Quais são os animais que estão em extinção 2022?

Se engana quem pensa que na Caatinga falta vida e diversidade, observando apenas as terras secas e um longo período de estiagem. A fauna diversa e singular presente no bioma é composta por aproximadamente 1.300 espécies de animais, entre os quais mais de 300 são exclusivos da Caatinga. Esses dados são do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Lista Vermelha da Caatinga

As peculiaridades desse bioma fizeram com que os animais ali presentes apresentassem adaptações necessárias à sua sobrevivência ao longo da história da evolução da Caatinga. Por exemplo, muitos deles apresentam o hábito de se esconder do sol durante o dia, outros de fazer migrações no período mais intenso de estiagem. Outros possuem uma couraça mais resistente à perda de água, como é o caso do tatu-canastra. E, segundo uma pesquisa realizada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará, em parceria com instituições da sociedade civil, são eles que estão em extinção. A Lista Vermelha de Fauna Ameaçada do Ceará apresenta 128 espécies de mamíferos que precisam de cuidado.

“No Brasil, mundo afora, é utilizado o método internacional criado pela IUCE que estabelece parâmetros e critérios que você possa avaliar e analisar o estado de conservação desses animais. Então, é possível analisar o tamanho populacional, quantos desses indivíduos nós temos na natureza. Nós conseguimos chegar a esse número a partir das publicações científicas, pesquisas acadêmicas, dados morfológicos, genéticos, geográficos, os tipos de ameaça que é um dos principais pontos que recaem sobre a fauna ameaçada no Estado... Então, nós analisamos esses dados, o que temos de população, o que nós temos de distribuição e comparamos com os critérios que foram estabelecidos”, explica o biólogo Thiago Guerra.

Das mais de 100 espécies listadas, a anta também está em extinção e 28 espécies sofrem a ameaça grave. Entre elas, estão a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, o queixada e populações nativas de bicho preguiça. “Extinção é uma coisa para sempre. Significa que aquela espécie vai desaparecer, ela não vai ter mais possibilidade de voltar ao habitat natural. Então, quando a gente diz que uma espécie está criticamente ameaçada de extinção, de acordo com as avaliações, quer dizer que ela pode desaparecer para sempre da natureza. E não tem como… não é reversível. Você não vai ali e compra uma onça, compra uma anta. Não tem isso disponível. Então quando a gente fala que o animal está em perigo de extinção, está criticamente ameaçado; significa que, se não for feita nenhuma medida protetiva, ele pode desaparecer na natureza”, alerta o biólogo.

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Uma saída é a refaunação

De acordo com Thiago Guerra, as ações humanas têm acelerado o processo de extinção dos animais, que ocorre naturalmente. As queimadas, o desmatamento, a caça indevida e a poluição são alguns fatores que afetam a vida dos animais. Para reduzir os impactos na biodiversidade, uma das ações protetivas que deve ser realizada é a chamada refaunação.

“Então, quando nós temos uma espécie-foco que pode estar sendo ameaçada de extinção, significa que toda uma área, toda uma região também está sendo influenciada pelo avanço das ameaças. E a refaunação ela parte de um princípio bem interessante que é identificar uma espécie que tenha um importante papel ecológico dentro do ambiente, então identificamos essa espécie e tentamos reintroduzir a um ambiente que ela já ocorria antes, mas não está mais e vemos a forma como isso vai afetar a ecologia, a fisiologia, desse ambiente”, explica Thiago.

Uma das espécies que ajuda na refaunação é o pequeno roedor “cutia”, presente no Ceará, e que trabalha como um distribuidor de sementes. Com a alimentação recheada de sementes, a “cutia” vai distribuindo-as por onde passa através das suas fezes.  Dessa forma, a introdução de um grupo de cutias poderia recuperar habitats naturais auxiliando no retorno de outras espécies como primatas, aves e pequenos mamíferos.

Além da refaunação, um projeto de reprodução in vitro e clonagem de espécies ameaçadas também está em avaliação pelos cientistas do Ceará. Mas, até lá, os cientistas orientam que políticas públicas devem ser pensadas para proteger os habitats e a diversidade presente na caatinga. 

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Edição: Elen Carvalho


Mais de 13 mil espécies da fauna e flora foram avaliadas; destaque para a tartaruga-verde, que sai da lista

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou nesta quarta-feira (8) a Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção. Ao todo, foram avaliadas 5.353 espécies da flora avaliadas e 8.537 espécies da fauna. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é responsável pela avaliação do risco de extinção da fauna, enquanto o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é o responsável pela avaliação da flora.

Das espécies de fauna, 1.249 foram consideradas ameaçadas: 465 estão na categoria Vulnerável (VU); 425 na categoria Em Perigo (EN), 358 estão Criticamente em Perigo (CR) e uma está extinta na natureza. Elas são 257 espécies de aves, 59 espécies de anfíbios, 71 espécies de répteis, 102 espécies de mamíferos, 97 de peixes marinhos, 291 de peixes continentais, 97 de invertebrados aquáticos e 275 invertebrados terrestres.

Tendo em vista que o Brasil é um país megadiverso, possuindo aproximadamente 20% das espécies existentes no mundo, a Lista Oficial brasileira é um dos maiores esforços em avaliação da biodiversidade empreendidos em nível global.

Mudanças metodológicas

A partir deste ano, a Lista Nacional Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção será atualizada anualmente. Essa mudança de estratégia permitirá que a Lista reflita resultados mais atuais, com menor diferença de tempo entre a avaliação do risco de extinção de uma espécie e sua aplicação nas Políticas Públicas de conservação da biodiversidade. Ou seja, a lista publicada agora se refere às atualizações dos ciclos finalizados entre 2015 e maio de 2021; e a do ano que vem contará com a atualização das espécies avaliadas entre junho de 2021 e dezembro de 2022.

Melhora no status de conservação

Apesar da entrada de 219 novas espécies e subespécies da fauna na Lista, o que também tem a ver com o aumento do esforço de avaliação, há motivos para comemoração: 220 espécies tiveram melhora em seu estado de conservação, indo para categorias de menor risco do que estavam em 2014, incluindo 144 que saíram desta Lista.

Um dos bons exemplos é o das tartarugas-marinhas. Quatro das cinco espécies existentes no Brasil melhoraram seu estado de conservação. A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), que estava na categoria “Criticamente Em Perigo”, a mais ameaçada antes da extinção, agora está na categoria “Em Perigo”; enquanto as espécies de tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e cabeçuda (Caretta caretta) passaram para o status ‘Vulnerável’, saindo de "Em Perigo". Já a tartaruga-verde (Chelonia mydas) saiu da Lista de espécies ameaçadas, sendo considerada uma espécie quase ameaçada, o que significa que ainda depende de ações de conservação. A única que ainda não saiu deste rol foi a tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), que ainda permanece como Criticamente Em Perigo.

Porém, estes resultados não são alcançados de um dia para o outro. Eles são frutos de mais de quarenta anos de esforços integrados na conservação dessas espécies, que unem o Poder Público em suas diferentes esferas, a sociedade civil e diversas instituições parceiras. Todas estas ações são ordenadas por meio do Plano de Ação Nacional (PAN) Tartarugas Marinhas, um documento que orienta as ações de conservação das tartarugas marinhas e é atualmente coordenado pelo Centro Tamar. De acordo com o coordenador do Centro Tamar, João Carlos Thomé, este é um trabalho que não para, visto que o objetivo é que todas as espécies de tartarugas marinhas continuem galgando patamares melhores de conservação.

Seguindo o exemplo de sucesso na conservação das tartarugas marinhas, o ICMBio tem empreendido um grande esforço de planejamento e implementação de ações para a conservação das espécies ameaçadas de extinção. 94 das espécies que constam da nova Lista (cerca de 75%) já são contempladas em PAN. A maioria dos PAN são relativamente recentes, com até 10 anos da publicação de sua primeira versão. Assim, esperamos que, ao longo dos próximos anos, tenhamos mais casos de sucesso, como o da tartaruga-verde, com a retirada de mais espécies da Lista graças aos esforços de conservação de longo prazo. 

Quais animais entraram em extinção em 2022?

É o caso do mico-leão dourado, da onça-pintada, da anta, do tubarão-martelo, do pica-pau-amarelo e até do lobo-guará, símbolo do Cerrado mineiro.

Qual foi o último animal extinto?

Um caso recente e muito conhecido é da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). A espécie foi considerada extinta na natureza nos anos 2000, e, desde então, uma série de pesquisadores luta para garantir a reintrodução da espécie ao seu habitat natural.

Quais os animais estão em extinção?

O lobo-guará é um animal que se encontra na lista dos animais com risco vulnerável de extinção e tem como habitat os biomas do Cerrado e do Pampa. A causa mais comum para a redução dessa espécie está relacionada ao desmatamento.

Quantos animais estão na lista de extinção?

O levantamento aponta que o país tem 1.249 espécies e subespécies da fauna ameaçadas de extinção, dessas, 219 foram recém-inseridas na atualização. Nessa lista estão 257 aves; 59 anfíbios; 71 répteis; 102 mamíferos; 97 peixes marinhos; 291 peixes continentais; 97 invertebrados aquáticos e 275 invertebrados terrestres.