educam. E, para isso, a instituição escolar tem um papel insubstituível. Ela não substitui o contexto educativo da família, nem é o único espaço social onde se faz educação. Mas é um lugar onde, de modo sistêmico, articulado e especializado, se faz a educação formal e se capacita para a cidadania, o trabalho e as complexas relações sociais. Nesse contexto, não há dúvidas de que o professor é o profissional por excelência da educação e a escola um indispensável ambiente de aprendizado. Por fim, tanto a educação formal e informal, presencial e virtual, devem promover a liberdade da pessoa humana. Educar é humanizar. A educação é um ato de amor e esperança no ser humano.

Texto base da Campanha da Fraternidade 2022


20 CDSI, n.240
21 Disponível em: https:/lpt.unesco.org/covidI9/educationresponse/globalcoalition. Acesso em: 24/6/2021.
22 MARQUES, Emanuele Souza et alii. A violência contra mulheres, crianças e adolescentes em tempos de pandemia pela Covid -19: panorama, motivações e formas de enfrentamento. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 4, Epub: Rio de Janeiro, abr./2020. Disponível em: (https:/ /doi.org/lO.1590/0 102-31Ix00074420).
23 Pesquisa recente da Kantar Ibope Media revela que 99% da população brasileira tem preferência pelo conteúdo em vídeo, nos formatos de TV aberta, TV pela internet, Pay TV, sites, aplícatívos, vídeos on demand e videos gratuitos na internet. Fonte: (https:/lwww.kantaribope.com/tempo-medio-consumido-com-tv-aumenta-entre-os- brasileiros!,. Acesso em: 11/3/2020.
24 A partir de 1995, o Ministério de Comunicações e o Ministério de Ciência e Tecnologia iniciaram a implantação, no Brasil, de uma rede internet global e integrada, abrangendo todo o tipo de uso, com cobertura nacional, vasta gama de aplicações e baixo custo para o usuário final. Fonte: https:/lhomepages.dcc.ufmg.br – História da internet no Brasil.
25 Essa nova realidade levou a Igreja a divulgar. dentre outros. dois importantes documentos intitulados Ética na internet e Igreja e internei. Sobre esse recorte ternático, ver: LEMOS. Carolina Teles; AMADO. Wolmir Therezio. Concepções e uso da mídia e da internet na Igreja Católica. Pesquisas em Teologia. v.3. n.5. p.154-174. julho de 2020. Disponível em: https://periodicos. puc-rio.br.

Cartaz da CF 2022

No cartaz, diante da mulher, surpreendida em flagrante adultério, e que está prestes a ser apedrejada, Cristo, Divino Mestre e Educador, apresenta um novo ensinamento que se revela como um verdadeiro ato de esperança no ser humano. Jesus educa de maneira pedagógica, integral e a partir de uma ação repleta de sabedoria e amor. Este é o único momento em que o Evangelho mostra Jesus escrevendo. Não se sabe o que Ele escreveu. Sob a luz da espiritualidade quaresmal, o autor apresenta uma releitura da cena com uma possível escrita sobre o chão: AMOR E SABEDORIA palavras retiradas do lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31, 26).

As pedras espalhadas pelo chão resumem parte do desfecho daquilo ensinado por Jesus. “Vai e não peques mais.” Palavra que inaugura um novo estilo de vida marcado pela conversão. O cartaz direciona o interlocutor ao Mestre Jesus, o centro da fé. Convertidos pela Palavra e comprometidos com a vida, dom e compromisso, nosso olhar se dirige a Jesus que é mostrado em perfil, em pé e com disposição corporal curva em direção a mulher posta a juízo. A cabeça de Jesus, emoldurada por um círculo, auréola, é o eixo do cartaz, lugar onde parte a inteligência, a sabedoria e por consequência, a “Palavra de vida eterna.” (Jo 6.68).

A disposição da mulher, também curva no cartaz, se coloca a ouvir, aprender e percorrer uma nova vida que brota da Cruz. Sua cabeça é aparelhada com os pés da Santa Cruz, esta que aparenta suave como marca d’água ao fundo do cartaz. Duas cores predominam no Cartaz, verde e Laranja. A cor verde a lembrar o que é vivo e a cor laranja a instigar a fidelidade criativa, própria do seguimento. Estas duas cores darão a qualidade visual de todo material da CF, a fim de induzir a lembrança ao tema e ao lema escolhidos para o ano de 2022. Tanto a mulher, quanto Jesus tem-se na área peitoral, o repouso da mão, gesto que reflete a interação pedagógica de quem ensinou e de quem aprendeu.

Sobre o peitoral de Jesus, um pequeno coração em cor vermelha, este, a comprimir o gesto misericordioso e educador refletido nesta arte. Inspirados por Ele, todos são convocados a pensar a integralidade da educação. Ela perpassa todos os aspectos da vida humana. “Com Cristo, aprendamos a falar com sabedoria e ensinar com o amor. Eis o tempo de conversão e compromisso!”.

Quais os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade de 2022?

Explicação do cartaz da Campanha da Fraternidade 2022

Pensando a educação em todos os âmbitos da vida, a identidade visual da Campanha da Fraternidade de 2022, feita pelo leigo Antonio Batista de Souza Júnior, tem como inspiração o capítulo oitavo do Evangelho segundo João, eco do lema que é proposto.

No cartaz , diante da mulher, surpreendida em flagrante adultério, e que está prestes a ser apedrejada, Cristo, Divino Mestre e Educador, apresenta um novo ensinamento que se revela como um verdadeiro ato de esperança no ser humano. Jesus educa de maneira pedagógica, integral e a partir de uma ação repleta de sabedoria e amor. Este é o único momento em que o Evangelho mostra Jesus escrevendo. Não se sabe o que Ele escreveu. Sob a luz da espiritualidade quaresmal, o autor apresenta uma releitura da cena com uma possível escrita sobre o chão: AMOR E SABEDORIA palavras retiradas do lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31, 26).

As pedras espalhadas pelo chão resumem parte do desfecho daquilo ensinado por Jesus. “Vai e não peques mais.” Palavra que inaugura um novo estilo de vida marcado pela conversão. O cartaz direciona o interlocutor ao Mestre Jesus, o centro da fé. Convertidos pela Palavra e comprometidos com a vida, dom e compromisso, nosso olhar se dirige a Jesus que é mostrado em perfil, em pé e com disposição corporal curva em direção a mulher posta a juízo. A cabeça de Jesus, emoldurada por um círculo, auréola, é o eixo do cartaz, lugar onde parte a inteligência, a sabedoria e por consequência, a “Palavra de vida eterna.” (Jo 6.68).

A disposição da mulher, também curva no cartaz, se coloca a ouvir, aprender e percorrer uma nova vida que brota da Cruz. Sua cabeça é aparelhada com os pés da Santa Cruz, esta que aparenta suave como marca d’água ao fundo do cartaz. Duas cores predominam no Cartaz, verde e Laranja. A cor verde a lembrar o que é vivo e a cor laranja a instigar a fidelidade criativa, própria do seguimento. Estas duas cores darão a qualidade visual de todo material da CF, a fim de induzir a lembrança ao tema e ao lema escolhidos para o ano de 2022. Tanto a mulher, quanto Jesus tem-se na área peitoral, o repouso da mão, gesto que reflete a interação pedagógica de quem ensinou e de quem aprendeu.

Sobre o peitoral de Jesus, um pequeno coração em cor vermelha, este, a comprimir o gesto misericordioso e educador refletido nesta arte. Inspirados por Ele, todos são convocados a pensar a integralidade da educação. Ela perpassa todos os aspectos da vida humana. “Com Cristo, aprendamos a falar com sabedoria e ensinar com o amor. Eis o tempo de conversão e compromisso!”.

O autor

Quais os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade de 2022?
Antonio Batista de Souza Júnior (foto) é natural de Angical (BA) e foi o vencedor do concurso. Ele elaborou o cartaz da CF 2022 cuja proposta, segundo ele, é o de responder “de forma sintética e ampla toda a temática da educação proposta pela CF 2022”.

Antonio contou que desde adolescente já produzia arte em sua comunidade. Em 1997, por exemplo, quando ainda tinha 13 anos foi convidado pelo padre de sua paróquia a reproduzir o cartaz da CF de 1997 cuja temática era ” A fraternidade e os encarcerados” e o lema “Cristo liberta de todas as prisões”.

“O padre da minha paróquia me fez o convite para reproduzir o cartaz da CF de 97, porque eu era o desenhista da minha cidade, já era conhecido por fazer desenhos e pinturas. Foi quando o padre levou um pedaço de TNT e duas tintas de bicicleta em esmalte sintético – uma preta e uma amarela – para eu poder pintar o lema da Campanha de 97, usando a fonte que tinha sido proposta no livro da CF, para ele colocar na fachada da igreja para poder anunciar a CF. Foi muito desafiador porque era uma tinta óleo, de pintar bicicleta. O padre não sabia que tinta usar, mas queria daquela maneira”, conta.

E foi a partir daí que a Igreja se tornou vitrine para o trabalho do Antonio, que naquela altura já tinha virado o artista da cidade. “Todos os trabalhos as pessoas me chamavam para fazer, pelo anúncio de que eu tinha feito a fachada. Dali em diante tudo que envolvia arte na cidade eu estava”, brinca.

Antonio também afirmou que foi a partir de sua história – com a reprodução do cartaz da Campanha de 97 -, que ele se interessou ainda mais pela Igreja. “Fui coroinha, líder da Pastoral da Juventude, líder do grupo de jovens, e tudo isso a partir dessa reprodução desse cartaz, porque até então eu não participava da Igreja. Isso fez eu me engajar e isso me levou até a ser seminarista da diocese de Barreiras, da Bahia, de onde eu continuei fazendo meu trabalho para as Igrejas de todo o Brasil”, contou.

Hoje, Antonio já não é mais seminarista, mas continua a desenvolver seu trabalho com o Espaço Litúrgico, no que compreende a arte sacra, para todo o Brasil.

A CF 2022

A proposta da CF 2022 é promover um diálogo sobre a realidade educativa no Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário. Além disso, buscará refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo com a colaboração das instituições de ensino; incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a Casa Comum.

CNBB / Portal Kairós

Hino da CF 2022

1
É tarefa e missão da Igreja
Boa Nova no amor proclamar,
No diálogo com a cultura
Para a vida florir, fecundar
O que em redes se vai construir
E a pessoa humana formar.
Quando o anseio do conhecimento
Ultrapassa barreiras, fronteiras,
Se destaca o ensinamento
Oriundo da fé verdadeira
Que nos faz nesta ação solidários
Para o bem, condição que é certeira.
E quem fala com sabedoria
É Aquele que ensina com amor,
Sua vida em total maestria
É pra nós luz, caminho, vigor.

2
Educar é a atitude sublime
Que prepara a vida futura
Compreendendo o presente, pensamos:
Ensinar é proposta segura
Para, enfim, destacar-se a atitude
Dos que em Cristo são nova criatura.
O convívio em níveis fraternos
Traz em nós o sentido discreto:
Na harmonia com os seres viventes
E no agir o equilíbrio completo
Consigamos também aprender
E educar para o amor e o afeto.

3.
O caminho nos quer convertidos:
Mergulhar no mistério profundo
Para que em sua Páscoa busquemos
Compaixão no cuidado com o mundo.
Conformados em Cristo seremos
Aprendizes do dom tão fecundo.
Quando a plena mudança atingir
Relações tão humanas, libertas,
Novos rumos em redes seremos
Gerações solidárias e abertas
Na esperança de rostos surgirem
Assumindo missões tão concretas.

4.
E na casa comum que sonhamos
Onde habitam cuidado e respeito
Educar é o verbo preciso
A cumprir neste chão grandes feitos
Para o mundo poder imitar
Quem na vida é o Mestre Perfeito.
Pedagogicamente é preciso
Escutar, meditar, compreender
Para que aprendamos com o Cristo
O caminho da cruz percorrer
E na escola da sua existência
O Evangelho seguir e viver

HINO


Sobre o autor da letra do Hino da Campanha da Fraternidade 2022

Eurivaldo Ferreira, “leigo que procura viver o espírito de batizado na Igreja que lhe deu a fé”, é graduado em Teologia pela PUC-SP, especialista em Liturgia pelo Instituto de Filosofia e Teologia de Goiânia (Ifiteg) e mestre em Teologia, com concentração em Liturgia pela PUC-SP. É agente pastoral do canto e da música na arquidiocese de São Paulo (SP). É membro da Rede Celebra de Animação Litúrgica; da Equipe de Reflexão do Setor de Música Litúrgica da CNBB; do Universa Laus, grupo internacional de pesquisadores e especialistas em canto e música litúrgica que se reúnem anualmente desde 1966. Participou, desde 2006, dos Encontros de Compositores da CNBB promovido pelo Setor de Música da CNBB (ocasião em que aprofundou a arte de compor canto e música litúrgica). Foi assessor do Setor Música Litúrgica da CNBB, em 2016.

O autor, da letra do Hino da Campanha da Fraternidade 2022, contou que acolheu “com grande alegria” a notícia de que seu “humilde texto poético foi escolhido para ser o Hino da CF 2022”. E ainda: “Agradeci a Deus por ter me dado forças e inspiração para continuar servindo a Igreja em meio a tantas dificuldades que estamos passando, mas que se torna como oferta para um serviço eclesial ainda maior”.

Eurivaldo quis oferecer uma reflexão aprofundada sobre o processo de criação do hino e sobre os elementos do contexto quaresmal relacionados à música da Campanha da Fraternidade:

Sou convicto da força de uma letra e de uma melodia numa campanha como é a Campanha da Fraternidade, que, desde 1964 vem contribuindo para um projeto de Igreja no Brasil pelo qual se faz necessário uma boa reflexão. De fato, os temas refletivos pelas CFs, a cada ano, contribuem para preencher lacunas que a sociedade ainda não conseguiu alcançar.

Como em toda campanha, uma música nos motiva a vivermos seu sentido e a ampliarmos sua forma de alcance. É um elemento de fácil assimilação e que condensa, com linguagem poética, aqueles elementos que mais podem expressar seu objetivo.

A música é uma forma de arte. Dentre todas as artes, é ela a que expressa com mais beleza os motivos e as razões da nossa fé e enobrece a palavra, dando destaque àquilo que, por sua vez, a palavra sozinha não pudesse fazer.

Quando falamos em música não podemos deixar de falar da poesia. Por isso importam vários elementos principais que podem soar como “combustíveis” da poesia: a palavra, o texto e a língua, a inspiração, o ritmo, a voz falada e a voz cantada. Quando nos propomos a fazer uma poesia para um hino de uma campanha, pensamos na função que possui o texto para chamar a atenção para o que está sendo exposto. Na letra de um hino há uma força motivadora própria, caraterizada pela expressão de seu texto poético e pela beleza de sua melodia (que em breve será escolhida também por meio de um concurso).

Para o Hino da CF não se trata de dizer que é um hino litúrgico, trata-se sobretudo de um texto pastoral, cujas realidades presentes em sua letra retratam e refletem aquela solidariedade que caracteriza os discípulos de Cristo na sua relação com toda a humanidade, pois, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos e todas que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos e das discípulas de Cristo. Não se encontra nada de verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração. (…) Portanto a comunidade cristã se sente verdadeiramente solidária com o gênero humano e com sua história”[1].

Tendo em vista essas considerações preliminares, elenco então algumas possibilidades e reflexões que encontrei como elementos motivadores e inspiradores para a construção do texto poético do Hino da CF 2022. São formulações que eu mesmo construí através de meus estudos poéticos:

  1. a) deve ser um texto pedagógico que tenha se inspirado ou no Manual da CF de cada ano ou no Edital do concurso do hino daquele ano, lançado pelo Setor de Música da CNBB e pela Equipe da CF;
  2. b) deve ter um conteúdo pedagógico-espiritual cuja vivência quaresmal nos encaminhe segundo o qual o princípio da caridade constitui elemento de um tripé para seguirmos confiantes o caminho até a Páscoa;
  3. c) deve ter um argumento e um fundamento teológicos, pois a cada ano a Igreja se une ao mistério de Jesus no deserto durante quarenta dias, vivendo um tempo de penitência e austeridade, de conversão pessoal e social, especialmente pelo jejum, a caridade e a oração;
  4. d) deve estar dentro de um contexto pedagógico-social, já que estamos num tempo forte e privilegiado, em que, percorrendo o caminho da Páscoa (cume), a fim de renovarmos nossa fé e nossos compromissos batismais, cultivamos com mais amplitude o amor a Deus e ao próximo desdobrando-se numa atitude de solidariedade com e entre os irmãos e as irmãs (fonte). Podemos falar de uma mística que conduz o caminho espiritual.
  5. e) deve partir do sentimento particular para o pedagógico-universal, já que essa solidariedade não se restringe ao âmbito ou ao espaço religioso, ao templo, por exemplo, mas atinge camadas mais universais (o país, a região, a cidade, o município, a comunidade, o bairro, a vila, a vizinhança etc.) como que em graus, a fim de que a Páscoa de Jesus possa atingir também essas realidades.

A título de exemplo, a reconciliação é um elemento próprio do tempo da Quaresma, mas que deve sempre ser antecedida de um anseio caritativo e de uma força comunitária, também eclesial, até atingir o universo, por isso, cada pessoa é responsável em se juntar ao desejo da Igreja, em forma de uma campanha, para poder atingir, de maneira gradual as realidades que ela deseja e tem por meta ou tarefa: a de evangelizar, cuja educação – como nos propõem o tema e lema deste ano – está incluída como parte integrante de sua missão no mundo. Aliás, a reconciliação, se não for vivida na sua plenitude cósmica, não será válida. Afinal, todo o cosmos será atingido pela Páscoa de Cristo.

E, para finalizar, é no tempo quaresmal que essas possibilidades que julgo como elementos inspiradores e motivadores se fazem mais latentes pelo chamamento da Igreja e de outras comunidades de fé que compartilham desse mesmo propósito. Esse é o grau maior de nossa compreensão como aprendizes do Mestre Jesus que nos impulsiona, a partir de pequenas atitudes do dia a dia a atingirmos gradualmente aquilo que ele mesmo fez e continua fazendo continuamente nas nossas vidas, na comunidade, no mundo, no universo: tecer relações humanas e abertas, educando o presente e transformando-o a partir do anúncio do Reino, do seu Evangelho, para recriarmos e conservarmos para as novas gerações a obra da criação que tem por autor o próprio Deus.

Espero que esta pequena contribuição de um poeta aprendiz possa servir como impulso para marcar os principais anseios que a CF 2022 vem nos trazer como reflexão.


Fonte: https://portalkairos.org/campanha-da-fraternidade-2022-cobertura-completa/#ixzz7JqwYdI3H

Oração da CF 2022

Pai Santo, neste tempo favorável de conversão e compromisso,
dai-nos a graça de sermos educados pela Palavra que liberta e salva.

Livrai-nos da influência negativa de uma cultura em que
a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos
e de esperança no ser humano.

Renovai-nos com a vossa graça para vencermos o medo, o desânimo e o cansaço,
e ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária.

Fortalecei-nos, para que sejamos corajosos na missão de educar
para a vida plena em família,
em comunidades eclesiais missionárias, nas escolas,
nas universidades e em todos os ambientes.

Ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor!

Fazei com que a Virgem Maria, Mãe educadora, com
a sabedoria dos pequenos e pobres,
nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz.

Por Jesus, vosso Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida. Amém

Educação, pilar da paz

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

A educação é pilar da paz, sublinha o Papa Francisco, na oportuna mensagem para o Dia Mundial da Paz. O reconhecimento da importância do campo educacional leva, imediatamente, a um lamento: no Brasil e em outros países, os investimentos na educação têm diminuído consideravelmente. Não priorizar esses investimentos é sinal de juízos medíocres, que podem desconsiderar outras áreas também determinantes no desenvolvimento integral da sociedade, a exemplo da cultura, compreendida em seu sentido mais amplo – conjunto de hábitos e práticas civilizatórias que podem inspirar o exercício da solidariedade, eleger a igualdade como meta principal, reorganizar o contexto político e econômico nos parâmetros da justiça e da fraternidade universal. Reduzir investimentos na educação representa imposição dolorosa de atrasos à sociedade – comprometimentos que demandam muito tempo para serem superados. Por isso, as instâncias de decisão política precisam ter adequada compreensão no tratamento dedicado ao contexto educacional.

A sociedade brasileira, embora contando com avanços, está proporcionalmente padecendo com muitos atrasos. Para superar esses retrocessos, os recursos destinados à educação não podem ser considerados como despesas. São investimentos essenciais para que uma civilização alcance o desenvolvimento integral. Sem a educação há comprometimentos da liberdade e, consequentemente, da paz. O Papa Francisco diz, em tom de advertência e convocação: instrução e educação são os alicerces de uma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso. Compreende-se que na educação há um caminho insubstituível para superar descompassos – a exemplo das confusões alimentadas por violências – inclusive aquelas verbais – e tantas outras formas de incivilidade que atrasam diferentes contextos.

A escassez de líderes capazes de oferecer novas respostas aos problemas contemporâneos e a ameaça de ideologias que desencadeiam disputas sem lucidez, distanciando o ser humano da competência para estabelecer diálogos com força incidente na sociedade, são consequências do inadequado tratamento dedicado à educação. Há, infelizmente, uma tendência de se promover “cortes” de investimentos no campo educacional para compensar o aumento de despesas em outros setores. A raiz dessas escolhas lamentáveis é uma equivocada compreensão política, aliada à força de certos grupos que, a qualquer custo, buscam o lucro. Para superar essa realidade, são necessárias políticas econômicas que valorizem mais, conforme indica o Papa Francisco, investimentos públicos na educação, em vez de se criar fundos que estimulem o armamento. Também é preciso reconhecer que outros fundos, como o partidário, e diferentes rubricas das instâncias de decisão consomem recursos que poderiam ser destinados ao campo educacional.

As gestões pública e privada precisam ser interpeladas a priorizar a educação e, para isso, a sociedade deve conhecer mais profundamente o que se passa na realidade educacional do Brasil. As instituições de ensino públicas e particulares enfrentam sucateamentos preocupantes. As providências para corrigir essa situação, obviamente, não se restringem a ampliar os recursos financeiros destinados à educação. Precisam ser eleitos parâmetros pedagógicos, acadêmicos e científicos capazes de contribuir com o desenvolvimento integral e inspirar um novo humanismo.

O Papa Francisco lembra que um país cresce quando dialogam, de modo construtivo, as suas diversas riquezas culturais: a cultura popular, a cultura universitária, a cultura juvenil, a cultura artística e tecnológica, a cultura econômica, a cultura da família e a cultura dos meios de comunicação. Por isso, o Santo Padre está propondo um novo Pacto Educativo Global, em processo de reflexão e efetivação, para forjar um novo paradigma cultural. Uma proposta abrangente que há de envolver as gerações jovens, universidades, famílias, escolas, religiões, instituições, governantes e todos os cidadãos e cidadãs. A civilização contemporânea está desafiada a promover a educação que prepara o ser humano para viver nos parâmetros da ecologia integral e da fraternidade, inspirando novo estilo de vida. É um caminho longo, mas prioritário.

A Igreja no Brasil, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste ano, contribuirá ainda mais para que todos conheçam a realidade da educação no país, com a Campanha da Fraternidade 2022. Um convite para que cada pessoa possa assumir o compromisso de mudar a realidade, promovendo avanços, na perspectiva do Pacto Educativo Global. A Campanha da Fraternidade 2022, Fraternidade e Educação, “Fala com sabedoria, ensina com amor”, por ocasião dos 40 anos da Pastoral da Educação no Brasil, será relevante na reconstrução do tecido social, cultural e político-econômico do país. Reconstrução a ser efetivada com o fortalecimento da educação – pilar da paz.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo é Arcebispo de Belo Horizonte (BH) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Quais os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade 2022?

Segundo a CNBB, mais do que abordar os problemas na educação, o objetivo da Campanha da Fraternidade 2022 é "refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã".

Quais os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade?

Objetivos Específicos da Campanha da Fraternidade Verificar o impacto das políticas públicas na educação. Identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma educação humanizadora na perspectiva do Reino de Deus.

Como explicar o cartaz da Campanha da Fraternidade 2022?

Explicação do cartaz da Campanha da Fraternidade 2022 No cartaz , diante da mulher, surpreendida em flagrante adultério, e que está prestes a ser apedrejada, Cristo, Divino Mestre e Educador, apresenta um novo ensinamento que se revela como um verdadeiro ato de esperança no ser humano.

O que significa o lema da Campanha da Fraternidade de 2022?

Com o tema "Fraternidade e Educação" e o lema bíblico "Fala com sabedoria, ensina com amor", o objetivo da Campanha, segundo a entidade, vai além dos problemas na educação ao também "refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã".